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22 janeiro 2013

Lucro Abrangente e Volatilidade


Uma das regras mais importantes na teoria contábil é que as receitas e as despesas devem passar pelo resultado. Isto deve incluir desde as operações com mercadorias até os efeitos dos resultados com os títulos e valores mobiliários. Isto irá assegurar que o resultado da empresa reflete todas as operações que foram realizadas num determinado exercício.

Entretanto, existem alguns eventos que podem ter um profundo efeito sobre o resultado de uma empresa, mas que possuem características peculiares das operações típicas. Geralmente eles não dependem da empresa, fugindo do controle da administração. É o caso, por exemplo, dos efeitos da conversão das informações contábeis, que dependem da taxa de câmbio. Assim, o desempenho de uma empresa pode ser afetado pela mudança na conversão de uma moeda estrangeira para o real.

Os reguladores começaram a pensar que estes eventos não deveriam aparecer no resultado da empresa. Isto contraria, é verdade, a regra que os teóricos defendem. Mas os defensores da ideia de expurgar algumas operações da DRE argumentam que o resultado ficaria menos volátil, ou seja, apresentaria menos variação ao longo do tempo.

Assim, os reguladores optaram por excluir algumas operações da demonstração do resultado, mas obrigar as empresas a apresentar em separado a informação com o lucro que abrangesse todas as operações. Em razão disto, esta informação ficou conhecida como demonstração do lucro abrangente.

Se os reguladores estiverem corretos, a diferença entre o lucro líquido e o lucro abrangente deveria ser significativa. Existem várias formas de verificar esta diferença. Três pesquisadores da UFMG, com uma amostra de 21 empresas brasileiras no período de 2003 a 2007, usaram o teste t. A pesquisa encontrou que realmente o lucro abrangente é mais abrangente que o lucro líquido. Mas o teste t não apresentou diferença significativa. Em outras palavras, não podemos dizer que para estas empresas o lucro abrangente é mais volátil.

O artigo somente agora foi publicado e será instigante que outros pesquisadores possam reproduzir a pesquisa, com uma amostra maior, talvez usando o teste prévio de normalidade da amostra e quem sabe um teste de diferença de variância, muito mais adequado que o teste de médias usado.

De qualquer forma, a discussão pode trazer contribuições expressivas sobre o argumento de que devemos censurar certas transações da nossa DRE.

Para ler mais:
PINHEIRO, Laura; MACEDO, Rodney; VILAMAIOR, Adriana. LucroLíquido versus Lucro Abrangente: uma Análise empírica da volatilidade. Revista Universo Contábil.  Furb, v. 8, n. 4, p. 6-18, out/dez, 2012. 

Fonte da Figura: Aqui

Receita Federal

A Receita Federal divulgou que em 2012 foram lançados créditos tributários no valor de 115 bilhões de reais, que corresponde a 2,6% do PIB.
O resultado foi obtido após 17.835 procedimentos de auditoria externa e 280.664 de revisão interna de declarações de pessoas físicas, jurídicas e do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR).
O destaque foram os grandes contribuintes, com 87 bilhões de autuações.
De acordo com o subsecretário, a Receita registrou melhora na produtividade. O valor médio do crédito tributário lançado por procedimento de fiscalização externa aumentou 45,4%, para R$ 6,2 milhões. O valor médio para operações de revisão de declaração cresceu 43,3%, para R$ 22,6 mil. E o valor médio de crédito tributário lançado por auditor teve alta de 7,6%, para R$ 30,7 milhões.
Mais adiante:
o Fisco pretende implantar ao logo deste ano o sistema de malha fina para as empresas. O foco do novo sistema estará voltado para as pequenas e médias empresas. As grandes empresas já contam com um acompanhamento diferenciado do Fisco.A expectativa da Receita, segundo o subsecretário, é que, com a malha, o número de revisões das declarações de pessoa jurídicas suba de 3 mil para 20 mil a 30 mil. 
Em outro texto:
Em 27% das fiscalizações encerradas, segundo a Receita, os auditores identificaram a prática de fraude, simulação ou conluio, o que configura em tese crime contra a ordem tributária ou contra a Previdência Social. 
Desenho: Aqui 

ATT

A operadora americana ATT vai registrar uma baixa contábil de US$ 10 bilhões em seu balanço do quarto trimestre por conta de mudanças relacionadas a seus planos de pensão e de benefícios pós-aposentadoria. A informação foi divulgada pela própria companhia.

