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23 agosto 2022

Gráficos

 Alguns gráficos interessantes. O primeiro mostra os países com maior poder de industrialização. Em 2020 não aparece o Brasil e a China domina, mas em 1990 o nosso país estava entre os dez primeiros. 


O Compact Disc já foi a forma mais usual de ouvir música. Seu auge foi nos anos 2000. Mas o vinil tem uma vida estimada de 100 anos, versus 30 do CD. 




O streaming passou a ser a forma mais popular de assistir televisão nos EUA pela primeira vez. Netflix e YouTube dominam o mercado. 
O Booking é uma plataforma que permite de hotéis independentes possam dominar o mercado. 




17 agosto 2022

Apelido honorário e o caso da Mariah Carey

Uma frase pode ser um ativo? Eis um caso interessante que pode afetar sua resposta:



A cantora Mariah Carey entrou com um pedido de marca registrada para a frase Rainha do Natal.  Em 1994 a cantora lançou um álbum denominado Merry Christmas, sendo o disco natalino mais comprado de todos os tempos. Os números que a cantora alcançou, por conta do sucesso deste disco, são enormes. 

Há dois problemas aqui. O primeiro é que a solicitação vai além do termo "Rainha do Natal" e inclui até máscaras faciais. O segundo problema é que o título está sendo questionado, seja por cantoras que também se consideram "rainha do natal" como pelo fato de que, no passado, em 2021, a própria Mariah afirmou que não se concordava com o título. 

Se Mariah conseguir o registro, certamente poderá usá-lo para gerar riqueza e impedir que outras pessoas avance sobre a denominação. O registro, uma vez obtido, seria um ativo para a Mariah Carey. 

A propósito, na wikipedia há um verbete com uma lista de apelidos honorários na música. Alguns bem interessantes. 

13 julho 2022

Viés da Confirmação



Um aspecto bom das finanças comportamentais é que vários dos seus conceitos são explicativos. O viés da confirmação é um deles. Como o nome diz, o viés refere-se a tendência a considerarmos a informação que confirma algo que acreditamos anteriormente. Isto inclui interpretar de maneira tendenciosa algo vago, desde que apoie àquilo que consideramos como correto. 


A figura a seguir resume o viés. Eu tenho uma crença prévia, que pode ser sobre religião, saúde, finanças ou qualquer outro assunto. Aparece uma informação sobre o tema. Se esta informação confirmar minha crença prévia, eu valorizo esta informação (é a nota dez da figura, na parte de cima). Se a informação não confirma ou contradiz o que acredito, eu coloco dúvidas na informação ou desconsidero. Isto é feito, em muitas situações, de forma sutil, sem que o processo da confirmação seja fruto de algo racional e claro. 


Outra forma de entender o viés da confirmação está na próxima figura. Quando os fatos encontram com sua crença sobre um determinado assunto, temos a tendência a superestimar tais fatos. Quando isto não ocorre, subestimamos a relevância dos fatos, por não satisfazer nossas crenças. 


 

Ao contrário do que podemos pensar, nossas opiniões não são resultantes de anos de análise racional e objetiva (1). Mas sim resultado de anos em que você voltou sua atenção para as informações que confirmavam aquilo que você acreditava, enquanto deixava de lado todas as coisas que desafiavam suas noções previamente definidas. 

***

Um experimento interessante foi realizado para mostrar como o viés da confirmação atua (2). Um grupo de pessoas assistiu um vídeo de uma garota respondendo a um teste. As pessoas também assistiram esta garota na aula. Após isto, as pessoas são convidadas a dar uma nota para o provável desempenho da menina em ciências, artes e matemática. O resultado obtido será necessário para fazer a comparação com as notas que foram dadas no segundo experimento. 


Novamente, as pessoas são convidadas a assistir um vídeo. Desta vez, para metade das pessoas, a garota está brincando em um bairro de classe alta; para outra metade, a garota está brincando em um bairro de classe baixa. As pessoas não assistem mais nada, mas são convidadas a dar uma nota para o que seria o desempenho da garota em ciências, artes e matemática. A menina é a mesma do primeiro experimento e a mudança que ocorreu é que o vídeo dela em sala de aula foi trocado por um vídeo brincando. As pessoas que assistiram o vídeo da garota brincando em um bairro de classe alta atribuíram uma nota mais alta em ciências, artes e matemática do que o primeiro experimento. Mas o grupo de pessoas que viu a garota brincando no bairro de classe baixa achava que seu desempenho seria pior do que aquele obtido no primeiro experimento e, naturalmente, bem pior quando a garota estava brincando no bairro de classe alta. 


Os pesquisadores prosseguiram com o experimento, agora juntando o primeiro experimento com o segundo. Para um grupo, foi mostrado um vídeo da garota brincando em um bairro de classe alta; depois, a menina responde a um teste e em sala de aula e finalmente atribuem uma nota para seu provável desempenho. A outra metade das pessoas fazem a mesma tarefa, só que a garota aparece brincando em um bairro de classe baixa. O desempenho termina sendo influenciado pelo primeiro vídeo. 


Há diversas pesquisas similares a esta. Em uma delas é solicitado a executivos expressar sua opinião sobre a aquisição de uma empresa (3). O pagamento é baseado no desempenho e informa aos participantes da pesquisa que seria possível acessar páginas da internet com detalhes da transação. Em algumas páginas, o artigo é claramente favorável; em outras páginas, o texto é contrário à transação. Depois de visitar as páginas, o executivo deve tomar a decisão, se favorável ou não ao processo de aquisição. O experimento registra a navegação do executivo, indicando as páginas visitadas e o tempo em cada uma delas. O resultado do experimento mostrou que o tempo usado por cada executivo era maior para olhar as páginas com uma posição favorável.  


