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07 agosto 2007

Sarbox completa cinco anos

Uma reportagem traduzida sobre os cinco anos da SOX no Valor Econômico. Trata-se de um artigo originalmente publicado no The Economist de 28/07/2007 (Five years under the thumb - Sarbanes-Oxley - Sarbanes-Oxley)


Sob ataque, SOX completa cinco anos
Valor Econômico - 07/08/2007

Para os líderes da América empresarial, foram cinco longos anos. A lei Sarbanes-Oxley, conhecida como SOX, foi sancionada em 30 de julho de 2002 por George W. Bush, que classificou suas novas e duras regras como "a mais ampla reforma das práticas de negócios americanas desde que Franklin Roosevelt foi presidente". A esperança era restabelecer a confiança pública nas companhias americanas, que havia sido gravemente abalada por grandes escândalos como os que levaram à falência da Enron e da WorldCom.A lei criou uma nova autoridade reguladora para o setor da contabilidade: o Conselho de Supervisão Contábil das Companhias Abertas (Public Company Accounting Oversight Board - PCAOB). Para evitar alguns conflitos de interesses óbvios, os auditores foram proibidos de fazer uma variedade de trabalhos não ligados a auditorias para os clientes.

As empresas tiveram que estabelecer comitês de auditoria independentes, empréstimos das empresas para seus executivos foram proibidos, altos executivos tiveram que certificar as contas de suas empresas e informantes ganharam uma maior proteção ao emprego nos casos em que reportam suspeitas de atividades fraudulentas.No agora notório artigo 404 da legislação, os administradores passaram a ser responsáveis pela manutenção de "uma estrutura adequada de controles internos e procedimentos para a elaboração das demonstrações financeiras". Auditores das companhias passaram a ter de "atestar" a avaliação desses controles pelos executivos e a revelar qualquer "inconsistência". O não cumprimento poderia resultar em novas e duras penalidades criminais.Controvertida desde o começo, a SOX passou a ser desdenhada por muitos empresários americanos (e de outros países onde ela alcançou grandes companhias estrangeiras). Até mesmo seus autores têm lá suas reservas, reconhecendo que sua apressada transformação em lei significou que partes suas foram mal esboçadas. "Francamente, eu a teria feito de maneira diferente", disse em março Michael Oxley, um dos ex-congressistas que elaboraram o projeto da lei. Ele acrescentou que o mesmo se aplicava a seu co-autor, Paul Sarbanes. "Mas os tempos não eram normais."Os ataques dirigidos à SOX são numerosos e sérios. No topo da lista está o preço ao enquadramento. Logo ficou claro que os custos de implementação das disposições da SOX, especialmente o artigo 404, superavam em muito as somas modestas inicialmente previstas. A lei é hoje amplamente tida como uma licença para as firmas de auditoria imprimirem dinheiro - o que é irônico, já que indiscutivelmente foram essas empresas, movidas a comissões, que encorajaram a contabilidade frouxa que levou à implementação da lei.Além de seu custo imediato, a SOX é acusada de minar o espírito empreendedor dos Estados Unidos. Menos de um ano após a lei ter entrado em vigor, William Donaldson, então presidente da Securities and Exchange Commission (SEC), o órgão regulador do mercado de capitais nos EUA, se perguntou se ao "dar asas para um grande número de advogados pelo país", a lei não estaria levando a uma "perda do entusiasmo pela tomada de riscos" por causa de uma "enorme preocupação com os perigos e riscos de se cometer o menor erro". Outros afirmam que a lei teve o efeito oposto ao desejado. Eles alegam que em vez de restaurar a confiança nas companhias abertas, ela enfraqueceu os mercados de ações dos EUA, ao carregar as companhias domésticas para os braços dos fundos de private equity e levar empresas estrangeiras e listarem suas ações em outros mercados mundiais.Até onde essas acusações são plausíveis? Um exército de acadêmicos entrou na grande discussão sobre a SOX. Mas suas análises esbarram em duas dificuldades. Primeiro, a SOX foi a primeira de uma série de iniciativas tomadas depois do colapso da Enron, que foram de exigências mais duras para a listagem de ações a sentenças de prisão mais duras para executivos mal intencionados. Desembaraçar os efeitos da SOX dessas outras mudanças é difícil. Também não é fácil saber como os investidores e empresários - que estavam tentando assimilar o estouro da bolha do mercado de ações do fim dos anos 1990 - teriam reagido aos escândalos empresariais sem a SOX.Alguns acadêmicos concluíram que os custos da SOX até agora superam os ganhos. Um discutido estudo feito em 2005 por Ivy Zhang, na época da William E. Simon Graduate School of Business Administration, estimou que os custos da lei superavam