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01 fevereiro 2013

OMC

Uma corrida de táxi de US$ 600, uma conta mensal de celular de US$ 20 mil, mais de US$ 1,5 milhão em xerox e até o uso de cartões de crédito para bens pessoais. Os fatos podem fazer lembrar uma administração pública num país com problemas nos controles de gastos. Mas, na realidade, trata-se de algumas das anomalias nas contas da Organização Mundial do Comércio.

Questionada por muitos diante da incapacidade política de concluir a Rodada Doha, a OMC vive também sérios desafios internos de administração. Hoje, os nove candidatos para dirigir a OMC começam sua sabatina na entidade em Genebra. Cada um deles, incluindo o brasileiro Roberto Azevedo, apresentará aos 158 países as ideias do que pretendem fazer se forem eleitos em maio e responderão a perguntas de diferentes delegações.

Diante de um impasse de 12 anos na Rodada Doha, disputas que se acumulam nos tribunais e ameaçada de se tornar irrelevante, a OMC vive a pior crise em seus quase 20 anos de existência. Cada um dos candidatos tentará mostrar que é o mais preparado e que tem as melhores ideias para salvar a entidade dessa marginalização cada vez maior. Mas se o debate estará centrado no papel político da organização no mundo, o novo diretor terá de tomar medidas para também resgatar a credibilidade interna da administração e adotar um controle de gastos.

Um informe de auditores sobre a situação das contas da OMC obtido pelo Estado serve de espelho dos desafios. Em suas conclusões, os auditores alertaram que "mecanismos internos para monitorar gastos precisam ser fortalecidos". O informe , restrito, é de 2012 e trata das contas de 2011.

Em 2012, o orçamento da OMC foi de 196 milhões de francos suíços. Dois terços desse dinheiro foram usados para pagar o salário de pouco mais de 600 pessoas, além de aposentadorias. Há ainda uma série de benefícios. A OMC, por exemplo, paga pelo estudo dos filhos de seus funcionários, incluindo universidade. Em 2011, mais de US$ 2 milhões foram gastos, envolvendo 117 funcionários.

Outro gasto importante da OMC é com o sistema de disputas comerciais. Em 2010, foram US$ 23 milhões e os auditores insistem que as contas desse departamento precisam ser mais transparentes. O informe cita como orçamento inicial para cópias e reproduções US$ 30 mil, quando na realidade o total chegou a US$ 1,5 milhão. Só com traduções de suas disputas, a OMC gastou mais US$ 4 milhões.

Transporte e comunicação. Um dos pontos que chamou a atenção foi o gasto com transporte dos diretores. Em 2008, a secretaria da entidade foi obrigada a pagar 113 mil horas extras a motoristas por trabalharem além do horário no contrato. Diante do custo da operação, governos pediram que a direção da OMC passasse a usar táxi fora do expediente. O número de horas extras caiu, mas há cerca de um ano, uma funcionária gastou US$ 600 em apenas uma corrida. Ao chegar na divisão que controla os gastos, os responsáveis pediram explicações. Os auditores teriam ficado satisfeitos com as justificativas.

Outro problema indicado pelos auditores foi o gasto com telefones. Em 2011, mais de US$ 650 mil foram gastos em comunicação. Outro caso recente que causou polêmica foi o surgimento de uma conta de US$ 20 mil de um celular. Para os auditores, as contas de telefonia precisam aparecer no balanço da OMC, algo que não estava sendo feito.

Um outro alvo de recomendação dos auditores foi a questão do uso de cartões de crédito. No total, 14 cartões foram fornecidos a diretores. Mas os auditores constataram que não havia uma lista dos nomes dessas pessoas com seus contatos atualizados. O informe ainda cita um dos diretores que gastou mais de US$ 11 mil antes de deixar a entidade.

O diretor-geral da OMC, o francês Pascal Lamy, também ordenou que suas contas fossem avaliadas. Para isso, foi contratado Didier Migaud, o presidente do Tribunal de Contas da França. Em outro documento, de novembro de 2012, ele chancela as contas da OMC.

Auditoria vê irregularidades nas contas da OMC - JAMIL CHADE, CORRESPONDENTE / GENEBRA - O Estado de S.Paulo

Loterias

A “fezinha” que muitos realizam quando a Mega Sena acumula rende poucos milionários, já que a probabilidade de ganhar é ínfima — mas garante uma bolada para a Caixa Econômica Federal, que administra as loterias federais. Só no ano passado o banco público recebeu R$ 1,05 bilhão por conta do elevado número de apostas, alta de 7,7% em relação a 2011.

