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18 janeiro 2014

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se o leitor está atento ao que foi notícia no nosso blog.

1 – Esta entidade resolveu baixar uma norma sobre a conta corrente dos partidos políticos, para as eleições de 2014:

Banco Central
Controladoria Geral da União
Supremo Tribunal Federal
Tribunal Superior Eleitoral

2 – Uma pesquisa do Gallup revelou que os países mais emocionais são do seguinte continente:

África
Américas
Ásia
Europa

3 – Um grande lote de ações Six foram vendidas esta semana por este polêmico empresário:

Abílio Diniz
Edson Arantes do Nascimento
Eike Batista
Luciano Huck

4 – Hong Kong, Cingapura, Austrália e Suíça lideraram um ranking muito importante divulgado esta semana:

Liberdade econômica
Notas dos alunos em educação
Número de patentes por habitantes
Participação das mulheres na direção das empresas

5 – No ranking da questão anterior a posição do Brasil é

Acima do 100º. Lugar
Entre 51º. e 99º. Lugar
Entre os 10 primeiros
Entre os 50 primeiros, mas não entre os 10 primeiros

6 – Em outro ranking, o Brasil aparece como o país com maior número de

ATMs
Importação de supérfluos
Jogadores de futebol
Turistas no exterior

7 – Uma estatística mostrou que está mudando o perfil dos usuários do Facebook com

Aumento nos usuários mais jovens
Aumento nos usuários nos países desenvolvidos
Aumentos nas usuárias
Aumentos nos usuários mais velhos

8 – Os custos de saúde tendem a aumentar mais do que os índices gerais de preços. Esta lei da economia, ignorada esta semana por um jornal de grande circulação, foi proposta por:

Baumol
Coase
Keynes
Tirole

Resultados: (1) TSE; (2) Américas; (3) Eike Batista; (4) Liberdade econômica; (5) Acima do 100º. ; (6) ATMs; (7) Aumentos nos usuários mais velhos; (8) Baumol. Cartoon aqui

17 janeiro 2014

Plano de Saúde, Inflação e Baumol

Na década de 60 o economista Baumol apresentou um artigo que ajuda a entender alguns aspectos da vida moderna. Segundo Baumol, a revolução tecnológica poderia ajudar a reduzir os custos de um grande número de produtos, como os automóveis. Assim, a introdução de automação na linha de montagem irá refletir no custo unitário do automóvel. No longo prazo, o preço dos automóveis tenderia a ter um aumento menor que a inflação da economia, refletindo estes ganhos de produtividade.

Entretanto, esta mesma mudança não permitira a redução dos custos de setores como saúde e educação. Um exemplo lembrado é da orquestra sinfônica. Na década de sessenta era necessária uma orquestra com cordas, madeiras, metais, percussão e teclados para tocar uma sinfonia de Bethoven. No ano de 2014, para executar a mesma sinfonia, as exigências em termos de orquestra continua a mesma. Ou seja, a quantidade de músicos manteve-se constante, não tendo sido afetada pela presença de computadores, robôs e outras máquinas, que ajudam a reduzir a produtividade de outros setores, mas não da orquestra. Assim, no longo prazo, o custo para manter uma orquestra tenderia a aumentar mais que um índice geral de preços.

O leitor pode verificar isto na prática quando compara o preço de mandar para o conserto um objeto do lar. Antigamente, era bastante interessante encaminhar para um técnico especializado um liquidificador estragado; nos dias atuais, em muitas situações, é muito mais vantajoso jogar o produto antigo fora e comprar um novo. Isto é um reflexo da observação feita por Baumol há cinquenta anos: o custo de comprar um produto novo aumentou muito menos que o custo do reparo do liquidificador ao longo do tempo.
Infelizmente os contadores, os jornalistas, os advogados ou os economistas não leram Baumol. Apesar de o trabalho original ter sido escrito há mais de quarenta anos, a mensagem continua válida. Recentemente, Baumol e outros autores lançaram um livro denominado The Cost Disease, onde no subtítulo perguntam Why Computers Get Cheaper and Heath Care Doesn´t onde mostram, com dados mais atuais, que os setores de serviços estagnados possuem um aumento nos seus custos acima da inflação: os computadores estão mais baratos, mas a saúde não.

