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27 janeiro 2015

Encruzilhada

Estamos numa grande expectativa para as demonstrações contábeis da Petrobras do terceiro trimestre de 2014. No momento em que escrevo esta postagem a empresa não tinha divulgado seu resultado, apesar da expectativa do mercado. Enquanto se especula sobre o valor da baixa contábil, a empresa permanece em silêncio, não divulgando nenhuma informação no seu endereço.

A empresa tem duas alternativas bem claras. Ou faz uma amortização grande, como R$52 bilhões especulados por alguns e limpa o balanço ou então procura reduzir ao máximo o prejuízo. É bem verdade que pode procurar um meio termo, mas a opção será considerada ruim para todos.

As vantagens de fazer uma grande amortização já foram amplamente divulgadas. Em primeiro lugar, tenta restabelecer a confiança do mercado nas demonstrações. Sabemos que nos diversos mercados em que a empresa atua, e não estamos falando somente no mercado acionário, a confiança é um ativo de valor enorme. Em segundo lugar, isto poderá permitir que a PwC assine o balanço. A empresa de auditoria, depois de ter assinado o que não devia nos períodos anteriores, está sob ameaça de um processo e punição dos reguladores. A PwC não irá aceitar baixas reduzidas. O terceiro ponto é que uma grande amortização limpa o balanço e este tipo de atitude têm sido adotados quando se quer marcar uma nova gestão. A quarta vantagem é o fato dos gestores (presidência, diretoria, conselhos, contadores etc) possuem um nome para se resguardar. Uma demonstração com uma pequena amortização pode ser uma nódoa no currículo de alguns deles.

Mas a opção por uma pequena amortização também possui suas vantagens. É bom lembrar que os funcionários desejam participação no lucro e uma grande amortização significa uma perda de 5 a 10% da renda anual. Os acionistas ordinários também são interessados nos dividendos, que serão poucos, mas que podem compensar o preço baixo das ações. A segunda vantagem são os compromissos de alguns empréstimos que irão obrigar a empresa a arcar com certas obrigações diante do aumento no endividamento. Terceiro, é bom lembrar que as agências de ratings usam índices de endividamento nas suas classificações de risco e que uma elevada amortização irá comprometer as notas. (É bem verdade que as agências de ratings poderão rebaixar a nota exatamente por não fazer o ajuste) Em quarto lugar, uma grande amortização terá sérias implicações políticas; a partir do montante divulgado, surgirão especulações sobre o valor da propina que a empresa pagou. Em quinto lugar, sobre a amortização incidirão imposto de renda, que aumentará a saída de caixa nos próximos meses. Finalmente, os gestores foram indicações políticas; sua sustentação decorre de acordos partidários e eles sabem disto. Eles já estão comprometidos com os problemas que ocorreram na empresa nos últimos meses e a reputação já está manchada.

A Petrobras é antes de tudo governo. Será que o governo irá permitir que algo de ruim aconteça? Uma alternativa poderá ser uma estratégia mista, reconhecendo o prejuízo e ao mesmo tempo fazendo uma operação para salvar a empresa. Especulações...

Sigilo...

Na expectativa do resultado da Petrobras, o Globo traz um texto sobre o assunto. Num determinado ponto:

Um deles [analista de mercado], que pediu para não ser identificado, afirmou que a expectativa é de prejuízo significativo, caso os dados incluam a baixa contável e a redução do patrimônio líquido.

Qual a razão de um analista pedir para não ser identificado a partir desta informação? É uma opinião dele e um certo consenso do mercado. Estamos numa democracia. O que ele teme?

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

O poder do gráfico

As empresas, quando divulgam seus resultados, apresentam uma grande quantidade de informações gráficas e ilustrações. Os alunos, quando estão submetendo seus trabalhos de final de curso, gostam de mostrar suas habilidades numa planilha e transformam os dados em pizzas e barras. Numa apresentação de negócios, o gestor coloca uma linha de tendência para justificar seu ponto de vista. O investidor acha tão relevante a visualização do preço da ação que se construiu uma teoria de decisão de compra e venda baseado nos gráficos. Em todos estes casos temos uma mostra do poder do gráfico no convencimento das pessoas.

Dois pesquisadores da Cornell, uma universidade dos Estados Unidos, fizeram um experimento interessante. Tomaram uma informação e submeteram em dois grupos de pessoas. Num dos grupos, os pesquisadores apresentaram informação sobre um novo medicamento sob a forma de texto. Para outro grupo, além desta informação foi apresentado um gráfico, com duas barras, que não continha nenhuma nova informação além daquela existente no texto. Depois da leitura, perguntou-se para os participantes do grau de efetividade do novo remédio, numa escala de nove pontos. Os respondentes com a informação com o texto deram uma nota de 6,12 em média; já aqueles que receberam o texto e juntamente o gráfico pontuaram a efetividade em 6,83. A diferença de pontuação permite afirmar, estatisticamente, que o gráfico provocou um efeito na resposta.