quaisquer benefícios na surpreendente cifra de US$ 1,4 trilhão. Esse número controvertido surgiu de uma estimativa econométrica da "perda em valor de mercado total com os eventos legislativos mais significativos" - em outras palavras, o estudo assume que, depois de levar em conta outras notícias, toda queda nos preços das ações na medida em que as novas regras eram implementadas se devia à SOX.Num estudo mais recente, Leonce Bargeron, Kenneth Lehn e Chad Zutter, da Universidade de Pittsburgh, afirmam que a SOX teve "um efeito desencorajador sobre a tomada de riscos" pelas companhias abertas americanas. Usando um exemplo de companhias britânicas como referência, o estudo constatou que as empresas americanas reduziram significativamente seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento e investimentos em geral, ao mesmo tempo em que aumentaram suas posições de caixa. Eles concluíram que coletivamente isso revela "uma redução estatisticamente significativa na tomada de riscos depois da adoção da SOX".Os acadêmicos encontraram uma segunda medida para dar suporte às suas conclusões. O desvio padrão dos retornos proporcionados pelas ações - uma medida de risco - também caiu para as empresas americanas em relação às companhias britânicas. Por outro lado, o estudo também mostrou que o grau de risco a que as companhias americanas estavam expostas depois da implementação da SOX era maior que em meados da década de 1990, antes da bolha do mercado de ações fugir de controle. E a relação de pesquisas e desenvolvimento e investimentos totais sobre os ativos - e assim, supostamente, o apetite pelo risco - era consideravelmente maior nos EUA que no Reino Unido, antes e depois da SOX.Bargeron, Lehn e Zutter também analisaram 9.258 aberturas de capital nos EUA e Reino Unido entre 1990 e 2006. Eles descobriram que após a SOX, a probabilidade das listagens de ações no Reino Unido aumentou bastante. Isso parece dar suporte à visão de que a SOX enfraqueceu os mercados de ações americanos ao jogar as companhias domésticas nos braços dos fundos de private equity e levar as empresas estrangeiras a listarem suas ações em outros mercados. Outros, porém, rebatem essa afirmação. Nos últimos 12 meses foram realizadas várias sindicâncias oficiais sobre a competitividade dos mercados financeiros americanos, apoiadas pelo secretário do Tesouro dos EUA e o prefeito de Nova York, entre outras autoridades. Nenhuma delas lançou muita culpa sobre a SOX, apontando ao invés disso para uma série de problemas que incluíram o vício dos EUA pelos litígios.Kate Litvak, da Texas Law School, usou uma técnica diferente para medir o efeito da SOX sobre os mercados de capital americanos. Num estudo recente ela examinou seu impacto sobre as ações das empresas listadas nos EUA e fora do país. As ações de empresas com listagens cruzadas tendem a ser negociadas com um ágio sobre as ações de empresas parecidas que não são. As empresas com listagens cruzadas parecem ganhar uma credibilidade extra ao se sujeitarem tanto a regras rígidas de governança fora dos EUA como dentro. Litvak constatou que o ágio da listagem cruzada caiu depois da SOX, sugerindo que os investidores acreditaram que para as empresas com listagens cruzadas, os custos da legislação iriam em média superar os benefícios.Num estudo publicado no ano passado pela Universidade do Sul da Califórnia, Ehud Kamar, Pinar Karaca-Mandic e Eric Talley investigaram se a SOX vem forçando empresas a saírem do mercado aberto. Usando uma amostra de 8.266 aquisições feitas por fundos de participação em empresas em 76 países entre 2000 e 2004, eles constataram que depois da implementação da lei aumentou a probabilidade das pequenas empresas abertas americanas serem vendidas para esses fundos, do que as pequenas empresas abertas de outros países. Mas não houve mudança na probabilidade relativa de grandes empresas americanas abertas fecharem o capital. Isso parece dar suporte ao ponto de vista de que a SOX é particularmente onerosa para as companhias menores.Mas nem todos os acadêmicos são contra a SOX. Luigi Zingales, da Universidade de Chicago, afirma que ela foi um triunfo das relações públicas, restaurando rapidamente a confiança. "O fato de ela estar lá, ser forte e ter sido implementada rapidamente foi muito importante", diz ele. Isso, observa, foi um grande contraste com a Itália, país onde ele nasceu, que demorou "dois anos e muita discussão boba" para implementar uma nova lei depois do escândalo na Parmalat.Criar o comitê de auditoria independente e dar a ele, e não ao presidente da empresa, a responsabilidade pela contratação dos auditores, também foi um grande passo à frente, afirma Zingales. Isso pode ter contribuído para melhorar o desempenho dos auditores, o que Zingales, Alexander Dyck e Adair