Talvez o estudo mais conhecido seja um sobre pena de morte, publicado em 1979 (4). Neste estudo, as pessoas foram previamente separadas em dois grupos, em relação a sua posição sobre a pena de morte para os criminosos: favoráveis e contrários. Após esta separação, foram entregues artigos com argumentos dos dois lados, pró e contra. Depois da leitura, foi investigado a posição das pessoas sobre o assunto. Os pesquisadores notaram que aqueles que apoiavam a pena de morte, aumentaram seu índice de apoio; os que eram contrário, também aumentaram sua posição. Em outras palavras, as novas informações, com bons argumentos de ambos os lados, serviram para aumentar o radicalismo de cada grupo. Os argumentos que apoiavam a crença prévia eram valorizados; os argumentos no sentido oposto, eram minimizados. Examente o nosso conceito de viés da confirmação. 

***

O viés da confirmação é algo muito prático. O ciúme usualmente envolve situações com viés da confirmação. Imagine um casal, em que uma das partes começa a considerar a possibilidade de estar sendo traído. O sentimento não é comunicado, mas a cada gesto ou ação da outra parte é interpretada como uma confirmação de que realmente há uma traição na relação. 


Durante minha pesquisa sobre o viés da confirmação encontrei a seguinte frase do escritor francês Marcel Proust:  


 "É surpreendente como o ciúme, que passa seu tempo inventando tantas suposições mesquinhas mas falsas, carece de imaginação quando se trata de descobrir a verdade“ 


O amante ciumente teria uma atitude típica do viés de confirmação. O que Proust chamou de “inventar suposições” é a mesma atitude de valorizar o que seria um sinal claro de traição, esquecendo os sinais que não confirmam esta situação. 


A confirmação também está presente nas mídias sociais dos dias atuais. Participo de um grupo de muitas pessoas, que gostam de discutir política. Alguns são defensores do atual presidente; outros, contrários. Para os defensores, somente os argumentos favoráveis são importantes; para os opositores, os erros e problemas do atual governo são tão grandes que nenhum fato positivo deve ser considerado. 


O viés da confirmação está tão presente nos dias atuais que é possível prever a posição política de uma pessoa a partir de alguns poucos parâmetros (5). Provavelmente você gosta de um comentarista não pelas palavras que saem de sua boca, mas por que ele confirma suas crenças. 


Você decide comprar um livro sobre investimento no mercado acionário. Se você acredita que investir em ações é uma opção inteligente, sua escolha será no sentido de livros favoráveis ao mercado acionário. Mas se você acredita que o mercado é composto por um grande número de espertalhões, talvez você adquira um livro que fale dos escândalos que ocorrem no mercado.  Uma pesquisa mostrou que a compra de livros na Amazon em 2008, durante as eleições, mostrou que os que apoiaram Obama escolhiam livros que enfatizavam o lado positivo do presidente. Os que eram contrários, compravam livros críticos ao então futuro presidente (6).


***

Em geral lemos mais os artigos e livros que estão alinhados com nossa opinião. O viés da confirmação também ocorre quando começamos a prestar atenção em algo anterior, como uma decisão de compra ou uma música que escutamos. Se você decide comprar um celular novo, começa a ficar atento no que as pessoas dizem sobre aparelhos de telefone. Se ouvir uma música de manhã, uma referência no local de trabalho à música parecerá uma coincidência. 


Da mesma forma, o viés da confirmação parecerá preocupante quando você for fazer uma consulta a um médico, este pedir um exame e, ao olhar o laudo, informar que o resultado era aquilo que ele esperava. O viés da confirmação ajuda a explicar o racismo, o sexismo, as razões das pessoas jogarem e muitas situações práticas. 


Malcolm Gladwell escreveu um livro que mostra o viés da confirmação sob uma outra visão. Em Blink, Gladwell ressalta o poder da primeira impressão e como o sentimento que algumas pessoas possuem em acertar o caráter de uma pessoa em alguns poucos segundos. No livro, o autor destaca a relevância dos primeiros instantes de uma entrevista de emprego no seu resultado final. As informações posteriores, coletadas ao longo de toda a entrevista, teriam o carater confirmatório. Caso estas informações sejam contrárias à primeira impressão, as mesmas são descartadas ou reduzidas a uma menor importância. O livro de Gladwell fez muito sucesso e chamou a atenção para o viés da confirmação. 


***

Na área financeira, o viés da confirmação está presente em investimentos errados, mas que continuam sendo conduzidos. Neste caso, a gestão descarta as notícias ruins e enfatiza as notícias boas, para justificar a continuidade de um projeto. 


O problema do viés da confirmação também ocorre quando uma empresa decide adquirir um concorrente. O grande número de informações é filtrado de maneira seletiva. As que reforçam a decisão inicial de aquisição são enfatizadas. 


Este exemplo do parágrafo anterior é interessante por mostrar que “mais informação” não resolve o problema do viés da confirmação. Há alguns anos o site Edge fez uma pergunta para diversas pessoas sobre um conceito considerado importante. Uma resposta me chamou a atenção. O músico Brian Eno comentou o seguinte:

 

A grande promessa da Internet era que mais informações produziriam automaticamente melhores decisões. O grande desapontamento é que mais informações de fato rendem mais possibilidades de confirmar o que você já  acreditava de qualquer forma. 


Assim, não adianta ter mais informação. O problema do viés da confirmação é como usamos as informações disponíveis. A melhor maneira de evitar o problema é olhar o “outro lado” de forma criteriosa, sem descartar os argumentos e os dados. As evidências devem ser ponderadas honestamente. E sempre que possível, fazer o exercício de olhar as informações que contradizem nossa crença. 