Segundo os autores, a premissa é que os gráficos sinalizam a existência de uma base científica. Como o gráfico possui uma informação pode-se concluir que a informação teria base científica. Como a ciência é indicaria uma verdade, tem-se que a informação é verdadeira para os participantes.

Mas atenção: o estudo foi conduzido em estudantes, mas que não são necessariamente especialistas na área. Não se sabe se a apresentação gráfica para especialistas teria o mesmo efeito. Não custa tentar, não é? Assim, caso o leitor queira convencer uma plateia, pense, a partir de agora, em usar um gráfico.

TAL, Aner; WANSINK, Brian. Blinded with Science. Public Understanding of Science, 2014

Inovação

A Educação é o grande problema do Brasil na inovação:

26 janeiro 2015

Especulação...

O conselho de administração da Petrobras — presidido ainda pelo ex-Ministro da Fazenda, Guido Mantega — vai apreciar amanhã o balanço do terceiro trimestre da estatal, ainda sem a chancela dos auditores da empresa.

Pessoas próximas à Petrobras esperam que a empresa reconheça uma baixa contábil que pode chegar a 20 bilhões de dólares (cerca de 52 bilhões de reais), ou o equivalente a 42% do valor de mercado atual da empresa.

A baixa contábil, conhecida também como impairment ou writeoff, é um reconhecimento por parte de uma empresa da desvalorização dos ativos que ela carrega em seu balanço, seja por superfaturamento em contratos, estouros legítimos em seus orçamentos de obras, ou outros fatores.

Os investidores estão ansiosos para ver se a empresa publicará, também, uma nota explicativa discriminando quanto do writeoff se originou de propinas, bem como um compromisso da empresa de que vai tentar recuperar o valor na Justiça. É possível também que o writeoff seja influenciado por uma nova projeção de longo prazo para o preço do petróleo. Esta estimativa é discricionária, e não sabe se a Petrobras vai inclui-la no writeoff, e, se o fizer, se dará transparência às estimativas.

A Petrobras contratou a Deloitte para ajudá-la a decidir o tamanho e os parâmetros do writeoff. O auditor da Petrobras, que terá que concordar com tudo antes de dar um parecer sem ressalvas, é a PWC. Um parecer com ressalvas neste momento seria muito ruim para a Petrobras, e poderia levá-la a ter que alterar seu balanço de novo. Portanto, as perdas apresentadas agora deveriam ser suficientes para satisfazer o auditor.

Com o País inteiro olhando o balanço com lupa, seria interessante que a Petrobras mudasse sua rotina e publicasse os votos individuais dos conselheiros sobre o assunto. (Neste caso, o mercado vai prestar atenção nos votos dos conselheiros independentes, José Monforte e Mauro Cunha.) “Depois que tudo que já aconteceu, qualquer conselheiro vai ter muito medo de aprovar algo que ele não tenha convicção de que está redondinho,” diz um analista.


Geraldo Samor - Veja

Rir é o melhor remédio



O que você pensa que parece e o que realmente parece

O crescimento dos economistas

Have we reached peak economist?

Two hundred years ago, the field of economics barely existed. Today, it is arguably the queen of the social sciences.

These are the conclusions I draw from a deep dive into The New York Times archives first suggested to me by a Twitter follower. While the idea of measuring influence through newspaper mentions will elicit howls of protest from tweed-clad boffins sprawled across faculty lounges around the country, the results are fascinating. And not only because they fit my preconceived biases.

Using the new Chronicle tool that catalogs the entire Times archive, I discovered that in recent years around one in 100 articles mention the term “economist,” and these typically occur in the context of introducing a proponent of the dark arts. Far fewer articles mention the terms historian or psychologist, while sociologists, anthropologists and demographers rarely rate a mention. Continue reading the main story
The Rise of the Economists

Interest in what economists have to say rises and falls with the economy. Measured by mentions in The New York Times, other professions aren’t as notable.


It wasn’t always this way. Historians held the largest market share until the Great Depression intervened in the 1930s, leading a frightened public to take a greater interest in economics.