A gigante de telecomunicações provisionou muitos passivos de aposentadoria relacionados a anos de história da companhia. Essas obrigações tendem a aumentar em um ambiente de taxas de juro mais baixas porque o valor presente desses pagamentos futuros aumenta.

De acordo com um documento enviado à Securities and Exchange Commission (SEC), entidade reguladora do mercado de capitais dos Estados Unidos, a ATT reduziu sua taxa de desconto para 4,3%, em relação aos 5,3% do fim de 2011. A mudança acarretou uma perda de US$ 12 bilhões. As taxas de desconto são usadas para calcular o valor atual de um conjunto de dívidas e responsabilidades das empresas no futuro. Taxas mais baixas significam responsabilidades mais elevadas.

Um ganho de US$ 1,9 bilhão sobre a taxa de retorno assumida para os ativos dos planos de benefícios, de 8,25%, ajudou a compensar parte dessa perda. A AT&T acrescentou que diminuirá a taxa de retorno para 7,75%, citando a "contínua incerteza nos mercados de títulos e na economia americana em 2013".

A companhia teve outros ganhos de US $ 100 milhões e informou que o lucro operacional seria cortado em US$ 175 milhões por conta de danos causados por tempestades, incluindo o furacão Sandy. A ATT vai anunciar seus resultados na quinta-feira.

Na semana passada, a Verizon também alertou que poderia ter de registrar baixas de até US$ 10 bilhões no quarto trimestre por razões semelhantes às da ATT. Desse total, entre US$ 7 bilhões e US$ 7,5 bilhões estariam relacionados a ajustes em planos de pensão. O restante foi indicado pela companhia como consequência de custos provocados pelo furacão Sandy e de dívidas e itens relacionados.


ATT registra baixa contábil de US$ 10 bi - 21 de Janeiro de 2013 - Thomas Gryta | Dow Jones Newswires (via Valor Econômico)

La Coruña

Um dos clubes mais tradicionais da Espanha, o Deportivo La Coruña, admite estar quebrado e pediu concordata. É o oitavo clube do país a falir desde o início da crise econômica em 2008, escancarando uma realidade radicalmente diferente da que vivem Real Madrid e Barcelona, que nesta semana dominaram a festa de gala da Fifa e mostraram que são a base de uma seleção mundial.

O La Coruña entrou com o pedido de concordata na Justiça quinta-feira à noite, medida que o protege por enquanto de uma falência total e exige que os credores entrem em negociação em relação a uma dívida que o clube tem de mais de US$ 130 milhões - cerca de R$ 263 milhões. Só ao fisco espanhol deve aproximadamente US$ 49 milhões (R$ 99 milhões).

Se um acordo não for alcançado, o clube que já teve Bebeto, Mauro Silva, Djalminha e Rivaldo como astros, poderá ter de suspender suas atividades, reabrir o time com um novo nome e começar da Quarta Divisão.

Em novembro a Justiça confiscou toda a receita de tevê do clube como forma de pagamento por seus impostos atrasados.

A situação financeira expõe a decadência de um clube que até há pouco tempo disputava títulos. O La Coruña foi um dos três times da Espanha a furar o controle total do Barça e Real Madrid entre os vencedores da Liga Espanhola nos últimos 20 anos (os outros foram Atlético de Madrid e Valencia). O título dos galegos veio na temporada 1999/2000.

O clube não conseguiu patrocinadores para bancar o time, realidade que também ameaça outros clubes. Em toda a Espanha, 15 dos 40 clubes das duas primeiras divisões estão em sérias dificuldades financeiras.

Oito deles, entre eles o Zaragoza, admitiram estar quebrados e recorreram à Justiça. O La Coruña é o primeiro caso entre os clubes de elite. E o próximo pode ser o Espanyol, de Barcelona, que já vem atrasando o salário de seus funcionários.