Há um exercício interessante chamado Teste Ideológico de Turing. O teste de Turing foi criado há tempos para verificar se um computador ou um software consegue aproximar-se do raciocínio humano. Este é um teste similar, onde a ideia é olhar o lado oposto. Depois disto, solicita-se escrever um ensaio apresentando os argumentos que contradizem sua posição. Juízes neutros julgam se o texto expressa corretamente o lado oposto. Um exemplo: se tenho uma posição política de ser contrário ao presidente, tenho que construir um ensaio onde faço defesa dele, com argumentos favoráveis aos seus posicionamentos. O texto deve expressar os principais pontos que um defensor do presidente usaria. Somente após o teste ideológico de Turing é que seria possível você assumir uma posição - contra ou favor do presidente, por exemplo - sem ter um viés. 


Eu posso usar um similar quando pensar no time de futebol adversário que não gosto, na defesa de um investimento que é contrário ao meu perfil, nos argumentos favoráveis a uma política pública que condeno, entre outras situações. Procure fazer uma redação com os pontos de defesa da posição contrária a minha. Para isto será necessário mais informação e você irá valorizar substancialmente a informação que contradiz sua crença. 


****


1 - McRaney, David. Você não é tão esperto quanto pensa. São Paulo: Leya, 2013, capítulo 3. 

2 - Da pesquisa de John Darley e Paget Gross citado em Just, David. Introduction to Behavioral Economics, Wiley, 2014. 

3 - Vicki Bogan e David Just, também citado por Just, David, p. 97.

4 - A pesquisa foi conduzida por Leeper et al. Citada, por exemplo, em Montier, James. Behavioural Investing, 2007. 

5 - Uma pesquisa mostrou ser possível prever que uma pessoa apoiava o secretário de Estado dos Estados Unidos a partir de três pontos: se eram republicanos, se gostavam do exército e se gostavam de grupos de direitos humanos. Com estas três variáveis era possível prever, em 84% das vezes, o apoio ou não ao secretário de estado. A pesquisa é de Westen et al (2004) e foi citada por Angner, Erik. A Course in Behavioral Economics. Palgrave, 2012.

 

29 junho 2022

Tutoria

À medida que envelheci, fiquei cada vez mais convencido de que a atitude necessária para o aprendizado não é confiança, mas humildade. Paramos de aprender não porque não acreditamos que possamos aprender, mas porque achamos que já sabemos o que é melhor. 

Scott Young discute as vantagens da tutoria e saiu com esta frase. Um dos pontos apresentados é que pessoas que se destacaram no seu campo geralmente fizeram uso da tutoria (xadrez, matemática, música etc). As pesquisas mostraram que a tutoria é a melhor forma de aprender algo. Na figura abaixo, o problema da educação de Bloom, indicando que o desempenho médio com tutoria é bem superior aos outros métodos.

Um ponto interessante é como as pessoas deixam passar a oportunidade de usar a tutoria. Quando estamos estudando na graduação, muitos cursos colocam o monitor em diversas disciplinas. Mas esta figura é subaproveitada. O Trabalho de Conclusão de Curso é uma forma de tutoria, também subaproveitada: alguns alunos consideram muito mais uma obrigação para sua formatura e professores deixam de usar a tutoria para ensinar a produzir e defender argumentos. 

Rir é o melhor remédio

 

Música e direção com os vidros abertos

22 fevereiro 2022

Livros que li recentemente


Por falta de tempo ou ânimo, não fiz postagens com resenha. Mas a seguir um breve resumo de algumas das minhas últimas leituras:

Guarda Lunar - Tom Gauld - história ilustrada de Gauld sobre um astronauta na Lua. Filosófico, mas de certa forma triste, um belo e curto livro

Torto Arado - Itamar Vieira Junior - romance que conta a vida agrária no interior do Brasil, com uma discussão sobre a questão agrária, racismo e outras. Uma redação elegante e vale uma leitura.

Sob um céu branco - Elizabeth Kolbert - é uma obra sobre a relação entre o homem e a natureza. Há algumas histórias interessantes, como peixe no Buraco do Diabo ou a praga do sapo boi na Austrália. 

O Poder da Inovação - Steven Johnson - O autor defende a tese que muito progresso da humanidade foi obtido através da busca do prazer e da diversão. O teclado do computador tem sua origem no teclado do instrumento musical. 

Como chegamos até aqui - Steven Johnson - Outro livro de Johnson, agora mostrando como algumas inovações "pequenas" provocaram uma enorme evolução na nossa vida pessoal. 

Anos de Chumbo - Chico Buarque - Do maior letrista da música popular mostra que também possui o dom de escrever ótimos contos, como cômico O Passaporte.

31 janeiro 2022

Cinco Motivos para ter Orgulho da Contabilidade

Em uma roda de amigos, você precisa de argumentos para vangloriar da profissão que escolheu. Ou então, você comunica aos seus pais a escolha da profissão e eles não entendem. Em um encontro, você diz o que faz e precisa mostrar que isto pode ser importante. Bom, depois de alguns poucos anos na profissão (afinal, nem todo mundo me conhece) eu fiz uma lista de argumentos para que você possa se orgulhar de trabalhar com contabilidade. 

Eis a minha lista dos CINCO MOTIVOS PARA TER ORGULHO DE TRABALHAR COM CONTABILIDADE:

1. O primeiro nome que os historiadores conhecem, ou seja, o nome que está no registro mais antigo já encontrado, é de um contador. Apareceu em uma relíquia arqueológica, encontrada na cidade de Uruk. Há uma registro de cevada recebido por Kushim, que é o primeiro nome da história que conhecemos. Não é um general ou um rei. Mas é um contador. Aproveite e cite que isto está no livro Sapiens, de Hariri. 