There’s an old Bob Dylan song that goes “there’s no success like failure,” and it’s a lesson that’s been central to the rise of the economics profession. Each economic calamity since the Great Depression — stagflation in the 1970s, the double-dip recession in the late 1970s and early 1980s, the 1991 downturn — has served to boost the stock of economists. The long Clinton boom that pushed unemployment down to 3.8 percent was good news for nearly all Americans, except economists, who saw their prominence plummet. Fortunately, the last financial crisis fixed that.

Today, the profession is so ubiquitous that if you are running a government agency, a think tank, a media outlet or a major corporation, and don’t have your own pet economist on the payroll, you’re the exception.

But it’s not just economists who are thriving. Over the past 50 years, the pages of The Times have come to reflect an increasing fascination with the social sciences generally, and mentions of historians, psychologists and, to a lesser extent, sociologists have also risen. As social sciences have grown in importance, other sources of authority have lost market share. Priests were once more likely to be discussed in the pages of The Times than any of these social science celebrants, but today they are found far less often than either economists or historians, roughly on par with psychologists.


Which Professions Capture the Attention of Congress?

The Congressional Record provides a verbatim account of the debates, proceedings and activities of the United States Congress. Economists get cited most often.

These rankings reflect something broader than just the tastes of one newspaper’s editors, as the pecking order among the social sciences at The Times roughly mirrors that on Capitol Hill. A similar search of the Congressional Record over the past 25 years reveals that the term “economist” was most likely to be mentioned, with historians and psychologists again the next most popular.

Most striking is the poor showing of sociology, whose relevance to policy makers appears to be minimal, even though it focuses on many of our most pressing problems, including families, crime, education, aging, religion, community, inequality and poverty.


Of course, sociologists, whose comparative advantage is in offering structural explanations, might point to the fact that their field has no equivalent of the business pages, that the president does not receive advice from a Council of Sociological Advisers, and that there’s little demand from Wall Street for sociological insights. Perhaps, although topics like crime, family and faith are grist for the daily newspapers; an array of federal agencies are responsible for dealing with topics like housing, education, labor and human services; and Silicon Valley is hungry for insights from sociologists who study networks.

More tellingly, as Orlando Patterson, a professor of sociology at Harvard, recently noted, sociology has limited impact even on issues central to the discipline. The most striking example he offered was that it appears that no sociologists were consulted in the deliberations surrounding President Obama’s “My Brother’s Keeper” initiative to combat the problems afflicting black youth, even as the insights of economists were sought.

Economists might instead look to the forces of supply and demand to understand their relative popularity. But it is not due to supply. As data from the Census Bureau suggests, while about 1.5 million Americans are economics majors, there is a far greater supply of psychology majors (3.4 million) and history majors (1.6 million), and only slightly fewer sociology majors (1.3 million).

This economist is drawn to conclude that if our relative success is not due to supply, then it must be demand, which means that our popularity reflects the discerning tastes of our audience in the marketplace of ideas.


Justin Wolfers is a senior fellow at the Peterson Institute for International Economics and professor of economics and public policy at the University of Michigan. Follow him on Twitter at @justinwolfers

Finanças Pessoais: Valor do Dinheiro no Tempo



Se você for estudar finanças pessoais é provável que você encontre uma tentativa de apresentar conhecimentos básicos de valor do dinheiro no tempo. Inicialmente, os conhecimentos básicos dos juros simples (qual a razão disto? Ninguém usa isto mais). Depois, juros compostos, que inclui valor presente, valor futuro, anuidade, etc. Tudo isto pode ser acompanhado de instruções que como usar uma calculadora antiga (HP 12) ou planilha.

Não iremos falar sobre este assunto aqui. Vamos comentar sobre um dos pressupostos do valor do dinheiro no tempo: o custo crescente do dinheiro ao longo do tempo. Se você decidir fazer um empréstimo de 15 anos provavelmente irá pagar mais do que um empréstimo de 12 meses. A razão disto é que os juros são calculados sobre os juros. Ou de uma forma mais simples: eu cobro ou pago juros numa operação de empréstimo pelo fato de abrir mão da liquidez do dinheiro. É por este motivo que existe a incidência de juros sobre uma operação a prazo. E somos levados a acreditar que toda operação a prazo possui estes juros.

Entretanto o leitor já deve ter visto uma situação onde o vendedor divide o valor a vista em duas ou três parcelas sem juros. E não concede nenhum desconto sobre o pagamento em dinheiro. Qual a razão disto acontecer?

A primeira justificativa é a comodidade. Se um produto custa três parcelas de R$400 reais é muito mais fácil determinar o preço à vista multiplicando o valor da parcela por três, chegando a um valor de R$1.200. Determinar o valor à vista, com uma taxa de desconto, significa cálculos mais elaborados, sujeitos a erros.