A Folha de S Paulo resolveu analisar a evolução dos preços dos planos de saúde e concluiu que seus preços estão sendo reajustados acima da inflação (Planos de saúde são reajustados acima da inflação desde 2004, Mariana Sallowicz e Pedro Soares, 16/01/2014). O texto é uma pérola para quem já leu Baumol. Veja alguns trechos a seguir:

Desde 2004, os planos de saúde são reajustados sempre acima da inflação, segundo o IBGE. No Plano Real, o aumento supera em mais de 200 pontos percentuais a alta do IPCA, índice oficial do país.

Seria estranho se isto não ocorresse. Considerando que os planos devem recuperar seus custos para sua viabilidade, os reajustes devem ser acima da inflação. E isto deverá continuar no futuro. Além disto, o ano de 2004 foi escolhido talvez por ser o início da gestão do PT no governo federal, mas este fato é apartidário.

Um dos motivos para essa distorção e reajustes tão salgados nos últimos anos, dizem especialistas, é a metodologia de cálculo adotada pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Paciência, é preciso muita paciência. A ANS não tem culpa e o valor deve ser reflexo das leis da economia. Mas a reportagem decidiu, dentro da falácia do jornalista, escutar um “especialista”:

"Esses planos não sofrem nenhuma interferência da ANS e não raramente têm reajustes com percentuais superiores a 30%. Trata-se, portanto, de uma grande incoerência", diz Julius Conforti, advogado especializado no tema.

Talvez o pobre do advogado não conheça a obra de Baumol. Se conhecesse não falava em incoerência. Em tempo, a falácia do jornalista é comum em textos publicados em jornais, onde o jornalista escuta um ou duas pessoas e começa a fazer inferência. Existe também aqui a tentativa de usar o argumento de autoridade, um macete que usamos em textos científicos, citando “autoridades” no assunto para embasar nossos argumentos. Mas convenhamos, talvez alguém que já tenha lido Baumol seria uma autoridade maior que o “especialista” no tema, que acha uma incoerência.

Um dos argumentos da agência é que as empresas que contratam as operadoras para atender seus funcionários têm maior poder de barganha. Assim, podem obter descontos e conter aumentos em seus contratos.

Parece também que a ANS não conhece Baumol. Ou pelo menos o porta-voz.

Os dados mostram que o custo dos planos sobe, em geral, num ritmo superior ao dos serviços médicos, dentários, hospitalares, laboratoriais e dos artigos farmacêuticos –outros itens que integram o grupo saúde do IPCA, cuja variação é 233 pontos percentuais menor do que a dos planos no Real.

Parecia que o texto iria falar de custos, mas o destaque é o comparativo entre o custo dos planos e dos serviços médicos.

A ANS diz que só monitora as negociações e tenta coibir eventuais abusos, mas os contratos são negociados entre os clientes (empresas) e as operadoras –sejam elas seguradoras ou empresas de plano de saúde. A agência evitar comparar com índices gerais de preços.
"O índice de reajuste divulgado pela ANS não é um índice de preços. Ele é composto pela variação da frequência de utilização de serviços, da incorporação de novas tecnologias e pela variação dos custos de saúde, caracterizando-se como um índice de valor", informa a agência.

A resposta da agência não mereceu o devido destaque do texto, que está mais preocupado com outros aspectos.

Três outros fatores, dizem especialistas, também podem impulsionar o custo do planos de saúde: a escassez de médicos e outros profissionais de saúde; o aumento da renda da população e a deficiência do serviço público de saúde –que fez crescer a demanda por consultas e planos privados.

A principal explicação dada por Baumol é que os serviços estagnados, como é o caso da saúde, não conseguem usufruir do progresso tecnológico. Uma consulta média continua necessitando de um médico e o tempo não diminui com o passar dos anos.

Pelos dados do IBGE, os serviços médicos e dentários subiram 10,65% até novembro de 2013, pouco menos do que o dobro dos 5,91% do IPCA, num sinal de maior demanda por consultas ou falta de profissionais.

"Nos últimos 10 anos, os planos sobem sistematicamente mais do que a inflação e não há uma explicação clara para isso. É uma diferença muito grande. O argumento das empresas é que novos procedimentos encarecem os serviços", diz Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

Parece que Eulina também não leu Baumol. Paciência. Paciência.