2. Se você tivesse que citar os dois maiores escritores da língua portuguesa, quem você citaria? A lista pode ser controversa, mas provavelmente Machado de Assis e Fernando Pessoa seriam lembrados. Sabe o que eles possuem em comum? Ambos trabalharam com contabilidade. Machado de Assis trabalhou no Ministério de Obras e Viação e foi responsável pelas contas públicas da repartição. Há trabalhos que mostram este fato. Fernando Pessoa chegou a ser editor de um periódico de contabilidade. 

3. Já que estamos falando de pessoas conhecidas, durante muito tempo a contabilidade foi um porto seguro para artistas que não sabiam o que desejavam da vida. No Brasil há uma extensa relação de pessoas que estudaram contabilidade, inclusive fizeram o curso de técnico em contabilidade: Milton Nascimento, Paulinho da Viola e Zico. Está bom, pois a lista é grande. Lá fora também temos artistas como Mick Jagger, Kenny G ou John Grisham. 

4. A contabilidade foi um dos fatores responsáveis pela expansão do capitalismo. No livro A Mensuração da Realidade, Crosby aponta três fatores responsáveis pela quantificação da sociedade ocidental, no período anterior à revolução industrial: a pintura, a música e a contabilidade. O economista político Sombart, que viveu entre 1863 e 1941 destacou o papel da contabilidade no processo do surgimento e consolidação do capitalismo. E Sombart não foi o único a fazer esta ligação. 

5. Há uma ligação entre a boa contabilidade e o desenvolvimento de um país. Segundo as palavras de Soll, no livro The Reckoning, "se há alguma lição histórica a ser aprendida aqui, é que as sociedades que conseguiram aproveitar a contabilidade como parte da sua cultura geral, floresceram". As evidências mostram que levar a contabilidade a sério permitiu que a Grécia, Roma, as cidades italianas, Holanda, entre outras civilizações, pudessem aproveitar melhor seus recursos e desenvolver. Quando não fizeram, a ruína chegou rápido. 

Com estes cinco argumentos é impossível que as pessoas não respeitem sua escolha. E certamente irão entender o motivo do seu orgulho. Use e abuse. Eis a cola:



17 novembro 2021

Celebridades contábeis


Teste seu conhecimento de celebridades - na música, show business e esporte - com vínculo com contabilidade e finanças: 

1) Ele estudou contabilidade e finanças na London School of Economics antes de chegar ao topo das paradas com oito singles número 1 com sua banda. 

2) Antes dessa estrela mundial vender mais de 100 milhões de discos, ela estudou contabilidade e trabalhou nos negócios da família. Quem é ela, e você pode nomear seus cinco irmãos famosos e músicos? 

 3) Esse saxofonista de jazz, mundialmente famoso, usou seu diploma de contabilidade na Universidade de Washington para fazer algumas mudanças financeiras muito inteligentes. Qual é o nome dele? 

4) Inicialmente este autor de livros sobre crime planejava ser um advogado tributário, tendo concluído o curso de contabilidade na Mississippi State University. Vários de seus livros tiveram adaptação em Hollywood. Quem é ele? 

 Adaptado livremente daqui

Resposta: Mick Jagger // Janet Jackson // Kenny G // John Grisham

02 novembro 2021

Maldição do Conhecimento



De um artigo de Tim Harford, a maldição do conhecimento ou a dificuldade que uma pessoa bem informada tem em "apreciar", completamente, a ignorância de outras pessoas. Tim descreve sua experiência em ler as instruções de um exame de Covid, que talvez estivesse clara para quem escreveu, mas era bem confusa para ele. 

Tim comenta de um experimento famoso feito por Elizabeth Newton. Ela dividiu os participantes em dois grupos e pediu que um dele fizesse o som de uma música famosa, como Raindrops Keep Falling on my Head. A outra pessoa tinha que adivinhar a música. Para quem fazia o som, parecia muito fácil a tarefa. Apostavam que o acerto seria de 50%. Mas para quem escutava, tentando adivinhar, era bem difícil. Quem estava fazendo o ruído, podiam "ouvir" a música na cabeça, enquanto faziam o barulho. Eles não pensavam na música sem "ouvir" a letra. 

Isto não é novo, obviamente. Mas em um mundo com tanta informação, a chance de ocorrer aumenta substancialmente. Pense nas vezes que você tentou seguir as instruções de um produto e não conseguiu. Eis aí um exemplo desta maldição. 

Foto: cena clássica do filme Butch Cassidy and Sundance Kid

15 julho 2021

Links


 Investimento em catálogos de artistas de música brasileira

Repressão tributária do G7 e o fim da hiperglobalização - mesmo os paraísos fiscais tem pouco a reclamar da proposta de reforma tributária mundial

Torto Arado: boas críticas e boas vendas

Anom, o app de mensagens desenvolvido pelo FBI para capturar criminosos (aqui também)

Fumo no mundo: saúde, propaganda, impostos... (foto)

09 julho 2021

Ritual da Capitalização

Blair, em Ritual da Capitalização, apresenta algumas ideias relevantes para uma reflexão sobre a mensuração contábil. Quanto mais eu leio sobre este assunto, mais estou convencido que conceitos de valor justo ou valor de mercado são adotados de forma simplista na contabilidade. 

Eis alguns trechos: 

Quando você olha para os números do mercado de ações, eles apontam para uma verdade sobre o mundo. Mas é uma verdade não sobre lei natural ou natureza humana. É uma verdade sobre a ideologia do ser humano. A realidade é que finanças é um sistema quantitativo de crenças. No centro, há um ritual universal - o ritual da capitalização. É esse ritual subjacente a todos os números do mercado de ações.  

