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28 outubro 2025

Novas pesquisas, sobre fatos velhos, reescreve a história


Eis que interessante:

Duas doenças inesperadas contribuíram para a queda do exército liderado pelo imperador francês Napoleão I em 1812. Pesquisas anteriores, que analisaram DNA de restos mortais de soldados, haviam encontrado evidências de infecção por Rickettsia prowazekii, causadora do tifo, e Bartonella quintana, responsável pela febre das trincheiras — duas doenças comuns na época.

Em uma nova análise, porém, os pesquisadores não encontraram vestígios desses patógenos. Em vez disso, o DNA extraído dos dentes dos soldados mostrou evidências de infecção por Salmonella enterica e Borrelia recurrentis, patógenos que causam, respectivamente, paratifoide e febre recorrente.

Os resultados mostram que a queda do exército não foi causada por “uma única epidemia”, afirma o paleogenomicista e coautor do estudo, Nicolás Rascovan.

 (Newsletter da Nature)

Para salvar a natureza, aprenda com o Brasil


A revista The Economist é muito influente, não apenas pelo fato de ter sido fundada no século XIX, mas também pela clareza e lucidez com que aborda assuntos complexos (não estou dizendo que seja um periódico perfeito, mas é, sem dúvida, uma grande referência).

No editorial de 23 de outubro, há um artigo com a seguinte ideia: aprender com o Brasil para salvar as florestas tropicais. Mas é importante notar que o aprendizado não vem apenas dos acertos, mas também das falhas. A premissa do texto é que o custo social da derrubada de uma área da Amazônia é muito maior do que os benefícios que ela proporciona.

Em diversos momentos, as políticas públicas — que incluem fiscalização, monitoramento e incentivos à conservação — resultaram em redução do desmatamento. Nesse sentido, o modelo brasileiro, que depende de vontade política, pode ser adaptado para outros países.

 

25 outubro 2025

E o acusador paga a conta do advogado do acusado


O website Frank foi lançado em 2016 por Charlie Javice, então com 24 anos, e tinha como objetivo ajudar estudantes no preenchimento de um formulário federal chamado FAFSA. Além disso, prometia reduzir a dívida estudantil. Javice chegou a ser destaque na lista Forbes 30 Under 30.

Em setembro de 2021, o gigante JP Morgan Chase comprou a empresa por 175 milhões de dólares. Um ano depois, em dezembro de 2022, a instituição financeira descobriu que os vendedores haviam declarado possuir 14 vezes mais clientes do que realmente utilizavam o site: Javice afirmava que a Frank tinha 4,25 milhões de usuários, mas o número real seria inferior a 300 mil. Em abril de 2023, o JPMorgan acusou Javice e outros executivos de fraude e conspiração. Em março de 2025 saiu a decisão, com Javice sendo condenada a 85 meses de prisão.

Agora a parte curiosa do caso: no contrato de compra da Frank, uma cláusula estabelecia que o JPMorgan seria responsável pelos honorários legais de Javice. E ela parece ter se aproveitado disso, já que o banco desembolsou mais de 115 milhões em honorários advocatícios. O JPMorgan agora pede que a obrigação de continuar pagando seja encerrada, por considerar os valores excessivos. Em um documento, há a acusação de que Javice contratou cinco escritórios de advocacia diferentes para sua defesa. 

A história parece um caso onde um gigante financeiro foi enganado por uma pessoa, de forma grotesca. Onde estava a governança do JPMorgan na aquisição? 

Antes postamos aqui sobre o caso

Um novo canal do Panamá? De Ilhéus a Chancay, Peru

Aqui o ponto mais importante


Em resposta à nova política do governo Trump de reafirmar o controle sobre o Canal do Panamá, a China e o Brasil estão explorando a possibilidade de construir uma ferrovia transcontinental para fornecer uma alternativa vantajosa ao Canal do Panamá. O sistema ferroviário proposto seria potencialmente executado a partir da costa atlântica do Brasil, talvez Ilhéus, Bahia, para a costa do Pacífico do Peru em Chancay
(foto).

Há muitos desafios, que inclui passar pela floresta Amazônica e pelos Andes. Mas teria uma economia de 10 a 12 dias, em comparação com o Canal do Panamá. 