Por anos os clubes conseguiram se manter graças a empréstimos de bancos, patrocínios de empresas e até a ajuda do Estado. Mas com 25% de desemprego no país e uma recessão na economia, a Espanha ainda não vê uma luz no final do túnel para sua crise. O resultado é que o apoio financeiro aos clubes desabou e todo o modelo econômico foi colocado em questão.

Desequilíbrio. Segunda-feira, na festa de Gala da Fifa, a Espanha dominou a premiação. Mas não conseguiu disfarçar o mal-estar diante do fato de todos os craques jogarem para apenas dois clubes. Times menores insistem que enquanto o Real e o Barça mantiverem a maior parte dos recursos da Liga estarão enfraquecendo o campeonato.

A Federação Espanhola foi obrigada a criar um fundo de resgate para ajudar clubes a pagar salários atrasados de jogadores, já que muitos sequer podem pegar empréstimos nos bancos locais por estarem com seus nomes "sujos". Segundo a própria federação, o buraco nas contas dos clubes já chega a 3,5 bilhões (R$ 9,4 bilhões).

Com dívida gigantesca, Deportivo La Coruña vai à falência na Espanha - AMIL CHADE - O Estado de S. Paulo

Namoro nos tempos modernos

"Eu serei sua namorada no Facebook por uma semana. Colocarei seu nome no meu status de relacionamento e deixarei comentários na sua timeline." A proposta, que aparece no site americano Girlfriendhire, é de uma garota que se identifica como Isabell. O preço: US$ 5. Isabell nunca verá a pessoa ao vivo. O que ela vende é apenas a permissão ao usuário da rede social que deseja, por alguma razão, estar "em um relacionamento sério com Isabell".

Esse tipo de serviço, em que pessoas supostamente reais se passam por companheiras falsas, tornou-se a principal bandeira do site brasileiro Namoro Fake, lançado há cerca de 20 dias. Amplamente noticiado nesta semana, no Brasil e em veículos americanos, como o blog de tecnologia Mashable e a TV CNBC, a página vendia pacotes para quem quer simular, via Facebook, algum relacionamento. Os perfis das garotas, porém, eram falsos. "São personagens", dizia o site.(...)

O Namoro Fake exibe quatro planos de aluguel de namorada falsa, cujos preços variam de acordo com o grau de relacionamento e o tempo da simulação. A mais barata é a "ficante" de três dias, que faz três comentários no seu perfil no Facebook por R$ 10. A mais cara, de R$ 100, é a "namorada virtual". Com essa última, o usuário finge ter um relacionamento sério por 30 dias e garante 30 comentários da "namorada". E ele mesmo define o texto que ela vai publicar. (...)


Namoro falso no Facebook vira negócio - 18 de janeiro de 2013 - Nayara Fraga, de O Estado de S. Paulo

Caterpillar

A empresa Caterpillar anunciou que irá amortizar 580 milhões de dólares referente a compra fracassada de uma empresa na China. Depois que fez a aquisição, a Caterpillar descobriu que o inventário real era diferente do inventário existente "nos livros".

Segundo o sítio Quartz os problemas com o capitalismo chinês podem ocorrer por algumas razões. Em primeiro lugar, muitos chineses precisam de obter moeda estrangeira, que o governo restringe fortemente. A segunda razão é a corrida pela riqueza. Terceiro, a China não está muito disposta a ajudar os reguladores de outros países.

21 janeiro 2013

Rir é o melhor remédio

As tirinhas do Vida de Programador são ótimas. Quatro exemplos a seguir:




História da Contabilidade: 1967

Ao analisarmos um jornal de 1967 percebemos algumas coisas interessantes. Usando o jornal Estado de S Paulo de 3 de setembro de 1967, podemos notar o seguinte:

