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14 outubro 2025

Progressividade de imposto de renda em diferentes países

O artigo é um estudo sobre a progressividade tributária, onde o Brasil participa da base de dados. O GPT fez um resumo do resultado:

  • Baixa progressividade efetiva: Embora o sistema estatutário brasileiro de imposto de renda tenha sido desenhado para ser progressivo, os resultados mostram que, na prática, a tributação efetiva é quase plana. Isso significa que, proporcionalmente, famílias em diferentes faixas de renda acabam pagando taxas médias semelhantes

    Alíquotas médias reduzidas: Os dados de alíquota média efetiva no Brasil permanecem baixos em comparação internacional. Em ondas analisadas, a taxa média foi de cerca de 5,26% em 1985, subindo gradualmente até 9,03% em 2010, valores bem abaixo da média de países europeus e mesmo de outras economias da América Latina

    Desconexão entre sistema legal e prática tributária: O contraste entre o sistema estatutário progressivo e a baixa progressividade efetiva indica problemas de execução, possivelmente ligados à base estreita do IRPF no Brasil e à dependência de tributos indiretos.

    Em resumo, o estudo mostra que o Brasil aparece como um caso em que a tributação formalmente progressiva não se traduz em progressividade efetiva, e as taxas médias efetivas permanecem baixas. Isso ajuda a explicar porque o sistema tributário brasileiro tem eficácia limitada em redistribuir renda. 


Ainda Mokyr

Encontrei essa passagem no Marginal Revolution

Ainda assim, a mensagem central deste livro não é inequivocamente otimista. A história nos oferece relativamente poucos exemplos de sociedades que foram tecnologicamente progressistas. Nosso mundo é excepcional, embora não único, nesse aspecto. Em geral, as forças que se opõem ao progresso tecnológico têm sido mais fortes do que aquelas que buscam mudanças. O estudo do progresso tecnológico é, portanto, um estudo do excepcionalismo, de casos em que, como resultado de circunstâncias raras, a tendência normal das sociedades a deslizar em direção à estase e ao equilíbrio foi rompida. A prosperidade sem precedentes de que goza hoje uma parcela significativa da humanidade decorre de fatores acidentais em grau maior do que se supõe. Além disso, o progresso tecnológico é como uma planta frágil e vulnerável, cuja nutrição depende não apenas do ambiente e do clima apropriados, mas cuja vida é quase sempre curta. Ele é altamente sensível ao ambiente social e econômico e pode ser facilmente interrompido por mudanças externas relativamente pequenas.

13 outubro 2025

A Contabilidade na revolução industrial, segundo Mokyr


Um dos temas mais interessantes na história da firma é a evolução das práticas contábeis. A escrituração por partidas dobradas vinha sendo praticada por mercadores desde a Idade Média. As práticas contábeis em uso às vésperas da Revolução Industrial tinham evoluído na gestão de propriedades rurais (estate management), bem como no comércio ultramarino e nas correspondentes operações de crédito, e no sistema de “putting-out” (manufatura domiciliar). A maioria dos procedimentos contábeis eram dispositivos de registro comercial e não se prestavam facilmente a avaliações da lucratividade global de uma empresa industrial, muito menos de suas partes constituintes. No tipo de negócio típico da Grã-Bretanha por volta de 1760, a maior parte da atividade econômica ainda era realizada em empresas administradas por seu proprietário, cujo padrão de vida era regulado mais pelo fluxo de caixa do que pelo lucro em si. As sociedades (parcerias), a forma mais popular de negócios maiores, muitas vezes tinham fórmulas simples para a retirada de dinheiro e mercadorias, embora, quando a sociedade era dissolvida ou ampliada, mais informações precisassem ser extraídas dos livros.

As fábricas da Revolução Industrial, contudo, introduziram muitos novos problemas contábeis com os quais ninguém tinha muita experiência. As plantas precisavam se preocupar com capital indireto (overhead), depreciação de equipamentos, controle de estoques e as receitas e custos de diferentes divisões. A contabilidade do capital era especialmente deficiente, e a ampla variedade de práticas indica a incerteza da época quanto aos procedimentos corretos. Além disso — e talvez mais danoso —, os métodos contábeis da época tornavam quase impossível a um empresário ou gerente avaliar a lucratividade líquida de uma inovação. Na firma, de resto bem administrada, de Boulton e Watt, ninguém tinha ideia de quais departamentos davam lucro ou prejuízo, e na siderúrgica escocesa Carron um gerente estimou um lucro de £10.500 quando, na verdade, havia um prejuízo de £10.000. Na década de 1770, Josiah Wedgwood reformou os procedimentos contábeis de sua empresa, aplicando técnicas de custeio que computavam “toda a despesa de fazer vasos o mais precisamente possível desde os materiais brutos” — embora seja improvável que sua técnica de contabilidade de custos tenha se difundido rapidamente por todo o setor manufatureiro. A superprodução e outros erros de julgamento ocorriam tão frequentemente que um historiador econômico ponderado suspira que eles “mal deixam de diminuir quaisquer estimativas do tino comercial dos empresários do algodão” (Payne, 1978, p. 189). Em certo sentido, esse juízo parece um pouco severo: os problemas gerenciais das novas fábricas eram um subproduto do surgimento do sistema fabril, concebido sobretudo para lidar com problemas tecnológicos e informacionais. No lado da engenharia, os primeiros gestores podiam contar com especialistas técnicos; para as questões de gestão, estavam geralmente por conta própria. Empresas vizinhas do mesmo setor, que observavam de perto umas às outras em busca de avanços técnicos, podiam estar separadas por décadas em termos de práticas contábeis. A imensa maioria das firmas esperava que seus escriturários e contadores pagassem seus trabalhadores e fornecedores e cobrassem de seus clientes, evitassem desfalques e mantivessem o controle de estoques. Não se esperava, porém, que fornecessem um quadro completo da lucratividade das várias atividades da empresa, nem teriam sido capazes de fazê-lo caso lhes fosse solicitado.