04 janeiro 2014

Exportação de plataformas

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, argumentou que a contabilização das exportações de plataformas de extração de petróleo na balança comercial brasileira é "explícita" e "legítima". Segundo ele, a medida foi implementada no governo de Fernando Henrique Cardoso. "É uma forma de estímulo dada faz tempo. Não fomos nós que inventamos isso", disse. "Se as plataformas são exportadas, elas pagam menos imposto". Ele lembrou que os benefícios foram criados por um regime especial, batizado de Repetro. "Damos continuidade à aquilo que vinha sendo feito".

Na realidade quem inventou isto foi Delfim Neto, durante a ditadura. Obviamente lembrar deste período não é aconselhável para um governo que se julga moralista.

Segundo Mantega, as plataformas aumentam o valor exportado, mas acabam reduzindo os investimentos porque não são contabilizadas como investimento. "Fabricar plataforma no Brasil é investimento, mas não está na contabilidade oficial", afirmou. O ministro disse ainda que, se as plataformas fossem incluídas, os investimentos iriam superar 19% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013.

A inclusão desses equipamentos na balança comercial aumentou em mais de US$ 7 bilhões o valor das exportações em 2013. No entanto, as plataformas não deixam o País. Elas são usadas na exploração do petróleo no Brasil.

O artificio não é novo. Toda vez que o país está em dificuldades de fechar suas contas, exporta-se plataformas e, logo a seguir, faz uma operação de arrendamento. Com isto, aumenta-se a exportação e a operação de arrendamento entra na balança de serviços.

Em relação às receitas, o ministro da Fazenda afirmou que a arrecadação está crescendo independentemente das receitas extraordinárias. E que, repetiu, o governo está buscando controlar as despesas de custeio. Mantega disse que a despesa se move em velocidade mais ou menos constante enquanto a arrecadação está subindo, de modo que vai alcançar a velocidade da despesa. Mantega argumentou que todo ano costuma ter receita extraordinária. "O normal é ter receita extraordinária", reforçou.


No longo prazo será difícil este controle do custeio. O governo brasileiro, há tempos, tomou a decisão de investir em saúde, previdência e educação. Os montantes investidos em saúde e educação tendem a aumentar com o tempo acima da inflação (existem diversas razões para isto, já provadas no passado por uma obra famosa de William Baumol). E estamos deixando o período mais propício da pirâmide etária, sem conseguir equilibrar a previdência estatal e a grande carga de pensões.

Mantega lembrou que, além de receita extras, o governo teve despesas extraordinárias no ano passado que não ocorreram em anos anteriores. "Estamos pagando uma conta de energia elétrica, a CDE. Não tenho o número, mas no ano passado colocamos em torno de R$ 9 bilhões na CDE. Porque teve menos chuvas", afirmou. O ministro disse que foram gastos também R$ 6 bilhões, ou R$ 7 bilhões, por causa da seca no Nordeste. "São despesas extraordinárias que não devem se repetir nos próximos anos", afirmou.

Certamente as receitas extraordinárias superam em muito estas despesas. Um trabalho de um aluno de graduação da UnB, Joaquim Ramalho, comprovou que o superávit qualitativo - sem as "manipulações" de receitas extraordinárias - estão caindo a cada exercício.

Fonte do Texto: Aqui

12 janeiro 2013

A besta insaciável: gastos do governo


O mundo observa enquanto os Estados Unidos lutam por seu futuro fiscal, mas os contornos dessa batalha refletem divisões sociais e filosóficas mais amplas que provavelmente vão influir de muitas maneiras no mundo inteiro, nas próximas décadas. Têm havido muitas discussões a respeito dos cortes dos gastos pelo governo, mas não foi dada atenção suficiente à possibilidade de tornar os gastos do governo mais eficientes. No entanto, se o governo não adotar uma estratégia mais criativa no fornecimento de serviços, seus custos continuarão subindo inexoravelmente.

Todo setor de serviços intensivos enfrenta os mesmos desafios. Na década de 60, os economistas William Baumol e William Bowen escreveram sobre a "doença dos custos" que grassa nesses setores. O famoso exemplo que eles apresentaram foi o do quarteto de cordas de Mozart, que exige o mesmo número de músicos e de instrumentos nos tempos modernos quanto no século 19. Do mesmo modo, leva aproximadamente o mesmo tempo para um professor avaliar um trabalho quanto há 100 anos.