Balanço - As demonstrações contábeis ainda eram um pouco divergentes com as atuais. O jornal apresenta as demonstrações da Casa Anglo Brasileira S/A, que no dia 24 de agosto teve uma reunião de diretoria aprovando os resultados e a distribuição de dividendos:
No balanço da empresa é possível notar que as contas do ativo não respeitam a atual estrutura de liquidez. O ativo começa com o imobilizado, seguido dos grupos Realizável a Longo Prazo, Realizável a Curto Prazo (que inclui Estoques e Clientes), Disponível, Contas de Resultados Pendentes (que corresponde as despesas antecipadas) e a famigerada Contas de Compensação. 
Do lado do passivo (era assim denominado o lado direito do que atualmente conhecemos como passivo e patrimônio líquido) a ordem também era diferente da atual. Começava com um grupo denominado Não Exigível, que incluía o Capital Realizado, as Reservas (Legal, Geral, Manutenção do Capital de Giro Próprio, de Correção Monetária) e Lucros e Perdas. Mas também incluía a Provisão para Devedores Duvidosos, Fundos de Indenização Trabalhista, Fundo de Depreciações e Fundo de Depreciações com Correção Monetária. Tudo isto fazia parte do Não Exigível  Depois disto, em outro grande grupo denominado Exigível a Curto Prazo, temos as Contas Correntes, Responsabilidades a Pagar, Fornecedores e Dividendos a Distribuir. O grupo seguinte é composto de Contas de Resultados Pendentes. Fechando o ciclo, as Contas de Compensação. 

Em lugar da Demonstração do Resultado, a empresa apresentava a Demonstração da conta Lucros e Perdas, com os valores de débito e os de crédito. Fazia parte da conta a distribuição do lucro:


Logo após, o Parecer dos Auditores, elaborado pela Boucinhas & Campos. O parecer fala em "princípios de contabilidade geralmente aceitos, aplicados em bases consistentes com as do período anterior". 


Mercado de Trabalho - Uma análise dos classificados mostra que a modernização da contabilidade está presente. Entretanto, ainda era considerado um requisito importante do profissional a caligrafia:
O terceiro anúncio da figura acima é interessante, pois pede um profissional com prática no sistema Front-Feed e com boa letra. 

Custos - Apesar dos elevados índices inflacionários daquele momento, a presença de empresas multinacionais incentiva a contabilidade de custos. Entretanto, esta não é considerada uma atividade típica do profissional da época e sim do economista ou administrador. Veja os seguintes anúncios:

O primeiro pede um economista ou administrador de empresas para trabalhar no setor de Custo Padrão da Alcan. O segundo, um economista ou engenheiro, mas com curso técnico em contabilidade e que tenha experiência em custo mecanizado. 

Mulheres - A presença das mulheres ocorre em cursos específicos para este segmento

ou através de vagas exclusivas para as damas

Ciência e Corrupção

Science 4 January 2013:
vol. 339 no. 6115 pp. 30-32

You've just been elected to your nation's highest office! In your inaugural address, announce the biggest challenge facing your country today and how you will use science to address it.

In the 4 January 2013 issue, we ran excerpts from 14 of the many interesting responses we received. Below, you will find the full versions of those 14 essays (in the order they were printed) as well as the best (in alphabetical order) of the other submissions we received.

Would you like to participate in the sixth NextGen VOICES survey? To make your voice heard, go to http://scim.ag/NextGen6.

[...]

In developing growth, Brazil has been recognized as a significant exporter of new tendencies in music, art, and sports. The Brazilian scientific scenario is also changing; it produces half a million graduates and 10,000 PhDs a year, 10 times more than two decades ago, with a significantly increased scientific publication record. However, this nation has been confronting several matters of different natures. Besides all the problems that affect its population, such as unequal wealth distribution, tropical diseases, and drugs, corruption is probably the most important cause of the retard of the Brazilian economy, breaking the fast development. The idea of exchanging favors to reach the aim of a minority has been prospering in the Brazilian politics for a long time. The corruption stamp has marked several Brazilian governments. Indirectly, it kills more than cancer or AIDS. If these billions of reais (Brazilian currency) were invested in health, education, or science, certainly, the progress of this country would be faster than one could imagine. Basic scientific education for our youngsters, who will be the future politicians, would be the main strategy for a long-term action. Ideally, every high school should be directly associated with a research laboratory in which its masters and PhD students should be responsible for giving tutorials for the young apprentices. If we can implement the Max Perutz certainty that "in science truth always wins," maybe it will force national leaders to recognize that everybody plays on the same team and in the same World Cup.
Guilherme Martins Santos
Laboratory of Molecular Pharmacology, Department of Pharmaceutical Sciences, Faculty of Health Sciences, University of Brasília, Brazil. CEP 70910-900, Brazil.
E-mail: gsantos@unb.br