Morse relatam em seu estudo "Who Blows Whistle on Corporate Fraud?". Os três economistas examinaram 230 supostas fraudes empresariais ocorridas nos Estados Unidos entre 1996 e 2004. Eles constataram que, antes da SOX, apenas um terço das grandes fraudes eram descobertas por aqueles que tinham responsabilidade de fazer isso, como os auditores, autoridades reguladoras setoriais ou a SEC. Os funcionários eram sempre os que informavam a existência de irregularidades administrativas. Depois da SOX, porém, a proporção de fraudes graves descobertas pelos profissionais responsáveis por isso aumentou para 50%. Em especial, houve um "aumento surpreendente no papel dos auditores [um crescimento de quatro vezes no número relativo de detecções de fraudes] e da SEC [cuja importância dobrou, embora a partir de um nível muito baixo]".Aliás, os economistas admitem que "não podem determinar" qual parte das reformas pós-Enron levou os auditores a aperfeiçoar as análises que fazem das companhias. Será que foi a separação de seus negócios de consultoria dos de auditorias para clientes? Ou o efeito salutar do fim da Arthur Andersen, ou a exigência de um maior ceticismo profissional contida no artigo 404 da lei? Em outras palavras, eles não sabem se essa é uma "mudança permanente ou uma reação temporária a um evento que ressaltou os riscos de uma auditoria ruim".Os profissionais podem ter um olho mais aguçado, mas as dicas bem-sucedidas passadas por funcionários diminuíram depois da SOX, de 20,7% dos casos para 15,6%. Isso, afirmam os três economistas, "sugere que os incentivos modestos da SOX não são muito eficientes". Eles parecem ter provocado um aumento das acusações frívolas da parte de funcionários insatisfeitos, ao invés de levar a dicas sobre fraudes graves. Segundo os economistas, seria muito melhor copiar os incentivos à prática de manutenção de informantes usados no sistema americano de saúde, que já levaram a uma taxa maior de detecção de fraudes, mas limitaram o crescimento de acusações frívolas.Outro bom sinal é que os custos de enquadramento à SOX estão caindo. Segundo o mais recente estudo anual sobre o enquadramento realizado pelo Financial Executives International, um clube de diretores financeiros, até mesmo o odiado artigo 404 está custando menos. O conjunto de 200 empresas englobadas pelo grupo, com receitas médias de US$ 6,8 bilhões, constatou que o custo típico de adequação ao artigo 404 era de US$ 2,9 milhões em 2006, 23% menor que em 2005. A adaptação ao artigo 404 envolvia custos iniciais elevados, mas agora "ganhos de eficiência estão sendo realizados", afirma Michael Cangemi, o presidente do grupo.Melhor ainda: sob pressão da SEC, o PCAOB, o conselho de supervisão contábil das companhias abertas, mudou suas diretrizes sobre como implementar o artigo 404. Até agora, os auditores vinham sendo encorajados a serem zelosos com os controles internos, repetindo grande parte de todo o trabalho dos auditores internos de uma empresa, e a testarem o vigor dos controles internos contra todos os riscos imagináveis. O novo padrão de auditoria, que foi aprovado pela SEC na semana passada, permite uma abordagem mais pragmática e mais ajuizada. Algumas estimativas sugerem que as taxas de enquadramento poderão cair até pela metade.Mesmo assim, como parece sempre acontecer com a SOX, nem todo mundo gostou dessa reforma. Stephen Bainbridge, autor de "The Complete Guide to Sarbanes-Oxley", afirma que "nada que a SEC tenha feito ou pretenda fazer vai mudar a estrutura existente de incentivos para administradores e diretores. A cúpula de uma empresa continuará tendo muitos incentivos para gastar o dinheiro dos acionistas para se proteger das obrigações previstas na SOX".Outros são mais otimistas e vêem a SOX como parte das inevitáveis oscilações do negócio das regulamentações nos EUA. Mark Roe, da Harvard Law School, afirma em um estudo que escândalos como os que derrubaram a Enron são resultado de duas "instabilidades principais" no sistema de governança dos EUA: a separação do direito de propriedade do controle das grandes empresas, e as fraquezas decorrentes do sistema descentralizado de regulamentação dos EUA. Essas duas instabilidades se combinaram para criar um tipo de "problema fundamental da grande empresa" em cada uma das décadas desde a Segunda Guerra Mundial.Se a história servir de guia para o resultado de reformas como a SOX, os EUA irão "resolver os problemas atuais - ou ainda mais provável, reduzi-los a proporções administráveis -, mas algum momento depois, em algum outro lugar, outra peça do aparato empresarial vai falhar", afirma Roe."Nós vamos remendar a coisa, seguir em frente e conseguir alguma coisa. Isso é o que vai acontecer desta vez, e é o que vai acontecer da próxima vez." Tradução de Mário Zamarian