Por que razão o lento crescimento da produtividade se traduz em altos custos? Ocorre que, em última instância, os setores de serviços precisam competir por uma mão de obra que faz parte da mesma reserva nacional de trabalhadores de setores nos quais a produtividade cresce rapidamente, como finanças, indústria e tecnologia da informação.

Evidentemente, o governo é o setor de serviços intensivos por excelência. São funcionários do governo os professores, policiais, lixeiros, e os integrantes das Forças Armadas.

As escolas modernas se parecem muito mais com as de 50 anos atrás do que as fábricas modernas com as daquela época. E, embora a inovação no campo militar tenha sido espetacular, ainda se baseia em grande parte na mão de obra intensiva. Se as pessoas querem o mesmo nível de serviços do governo em relação a outros itens que elas consomem, os gastos do governo acabarão exigindo com o tempo uma parcela cada vez maior da produção nacional.

De fato, nem só os gastos do governo aumentaram enquanto parcela da renda, mas também cresceram os gastos em muitos setores de serviços. Hoje, esse setor, que inclui o governo, corresponde a mais de 70% da renda nacional das economias mais avançadas.

A agricultura, que nos anos 1800 representava mais da metade da renda nacional, encolheu para poucos pontos porcentuais. O emprego na indústria que representava talvez um terço do emprego, ou mesmo mais, antes da 2.ª Guerra, caiu drasticamente. Nos EUA, por exemplo, o setor manufatureiro emprega menos de 10% de todos os trabalhadores. Portanto, enquanto o pessoal conservador em matéria de economia exige cortes dos gastos, forças poderosas impelem na direção contrária.

Na realidade, o problema é mais grave no setor público, onde o crescimento da produtividade é muito mais lento. Embora isso possa refletir a variedade peculiar de serviços que são esperados dos governos, a história não acaba aqui.

Evidentemente, parte do problema está no fato de que os governos usam a mão de obra não apenas para fornecer serviços, mas também para fazer transferências implícitas. Além disso, as agências governamentais atuam em muitas áreas em que enfrentam pouca concorrência - e, portanto, encontram pouca pressão para inovar.

Por que não levar um maior envolvimento do setor privado, ou pelo menos a concorrência, ao governo? A educação, onde o poder das modernas tecnologias revolucionárias mal foi percebido, seria um bom lugar para começar. Sofisticados programas de computação estão se tornando muito eficientes para avaliar os trabalhos dos alunos do ensino médio, e podem até atingir o mesmo nível dos melhores professores.

A infraestrutura é obviamente outra área de ampliação do envolvimento do setor privado. Antigamente, por exemplo, acreditava-se que os motoristas que dirigiam nas estradas administradas por empresas privadas sabiam que teriam de pagar vários pedágios. Entretanto, os modernos radares e os sistemas de pagamento automático resolveram a questão.

Mas não devemos imaginar que adotar o fornecimento dos serviços de empresas privadas constituiria uma panaceia. Seria sempre necessária uma regulamentação, ainda mais quando existe o envolvimento de um monopólio ou de um quase monopólio.

Quando presidente dos EUA, na década de 80, Ronald Reagan descreveu sua estratégia de política fiscal como "deixar a besta morrer de fome": ou seja, o corte de impostos acabará obrigando as pessoas a aceitarem uma redução dos gastos do governo. Sob muitos aspectos, sua estratégia foi um grande sucesso. Ocorre que os gastos do governo continuaram crescendo, porque os eleitores ainda querem os serviços que o governo oferece. Hoje, está claro que conter a expansão do governo significa definir incentivos de modo que a inovação na administração pública acompanhe a inovação em outros setores de serviços.

Sem novas ideias, batalhas como as que estão ocorrendo hoje nos EUA só poderão se agravar.
Os políticos podem e prometem fazer melhor, mas não terão sucesso a não ser que identifiquemos de que maneira é possível aumentar a eficiência e a produtividade dos serviços prestados pelo governo. / TRADUÇÃO ANNA CAPOVILLA

Fonte: aqui

05 dezembro 2011

Por que o crescimento econômico é importante?

É interessante notar que os governantes e os economistas consideram importante que um país possa ter crescimento econômico. As discussões sobre este fato são ressaltadas como um sinal de desempenho positivo da economia de um determinado país.

