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23 setembro 2011

Confiança

Quem já foi vítima de uma ilusão de ótica sabe que os olhos podem nos enganar. Mas nosso cérebro nos engana de outras formas, e a mais bem estudada é o fenômeno do excesso de autoconfiança. Se perguntarmos a mil estudantes se eles se consideram líderes mais capazes do que a média do grupo, 70% afirmarão ser melhores que a média. Entre professores, 94% dirão ser melhores que a média de seus colegas. Entre médicos, 80% vão se achar mais competentes e o mesmo ocorre entre investidores, políticos e motoristas de carro. Como é matematicamente impossível mais da metade de uma população ser melhor que a média, esses resultados demonstram que os seres humanos expressam um excesso de autoconfiança sempre que se comparam a seus pares. A única amostra de seres humanos na qual a autoavaliação se comporta como o esperado (aproximadamente 50% se acham piores que a média e 50% melhores que a média) é a composta por indivíduos com diagnóstico clínico de depressão.


Esse excesso de autoconfiança independe da idade, da cultura, do nível educacional ou da posse de bens materiais. Todos os estudos indicam que essa forma de autoengano é uma propriedade intrínseca e hereditária do cérebro humano. Mas se ela é uma característica do ser humano, como teria surgido e sobrevivido à seleção natural? Ninguém duvida que o excesso de autoconfiança provoca avaliações equivocadas e uma propensão exagerada a correr riscos. Portanto - raciocinavam os geneticistas - se ela é prejudicial, pessoas com excesso de autoconfiança deveriam ter menos chance de sobreviver e, ao longo de milhões de anos, a seleção natural deveria ter selecionado indivíduos com uma capacidade crescente de autoavaliação. Mas por que isso não ocorreu? Agora, um grupo de cientistas propôs uma explicação para a manutenção do excesso de autoconfiança nas populações humanas.


Imagine duas pessoas que desejam um mesmo objeto. Se ambas tentam agarrar o objeto, acabam brigando. Nesse caso, ambas pagam um preço por terem brigado (se machucam, por exemplo) e a mais forte fica com o objeto.


Se nenhuma tenta capturar o objeto, nenhuma paga o preço da briga, mas tampouco fica com o objeto. Mas, se as duas pessoas puderem estimar corretamente a capacidade de briga do concorrente, a melhor estratégia é o mais fraco abdicar da briga e o mais forte ficar com o objeto (neste caso, a vantagem do mais fraco é não ter o custo de brigar).


Imagine agora que o custo da briga diminui a capacidade reprodutiva do indivíduo, mas a posse do objeto aumenta sua capacidade reprodutiva. Usando este modelo, os cientistas simularam populações de indivíduos que competiam pelos objetos e se reproduziam dependendo do balanço entre o "custo reprodutivo" provocado pela briga e o "lucro reprodutivo" resultante da posse do objeto. Essas simulações foram repetidas milhares de vezes ao longo de centenas de gerações, variando a distribuição dos níveis de autoconfiança na população original, o custo reprodutivo da briga e a vantagem reprodutiva conferida pela posse do objeto.


Os resultados demonstram que sempre que o custo da briga é baixo em relação à vantagem conferida pelo objeto, os indivíduos com um excesso moderado de autoconfiança acabam predominando na população. Também ficou claro que os indivíduos com uma avaliação precisa de sua capacidade de briga somente têm vantagens sobre os excessivamente autoconfiantes em muito poucos cenários, geralmente quando o custo da briga é significativamente maior que a vantagem conferida pela posse do objeto. Ou seja, possuir um excesso de autoconfiança e consequentemente disputar algumas brigas nas quais a derrota advém da má avaliação do adversário parece ser a estratégia que garante uma melhor capacidade reprodutiva.


Esses resultados não somente propõem uma explicação para a origem de nosso excesso de autoconfiança, mas explicam sua manutenção nas populações atuais. Se realmente somos excessivamente autoconfiantes e inerentemente propensos a tomar riscos isto talvez ajude a explicar a instabilidade nos mercados financeiros, guerras e outros fenômenos que resultam de nossa incapacidade de avaliar com precisão nossos pares. Outra consequência dessa descoberta é que modelos econômicos que se baseiam na premissa de que as decisões humanas são racionais e derivadas da capacidade humana de avaliar objetivamente a realidade não se aplicam ao Homo sapiens que habita o planeta Terra.


Mais informações: THE EVOLUTION , OF OVERCONFIDENCE. NATURE VOL. 477 PAG. 317 2011. A origem do excesso de autoconfiança - Fernando Reinach - Estado de S Paulo, A 26, 22 set 2011. Foto: aqui

22 setembro 2011

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Links


Economia:

Brasil e suas 63 moedas locais
Crise européia em gráficos
Os BRICS irão salvar a Europa? Não, isto é um absurdo.