Petrobrás compra petroquímica, mas mercado suspeita de algo

Negócio sob suspeita
O Estado de São Paulo - 07/08/2007

Começou mal e foi mal explicada a operação de compra do controle acionário da Suzano Petroquímica pela Petrobrás, na última sexta-feira. As cotações e o volume de negócios com os papéis da Suzano Petroquímica, na Bolsa de Valores, já apresentavam alta expressiva nos últimos dias, indício claro de vazamento de informações. Além disso, o negócio está sendo entendido como uma clara indicação de que a Petrobrás estaria dando passos decisivos para reestatizar a petroquímica. O que é certo é que as coisas foram muito malfeitas.

A Petrobrás pagou R$ 13,44 por ação ordinária e R$ 10,76 por ação preferencial, perfazendo R$ 2,1 bilhões - quase o dobro do valor de mercado da Suzano Petroquímica, medido pela cotação de seus papéis em Bolsa, multiplicado pelo número de ações. Na quinta-feira, as preferenciais fecharam a R$ 5,70 e não houve operações com as ordinárias, com oferta de compra a R$ 5,00. Um dia depois, anunciada a venda, os papéis preferenciais da empresa adquirida foram suspensos às 12h15 e, na reabertura, às 16h25, subiram 56,32%.

Especialistas consideraram absurdamente elevado o preço pago pela Petrobrás. E, como a Suzano Petroquímica tem seus papéis negociados no Nível 2 de Governança Corporativa, todos os acionistas com ações preferenciais terão direito a receber 80% do valor pago pelas ordinárias, o que aumentará o desembolso da Petrobrás para R$ 2,7 bilhões.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) quer saber se houve uso de informação privilegiada (inside information). E tem fortes indícios de que houve. Em julho, as ações PN da Suzano Petroquímica subiram 14,02%, enquanto o Índice Bovespa caia 0,39%. E quase dobrou o volume diário negociado, de R$ 2,3 milhões, em junho, para R$ 3,9 milhões, em julho, aumentando para R$ 5 milhões na terça-feira, R$ 10 milhões na quarta-feira e R$ 16 milhões na quinta-feira. "Não houve uma oscilação grande de preço, mas o volume cresceu muito", observou o superintendente de Relações com o Mercado e Intermediários da CVM, Waldir Nobre. "Se aparecer algo muito evidente, abriremos um termo de acusação formal dentro da CVM. Mas, se houver evidências, mas não provas cabais, abriremos um inquérito administrativo para apurar o caso", disse. É a segunda vez, neste ano, que a CVM se ocupa de operações em Bolsa envolvendo a Petrobrás. A primeira foi em março, quando a estatal adquiriu, com o Grupo Ultra e a Braskem, o controle do Grupo Ipiranga.

Está em jogo, agora, o controle da petroquímica - um setor de capital intensivo cuja matéria-prima básica é a nafta, produzida em sua quase totalidade pela Petrobrás. Ao comprar a Suzano Petroquímica, a Petrobrás afasta do setor petroquímico o Grupo Suzano, que até agora era líder na produção de polipropileno. Há alguns meses, aventava-se a possibilidade de que, junto com o Grupo Unipar, a Suzano criaria o Pólo Petroquímico do Sudeste, que disputaria o mercado com os pólos do Nordeste e do Sul, liderados pela Braskem, do Grupo Odebrecht.

Com as duas últimas aquisições - do Grupo Ipiranga e do braço petroquímico do Grupo Suzano -, a Petrobrás passou a controlar 30% da produção nacional do setor, calcula um analista da corretora Ágora, Luiz Otávio Broad.

O risco de reestatização do setor preocupa. "O importante é que a Petrobrás explicite o seu papel no processo de consolidação da petroquímica brasileira", afirmou o presidente da Braskem, José Carlos Grubisich. "Como previsto, a liderança cabe ao setor privado", declarou. Espera-se que esteja certo. No passado, a Petrobrás abandonou seu objetivo central, o chamado core business - explorar e refinar petróleo -, para entrar em outros setores, atrasando a produção do óleo bruto, em que terá de investir muito, no futuro, para manter o nível das reservas brasileiras.

Em entrevista ao Estado de domingo, o economista Claudio Considera ressaltou o perigo representado pelo alto grau de concentração do setor nas mãos da Petrobrás. "A concorrência pode estar sendo sacrificada", disse Considera, ex-secretário de Acompanhamento Econômico.

Banco Central e Fiscalização

Justiça pode limitar poder do BC
Turma do Supremo Tribunal Federal decide que BC só poderá quebrar o sigilo bancário com autorização judicial
Renata Veríssimo - O Estado de São Paulo - 07/08/2007

O trabalho do Banco Central (BC) de fiscalização de instituições financeiras e seus dirigentes pode se transformar em mera auditoria contábil por causa de uma decisão tomada na última sexta-feira pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Por 3 votos a 2, os ministros decidiram que o BC só pode quebrar sigilo bancário com autorização judicial.

"Não se deve confundir o poder de fiscalização atribuído ao Banco Central com o poder de violar o sigilo bancário, que é norma de ordem pública", afirma o relator, Marco Aurélio de Mello. A decisão foi tomada durante julgamento de recurso apresentado pelo BC contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ,) que não autorizou a quebra do sigilo bancário do ex-dirigente do Banco Estadual do Mato Grosso (Bemat), José Longo de Araújo.

Os ministros Carlos Ayres Britto e Sepúlveda Pertence divergiram do voto do relator. Para Britto, a Constituição dá ao BC a possibilidade de saber a movimentação bancária dos dirigentes de bancos estatais e instituições financeiras públicas e privadas. "Receio que esta interpretação que foi dada empobreça a funcionalidade do artigo 192 da Constituição e reduza a força do Banco Central para sanear eticamente o setor", disse o ministro ao Estado. Na opinião de Britto, a discussão não envolve o cidadão comum, mas o agente público que atua no âmbito do sistema financeiro.