Existem diversas razões para acreditar que o fato de um país crescer é bom. Algumas destas razões são apresentadas a seguir.

Em primeiro lugar, o crescimento econômico ajuda a reduzir o número de desempregados numa economia. Embora a taxa de desemprego não dependa somente desta variável, países que passam por uma recessão costumam ter aumento no número de pessoas que não possuem emprego fixo.

Em segundo lugar, uma economia em crescimento permite que o governo possa aumentar suas receitas, em especial aquelas provenientes da tributação. Uma proposição que ficou famosa em finanças públicas, a Lei de Wagner, mostra que as despesas do governo, historicamente, são crescentes. A melhor explicação para esta constatação é de Baumol, que mostrou que as atividades geralmente exercidas pelo governo não conseguem aproveitar dos ganhos de produtividade.

Terceiro, assim como as empresas, o endividamento do governo também é uma medida de desempenho. Também como as empresas existem certo limite no endividamento. Em economia a mensuração do endividamento ocorre através da relação com o tamanho da economia. Quando a economia cresce isto permite que o governo também possa aumentar sua dívida.

Também é importante lembrar a relação do crescimento com a distribuição de renda. Isto ficou muito conhecido no Brasil durante o milagre econômico (década de setenta do século passado), quando o governo optou por uma política de elevado crescimento da produção, deixando de lado a questão de distribuição. A ausência de crescimento gera uma pressão para que a questão distributiva seja resolvida.

Leia mais em Stumbling and Mumbling, Why Governments need Growth

18 julho 2010

Modelos de determinação da quantidade de caixa

A literatura apresenta três modelos para determinar a quantidade de caixa que uma empresa deve manter:

1) Caixa Minimo Operacional

Caixa Mínimo Operacional=360/(Ciclo de Caixa)

Vantagens: Modelo simples; Chama a atenção para o fato de que o valor do caixa depende do ciclo operacional.

Desvantagens: Pode resultar num número negativo; Não considera outras variáveis relevantes

Recomendação: Usar como um parâmetro inicial somente

2) Modelo de Baumol

Parte do suposto que a empresa possui recebimentos periódicos e desembolsos constantes e diários. Existem dois ativos, caixa e aplicação financeira (A), onde é possível alocar os recursos num ou em outro. Existe um custo para fazer a transação de aplicação e resgate (denominado b) e a aplicação possui uma rentabilidade igual a i.

A gerência poderá escolher a melhor estratégia em termos de rentabilidade, onde:

Max (A i – N b)

Sendo conhecidos i e b, determina-se o número de transações, N. Sabendo o valor do recebimento periódico, R, o valor da aplicação será facilmente determinado. Para conhecer o número de resgates da aplicação financeira, N, é necessário calcular:

N = Raiz [(0,5 R i /b)]

O valor de cada resgate é dado por

Resgate = R/N

Como os desembolsos diários são constantes e conhecidos, o saldo médio de caixa é dado por

Saldo Médio de Caixa = raiz [(R b/ 0,5i)]

Vantagens: Leva em consideração o custo da aplicação (e o custo de oportunidade de deixar dinheiro parado no caixa); Considera a existência de aplicação financeira

Desvantagens: As suposições de recebimentos periódicos e pagamentos diários constantes é muito restritiva; Em situações onde o custo de transação é reduzido, a estratégia ótima para o período mensal é dada por N=30.

Recomendação: É um modelo interessante que pode ser útil para explicar certas situações práticas. Entretanto, provavelmente possui pouca validade

3) Modelo Miller e Orr

Parte da suposição da existência de dois ativos, caixa e aplicação financeira, do modelo anterior, onde existe um custo de transação, b, e uma rentabilidade na aplicação, i. Mas o fluxo de caixa é incerto. O modelo estabelece três pontos para o gerenciamento do caixa: o caixa mínimo, o ponto de retorno e o ponto máximo.

O caixa mínimo, m, é determinado pela administração da empresa, baseado na aversão ou propensão ao risco. Em situação de propensão ao risco,

m = 0

O ponto de retorno é o valor após cada resgate ou após cada aplicação:
z* = m + RAIZ CÚBICA[(0,75 b VARIANCIA)/i]

sendo VARIANCIA = variância do fluxo de caixa. Esta variância é calculada a partir da série histórica da empresa.