(...) Como administradora das lotéricas, que são cerca de 12.200 em todo o Brasil, a Caixa tem direito a 10% de tudo que é arrecadado em apostas nos dez tipos de loterias existentes. No ano passado, essa arrecadação chegou a R$ 10,49 bilhões. Os valores arrecadados não incluem as receitas com a prestação de serviços bancários nas lotéricas, que atuam como correspondentes para o banco.

(...) A estimativa da Caixa é que o brasileiro aposte em loterias cerca de US$ 24 ao ano. Esse valor está abaixo dos US$ 240 da Argentina e dos quase US$ 700 de Grécia e Espanha. Essa diferença, segundo Cleto, mostra que é possível conquistar mais apostadores. No entanto, diz que não é possível fazer uma comparação precisa com outros países uma vez que no Brasil não é permitido jogos de azar. “O que se nota é a busca por modalidades mais dinâmicas”, explicou,

(...) Do total arrecadado com as loterias no ano passado, R$ 3,5 bilhões foram destinados ao pagamento de apostas. A maior foi paga com o prêmio principal da Mega Sena da Virada, que chegou a R$ 244,77 milhões.

No entanto, a maior parcela da arrecadação foi para os diversos projetos sociais que possuem as apostas como fonte de receitas. Os repasses somaram R$ 4,89 bilhões, incremento de 8,33% em relação a 2011.

Caixa ganhou R$ 1,05 bi na loteria em 2012 - Brasil Econômico - Ana Paula Ribeiro | 30/01/2013




31 janeiro 2013

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Ilusão do Fim da História


Quando uma garota decide tatuar o nome do namorado, ela acredita que o amor entre os dois irá permanecer o mesmo ao longo dos anos. Já uma pessoa quando se casa, faz juras eternas de fidelidade e afeição. Um casal, quando se estabelece numa cidade, pensa em comprar uma casa, onde ficarão até a velhice. Em todas estas situações as pessoas acreditam que o presente não sofrerá alterações do tempo. Mas se perguntarmos as estas pessoas se ocorreram grandes mudanças no passado, provavelmente todos irão dizer que sim.

As pessoas acreditam que muitas mudanças ocorreram no passado, mas que poucas irão ocorrer no futuro. Isto é denominado de “ilusão do fim da história”. Em outras palavras, a pessoas pensam que o futuro não irá trazer grandes alterações nas suas vidas.

Um texto publicado na revista Science de janeiro deste ano mostrou uma pesquisa com mais de 19 mil pessoas onde isto foi realmente comprovado. Usando pares de pessoas com diferença de dez anos de idade, perguntaram-se as mudanças na personalidade, nos valores e preferências das pessoas. Assim, as
respostas das pessoas com 18 anos foram comparadas com as de 28 anos. Isto permitiu que os pesquisadores tivessem uma confrontação estatística entre as crenças que tenho hoje e que terei em uma década. E a resposta mostra a comprovação da ilusão do fim da história: as pessoas subestimam as mudanças que irão ocorrer na sua vida futura. É esta a razão que faz com que a garota faça a tatuagem com o nome do namorado: ela acredita que o amor irá durar para sempre.

A pesquisa encontrou que a ilusão do fim da história é maior entre os mais jovens. Mas ela também existe entre as pessoas que já viveram mais de meio século. Assim, antes de tomar aquela decisão definitiva – uma tatuagem, o casamento, a compra de uma casa, a mudança de um emprego – lembre-se que a história não acaba ali.

Leia mais em QUOIDBACH, Jordi; GILBERT, Daniel; WILSON, Timothy. The End of History Illusion. Science. 4 january 2013, p. 96-98

IFRS: Verborragia e Redundância

Preocupadas em atender às exigências dos International Financial Reporting Standards (IFRS) e evitar puxões de orelha dos órgãos reguladores, as empresas brasileiras têm cometido um erro primário em seus balanços: estão confundindo quantidade com qualidade. Atualmente, páginas e páginas das demonstrações financeiras são gastas com a produção de notas explicativas. Criadas para complementar as demonstrações contábeis em tópicos que necessitam de esclarecimentos extras, elas sofrem atualmente de verborragia a redundância. O excesso de "explicações" tem incomodado os investidores e o próprio Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), responsável por adaptar as normas brasileiras de contabilidade aos IFRS. O órgão, em parceria com o Comitê de Orientação para Divulgação ao Mercado (Codim), inaugurou, em 2012, um grupo de trabalho (GT) para discutir a forma que as notas explicativas vêm sendo elaboradas.