Embora a decisão seja especificamente para esse caso de Mato Grosso, ele cria jurisprudência (interpretação da lei) para outros casos e para a atuação da autoridade monetária. O BC informou que, após a publicação da decisão no Diário de Justiça, deve recorrer ao plenário do STF, que é composto por 11 ministros. No recurso ao Supremo, o BC argumenta que, ao não autorizar o acesso aos dados bancários, o STJ "limitou o Banco Central na sua atuação legítima como órgão fiscalizador e defensor do sistema financeiro e da coletividade". Segundo a defesa, impedir as atividades fiscalizadoras do BC em nome do sigilo bancário implica sobrepor o interesse privado ao público e acobertar práticas ilícitas.

Para o ministro Marco Aurélio, o BC confunde o poder de fiscalização com a quebra de sigilo de dados. Citando o artigo 5º da Constituição, ele afirma que a quebra só pode ocorrer com autorização judicial em casos de investigação criminal e instrução de processo penal. Marco Aurélio afirma que o sigilo bancário deve ser a regra para preservar a intimidade das pessoas. Como órgão supervisor do sistema financeiro, o Banco Central tem acesso a informações sobre operações das instituições financeiras públicas ou privadas. O BC pode ter acesso também a informações de dirigentes dessas instituições, referentes a operações realizadas por eles com a própria instituição.

EUA perderam 190 mil armas no Iraque

Da Folha de S. Paulo de 07/08/2007:

EUA perderam 190 mil armas no Iraque

Pentágono não tem registro do paradeiro de 30% do armamento que deveria municiar forças iraquianas desde 2004

Fuzis e pistolas podem estar nas mãos da insurgência devido à falta de pessoal para fazer a contabilidade e à urgência em distribuí-los

DA REDAÇÃO

As Forças Armadas dos EUA não sabem onde estão cerca de 190 mil fuzis e pistolas destinados a municiar as forças de segurança do Iraque, o que indica que as armas podem ter caído nas mãos de insurgentes.

A constatação é de um relatório da Agência de Contabilidade do Governo americano (GAO, na sigla em inglês) dando conta dessa falha de registro sobre o material bélico que os EUA levaram ao Iraque nos anos de 2004 e 2005. A GAO, órgão ligado ao Congresso dos EUA, descobriu o problema ao cruzar dados do Comando de Transição da Segurança no Iraque com os mantidos pelo general David Petraeus, que assumiu em fevereiro o comando das tropas dos EUA no país.

"Eles de fato não têm idéia de onde está [o armamento]", disse ao "Washington Post" Rachel Stohl, pesquisadora do Centro para Informações de Defesa que viu o relatório.

Uma das causas apontadas para o lapso nos registros de 110 mil fuzis AK-47 e 80 mil pistolas, além de 115 mil capacetes e outras 135 mil peças de blindagem corporal -ou 30% do armamento que os EUA distribuíram às forças iraquianas desde 2004-, é a falta de gente para fazer a contabilidade das remessas para o Iraque, além da urgência de distribuição.

"Nós tínhamos muito pouca gente e poderíamos segurar as armas até todo o aparato do sistema de contabilidade ficar pronto ou as poderíamos distribuir", disse ao "Post" um oficial militar que pediu anonimato. O Pentágono não contestou as informações da GAO e declarou que investigará o caso.

Os EUA já gastaram cerca de US$ 19,2 bilhões na formação e municiamento das forças de segurança iraquianas desde 2003, informa a GAO. Desse total, ao menos US$ 2,8 bilhões foram gastos em equipamento.

Perdas e danos

O governo do premiê Nuri al Maliki teve ontem nova baixa no gabinete, o que o deixou sem representantes árabes sunitas.

Cinco ministros pertencentes ao bloco liderado pelo ex-premiê interino Iyad Allawi (2003-2004) declararam que não frequentarão mais as reuniões de gabinete. Com a deserção do bloco, que reúne sunitas e xiitas, Maliki, que é xiita, fica com apenas 20 dos 37 ministros que compunham um suposto governo de unidade.

Unidade essa cada vez mais difícil de ser obtida entre os principais grupos étnico-religiosos do Iraque: árabes xiitas (majoritários), árabes sunitas e curdos. Sem acordo entre eles não sairá a legislação regulamentando a distribuição da renda proveniente do petróleo.

Um dos motivos do boicote teria sido o suposto favorecimento, por Maliki, dos xiitas em detrimento dos sunitas.

Ataque

A explosão de um camihão-bomba na manhã de ontem em Tal Afar, 420 km ao noroeste de Bagdá, matou 28 pessoas. Segundo o general iraquiano Najim Abdullah, 19 eram crianças.

O ataque ocorreu em uma área xiita bastante movimentada da cidade, que, apesar do histórico violento, já foi citada pelo presidente americano, George W. Bush, como "exemplo de sucesso" na contenção da insurgência. Casas próximas ao local desabaram com o impacto, e o saldo de mortos pode subir. Há cerca de 40 feridos.