Finalmente, o ponto de máximo, h*, é dado por:

h* = m + 3z*

Vantagens: Leva em consideração a dispersão do fluxo de caixa; Possui uma regra clara de valor máximo no caixa e valor mínimo;

Desvantagens: Dificuldade de determinar o valor mínimo; Deixa de levar em consideração fatores como sazonalidade; Não considera o fluxo de caixa projetado futuro no resgate e na aplicação

Recomendação: O modelo é muito interessante para ser utilizado em consultoria, pelo suporte acadêmico e por apresentar solução fácil de ser seguida pelo empresário: “quanto o caixa tiver neste nível, resgate/aplique”.

16 julho 2010

Caixa, muito caixa 3

Segundo Bates, Kahle e Stulz (Journal of Finance, Out 2009):

a) Transação – modelos de Baumol (1952) e Miller e Orr (1966) derivam a demanda ótima de caixa na situação onde existe um custo nas operações de investimento e resgate. Uma suposição é que existe uma relação entre tamanho da empresa e quantidade de caixa, ou seja, economia de escala com caixa.

b) Precaução – o caixa é relevante contra choques adversos, onde o acesso ao mercado de capitais torna-se muito caro. Em geral, empresas com maior variância de fluxo de caixa e menor acesso ao mercado de capitais possuem mais caixa. Além disto, empresas com mais oportunidades de investimento possuem mais caixa, pois é mais caro, em situações de crise, obter caixa para estas alternativas (oportunidades de investimento). Em resumo, quanto maior o risco, maior o volume de caixa

c) Motivo de Impostos – possibilidade de pagamento de impostos futuros aumenta caixa.

d) Motivo de Agência – Trabalho clássico de Jensen, de 1986, mostrou que administradores retem caixa mais do que o necessário.

21 janeiro 2010

O deficit da Previdência



O problema da previdência parecer ser uma constante dos governos modernos. Parece que nenhuma medida é suficiente, muito embora irresponsabilidades dos políticos sejam sempre um agravante. Já existe, em termos teóricos, há anos, uma explicação simples para isto. William Baumol, um economista estadunidense que possui quase 88 anos, e William Bowen explicaram em 1966 que os custos de alguns produtos, entre eles um sistema de saúde, sempre devem aumentar acima da inflação geral. Estes produtos não se beneficiam do aumento da eficiência da economia.

O exemplo clássico é um quinteto de Mozart composto no século XVIII. Quando se faz uma análise temporal, o número de músicos necessários para tocá-lo não mudou ao longo do tempo. Assim, o avanço tecnológico ao longo do tempo não chegou, neste exemplo, a música erudita.

Além da música, a constatação se aplica ao sistema de saúde, a educação, ao trabalho da políca, entre outros. São setores onde os avanços como a produção em massa e o taylorismo não foram afetados.

Outro exemplo de como a constatação de Baumol e Bowen funciona foi apresentado por David Herszenhorn numa reportagem para o New York Times (For Ailing Health System, a Diagnosis but No Cure, 17 de janeiro de 2010). Um robô permite que se construam inúmeros automóveis sem a ajuda do ser humano. Entretanto, ainda não é possível usar robôs em larga escala numa sala de cirurgia sem a presença de um médico para supervisionar.
Como não é possível aumentar a oferta destes serviços, e a demanda é crescente, o aumento nos preços é uma conseqüência natural da lei da oferta e procura. A menos que a produtividade chegue nestes setores.
A previdência social lida com estes setores, o que significa que o volume de gastos tende a aumentar muito acima do valor da inflação. Baumol e Bowen.

Mais sobre Baumol, aqui e aqui

08 janeiro 2008

Ensino a distância

O ensino a distância possui características peculiares que podem ajudar na eliminação do Dilema de Baumol. (Relembrando, Baumol é um economista norte-americano, ainda vivo, que propôs que em certos setores, inclusive educação, não é possível ter uma redução do custo em virtude do aumento da produtividade). Algumas instituições de ensino, como a University of Phoenix, nos Estados Unidos, e algumas universidades no Brasil, possuem uma estrutura produtiva diferente do ensino tradicional.