Factories and Firms in an Age of Technological Progress - JOEL MOKYR - The Enlightened Economy 

 

12 outubro 2025

Candidatos usam IA para manipular os sistemas de contratação


Com o uso crescente da inteligência artificial no recrutamento — cerca de 90% dos empregadores já utilizam softwares para filtrar currículos — candidatos começaram a embutir comandos ocultos em seus currículos para manipular os sistemas. Esses “prompts escondidos” orientam a IA a classificá-los como altamente qualificados, em uma estratégia que se popularizou no TikTok e no Reddit. Algumas empresas, como Greenhouse e ManpowerGroup, já identificam milhares de currículos com truques desse tipo, enquanto recrutadores rejeitam candidatos quando descobrem a fraude. Apesar dos riscos, há relatos de pessoas que conseguiram mais entrevistas após usar tais artifícios, expondo o embate entre humanos e máquinas no mercado de trabalho.

Mollick, no livro Cointeligência, conta que na sua página da sua universidade, com o seu currículo, ele inseriu comandos para que a IA fosse simpática ao seu trabalho. 

Nobel da Paz e o mercado de previsões

Nos últimos dias acompanhei o anúncio do Prêmio Nobel. Além do site oficial, também observei a dinâmica dos favoritos pelo Polymarket. É verdade que a plataforma trabalhou apenas com apostas para dois prêmios: o da Paz e o de Literatura. No segundo caso, listava Mircea Cărtărescu, Adonis, Can Xue, Murakami e László Krasznahorkai. O mais cotado não chegava a 20% das apostas, que variavam bastante ao longo do tempo. No fim, venceu o húngaro László.


Também acompanhei os favoritos ao Nobel da Paz. Durante muitos dias, o grande favorito — que chegou a mais de 30% das apostas — era uma organização que atuava no Sudão. Despontavam ainda Yulia Navalnaya, russa e opositora de Putin, Donald Trump, Médicos Sem Fronteiras e outros nomes. A vencedora, María Corina Machado, aparecia com apenas 3,75%, mas poucas horas antes do anúncio muitas apostas foram feitas em seu nome e o percentual subiu para 73%.

O aumento nas apostas imediatamente antes do anúncio sugere fortemente que houve um vazamento do resultado. O Comitê do Prêmio afirmou que irá investigar.

Sim, o favorito para vencer o brasileirão desse ano é o Palmeiras (55%). E a Espanha para ganhar a Copa do Mundo (18%, somente).  

(A fonte do vazamento é o jornal O Estado de S. Paulo, 11 de outubro de 2025)

IA ajudando em tarefas chatas: cancelamento de assinaturas


Uma das coisas mais chatas do mundo moderno agora pode ser feita pela Inteligência Artificial: cancelar assinaturas de serviços online. Quem já passou por essa experiência sabe como é difícil encontrar o local correto para realizar o cancelamento e, depois de enfrentar inúmeras etapas, conquistar a vitória de não pagar mais por serviços que não utiliza.

Recentemente, cancelei meu número de telefone e adquiri um novo número de uma pequena startup, atraído pela promessa de um atendimento descomplicado. No entanto, até hoje recebo cobranças da antiga operadora, informando que, por não ter atingido o limite de consumo, estou isento da conta do número anterior.

Agora, com o modo Agente do ChatGPT Plus, é possível inserir o comando “cancelar minha assinatura”, juntamente com nome e senha do serviço. O chat opera sozinho e, em poucos minutos, o cancelamento é realizado, garante Fowler.

Vale lembrar que algumas assinaturas não podem ser canceladas dessa forma. Isso ocorre porque empresas que já possuem tecnologia própria de IA podem estruturar seus sites para dificultar o cancelamento automático pelos usuários.

10 outubro 2025

IA e o sistema financeiro


As principais autoridades financeiras do mundo, por meio do Conselho de Estabilidade Financeira (FSB), divulgaram um relatório sobre a Inteligência Artificial e o sistema financeiro. Não é o primeiro documento sobre o tema, mas o fato de, apenas um ano após o relatório de 2024 sobre as Implicações da Inteligência Artificial para a Estabilidade Financeira, o assunto voltar à pauta pode ser um sinal de que ainda gera preocupação.

O novo relatório aponta que o monitoramento do uso da IA e de suas implicações no mercado financeiro permanece em estágio inicial. Nesse contexto, as instituições financeiras dependem de terceiros para desenvolver e implementar aplicações de IA. Observa-se também que há um número muito reduzido de soluções em IA generativa, o que envolve não apenas software, mas também hardware, como a infraestrutura de nuvem. Essa concentração, segundo o FSB, pode criar vulnerabilidades.

Esse é um ponto de atenção que deveria constar, inclusive, dos relatórios de auditoria, destacando o risco potencial associado ao uso de IA no sistema financeiro.

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