Com agências internacionais

Links

1) Carlos Slim e o monopólio - texto em português agora

2) Física "resolveu" o mistério da levitação

3) Um vencedor do Oscar vive mais quatro anos do que um perdedor. Ou seja, Oscar faz bem a saúde

4) O açúcar é mais perigoso do que a cocaína?

5) O gasto de energia no mundo virtual é excessivo

Mc Donald´s e salários

A empresa McDonald´s sempre teve como foco a redução de custos. Agora está preocupada com o salário baixo (reflexo do termo McJob?, clique aqui). A seguir reportagem do Wall Street Journal

McDonald's aumenta salários na China
August 6, 2007 7:36 p.m.

Por Mei Fong
The Wall Street Journal

A McDonald's Corp. está aumentando salários e adotando novos uniformes, intensificando os esforços para melhorar sua imagem como empregador na China por causa de leis trabalhistas mais rígidas e vigilância do sindicato do setor, que tem o apoio do governo chinês.

O McDonald's disse ontem que vai elevar os salários dos funcionários de suas lanchonetes entre 12% e 56% mais que as diretrizes de salário mínimo da China. A medida, válida a partir de 1o de setembro, afetará cerca de 45 mil empregados de tempo integral e meio período, inclusive estudantes. Na média, a mudança representará um aumento de 30% para o pessoal de frente do McDonald's, diz Jeffrey Schwartz, diretor-presidente da rede na China.

O McDonald's e sua rival Yum Brands Inc., que possui as marcas KFC e Pizza Hut, têm sido alvo de uma vigilância especial por causa de seu tamanho e marcas conhecidas, mas as pressões salariais têm aumentado na China de maneira geral.

Para o McDonald's e a Yum Brands, a China é um mercado cada vez mais importante. O McDonald's, em particular, está numa blitz de mídia em antecipação às Olimpíadas de Pequim em 2008, das quais é patrocinadora oficial.

O McDonald's tem 815 lojas na China e está adicionando cerca de 100 novos pontos-de-venda por ano. Executivos não quiseram dizer quanto os aumentos salariais adicionarão aos custos operacionais no país, que também são afetados pela alta nos preços de grãos e carne. Schwartz diz que o McDonald's conseguiu reduzir outros custos, como o de papel, graças à maior economia de escala resultante da expansão.

06 agosto 2007

Rir é o melhor remédio: super Nanny

Contabilidade do Corinthians

Informação da Coluna Painel FC, de Ricardo Perrone, da Folha de São Paulo (6/08/2007)

O Corinthians pode sofrer exame pericial em sua contabilidade por ordem da 27ª Vara Cível. O objetivo é saber se a SMA, empresa de Carla Dualib, ganhou comissão pelo patrocínio da Kolumbus, em 2003. A Advert Propaganda cobra a comissão na Justiça. Suspeita de que ela tenha sido dada à firma da neta do presidente. Ele diz que não pagou a ninguém porque não há dívida. A Justiça ordenou uma diligência e, na semana passada, deu dez dias para o clube entregar o contrato com a SMA. Se não resolver, fará a perícia.

Mãos vazias. Ouvida pela Justiça, Carla afirmou não ter recebido nada. Porém, em seu despacho, o juiz diz que verificará se o depoimento prestado por ela é verdadeiro. À coluna, a empresária confirmou o teor da declaração.

Influencia na avaliação

Os periódicos científicos adotam, geralmente como padrão, a avaliação de um trabalho sem saber a autoria do mesmo. Uma experiência interessante mostrou que ao saber algo sobre o autor isto muda a percepção do avaliador.

Uma pesquisa da JAMA de 2006 mostrou os efeitos em 67 mil resumos submetidos na American Heart Association (AHA) entre 2000 e 2004. No começo de 2002 a AHA mudou o processo de análise, retirando o nome dos autores e sua origem dos resumos antes de mandar para análise. Ao comparar os dois períodos, o número de trabalhos de autores norte-americanos reduziu significativamente. (Aqui para ler mais)

Reputação na Wikipedia

Pesquisadores estão desenvolvendo um programa que apresenta cores nas frases da Wikipedia conforme a credibilidade do escritor. O programa calcula a reputação conforme a história de edição de cada escritor. Se as contribuições de um escritor são editadas constantemente, sua credibilidade não é boa. (aqui para ler mais)

O segredo de Carlos Slim


O bilionário mexicano Carlos Slim talvez seja hoje o homem mais rico do mundo (aqui). Para tentar descobrir o segredo de um bilionário (como foi sua vida, como ele conseguiu sua riqueza etc) existem diversos livros (vide, por exemplo, as diversas obras sobre Warren Buffett).