(...) O ritual da capitalização começa com o ato institucional de exclusão, a saber a propriedade. A propriedade, é claro, tem uma história profunda que antecede o capitalismo por muito tempo. Não vou entrar nessa história aqui. Em vez disso, vou adiar a sucinta (mas apócrifa) de Jean-Jacques Rousseau sobre o surgimento da propriedade. Propriedade surgiu quando  
[a] primeira pessoa que, depois de anexar um terreno, levantou à cabeça para dizer 'isso é meu' e encontrou pessoas simples o suficiente para acreditar nele ... (Jean-Jacques Rousseau, 1755)
Colocar uma cerca em torno de algo e chamá-la de "propriedade" é o passo 1 da capitalização. Mas a propriedade por si só não é suficiente. Os romanos tinham propriedades. O mesmo aconteceu com a maioria dos reinos feudais. Mas essas sociedades não tinham capitalização. Para capitalizar a propriedade, há um segundo passo. Você deve misturar propriedades com finanças.  

A palavra "finanças" evoca uma sensação de admiração - uma sensação de complexidade de outro mundo. Mas, no fundo, as finanças são simples. É o ato de reduzir a propriedade a um número (...). Como essa fusão aconteceu é historicamente complicado. Mas vamos reduzir novamente a história para uma história apócrifa. Parafraseando Rousseau:  

Tendo fechado um terreno, o primeiro capitalista levou-o à cabeça para colocar um número em sua propriedade e encontrou pessoas simples o suficiente para acreditar nele.
 

Como "capitalização" está literalmente apenas colocando números na propriedade, qualquer número é tão bom quanto o próximo. Minha propriedade pode ser 23. Também poderia ser 1023. Em outras palavras, a propriedade pode ter qualquer preço concebível. Mas qual preço é correto? Desde que nosso capitalista apócrifo colocou um número em sua propriedade, os capitalistas têm agoniado com essa questão: ´Qual o verdadeiro valor da minha propriedade?  

Como tantos enigmas criados por humanos, a resposta científica é que a pergunta não tem significado. Determinar o valor "verdadeiro" da propriedade é como descobrir a natureza "verdadeira" da Santíssima Trindade. Isso não pode ser feito porque não há "verdade" objetiva a ser descoberta - existem apenas crenças humanas subjetivas. A "natureza verdadeira" da Santíssima Trindade é o que quer que o clero da igreja. O mesmo vale para a capitalização. O "valor verdadeiro" da propriedade é o que os capitalistas definem como ela é.  

Essa arbitrariedade é o motivo pelo qual os capitalistas precisam de um ritual.  

Se você responder a perguntas sem resposta, não há melhor maneira do que através do ritual. Pense em um ritual como um hábito mistificado - um comportamento repetitivo que você reifica com significado. Como exemplo, pegue o ritual de gesticular a cruz. É um hábito reificado que os católicos usam para simbolizar sua fé na Santíssima Trindade e lembrá-los de como a Trindade foi definida (Pai, Filho e Espírito Santo).  

Os rituais são surpreendentemente poderosos, especialmente quando arraigados durante a juventude. Vou me usar como exemplo. Durante minha infância, minha família foi a uma igreja católica e eu frequentei o catecismo (escola dominical) semanalmente. Aprendi todos os rituais que fazem parte da missa. Depois de ser "confirmado" como católico aos 13 anos, no entanto, parei de ir à igreja. A verdade é que eu sempre fui ateu ... eu simplesmente não sabia até a idade adulta. E, no entanto, ateu que sou hoje, se ouço as palavras "em nome do Pai, Filho e Espírito Santo", tenho o desejo quase irresistível de gesticular uma cruz. Esse é o poder do ritual.  

Os capitalistas inventaram um ritual semelhante, mas não é físico. Isto é matemático Diante do desejo de conhecer o "valor verdadeiro" de sua propriedade, os capitalistas inventaram uma fórmula que a define. O valor capitalizado de uma propriedade é o valor descontado de sua receita futura (...)  

Olhando para essa equação, Jonathan Nitzan e Shimshon Bichler observam algo interessante. A fórmula capitaliza ostensivamente a propriedade - o coisas que os capitalistas possuem. E, no entanto, a equação da capitalização não faz menção a esse material. Não há símbolos para fábricas, máquinas ou infraestrutura. Em vez disso, existe apenas renda (E). E isso, observam Nitzan e Bichler, é precisamente o ponto. O ritual de capitalização nos diz como os capitalistas vêem o mundo. Os capitalistas não se importam com as coisas que possuem. Eles se preocupam com seus direitos das propriedades - seu direito de obter renda colocando uma cerca (institucional).  

(...) Como Nitzan e Bichler vêem, a disseminação do capitalismo se resume à disseminação do ritual de capitalização. Permite que tudo e qualquer coisa tenham um valor capitalizado. Pegue música. Em 2020, Bob Dylan. vendeu todo o seu catálogo de músicas para a Universal por cerca de US $ 300 milhões. A verdade, porém, é que a Universal não comprou músicas. Comprou renda. Os direitos autorais das músicas de Dylan garantiam uma renda anual considerável -. por algumas contas cerca de US $ 4 milhões por ano. Supondo que essa quantia seja precisa, a Universal capitalizou os royalties de Dylan assumindo uma taxa de desconto de 1%.  

Bob Dylan trocou renda futura (de seus direitos de propriedade) por um montante fixo. E a Universal negociou uma quantia fixa para renda futura. Isso é capitalização em ação.  

(...) Começaremos observando que a capitalização é definida apenas quando a propriedade muda de mãos. Em outras palavras, o valor capitalizado é contestado até que a propriedade seja vendida. Tomemos, como exemplo, Donald Trump. Ele proclama diariamente que sua propriedade vale bilhões. Os críticos afirmam que o império de Trump vale muito menos. Nenhum dos lados está correto. O valor capitalizado é indefinido até que a propriedade seja vendida. Se amanhã Trump vendesse seus negócios por US $ 1 bilhão, esse seria seu valor capitalizado.  