Executivos

Forbes revela os mais ricos dos EUA: Gates com 59 bi e Buffett com 39 bi. Aqui também
Ex-CEO do Yahoo perde a linha ao ser demitida
Executivos da Aracruz e VCP pagam para encerrar processo

Mercado:

Moody´s rebaixa Bank of America, Citi e Wells Fargo
Caixa Econômica Federal faz propaganda com Machado de Assis branco. Agora reconhece o erro e retira do ar
Mercado para tudo: Calçados com GPS
Um mercedes construído de sucata

Contabilidade, Custos e Atuária

Fundos passam longe da meta atuarial
As pessoas estão menos dispostas a pagar muito pelo e-book
Blog do Romildo

Diversos:

Intercâmbio sem sair de casa

Espanha e Portugal



Um trecho do Financial Times sobre as empresas espanholas (publicado no Marginal Revolution) mostra que a Espanha está a perigo.

As empresas portuguesas não financeiras apresentam uma dívida que corresponde a 16 vezes o lucro antes de juros. Isto significa que uma taxa de juros de 6,25% faz desaparecer todo o lucro (isto é, 1/16 = 0,0625).

Já as empresas espanholas possuem uma relação de 12 vezes. Ou seja, a uma taxa de juros acima de 8,3% consome todo o lucro, não sobrando nenhum dinheiro para o acionista.

O texto considera que uma relação de 10 vezes o padrão máximo. O texto compara a Espanha com o Japão de 1996 a 2002, quando a economia ficou sem crescimento. Ou seja, tempos difíceis para a Espanha e Portugal.






(Imagem: aqui)

Vale a pena sediar os Jogos Olímpicos?

Por Pedro Correia

Será que os Jogos Olímpicos promovem os benefícios econômicos que tantas autoridades proclamam? Markus Brückner e Evi Pappa defendem que sediar as Olimpíadas aumenta as expectativas de produção futura e, assim promove o investimento, consumo e atividade geral. No entanto, o estudo sugere que os maiores efeitos macroeconômicos ocorrem 4 anos antes do evento:

"Anticipation effects are present in all the variables we consider; GDP growth increases significantly during the five years before hosting and the peak response occurs four years before the actual hosting of the event."


Destarte, o maior efeito sobre o PIB brasileiro ocorrerá em 2012. A frase de Albert Fishlow resume o caso da Rio 2016:"Não sei se a Olimpíada será boa para o Brasil, mas a Grécia organizou uma em 2004″.

Orçamento Público


E, embora o país seja considerado referência mundial em transparência, especialistas criticam a qualidade dos dados disponibilizados pelo governo federal. "Na comparação com outros países, o Brasil está avançado, mas ainda tem muito o que melhorar", pondera o consultor de orçamento do Senado, Fernando Moutinho.


Ao acessar o site Siga Brasil, alocado no portal do Senado Federal, é possível obter algumas informações de gastos públicos, mas muito ainda está de fora. Um exemplo são os recursos desvinculados do orçamento, ou seja, que não estão ligados a um ministério ou órgão, e que ficam reservados para gastos considerados necessários no ano vigente.


Não é possível determinar, por exemplo, o destino dessa verba. Só é possível encontrar o quanto ela representa do orçamento. Outro caso é a não publicação do destino de verbas de convênios entre estados e municípios.


É possível apenas saber quanto é transferido para essas esferas, mas não quais foram as empresas beneficiadas pelos repasses.


Programas essenciais


Dados de programas que foram considerados carros-chefes do governo, como o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), embora disponíveis nos sites oficiais, não são fáceis de encontrar. No caso do PAC, por exemplo, é preciso saber, exatamente, quais são os nomes dos projetos que contam com recursos do programa e somá-los, um a um.


Não há uma legenda "PAC" no Siga Brasil, o que dificulta o acesso por pessoas leigas no jargão orçamentário.


"Apenas divulgar números não torna um governo transparente. É preciso tornar os dados legíveis para a população", defende o economista Valdemir Pirez, especializado em contas públicas.


Transparência no Orçamento Brasileiro é questionável - Carolina Alves - Brasil Econômico - 21 set 2011. Foto: Flickr

Precisa mesmo ser novo?

Tom Copeland, diretor de Práticas de Finanças Corporativas no Monitor Group, uma firma de consultoria, observa:" Se fossem capazes de pagar, a maioria das pessoas gostaria de dirigir um carro novo. Os administradores não são diferentes... Em minha expectativa,... os administradores gastam milhões de máquinas novas antes de precisarem fazê-lo. Na maioria dos casos, o custo total é de 30% a 40% mais baixo, caso uma empresa continue mantendo uma máquina existente por mais cinco anos, em lugar de trocá-la por uma máquina nova. Para combater as compras compulsivas de novas máquinas, as empresas devem obrigar os administradores a analisarem os números de todas as opções de investimento dsiponíveis - incluindo a manutenção dos ativos existentes ou a compra de ativos usados"

Fonte: Tom Copeland," Cutting Costs Without Drawing Blood", Harvard Business Review,2000,p.3-7.