Para Carlos Slim o segredo do sucesso parece simples: monopólio. Aos 67 anos, o empresário controla mais de 200 empresas, principalmente no México, em setores como telecomunicações, cigarros, construção, mineração, bicicletas, refrigerantes, aviação, hotel, ferrovias, imprensa e bancos. Estas empresas representam cerca de um terço do valor do mercado acionário mexicano. E sua fortuna significa 7% da economia do país.

Segundo um comentário de um blog, Slim construiu sua fortuna eliminando competição nos setores que atua. Já o Wall Street Journal traz uma série de comentários sobre as críticas a Slim no México. A seguir a reportagem completa:



Os segredos de Carlos Slim, o homem mais rico do mundo
August 6, 2007 7:36 p.m.

Por David Luhnow
Carlos Slim é o Senhor Monopólio do México. É difícil passar um dia neste país sem pôr algum dinheiro no bolso dele. O magnata de 67 anos controla mais de 200 empresas — ele diz que "perdeu a conta" — nos setores de telecomunicações, cigarros, construção civil, mineradoras, bicicletas, refrigerantes, companhias aéreas, hotéis, ferrovias, bancos e gráficas. No total, suas empresas correspondem a cerca de um terço do valor de mercado da principal bolsa do México e sua fortuna representa 7% da produção econômica anual do país. (No auge, a riqueza de John D. Rockfeller era igual a 2,5% do PIB dos Estados Unidos.)

É como brinca a piada no cardápio de um restaurante da Cidade do México: "Este restaurante é o único lugar no México que não pertence a Carlos Slim".

A fortuna de Slim cresceu mais rápido do que qualquer outra no mundo durante os últimos dois anos, aumentando de US$ 40 bilhões para US$ 60 bilhões atualmente. Embora o valor de mercado de suas empresas de capital aberto possa diminuir a qualquer momento, hoje em dia Slim é provavelmente mais rico que Bill Gates, cuja fortuna a revista "Forbes" calculou em março como US$ 56 bilhões. Seria a primeira vez que uma pessoa do mundo em desenvolvimento ocupa o topo dessa lista desde que a "Forbes" começou a acompanhar a riqueza fora dos EUA nos anos 90.

"Não é um concurso", disse Slim numa entrevista ao Wall Street Journal, com um charuto cubano apagado na mão, no segundo andar de seu escritório decorado com quadros de paisagens mexicanas do século 19. Um homem relativamente modesto, que usa gravatas de suas próprias lojas, o magnata diz que não se sente mais rico só porque o é em papel.

Como é que um mexicano, filho de imigrantes libaneses, chegou a esse patamar? Construindo monopólios, bem ao modo de John D. Rockefeller quando ele controlava o refino de petróleo nos EUA durante a era industrial. No mundo pós-industrial, Slim controla os telefones do México. A sua Teléfonos de México SAB e sua afiliada de telefonia celular Telcel têm 92% de todas as linhas fixas e 73% dos celulares. Como Rockefeller no passado, Slim acumulou tanto poder que é considerado intocável em sua terra natal, uma força tão grande quanto o próprio Estado.

O corpulento Slim é uma contradição ambulante. Ele diz que gosta da concorrência nos negócios, mas a bloqueia em todas as oportunidades. Adora falar sobre tecnologia, mas não usa computador e prefere papel e caneta. Os convidados em sua mansão na Cidade do México vão de Bill Clinton a Gabriel García Márquez, mas ele é provinciano em vários aspectos, não viaja muito e diz com orgulho que não tem nenhuma casa fora do México.

Seus admiradores dizem que o agressivo Slim, um insone que fica acordado até tarde lendo sobre História e aprecia estudar Gengis Khan e suas estratégias militares ardilosas, representa o potencial do México de virar um tigre latino. Sua frugalidade nos negócios e na vida pessoal é um modelo de humildade numa região onde magnatas extravagantes constróem sedes luxuosas e passam os feriados caçando na África.

Para seus críticos, entretanto, a ascensão de Slim diz muito sobre os profundos problemas do México, como o abismo entre ricos e pobres. A última lista da ONU coloca o México no 103o lugar de 126 países no critério da igualdade entre cidadãos. Nos últimos dois anos, Slim ganhou mais de US$ 27 milhões por dia, enquanto um quinto da população do país sobrevive com menos de US$ 2 por dia.

Os monopólios sempre foram um elemento da economia mexicana. Mas no passado os políticos atuavam como um freio para as grandes empresas, garantindo que o mundo empresarial não ameaçasse o poder deles. Esse controle desapareceu nos anos 90 com a privatização da maior parte da economia e a morte lenta do Partido Revolucionário Institucional, que deteve o poder por 71 anos, até 2000.

"É surpreendente como as grandes empresas fizeram do governo mexicano um refém. Isso é um risco para a nossa democracia, e está sufocando nossa economia", diz Eduardo Pérez Motta, o chefe da agência governamental antitruste.

Como a face da nova elite, Slim apresenta um grande desafio para o jovem presidente do país, Felipe Calderón. Ele terá de decidir se tentará conter Slim, apesar de o magnata ser o maior empregador privado do país e o maior pagador de impostos. Rotineiramente, o Congresso elimina leis que vão contra os interesses de Slim e suas empresas respondem por uma boa fatia da receita de propaganda do país, tornando a mídia relutante em criticá-lo.