No passado, a capitalização era mal definida porque a propriedade mudava de mãos raramente. Uma família aristocrática, por exemplo, pode administrar um negócio comercial por muitas gerações sem nunca conhecer seu valor capitalizado. Hoje as coisas são diferentes. Isso porque no capitalismo moderno a propriedade parcial se tornou a norma. Partes de empresas são compradas e vendidas a cada segundo, o que significa que sabemos valor capitalizado com detalhes requintados.  

Tome a Amazon como exemplo. O negócio é absurdamente grande, empregando cerca de 1,2 milhão de pessoas. E, no entanto, a unidade de propriedade - a participação da Amazon - é minúscula. (...) Como a unidade de propriedade é pequena, é trivial comprar e vender. O resultado é que, diferentemente dos negócios aristocráticos que mudaram de mãos uma vez por século, as ações da Amazon mudam de mãos a cada segundo. Como tal, o valor capitalizado da Amazon é conhecido exatamente. (...)  

De onde veio a taxa de desconto de 1,3%? A resposta: do nada. Como o próprio ritual de capitalização, a taxa de desconto é o que definimos. Os capitalistas empregam o ritual de capitalização escolhendo ritualisticamente uma taxa de desconto que consideram "adequada". Ritual dentro do ritual.  

Sim, todo o esforço cheira a arbitrariedade. Mas essa é a natureza do ritual. O importante é a regularidade a que o ritual dá origem. Essa regularidade não é visível ao olhar para uma única empresa. É apenas olhando para milhares de empresas que você pode vê-lo. Nessa frente, vamos olhar para a figura 1.  


Coletei dados para o lucro e a capitalização de empresas de capital aberto dos EUA desde 1950. Cada ponto é uma empresa em um determinado ano. (Existem cerca de 200.000 observações no total.) Deste mar de empresas, a regularidade da capitalização é inconfundível. A capitalização é proporcional ao lucro descontado a uma taxa de 7%.  

Existe algo especial na taxa de desconto de 7%? A resposta é sim e não. Essa taxa é especial no sentido de que é o que os capitalistas dos EUA consideram "adequado". Mas essa taxa é banal no sentido de que não tem um significado mais profundo. Os capitalistas dos EUA descontam 7%, porque essa é a norma que eles aceitaram. Gesture a cruz. Desconto em 7%. Regularidade do ritual.

21 junho 2021

Links

 PwC ganha novamente o Vault Accounting (o interessante não é a lista de quem já ganhou o prêmio, mas quem ainda não ganhou. Começa com K)

Como o TikTok está mudando a música popular

Tomar 8 copos de água por dia talvez não seja uma boa ideia

Destinos de viagens superestimados (inclui Mona Lisa, Pisa, Stonehenge ...)

Uma análise da bola de cristal do Imperial College (para quem não se lembra, famoso no início da pandemia, quando era a autoridade máxima em política de saúde e previsão)

Bitcoin não combina com ambiente

05 maio 2021

A verdade sobre a mentira

 A verdade sobre mentir 

Você não pode identificar um mentiroso apenas olhando - mas os psicólogos estão focando em métodos que podem realmente funcionar

Por Jessica Seigel 25/03/2021


A polícia pensou que 17-year-old Marty Tankleff parecia muito calmo depois de encontrar sua mãe esfaqueada até a morte e seu pai mortalmente espancado na extensa casa da família em Long Island. As autoridades não acreditaram em suas alegações de inocência e ele passou 17 anos na prisão pelos assassinatos.

Ainda em outro caso, os detetives pensaram que Jeffrey Deskovic, de 16 anos, parecia muito perturbado e ansioso para ajudar os detetives depois que seu colega de escola foi encontrado estrangulado. Ele também foi julgado por mentir e cumpriu quase 16 anos pelo crime.

Um homem não estava chateado o suficiente. O outro estava muito chateado. Como esses sentimentos opostos podem ser pistas reveladoras de uma culpa oculta?

Eles não são, diz a psicóloga Maria Hartwig, uma pesquisadora do John Jay College of Criminal Justice da City University of New York. Os homens, ambos posteriormente perdoados, foram vítimas de um equívoco generalizado: que você pode identificar um mentiroso pela maneira como eles agem. Em todas as culturas, as pessoas acreditam que comportamentos como desviar o olhar, inquietação e gagueira traem os mentirosos.

Na verdade, os pesquisadores encontraram poucas evidências para apoiar essa crença, apesar de décadas de pesquisas. “Um dos problemas que enfrentamos como estudiosos da mentira é que todo mundo pensa que sabe como a mentira funciona”, diz Hartwig, que foi coautor de um estudo de pistas não-verbais sobre mentir no Annual Review of Psychology . Esse excesso de confiança levou a graves erros judiciais, como Tankleff e Deskovic sabem muito bem. “Os erros de detecção de mentiras custam caro para a sociedade e para as pessoas vítimas de erros de julgamento”, diz Hartwig. “As apostas são muito altas”.

Difícil de dizer

Os psicólogos sabem há muito tempo como é difícil identificar um mentiroso. Em 2003, a psicóloga Bella DePaulo, agora afiliada à Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, e seus colegas, vasculharam a literatura científica, reunindo 116 experimentos que comparavam o comportamento das pessoas ao mentir e ao dizer a verdade. Os estudos avaliaram 102 possíveis pistas não verbais, incluindo desviar o olhar, piscar, falar mais alto (uma pista não verbal porque não depende das palavras usadas), encolher de ombros, mudar a postura e os movimentos da cabeça, mãos, braços ou pernas. Nenhuma provou ser um indicador confiável de um mentiroso , embora alguns fossem fracamente correlacionados, como pupilas dilatadas e um pequeno aumento - indetectável ao ouvido humano - no tom da voz.