Os cursos ofertados possuem estruturas para reduzir custos, incluindo a redução de infra-estrutura no campus (prédios, bibliotecas etc), economia de escala (centralização dos cursos e padronização dos conteúdos) e redução no atendimento on-line com redução na interação entre aluno e professor. Além disto, este modelo reduz a possibilidade de inovações e alterações substanciais de conteúdo.

Os modelos mais tradicionais de ensino à distância, como o praticado pela Universidade Aberta do Brasil, não consegue obter esta estrutura de produção. Usam uma relação tutores/aluno baixa, um material produzido por especialistas da área, promovem encontros presenciais, entre outros aspectos. Por um lado, isto serve para melhorar a qualidade deste ensino. Mas por outro, não se consegue obter uma economia de escala tão elevada.

Clique aqui para ler mais

13 outubro 2007

Previsão

Aposta nos prováveis ganhadores do Nobel de Economia (aqui)

Elhanan Helpman 5/1
Gene M Grossman 5/1
Paul Romer 6/1
Chris Pissarides 7/1
Dale T Mortensen 7/1
Peter A Diamond 7/1
Paul Krugman 8/1
Eugene Fama 9/1
Robert Barro 10/1
Gordon Tullock 12/1
Jean Tirole 12/1
Nancy Stokey 12/1
Avinash Dixit 20/1
Edward P Lazear 20/1
Thomas J Sargent 20/1
William Baumol 20/1
Lars E O Svensson 40/1
Paul Milgrom 40/1
Robert B Wilson 40/1
Assar Lindbeck 50/1
Cris Sims 80/1
Lena Edlund 100/1

10 outubro 2007

Reuni e Efeito Baumol

O Efeito Baumol é um fenomeno descrito por William Baumol e William Bowen, na década de 1960. Estes autores perceberam, ao estudar o setor de artes, que são necessários o mesmo número de músicos para tocar uma sinfonia de Beethoven hoje, assim como no século XIX. Ou seja, a produtividade não afetou a produtividade, ao contrário do que ocorre no setor industrial ou de serviços. Ou seja, em alguns setores intensivos de mão-de-obra, como é o caso da educação ou uma orquestra sinfônica. Recentemente o governo federal propôs as universidades verbas adicionais desde que fizessem um esforço no sentido de aumentar o número de vagas e aumentar a relação aluno/professor para mais de 18. E o efeito Baumol?

08 outubro 2006

Previsão do Nobel de Economia

Segunda deve ser divulgado o(s) vencedor(es) do Nobel de Economia. Este prêmio tem um interesse especial pois alguns dos pesquisadores já premiados desenvolveram trabalhos em áreas afins da contabilidade.

Além disto, a premiação pode chamar a atenção para algumas linhas de pesquisas, como já ocorreu anteriormente com finanças comportamentais.

Diversos palpites estão sendo considerados:

1) Uma reportagem do Wall Street Journal, citada no sítio de Greg Mankiw, apresenta as seguintes sugestões:

a) Oliver Hart, pelo trabalho sobre contratos
b) Robert Wilson e Paul Milgrom em auction theory
c) Jagdish Bhagwati, que estudou teoria do comércio
d) Eugene Fama, da área de finanças.

A reportagem lembra o prêmio da Thomson Scientific, já citada anteriormente no "Contabilidade Financeira" que produz três possíveis combinações:

a) Mr. Bhagwati, Avinash Dixit e Paul Krugman;
b) Mr. Jorgenson
c) Mr. Hart, Bengt Holmstrom e Oliver Williamson

2) O prestigiado sítio Marginal Revolution traz também uma discussão sobre este assunto. Tyler Cowen considera as chances dos potenciais candidados de acordo com a possibilidade da Academia promover uma discussão mais politizada ou não. O sítio cita como candidatos Paul Krugman, Gordon Tullock, Oliver Hart, Wilson e Milgrom, Paul Romer, Fama e Thaler. Cowen aposta nestes dois últimos. Cita também Oliver Williamson e Bhagwati.

3) O blog Division of Labour faz a previsão para Bhagwati, Dixit e Krugman, pelos trabalhos em teoria internacional do comércio. Mas a preferência do blog é para

a) Tullock e Krueger
b) Baumol e Kirzner para empreendedorismo
c) Hanushek e ? para economia da educação
d) Richard Muth, Edwin Mills e Jan Brueckner, para modelagem em urbanismo

4) Este mesmo endereço traz a previsão para William Baumol