Contabilização do Ativo Ambiental do Estado

Fonte da imagem: ChatGPT

A professora doutora Juliana Molina Queiroz, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), submeteu o projeto “Contabilização do Ativo Ambiental do Estado” para apreciação na COP30. A proposta faz parte do Laboratório de Modelagem de Sistemas Contábeis (LMSC), do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis (PPGCC), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A proposta está disponível aqui e busca fortalecer a pauta da contabilidade ambiental e do PIB Verde, conectando a mensuração do patrimônio natural aos instrumentos de transparência e sustentabilidade no setor público.

Destacamos: “A proposta tem alto potencial de mobilização, porque envolve diretamente governos, comunidades tradicionais, universidades e organizações da sociedade civil na construção de políticas ambientais baseadas em transparência e participação. Ao reconhecer a biodiversidade como ativo ambiental público, cria um instrumento concreto de engajamento social, fortalecendo a corresponsabilidade na preservação e no uso sustentável do território. Acredita-se que, enquanto neste sistema, é necessário que desenvolvamos caminhos possíveis com o desenvolvimento de instrumentos de gestão e políticas públicas. Por exemplo, pode promover inclusão social ao valorizar o papel de comunidades tradicionais e populações vulneráveis na preservação ambiental, reconhecendo seus territórios e saberes na gestão pública. Reconhecer contabilmente o ativo ambiental pode permitir uma gestão sustentável em prol da preservação, manutenção e recuperação do meio ambiente, com mais justiça ambiental e social e menos filantropia.”

O projeto precisa estar entre os cinco mais votados do eixo para avançar à próxima fase.

Quem quiser apoiar precisa fazer login com o acesso GOV e clicar em Votar/Apoiar: https://brasilparticipativo.presidencia.gov.br/processes/cop30/f/1346/proposals/67642

Agradecemos ao colega Alexsandro por repassar a solicitação da professora Juliana.

 

24 outubro 2025

Netflix, impostos e Brasil


A gigante de streaming Netflix anunciou na terça-feira, 21, os resultados financeiros do terceiro trimestre de 2025, com margem operacional abaixo do esperado devido a uma disputa tributária no Brasil, de US$ 619 milhões. A justificativa fez as ações da companhia caírem 7,5% na terça e 5,54% na quarta-feira, 22.

(...) quando uma empresa no Brasil remete valores para uma empresa no exterior a título de serviços, existia uma dúvida se ela deveria ou não pagar a Cide. A contribuição é de 10% sobre a remessa quando existe transferência de tecnologia.

No caso da Netflix, não existia transferência de tecnologia. Ela pagava os serviços para a matriz como custo do serviço para manter as assinaturas no Brasil. Então não havia transferência de tecnologia nem pagamento de 10% de Cide.

“Esse foi um entendimento de tribunais inferiores em 2022, quando a Netflix foi questionada a respeito disso.” Em agosto, no entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou um caso parecido e entendeu que a Cide Tecnologia deve ser paga mesmo quando não envolver transferência de tecnologia. Ou seja, a Netflix teria de pagar os 10%.

fonte aqui 

Regras são regras?

Regras são criadas para serem cumpridas. Pelo menos, não é isso que o governo parece demonstrar. Há normas estabelecidas justamente para garantir maior qualidade no gasto público. Em outras palavras, não se pode gastar o que não se tem, sob pena de comprometer gerações futuras e expor a irresponsabilidade dos governantes. Regras são regras.

A situação se torna ainda mais delicada em um ano eleitoral, quando surge a tentação de realizar gastos inadequados para sustentar o poder. Dois exemplos recentes indicam que esse risco está presente.

O primeiro diz respeito à norma que determina que, em caso de déficit em 2025, o governo federal estaria proibido de ampliar despesas com pessoal e encargos até que se registre superávit. No entanto, a proposta orçamentária para o próximo ano prevê um aumento nominal de 10,1%, o que representa cerca de 4% de reajuste real, descontada a inflação. Ou seja, em desacordo com a regra.

O segundo caso envolve a tentativa de socorrer os Correios. Para viabilizar um empréstimo de 20 bilhões de reais, o governo estaria contando com bancos públicos. Contudo, a Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe operações de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da Federação que a controla.

fonte: Weterman, Daniel. Governo quer afastar regra do arcabouço para aumentar gastos com pessoal e isenções em ano eleitoral. Estado de S Paulo, 22/10/2025; Gabriel, Alvaro e Weterman, Daniel. Bancos públicos podem emprestar aos Correios? Operação levanta dúvidas entre especialistas; entenda. Estado de S Paulo, 23/10/2025