Três anos depois, DePaulo e o psicólogo Charles Bond, da Texas Christian University, revisaram 206 estudos envolvendo 24.483 observações que julgaram a veracidade de 6.651 comunicações de 4.435 indivíduos. Nem os especialistas em aplicação da lei nem os estudantes voluntários foram capazes de escolher as afirmações verdadeiras das falsas melhor do que 54% das vezes - apenas um pouco acima do acaso. Em experimentos individuais, a precisão variou de 31 a 73 por cento, com os estudos menores variando mais amplamente. “O impacto da sorte fica evidente em pequenos estudos”, diz Bond. “Em estudos de tamanho suficiente, a sorte se equilibra.”

Esse efeito de tamanho sugere que a maior precisão relatada em alguns dos experimentos pode ser reduzida ao acaso, diz o psicólogo e analista de dados aplicados Timothy Luke, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia. “Se não encontramos grandes efeitos até agora”, diz ele, “é provavelmente porque eles não existem ”.

A sabedoria comum diz que você pode identificar um mentiroso pela forma como ele soa ou age. Mas quando os cientistas analisaram as evidências, eles descobriram que muito poucas pistas realmente tinham qualquer relação significativa com mentir ou dizer a verdade. Mesmo as poucas associações que foram estatisticamente significativas não eram fortes o suficiente para serem indicadores confiáveis.

Os especialistas na polícia, entretanto, freqüentemente apresentam um argumento diferente: que os experimentos não eram realistas o suficiente. Afinal, dizem eles, voluntários - a maioria estudantes - instruídos a mentir ou dizer a verdade em laboratórios de psicologia não enfrentam as mesmas consequências que os suspeitos de crimes na sala de interrogatório ou no banco das testemunhas. “Os 'culpados' não tinham nada em jogo”, diz Joseph Buckley, presidente da John E. Reid and Associates, que treina milhares de policiais todos os anos na detecção de mentiras baseada em comportamento. “Não era uma motivação real.”

Samantha Mann, uma psicóloga da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, achava que as críticas da polícia fazia sentido, quando ela foi atraída para a pesquisa da mentira, 20 anos atrás. Para aprofundar a questão, ela e seu colega Aldert Vrij passaram por horas de entrevistas em vídeo com a polícia de um assassino em série condenado e descobriram três verdades conhecidas e três mentiras conhecidas. Então Mann pediu a 65 policiais ingleses que vissem as seis declarações e julgassem quais eram verdadeiras e quais eram falsas. Como as entrevistas foram em holandês, os oficiais julgaram inteiramente com base em pistas não-verbais.

Os policiais estavam corretos 64 por cento das vezes - melhor do que o acaso, mas ainda não muito precisos, diz ela. E os policiais que se saíram pior foram aqueles que disseram confiar em estereótipos não-verbais como "mentirosos desviam o olhar" ou "mentirosos ficam inquietos". Na verdade, o assassino manteve contato visual e não se incomodou ao mentir. “Esse cara estava claramente nervoso, sem dúvida”, diz Mann, mas controlou seu comportamento para contrariar estrategicamente os estereótipos. (...)

Confirmando esses resultados em grande escala, anos depois, Hartwig e Bond revisaram a literatura para estudos que comparavam as habilidades das pessoas para detectar mentiras de alto e baixo risco. Eles não encontraram evidências de que as pessoas fossem melhores em detectar mentiras contadas por criminosos ou suspeitos acusados ​​injustamente em investigações policiais do que aquelas contadas por voluntários de laboratório.

Algo para esconder

De assassinos em série a estudantes mentindo em experimentos de laboratório, foram ditas as mentiras em todos esses experimentos. Em um estudo publicado em 2019, Mann examinou o engano não-verbal, como quando alguém está tentando esconder uma atividade ilícita. Ela recrutou 52 estudantes universitários voluntários e pediu que a metade deles transportasse um laptop que supostamente continha fotos confidenciais em um trajeto de balsa entre duas cidades. Os voluntários foram instruídos a tentarem se misturar à multidão e não parecerem “desconfiados”, porque as pessoas estariam tentando identificá-los. A outra metade do grupo recebeu um telefone celular comum para transportar, sem instruções para esconder o que estavam fazendo.

Quando Mann mostrou vídeos das viagens de balsa para 104 outros voluntários e pediu que eles escolhessem os “contrabandistas”, os observadores não fizeram melhor que o acaso. Em entrevistas posteriores, os “contrabandistas” disseram que estavam nervosos, mas conscientemente tentaram agir normalmente e controlar seus nervos com táticas como ouvir música ou usar seus telefones.

Em seguida, Mann aumentou as apostas. Metade de um novo grupo de 60 voluntários recebeu um envelope de moeda russa, egípcia e coreana para esconder, enquanto a outra metade não “contrabandeou” nada. Mas, desta vez, Mann enviou dois pesquisadores para a balsa para perambular e examinar os passageiros, parecendo comparar seus rostos às fotos de um telefone celular.

Desta vez, 120 observadores, tentando identificar os “contrabandistas” em vídeo, acertaram 39,2% das vezes - bem abaixo do acaso. A razão, diz Mann, é que os “contrabandistas” conscientemente fizeram um esforço para parecer normais, enquanto os voluntários de controle “inocentes” agiram naturalmente. A surpresa deles com o exame inesperado pareceu aos observadores um sinal de culpa.

A descoberta de que enganadores podem esconder o nervosismo com sucesso preenche uma peça que faltava na pesquisa da mentira, diz o psicólogo Ronald Fisher, da Florida International University, que treina agentes do FBI. (...) “A questão toda é que os mentirosos ficam mais nervosos, mas isso é um sentimento interno, em oposição ao modo como eles se comportam conforme observado pelos outros.”