Durante os últimos meses, Calderón tentou fechar um acordo com Slim nos bastidores. Em várias reuniões — cujos detalhes foram conhecidos pela primeira vez —, o presidente tentou convencer Slim a aceitar mais concorrência, segundo pessoas familiarizadas com as reuniões. O governo tem uma carta na manga: Slim não pode oferecer TV em sua rede de comunicações — um mercado de grande potencial — sem a aprovação do Estado.

Um homem falador que geralmente é gentil mas também pode se irritar com facilidade, Slim rejeita o rótulo de monopolista. "Eu gosto de concorrência. Nós precisamos de mais concorrência", diz ele, entre goles de Coca Light. Ele enfatizou que muitas de suas empresas operam em mercados competitivos, e apontou que o México corresponde a apenas um terço das vendas de sua operadora de telefonia celular América Móvil SAB, que tem clientes de San Francisco a São Paulo.

A estratégia de Slim tem se mantido consistente durante sua longa carreira: comprar as empresas barato, deixá-las em forma e esmagar sem dó a concorrência. Depois que Slim obteve o controle da Telmex em 1990, logo incursionou no mercado para cabos de cobre usados pela Telmex para linhas telefônicas. Ele comprou um dos dois principais fornecedores e garantiu que a Telmex não comprasse nenhum cabo do outro, forçando os donos a vender-lhe a empresa.

Slim concorda que muitos setores no México são dominados por grandes empresas. Mas não enxerga nenhum problema se elas oferecerem preço e serviço bons. "Se uma cerveja no México custa um peso e nos EUA custa dois pesos, então eu não vejo problema", diz ele.

Apesar de várias medidas mostrarem que suas empresas cobram mais caro, Slim rapidamente rejeita essa afirmação. Numa entrevista ao Wall Street Journal, ele pede que um assessor traga sua própria conta telefônica. "Vê? Cobramos US$ 14 por mês de assinatura, mais barato que os EUA", diz. Pode ser, mas as tarifas adicionais no México fazem com que a maioria das contas sejam mais caras que nos EUA. A própria conta de Slim totalizou impressionantes US$ 470 no mês passado. "Eu tenho muitas empregadas e meus filhos fazem ligações", diz ele.

O quinto de seis irmãos, Slim nasceu rico. Seu pai, Julian Slim, fez fortuna com uma loja chamada "A Estrela do Oriente". Ele morreu quando Slim tinha 13 anos.

Logo no ínicio Slim mostrou talento para os números. Ele ensinou álgebra na maior universidade pública do México. Depois da universidade, Slim e alguns amigos viraram corretores na nascente bolsa do país. Apesar do sucesso, os amigos dizem que Slim, menos farrista e mais reservado que os outros, queria administrar empresas em vez de negociar suas ações.

Sua primeira chance veio logo. Depois de reformar uma empresa de refrigerantes e uma gráfica nos anos 60 e 70, ele comprou, em 1981, uma grande fatia da segunda maior empresa mexicana de cigarros, a Cigatam. A empresa gerou o caixa de que Slim precisava para comprar outras.

Em 1982, a queda do petróleo descarrilou a economia mexicana e companhias foram postas à venda a preço de banana. Slim comprou dezenas. "Países não quebram", dizia Slim a amigos na época.

Apesar de suas habilidades, muitos aqui dizem que sua verdadeira chance veio com a eleição do presidente Carlos Salinas, em 1988. Eles eram amigos e, quando Salinas privatizou centenas de estatais, Slim acabou levando a Telmex, numa oferta em conjunto com a Southwestern Bell e a France Télécom.

THE FOUR D'S

Companies that dominate their industries often resort to the four D's to defend their turf when facing competition for the first time.
Deny -- When Mexico's long-distance market opened to competition in 1997, Telmex at first denied access to its network, arguing that rivals didn't have the legal authorization to operate in the country, say rivals. In recent years, Telmex has tried to block Internet calling service Skype's entry into Mexico, arguing it needs a government concession to enter the market. Telmex says it follows legal procedure.
Delay -- Telmex dragged its feet on allowing access to its network, often not returning calls from executives of rival companies or not showing up at meetings, rivals say. When Mexico's telephone regulator, Cofetel, tried to regulate Telmex in the following years, the company took it to court nearly every single time, tying up the regulator's rulings for years.
Deteriorate -- Rivals complain that Telmex hurt competitors' service. One small rival, MCM Telecom, says Telmex would route all of its calls through one particular station to overload the calls and create busy signals. Telmex says any such move was inadvertent.
Dump -- Mr. Slim's companies can put the squeeze on rivals. Since his Mexican cellphone company, Telcel, has more than 70% of the market, it collects high interconnection fees for calls between networks roughly seven in every 10 times. Rivals, however, have to pay the fee most of the time, making it hard for them to undercut Telcel's prices and gain market share.