A segunda razão é que alguns comerciantes sabem que a divisão da compra em parcelas induz o consumidor a gastar mais. Se você entra num supermercado somente com dinheiro da sua carteira, você irá controlar a quantidade de supérfluo que coloca no carrinho. Já se você possui um cartão de crédito, a possibilidade de pagar somente um terço do valor das compras na próxima fatura induz encher o carrinho. Deste modo, incentivar o uso do cartão pode ser interessante para o comerciante que deseja empurrar os produtos com maior margem de lucro. Existe uma estratégia derivada desta, presente em lojas como Renner: você divide em duas ou mais vezes, mas faz o pagamento na loja. Quando o cliente estiver voltando para efetuar o pagamento, aumenta a chance de uma nova compra. Esta é justificativa derivada do marketing da empresa.

A terceira razão é a informação. Se você vai pagar em dinheiro, a empresa fica sabendo muito pouco ou quase nada sobre o cliente. Mas ao pagar com cartão de crédito, a empresa pode associar aquele número e nome às compras realizadas. E traçar um bom perfil do seu cliente. Na era do bigdata este motivo tornou-se mais importante.

Finalmente a última justificativa é a concorrência. Se o meu concorrente faz uma promoção onde a compra a prazo tem o mesmo valor da operação à vista, seguir a estratégia da loja ao lado pode impedir que se perca participação do mercado. E anula o movimento do concorrente.

25 janeiro 2015

Rir é o melhor remédio



Mania de Celular 2

História da Contabilidade Brasileira



Por um tempo publiquei aqui no blog diversas postagens sobre a história da contabilidade no Brasil. Mas como agrupar os eventos que ocorreram no passado de maneira didática?

Uma possibilidade é dividir a história da contabilidade de forma a coincidir com os períodos da história do Brasil. É pouco criativo, mas resultaria em algo como: (a) Colônia; (b) Brasil Império; (c) República Velha; (d) Estado Novo; (e) Redemocratização; (f) Período Militar; e (g) período pós-ditadura. Mas isto implicaria não reconhecer, por exemplo, que a adoção das normas internacionais seria um novo período contábil. Não, esta não é uma boa opção.

Outra possibilidade é corresponder a divisão com a evolução econômica do país. Assim, a história seria dividida no extrativismo, ciclo do ouro, café, industrialização, milagre econômico, hiperinflação e estabilização. Mas não me agrada, já que o período anterior a chegada da Família Real é basicamente um só termos da nossa história contábil.

Finalmente estou propondo aqui que nossa história seja dividida conforme alguns fatos marcantes. Seriam oito períodos assim constituídos:

Período - Primórdios
Tempo - de 1500 a 1850
Fato que marcou o término - Aprovação do Código Comercial
Características - Lentidão na adoção das técnicas contábeis; educação contábil não estruturada; contabilidade para o gestor; predomínio das partidas simples

Período - Estruturação do ambiente de negócios
Tempo - 1851 a 1891
Fato que marcou o término - Criação do curso técnico
Características - primeiros escândalos; primeiras obras nacionais; primeira lei das sociedades por ações; primeira associação de classe; contabilidade ensinada logo após a alfabetização

Período - Cursos Técnicos
Tempo - 1892 a 1924
Fato que marcou o término - Primeiro congresso científico nacional
Características - adoção das partidas dobradas no setor público; fortalecimento da auditoria;

Período - Busca do Reconhecimento Profissional
Tempo - 1924 a 1945
Fato que marcou o término - Criação do Conselho Federal de Contabilidade
Características - congressos científicos; imposto sobre o lucro; organização do ensino contábil;

Período - Padronização
Tempo - 1946 a 1971
Fato que marcou o término - Resoluções do CFC, CMN e Banco Central antecipam a mudança na Lei das SA
Características - Começa o debate sobre padronização (inclusive internacional); Troca de experiência com o exterior; criação da pós-graduação

Período - Inflacionário
Tempo - 1972 a 1994
Fato que marcou o término - redução drástica da inflação com o Plano Real
Características - ambiente econômico confuso com reflexo na contabilidade; expansão do ensino superior; discussão sobre a estrutura conceitual

Período - Contabilidade de Custos
Tempo - 1995 a 2007
Fato que marcou o término - criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis
Características - retomada do uso da contabilidade de custos; expansão da pós-graduação; (re) aproximação com outros países

Período - Normas Internacionais
Tempo - 2008 a
Fato que marcou o término -
Características - adoção parcial das normas internacionais de contabilidade; fortalecimento das pesquisas empíricas relacionadas com o mercado acionário; institucionalização do CPC.