Previsão para o Nobel

Saiu a previsão para o Nobel de Economia da Thomson Reuters: Douglas W. Diamond - pela análise de intermediação financeira e monitoramento Jerry A. Hausman - com Jerry White pela contribuição em econometria (teste de Hausman) e teste White Anne O. Krueger - com Gordon Tullock, pela descrição do rent-seeking behavior Gordon Tullock - com Anne O. Krueger Halbert L. White, Jr. - com Hausman, em econometria

As melhores universidades em Economia

1. Harvard
2. MIT
3. Stanford
 4. London School of Economics
5. Oxford
6. Cambridge
7. Berkeley
8. Chicago
9. Yale
10. Princeton

Fonte: aqui

É interessante a posição da LSE, mesmo após o escândalo do financiamento de Kadafi.

Capital dos Bancos


A questão do nível de capital de uma instituição financeira é muito importante. O acordo de Basileia criou exigências para que as instituições de diferentes países possam atuar. O principal parâmetro ficou conhecido como índice de Basileia. No Brasil o parâmetro para este índice é 11%, conforme uma forma de cálculo que leva em consideração o risco das operações efetuadas pelos bancos.

Recentemente o Banco Central divulgou um diagnóstico mostrando que treze instituições não cumprem este índice.

No teste de estresse que apontou necessidade de capitalização de treze bancos, de um total de 160, o BC considerou uma elevação da taxa média de inadimplência de 3,6% para 14%. Mesmo esses não quebrariam; só ficariam desenquadrados da norma. Quebra mesmo só se o percentual chegasse a 16%. O BC não informou quantos iriam a pique, nessa hipótese.


Mas eles representariam apenas 0,05% dos ativos do sistema, menos do que representava o Matone (0,07%), banco comprado pelo JBS.

Simulando um rebaixamento generalizado, de dois degraus, na escala de classificação de risco dos tomadores de crédito, o BC chegou a um resultado parecido. Só doze bancos teriam que convocar os acionistas a coçar os bolsos. Mas a participação deles nos ativos do sistema seria maior: 13,6%.

Os testes de estresse mostraram resistência também a riscos de mercado, mesmo em situações mais extremas. Segundo o diretor de Fiscalização do BC, Anthero de Moraes Meirelles, os cenários "exagerados" incluíram juros a 1% ao ano, taxa de câmbio a R$ 4,70 por dólar e queda real de 4,7% o Produto Interno Bruto. No pior desses quadros, apenas um banco, nada representativo, quebraria e os desenquadrados das regras de capital mínimo seriam 11% dos ativos do sistema.

Em outras palavras, o sistema financeiro brasileiro parece adequado.

Conselho para cortar gastos

A Deloitte recebe como empresa de consultoria da cidade de Ottawa. Veja notícia a seguir:

Eu não me importo como você explica isto, mas nestes dias de orçamentos apertados e déficits, 90.000 dólares por dia é demais para um escritório de contabilidade dar conselhos sobre como cortar gasto num orçamento de US $ 4 bilhões da cidade de Ottawa, principalmente que os cortes propostos pela Deloitte provavelmente nunca serão postos em prática. (National Post)

Kroton



A Kroton Educacional fechou a compra da Faculdade de Sorriso (FAIS), que tem operação no município de Sorriso, no Mato Grosso, em um negócio de R$ 7 milhões.


A operação foi realizada por meio da Editora e Distribuidora Educacional, subsidiária da Kroton, junto à sociedade mantenedora da FAIS, a União Sorrisense de Educação (USE).


A Kroton pagará um total de R$ 5,4 milhões ao longo de 60 meses e assumirá uma dívida líquida de R$ 1,6 milhão da USE, que conta com 1.302 alunos e 1.400 vagas anuais.


De acordo com a empresa, a compra está sujeita a eventuais ajustes e compensações em função de passivos da USE.


"A aquisição fortalece a presença da companhia no Mato Grosso, estado onde operam 10 unidades de ensino superior, sendo a mais próxima a unidade de Sinop, com distância aproximada de 80 quilômetros do município de Sorriso", diz o comunicado da Kroton.


(Fonte: aqui)

Isto significa que o valor da empresa foi de 5,4 mil reais por aluno. Isto é bem abaixo dos 7 mil pagos pela Anhanguera. Entretanto, o mercado é um pouco diferente (Sorriso versus estado de São Paulo) e isto pode ter refletido no preço.