"Estamos tirando uma fotografia da situação dos balanços", conta Edison Arisa, coordenador técnico do CPC. O objetivo é que, com esse diagnóstico em mãos, o grupo proponha sugestões para tornar as notas explicativas mais informativas e concisas. Os resultados do estudo, ainda sem previsão de apresentação, servirão de insumo para o desenvolvimento de um pronunciamento de orientação do Codim sobre melhores práticas de divulgação de notas explicativas, afirma o coordenador do comitê, Haroldo Levy. O grupo defende que as notas divulguem apenas fatos relevantes novos e informações complementares às publicadas anteriormente. Dados apresentados em períodos anteriores poderiam ser encontrados com um simples direcionamento para o local onde se encontram.

Na opinião de Eliseu Martins, professor da Universidade de São Paulo (USP) e um dos maiores especialistas brasileiros em IFRS, a nota explicativa "só deve conter o que interfere diretamente no processo de investimento". O problema é que algumas companhias têm dado as costas para essa premissa. "Muitas notas explicativas dizem em dez parágrafos o que poderia estar escrito em duas linhas", critica Reginaldo Alexandre, presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec).

"Os melhores manuais de IFRS são as notas explicativas. Em geral, elas trazem a norma contábil, e não a prática" O vício das empresas de colocarem nas notas explicativas uma cópia das normas dos IFRS estaria presente em diversas demonstrações financeiras, como observa Edison Fernandes, advogado e sócio do escritório Fernandes, Figueiredo Advogados. "Os melhores manuais de IFRS são as notas explicativas das empresas. Em geral, elas trazem a norma contábil, e não a prática, como deveria ser", ressalta.

As notas longas demais e pouco elucidativas são, em alguns casos, incentivadas pelos próprios contadores e auditores. Com medo de represálias dos reguladores, esses profissionais preferem pecar pelo excesso. "Muitas vezes, é melhor deixar a informação do que, depois, ter de justificar sua ausência", diz Bruce Mescher, sócio-líder de Global IFRS and Offerings Services (GIOS) da Deloitte. Procurada pela reportagem, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ressaltou que a Instrução 485, que exige a apresentação das demonstrações financeiras consolidadas em IFRS, visa a aprimorar a relevância dos balanços, e não, necessariamente, seu tamanho.

Essas situações são amplificadas também pelo "copia e cola" de modelos-padrão de demonstrações financeiras produzidos por empresas de auditoria e baixados na internet pelas empresas. Apesar de essas publicações deixarem claro que as notas explicativas exemplificadas ali podem precisar de adaptações ou complementos, uma vez que o modelo não abrange as particularidades de cada companhia e nem da norma contábil, as companhias preferem ir pelo caminho mais fácil e, simplesmente, replicar o que trazem esses documentos. "Isso acontece muito na divulgação dos CPCs 38, 39 e 40 (correspondentes aos IAS 32, IAS 39 e IFRS 7), que lidam com instrumentos financeiros de bancos e afins", comenta Paul Sutcliffe, sócio de auditoria da Ernst & Young Terco. Ele pondera que as falhas observadas nas notas explicativas não são culpa apenas das companhias e dos auditores. "Os analistas de investimento reclamam, mas, quando pedimos que listem o que não gostariam de ver, eles não sabem dizer", queixa-se.

Para aferir um dado mais abrangente de como os IFRS impactaram o tamanho dos balanços, a Capital Aberto mediu a diferença de tamanho, em número de palavras, das notas explicativas das empresas emissoras dos dez papéis mais negociados do Ibovespa entre 2008 (último ano antes da transição às normas internacionais) e 2011 (primeiro ano das demonstrações em IFRS no País). As companhias selecionadas foram Petrobras, Vale, PDG Realty, Itaú Unibanco, Usiminas, Itaúsa, OGX, Banco do Brasil, CCR e MRV. As notas, em média, aumentaram 40% de 2008 para 2011. A demonstração da Petrobras foi a única que diminuiu no período — 23%.

FALTA HARMONIA — Além da discussão sobre o tamanho das notas, há o debate quanto à forma. Durante o processo de redação dos demonstrativos, é comum que mais de um departamento se envolva no trabalho. Essa dinâmica, no entanto, pode resultar na falta de uniformidade do conteúdo divulgado. "Muitas vezes, o departamento contábil terceiriza a produção da nota para o jurídico, que confunde a demonstração financeira com um relatório legal", explica Sutcliffe.

A dificuldade das empresas em escreverem uma boa nota explicativa também está ligada ao processo de adaptação do mercado brasileiro à produção de demonstrações financeiras no novo padrão contábil. Diferentemente do modelo de contabilidade antigo, baseado em regras predefinidas, os IFRS exigem do emissor do balanço uma análise sobre a essência econômica das transações. Para justificar as decisões tomadas, os contadores podem estar dando mais voltas que o necessário.

PROBLEMA GENERALIZADO — Mesmo na Europa, onde os IFRS estão vigentes há mais tempo, as notas explicativas vêm dando trabalho. "O excesso tem tornado cada vez mais difícil para os investidores usar as informações contidas nas notas explicativas para apoiar suas decisões de investimento", salienta o relatório Towards a Disclosure Framework for the NotesDiscussion Paper, publicado pelo European Financial Reporting Advisory Group (Efrag), em julho de 2012. O órgão estuda criar um organograma que norteie o processo de produção das notas explicativas, tornando-as mais explicativas, concisas e comparáveis.

No fim de janeiro, o International Accounting Standards Board (Iasb), responsável por emitir as normas dos IFRS, também promoveu uma reunião em Londres para discutir como tornar os relatórios financeiros mais claros. Uma das soluções propostas seria adotar uma linguagem mais simples para a produção das notas explicativas. Na visão do Iasb, alguns problemas devem ser examinados, dentre eles: o aspecto de "nota de rodapé" que as notas explicativas ganharam; a crescente complexidade que tomou os balanços nos últimos anos; a dificuldade das empresas para materializar seus juízos de relevância; as medidas de segurança tomadas pelos auditores, que acabam inflando o documento; e o pouco tempo que as companhias têm para produzir a demonstração. Um levantamento realizado pelo Iasb evidenciou que a principal queixa dos leitores das demonstrações contábeis é a pouca vontade dos emissores de excluírem informações não materiais de seus balanços. Além disso, há a percepção de que as companhias, os auditores e os reguladores encaram a preparação dos relatórios financeiros como uma obrigação e não como um meio de comunicação com os investidores.

A proposta vai ao encontro de uma iniciativa antiga da Securities and Exchange Commission (SEC), que visava a introduzir o "plain English" (inglês claro) nas informações periódicas prestadas pelas companhias. Em 1998, o xerife do mercado norte-americano chegou a publicar o documento A Plain English Handbook: How to create clear SEC disclosure documents, cujo prefácio é escrito pelo oráculo dos investimentos Warren Buffett.  

Vale

A Vale vai registrar novas baixas contábeis de ativos na divulgação dos resultados do último trimestre do ano passado, a serem anunciados em 27 de fevereiro. Isso poderá impactar ainda mais o balanço da companhia. As projeções de analistas são de um prejuízo da mineradora no período entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões decorrente da baixa contábil de US$ 4,2 bilhões, comunicada ao mercado em 20 de dezembro.

A informação foi dada ontem por Luciano Siani, diretor-executivo de finanças e relações com investidores da companhia, durante seminário sobre o preço dos metais e do minério de ferro, na Apimec-Rio. O evento foi promovido pela própria Vale. Siani admitiu ao Valor que serão baixas contábeis menores que a já anunciada e que envolveram ativos de níquel (Onça Puma) e a participação acionária de 22% que a empresa detém na norueguesa de alumínio Norsk Hydro.

Depois do anúncio da Vale, outras mineradoras informaram baixas contábeis, como a concorrente australiana Rio Tinto, de US$ 14 bilhões por conta de ativos de alumínio (antiga Alcan) e de carvão e, a Anglo American, que comunicou ontem uma baixa de US$ 4 bilhões no ativo Minas-Rio em seu balanço. (...)

Vale fará novas baixas contábeis de ativos - 30 de Janeiro de 2013 - Valor Econômico - Vera Saavedra Durão e Marta Nogueira

Sir David

O ex-presidente do International Accounting Standards, Sir David Tweedie, atacou o Financial Policy Committee inglês. O FPC tinha afirmado que as normas internacionais estavam superestimando os lucros. Aventou-se a possibilidade de adotar regras contábeis bancárias separadas. Tweedie é contra esta medida, que irá provocar mais problemas que resolvê-los.

Segundo o The Telegraph:

He [Tweedie] admitted that in 2008, the IASB recognised that banks needed to make more provisions. However, he insisted that it wasn’t the rules at fault but banks and their efforts to get around them. He insisted that the standards, which he helped introduce into the UK in 2005, “could of and should have worked...we expected [them] to work... but “behaviourally it wasn’t working.” The IASB “moved quickly” to address the problems, he said.

Sir David, who is now chairman of the Institute of Chartered Accountants in Scotland (ICAS), claimed that bank practises that were frowned on in Scotland and elsewhere in England were “considered damn good business in City London.”