Boeing 2

A figura mostra a composição do Dreamliner, segundo a sua procedência. Estados Unidos, Canadá, Itália, Reino Unido, França, Suécia, Japão, Coréia e Austrália participam da produção

Boeing 1

A Boeing está enfrentando problemas com o programa 787 Dreamliner. Mas, como lembra Vipal Monga (em Boeing Accounting Method Could Smooth Out Dreamliner Problems, WSJ, 18 de jan de 2013) isto talvez não apareça nas demonstrações da empresa por conta da forma de contabilização, denominada Program Accounting System. Esta forma de contabilizar permite que a empresa distribua os custos de fazer um avião ao longo do ciclo de vida.

Em geral, os primeiros aviões possuem um custo unitário muito elevado. Isto ocorre em razão do custo de aprendizagem - que é elevado na indústria de aviação - assim como o elevado custo pré-operacional. Assim, a empresa pode distribuir os custos envolvendo os problemas com a aeronave por décadas. Para o usuário externo, é muito difícil encontrar estes efeitos já que a empresa faz uma estimativa do custo total de produção, do número de aeronaves que irá produzir e a distribuição disto ao longo do tempo. E estas informações não são claras.

Cruzeiro do Sul

Com R$ 28,3 milhões dá para comprar 566.821 cartões telefônicos de R$ 50. Se você tiver sorte de pegar uma promoção de R$ 0,05 o minuto, poderá falar por 9,5 milhões de horas. Ou 393 mil dias, que correspondem a 1.076 anos. Distribua os cartões a duas pessoas e eles poderiam falar ao telefone desde o descobrimento do Brasil até hoje.

O Banco Cruzeiro do Sul registrou a compra dessa montanha de cartões, usados para recarga de celular pré-pago, mas ninguém falou um minuto, segundo investigação da Polícia Federal.

A compra foi simulada para desviar R$ 28,3 milhões do caixa do banco, de acordo com a denúncia da procuradora Karen Louise Khan.

O truque para que os cartões virassem dinheiro desviado era simples, ainda de acordo com a polícia: os donos do Cruzeiro do Sul, a família Indio da Costa, também tinha o controle da empresa que vendia os cartões ao banco, a Vox Distribuidora de Cartões Telefônicos.

Dito de um jeito mais simples: o dinheiro saía do banco dos Indio da Costa e ia para uma empresa controlada pela mesma família. Como o banco estava quebrado, o dinheiro desviado saía da conta dos clientes.

O advogado de Luis Felippe e Luis Octavio, Roberto Podval, diz que vai provar a inocência de seus clientes na Justiça, mas não quis comentar as acusações sobre os cartões telefônicos.

(...) Em setembro de 2010, o banco e a Vox firmaram um contrato pelo qual o Cruzeiro do Sul decidiu comprar 25.500 cartões pré-pagos.

Depoimento à Polícia Federal de um funcionário da tesouraria, Alessandro Gonçalves de Oliveira, revelou que só 2.100 cartões foram entregues. "(...) a suposta aquisição de cartões telefônicos pré-pagos, na prática, jamais existiu", escreveu a procuradora na denúncia apresentada em dezembro.

Mesmo sem a entrega dos cartões, o banco usava esse contrato com a Vox para fazer retiradas semanais de R$ 250 mil da tesouraria do banco em dinheiro vivo.

Os saques não eram registrados na contabilidade oficial, mas no caixa-dois do banco, segundo a denúncia.

O dinheiro era entregue para Luis Felippe Indio da Costa e Luis Octavio Indio da Costa, os donos do banco, e diretores, segundo a procuradora. Os pagamentos à Vox também eram do tipo vai-e-volta, segundo a testemunha José Alfredo Lattaro: "Os recursos enviados à Vox voltavam em espécie para o banco em malotes". Segundo ele, os valores eram guardados no cofre, sem contabilidade.

Cartões telefônicos encobriram fraude no Cruzeiro do Sul, diz PF - MARIO CESAR CARVALHO - Folha de S Paulo - 20 de jan 2013