Estudos como esses levaram os pesquisadores a abandonar em grande parte a busca por pistas não-verbais para a mentira. Mas existem outras maneiras de identificar um mentiroso? Hoje, os psicólogos que investigam a mentira estão mais propensos a se concentrar em pistas verbais e, particularmente, em maneiras de ampliar as diferenças entre o que dizem os mentirosos e os contadores da verdade.

Por exemplo, os entrevistadores podem reter evidências estrategicamente por mais tempo, permitindo que um suspeito fale com mais liberdade, o que pode levar os mentirosos a contradições. Em um experimento, Hartwig ensinou essa técnica a 41 policiais em treinamento, que então identificaram corretamente os mentirosos em 85% das vezes, em comparação com 55% de outros 41 recrutas que ainda não haviam recebido o treinamento. “Estamos falando de melhorias significativas nas taxas de precisão”, diz Hartwig.

Outra técnica de entrevista explora a memória espacial ao pedir que suspeitos e testemunhas desenhem uma cena relacionada a um crime ou álibi. Como isso aumenta a lembrança, os contadores da verdade podem relatar mais detalhes. Em um estudo simulado de missão de espionagem, publicado por Mann e seus colegas no ano passado, 122 participantes encontraram um “agente” no refeitório da escola, trocaram um código e, em seguida, receberam um pacote. Posteriormente, os participantes instruídos a dizer a verdade sobre o que aconteceu deram 76% mais detalhes sobre as experiências no local durante uma entrevista de esboço do que aqueles solicitados para encobrir a troca de pacote de código. “Quando você faz um esboço, está revivendo um evento - isso ajuda a memória”, diz a co-autora do estudo Haneen Deeb, psicóloga da Universidade de Portsmouth.

O experimento foi projetado com a contribuição da polícia do Reino Unido, que regularmente usa esboços de entrevistas e trabalha com pesquisadores de psicologia como parte da mudança da nação para o questionamento presumido sem culpa, que substituiu oficialmente os interrogatórios do tipo acusação nos anos 1980 e 1990 naquele país escândalos envolvendo condenação injusta e abuso.

Nos Estados Unidos, porém, essas reformas baseadas na ciência ainda precisam fazer incursões significativas entre a polícia e outras autoridades de segurança. A Administração de Segurança de Transporte do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, por exemplo, ainda usa pistas de engano não-verbal para examinar os passageiros do aeroporto para interrogatório. A lista de verificação de triagem comportamental secreta da agência instrui os agentes a procurarem pistas de supostos mentirosos, como olhar desviado - considerado um sinal de respeito em algumas culturas - e olhar fixo prolongado, piscar rapidamente, reclamar, assobiar, bocejar exagerado, cobrir a boca ao falar e excessivo inquietação ou cuidados pessoais. Todos foram completamente desmascarados por pesquisadores. (...)

(imagem aqui)

22 abril 2021

Marca de um país

Anteriormente mostramos que um país pode, através de uma boa política e sorte, administrar sua marca. Esta marca pode ajudar no turismo, nos investimentos e nos produtos nacionais que são consumidos no mundo. Além disto, uma boa marca, pode atrair talentos ou impedir que talentos saiam do país. 

As empresas sabem disto. Veja o caso da Ikea. Com cores amarelo e azul, a Ikea é uma empresa sueca. Este país tem uma bandeira com as cores amarelo e azul. 

Tem um erro aqui. A Ikea tem sede na Holanda, embora procure fazer uma associação com a Suécia. Veja o caso da Apple. Esta empresa fabrica seus produtos na China e outros países da Ásia. Assim, não pode indicar que seu produto é Made in US. Em lugar disto, a Apple diz que o produto foi "projetado na Califórnia". Sútil, mas indica como a marca do país é relevante. Ou então o caso da Tag, uma empresa de relógio, com o seguinte logo:


Com base nisto, a Brand Finance decidiu, há anos, mensurar o valor da marca dos países do mundo. O relatório de 2020 mostra o efeito da pandemia. Segundo a Brand, a marca país perdeu US$13 trilhões de valor. Os Estados Unidos continua sendo a marca de nação mais valiosa - o tamanho do país ajuda nisto. Mas a China continua chegando próximo. E entre os principais países, em 2020 somente a Irlanda teve uma variação positiva. E nossos irmãos, a Argentina, perdeu 57% da marca. 

A relação das maiores marcas é a seguinte:


O Brasil melhorou em relação ao ano anterior. É a marca país em 16o. lugar no mundo. Mas chegou a ser 11o. em 2015, provavelmente reflexo das Olimpíadas e da Copa do Mundo. Mas a recessão e a instabilidade política reduziu a posição do país para 18o. em 2016. 

Metodologia - Assim como no caso da mensuração de marcas das empresas, a Brand apresenta um panorama geral de como mensura a marca de cada país, sem revelar detalhes. É um misto de tamanho da economia, taxa de desconto do mercado e reputação. Sobre a reputação, a Brand calcula o índice de Poder Soft. Esta é a parte mais interessante da metodologia, na minha visão. Segundo a Brand, este índice é a capacidade do país em influenciar os atores internacionais. Isto inclui estados, corporações e pessoas. Em outras palavras, o Soft Power não é o tanque, mas a música que o país faz. 

Este poder é importante por reter/atrair talentos, por incentivar o turismo, atrair investimentos ou exercer influencia política. Isto afeta a marca. A Rússia é um país com um imenso poder político e militar. Mas seu Soft Power é menor. O Canadá não tem uma presença militar expressiva, mas seu Soft Power é grande. Isto está expresso no gráfico a seguir: