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12 outubro 2014

Melhores formas de estudar



Does a good grade always mean a student has learned the material? And does a bad grade mean a student just needs to study more?

In the new book “How We Learn: The Surprising Truth About When, Where, and Why It Happens” (Random House), Benedict Carey, a science reporter for The New York Times, challenges the notion that a high test score equals true learning. He argues that although a good grade may be achieved in the short term by cramming for an exam, chances are that most of the information will be quickly lost. Indeed, he argues, most students probably don’t need to study more — just smarter.

Mr. Carey offers students old and young a new blueprint for learning based on decades of brain science, memory tests and learning studies. He upends the notion that “hitting the books” is all that is required to be a successful student, and instead offers a detailed exploration of the brain to reveal exactly how we learn, and how we can maximize that potential.

“Most of us study and hope we are doing it right,” Mr. Carey says. “But we tend to have a static and narrow notion of how learning should happen.”

For starters, long and focused study sessions may seem productive, but chances are you are spending most of your brainpower on trying to maintain your concentration for a long period of time. That doesn’t leave a lot of brain energy for learning.

“It’s hard to sit there and push yourself for hours,” Mr. Carey says. “You’re spending a lot of effort just staying there, when there are other ways to make the learning more efficient, fun and interesting.”

The first step toward better learning is to simply change your study environment from time to time. Rather than sitting at your desk or the kitchen table studying for hours, finding some new scenery will create new associations in your brain and make it easier to recall information later.

“The brain wants variation,” Mr. Carey says. “It wants to move, it wants to take periodic breaks.”

Understanding how the brain processes, stores and retrieves information can also improve your study habits. For some people, cramming for a test can work in the short term, but by studying only once in a concentrated fashion, the learner has not signaled to the brain that the information is important. So while the initial study session of French vocabulary words starts the process of learning, it’s the next review session a few days later that forces the brain to retrieve the information — essentially flagging it as important and something to be remembered.

“When you are cramming for a test, you are holding that information in your head for a limited amount of time,” Mr. Carey says. “But you haven’t signaled to the brain in a strong way that’s it’s really valuable.”

One way to signal to the brain that information is important is to talk about it. Ask a young student to play “teacher” based on the information they have studied. Self-testing and writing down information on flashcards also reinforces learning.

Another technique is called distributed learning, or “spacing,” and it’s a particularly relevant aspect of brain science for ambitious students. Mr. Carey compares it to watering a lawn. You can water a lawn once a week for 90 minutes or three times a week for 30 minutes. Spacing out the watering during the week will keep the lawn greener over time.

Studies have shown that for a student to learn and retain information like historical events, vocabulary words or science definitions, it’s best to review the information one to two days after first studying it. One theory is that the brain actually pays less attention during short learning intervals. So repeating the information over a longer interval — say a few days or a week later, rather than in rapid succession — sends a stronger signal to the brain that it needs to retain the information.

Spaced study can also add contextual cues. At home, a student trying to memorize the presidents may hear the dog bark or phone ring. Move the study time to the coffee shop a few days later, and the student hears the barista steaming milk. Now the list of presidents is embedded in the student’s memory in two contexts, and that makes the memory stronger.

In a 2008 study of 1,300 people, University of California, San Diego researchers tested their subjects on obscure facts. (What’s the name of the dog on the Cracker Jack box? Answer: Bingo) The study subjects reviewed the material twice at different intervals: some just a few minutes apart, others a day or a week apart.

From the data, the scientists determined the optimal intervals for learning information. If your test is a week away, you should plan two study periods at least one to two days apart. For a Friday test, study on Monday and review on Thursday. If your test is a month away, begin studying in one-week intervals.

And not surprisingly, sleep is an important part of good studying. The first half of the sleep cycle helps with retaining facts; the second half is important for math skills. So a student with a foreign language test should go to bed early to get the most retention from sleep, and then review in the morning. For math students, the second half of the sleep cycle is most important — better to review before going to bed and then sleep in to let the brain process the information.

“Sleep is the finisher on learning,” Mr. Carey says. “The brain is ready to process and categorize and solidify what you’ve been studying. Once you get tired, your brain is saying it’s had enough.”

Fonte: aqui

09 outubro 2014

Resultado nulo



Sobre os resultados nulos de pesquisa

(...) os cientistas abandonam resultados que eles acreditam que os periódicos são improváveis de serem publicados. (MERVIS, Jeffrey. Why null results rarely see the light of day, News, Science, 29 ago 2014, vol 345, p. 992)

Isto possui algumas consequências ruins para a ciência. Em primeiro lugar, perde a confiabilidade das pesquisas usando instrumentos de meta-análise, que é uma técnica que tenta combinar os resultados de diversas pesquisas. Segundo, mesmo as pesquisas bibliográficas, que tentam usar a produção do passado para um determinado tema, são postas em dúvida. Afinal, diversos artigos não chegam aos periódicos ou congressos em razão deste abandono. O terceiro ponto é que isto distorce os esforços que foram feitos pelos pesquisadores nos diversos assuntos.

Mas o fato é que o abandono não é feito sem justificativa. Certamente os pesquisadores sabem que suas chances são menores de serem publicados. Isto incluir “resultados nulos” das pesquisas.

09 setembro 2014

Brasileiro: 'analfabeto' científico?


Brasileiro: 'analfabeto' científico?

Novo índice mostra que a ciência influencia a forma de ver o mundo e de lidar com situações complexas de apenas 5% dos avaliados, enquanto mais da metade sequer consegue aplicar o que aprendeu na escola em situações cotidianas.

Por: Marcelo Garcia

Ciência Hoje online, em 18/08/2014

Desempenho brasileiro no primeiro Índice de Letramento Científico mostra que ciência não está integrada ao cotidiano do brasileiro. (foto: Flickr/ Fortimbras - CC BY-NC-ND 2.0)

Como você avalia a sua capacidade de utilizar o conhecimento científico para resolver questões do dia a dia? E para fazer abstrações, criar hipóteses, planejar e inovar? Em um mundo em que a ciência e a tecnologia estão cada vez mais presentes, em que a sociedade é chamada a se posicionar sobre grandes questões como pesquisas com células-tronco e cultivo de transgênicos e no qual inovar é a palavra de ordem das empresas, essas questões são fundamentais. Mas, segundo a primeira edição do Índice de Letramento Científico (ILC), no Brasil é muito baixa a quantidade de pessoas ‘letradas’ em ciências, capazes de empregar os conhecimentos escolares no seu cotidiano e no planejamento do futuro.
Bem diferente das avaliações de ensino existentes no Brasil, a proposta do ILC é medir quanto do conhecimento escolar é de fato aplicado na prática. Para seus criadores, o resultado negativo ajuda a entender alguns gargalos sociopolíticos e econômicos do país, como a baixa capacidade de inovação. O índice, cuja versão completa foi divulgada recentemente, é fruto de uma parceria entre o Instituto Abramundo, o Instituto Paulo Montenegro, responsável pela ação social do Grupo Ibope, e a ONG Ação Educativa.

O maior desafio foi traduzir o domínio de conceitos científicos em perguntas diretas e práticas para agrupar os participantes em faixas claras e facilitar ações posterioresPara sua construção, foram aplicados questionários a 2002 pessoas entre 15 e 40 anos, com ao menos quatro anos do ensino fundamental completos, em oito capitais estaduais e no Distrito Federal. O questionário era composto por mais de 60 perguntas, que avaliaram a capacidade de identificar simples informações explícitas em texto, tabela ou gráfico (como consumo de energia ou dosagem em bula de remédio), de comparar informações simples para tomar decisões; de empregar informações não explícitas para resolver problemas práticos e processos do cotidiano e, ainda, de propor e analisar hipóteses sobre fenômenos complexos, mesmo não diretamente ligados ao seu dia a dia. A partir das respostas, os participantes foram classificados por nível de letramento: ausente, elementar, básico e proficiente.
O maior desafio foi traduzir o domínio de conceitos científicos em perguntas diretas e práticas para agrupar os participantes em faixas claras e facilitar ações posteriores. A metodologia aplicada foi adaptada do Índice de Analfabetismo Funcional (IAF), também produzido pelo Instituto Paulo Montenegro e que avalia os conhecimentos de português e matemática na prática. A ideia é que a avaliação seja repetida a cada dois anos.

Resultados preocupantesDe forma geral, 79% dos participantes ficaram na zona intermediária (48% no nível 2 e 31% no nível 3), enquanto 16% apresentaram letramento ausente (nível 1) e apenas 5% do total se mostraram de fato proficientes em ciência. O índice torna clara a dificuldade de grande parte dos entrevistados em realizar tarefas simples: 43% deles declararam ter problemas para compreender gráficos e tabelas, enquanto 48% acham difícil interpretar rótulos de alimentos. Entre aqueles com ILC elementar (mais comum), 58% tem problemas, por exemplo, para consultar dados sobre saúde e medicamentos na internet.

Resultado ruim mesmo entre gestores públicos mostra que pensamento científico pouco influencia suas decisões, o que pode ter consequências negativas em todos os campos, da própria educação à saúde, ao saneamento e ao planejamento urbano, por exemplo. (foto: Flickr/ Samchio – CC BY-NC-SA 2.0)Os resultados também foram relacionados ao nível de formação e à área de atuação dos entrevistados – e ficam ainda mais preocupantes, já que os indivíduos com ensino superior considerados proficientes em ciência foram apenas 11%, enquanto 48% estão no nível 3, 37% no nível 2 e quase inacreditáveis 4% apresentaram letramento ausente.

Em relação ao mercado de trabalho, as áreas de administração pública, educação e saúde alcançaram o melhor resultado, apesar de pouco animador: 43% das pessoas têm letramento básico e 9%, proficiente. Na indústria e na prestação de serviços, 42% e 31% dos trabalhadores ficaram no nível 3, enquanto apenas 5% e 6% eram proficientes, respectivamente.

A diretora executiva do Instituto Paulo Montenegro, Ana Lucia Lima, diz ter ficado surpresa com a baixa proficiência dos indivíduos mais escolarizados e dos tomadores de decisões, empreendedores e empresários, envolvidos diretamente no investimento e planejamento de atividades que vão desde o descarte do lixo à gestão da saúde e da educação. “Os dados mostram que o aprendizado fica restrito à escola e é preocupante que a ciência influencie tão pouco a visão de mundo dessas pessoas, sua atividade cotidiana e as decisões que tomam”, avalia.

Consequências adversas

Para os responsáveis pelo ILC, os impactos do cenário apontado pelo índice vão desde questões cotidianas a problemas que abrangem a vida econômica e social do país. “No dia a dia, isso se manifesta quando a cabeleireira usa um produto que ela deveria saber que faz mal ou quando os pais medicam os filhos por conta própria sem pensar nos efeitos colaterais ou nas interações entre medicamentos”, exemplifica Lima.

Garcia: “Os reflexos também aparecem na pífia capacidade de inovação de nossas empresas: os trabalhadores pouco refletem sobre seu trabalho, não desafiam o status quo”“Os reflexos também aparecem na pífia capacidade de inovação de nossas empresas: os trabalhadores pouco refletem sobre seu trabalho, não desafiam o status quo”, afirma Ricardo Uzal Garcia, presidente do Instituto Abramundo. “Além disso, o brasileiro não parece, em geral, preparado para opinar sobre grandes temas da ciência nem para tomar decisões cada vez mais necessárias sobre temas como transgênicos e células-tronco.”

Lima aponta ainda a formação de um gargalo de mão de obra no país e faz um alerta para o futuro. “Os empregos no país têm aumentado, mas apenas as vagas pouco especializadas; cargos melhores permanecem ociosos também pela inexistência de um pensamento científico aplicado, necessário para tais posições”, analisa. “Algo precisa ser feito para mudar essa situação, pois se nossos gestores tomam decisões que pouco consideram o conhecimento científico, a ciência nunca será valorizada como deve e isso continuará a impactar a inovação, a saúde, o meio ambiente e todas as áreas.”

Ensino de ciênciasJunto com o índice, também foi feita uma pesquisa de percepção pública da ciência, cujo resultado é significativo: apesar do fraco desempenho no ILC, os participantes reconhecem a importância da ciência para a compreensão de mundo (42% concordam plenamente e 30% concordam em parte) e para obter boas oportunidades de trabalho (41% e 27%, respectivamente). “As pessoas têm interesse e acham a ciência importante, mas não vão a fundo porque não se sentem competentes”, avalia Lima. “É uma pista importante de que há algo errado na formação dos estudantes”, completa Garcia.
Uma olhada em outros indicadores de ensino reforça a má situação do país na área: no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), por exemplo, um dos piores desempenhos do Brasil é em ciências (59º entre 65 países).

Para melhorar o índice, segredo pode estar em investir mais no ensino fundamental e buscar maneiras de manter o interesse dos jovens pela ciência. (foto: Flickr/ emeryjl - CC BY 2.0)Lima recupera a história da educação no país para explicar a situação atual. “O ensino se tornou um grande desafio a partir da década de 1990, pois sua universalização incluiu pessoas historicamente segregadas, famílias com níveis muito baixos de escolaridade”, afirma. A mudança, segundo ela, levou a um natural privilégio do ensino de português e de matemática, por serem competências mais básicas. “Em 25 anos, os avanços nessas áreas ainda não foram suficientes, mas ainda assim acredito que já seja hora de avançar para outros campos, e a ciência é a candidata natural para receber mais atenção.”

Lima: “Como matamos essa curiosidade natural? Deve haver muita coisa errada, do currículo à forma de ensinar.”Um dado que se destaca no ILC é o desempenho semelhante de indivíduos com ensino fundamental e com ensino médio – 50% de pessoas do primeiro grupo têm letramento elementar, contra 52% no segundo, que também conta com 15% de pessoas com letramento ausente. Para Lima, as conversas com professores dão pistas sobre os motivos por trás desse resultado, por reforçarem que nas séries iniciais as crianças adoram ciências, mas perdem o interesse depois. “O desempenho no ensino médio deveria ser proporcional ao investimento maior, com professores especialistas e maior carga horária”, diz. “Como matamos essa curiosidade natural? Deve haver muita coisa errada, do currículo à forma de ensinar.”

Garcia ressalta a necessidade de criação de programas de ensino voltados para as séries mais baixas. “O impacto da iniciação científica de qualidade desde as primeiras séries pode ser fundamental para despertar o gosto por ciências no futuro”, diz. 

Os organizadores também apostam na educação não formal e na parceria com a iniciativa privada para tentar mudar esse quadro. “Precisamos criar museus e centros de ciência para estimular uma cultura científica que hoje não existe”, defende o presidente da Abramundo. “Podemos pensar, por exemplo, em exposições sobre os ciclos do petróleo ou da agricultura, áreas em que atuam empresas enormes.” Lima conclui: “O problema não é só da escola, já que muitas pessoas não voltarão à sala de aula; é aí que a ação de igrejas, sindicatos e empresas pode ser fundamental.”

Marcelo Garcia
Ciência Hoje On-line

27 agosto 2014

Problemas que devemos tentar resolver

Richard Feynman foi o segundo maior físico do século XX. Sua vida é fantástica e inclui passagens pelo Brasil. Recentemente li uma correspondência que Feynman troca com um ex-aluno, que reproduzo alguns trechos a seguir:

Os problemas que valem a pena são os que você pode realmente resolver ou ajudar a resolver, que você pode realmente contribuir com algo. Um problema é grande na ciência se está diante de nós sem solução e vemos alguma forma para fazermos algum progresso nisso. Eu aconselho você a tornar ainda mais simples, ou como você diz, humilde, os problemas até encontrar algum que você pode realmente resolver facilmente, não importa o quão trivial. Você vai ter o prazer de sucesso e de ajudar o próximo, mesmo que seja somente para responder a uma pergunta de um colega menos capaz do que você.

(...) eu tinha um outro aluno de doutorado (Albert Hibbs) cuja tese foi sobre como os ventos constroem ondas soprando a água no mar. Aceitei-o como um aluno porque ele veio até mim com o problema que queria resolver. Com você eu cometi um erro, eu dei-lhe o problema, em vez de deixá-lo encontrar o seu próprio; e você ficou com uma ideia errada do que é interessante ou agradável ou importante para trabalhar (...). Sinto muito, me desculpe. (...)

Nenhum problema é muito pequeno ou muito trivial se podemos realmente fazer algo sobre isso.

13 agosto 2014

O trabalho de Artur Avila


Artur Avila has made outstanding contributions to dynamical systems, analysis, and other areas, in many cases proving decisive results that solved long-standing open problems. A native of Brazil who spends part of his time there and part in France, he combines the strong mathematical cultures and traditions of both countries. Nearly all his work has been done through collaborations with some 30 mathematicians around the world. To these collaborations Avila brings formidable technical power, the ingenuity and tenacity of a master problem-solver, and an unerring sense for deep and significant questions.

Leia mais sobre as contribuições matemáticas de artur neste link (as explicações são bem didáticas)

Walking through Paris.

06 novembro 2013

Qual a sua idade?

Uma pesquisa conduzida por Steve Horvath, um geneticista da UCLA (Los Angeles) descobriu que a idade de cada parte do nosso corpo não é idêntica. Horvath analisou células e tecidos de diferentes partes do corpo humano e verificou a idade. Ele descobriu que o relógio biológico acelera na adolescência, mas depois adota um ritmo mais constante. E que alguns tecidos, como o seio, possui uma "idade" mais antiga. E que o tecido canceroso é mais velho (36 anos a mais) que o normal.

28 outubro 2013

Fabian Oefner: Ciência psicodélica

O artista e fotógrafo suíço Fabian Oefner está numa missão de criar arte atraente a partir da ciência cotidiana. Nesta palestra fascinante, ele exibe algumas imagens psicodélicas recentes, incluindo fotografias de cristais interagindo com ondas sonoras. E numa demonstração ao vivo, ele mostra o que realmente acontece quando se mistura tinta com líquido magnético -- ou quando se coloca fogo em uísque.

07 outubro 2013

Fraude na Ciência

Pois bem, um biólogo-jornalista norte-americano chamado John Bohannon fez exatamente isso e os resultados, publicados hoje pela revista Science, são aterradores (para aqueles que se preocupam com a credibilidade da ciência): ele escreveu um trabalho falso sobre as propriedades supostamente anticancerígenas de uma molécula supostamente extraída de um líquen e enviou esse trabalho para 304 revistas científicas de acesso aberto ao redor do mundo. Não só o trabalho era totalmente fabricado e obviamente incorreto (com falhas metodológicas e experimentais que, segundo Bohannon, deveriam ser óbvias para “qualquer revisor com formação escolar em química e capacidade de entender uma planilha básica de dados”), mas o nome dos autores e das instituições que o assinavam eram todos fictícios. Apesar disso (pasmem!), mais da metade das revistas procuradas (157) aceitou o trabalho para publicação. Um escândalo. (...)

Nessa mesma temática, a revista Nature publicou recentemente também uma reportagem sobre o escândalo envolvendo quatro revistas científicas brasileiras que foram acusadas de praticar citações cruzadas — ou “empilhamento de citações”, em inglês –, esquema pelo qual uma revista cita a outra propositadamente diversas vezes, como forma de aumentar seu fator de impacto (e, consequentemente, o prestígio dos pesquisadores que nelas publicam). As revistas são Clinics, Revista da Associação Médica Brasileira, Jornal Brasileiro de Pneumologia e Acta Ortopédica Brasileira.


Fonte: Aqui (Dica de Flávia Siqueira, grato)

28 agosto 2013

Economia não é ciência

Recent debates over who is most qualified to serve as the next chairman of the Federal Reserve have focused on more than just the candidates’ theory-driven economic expertise. They have touched on matters of personality and character as well. This is as it should be. Given the nature of economies, and our ability to understand them, the task of the Fed’s next leader will be more a matter of craft and wisdom than of science.
When we put a satellite in orbit around Mars, we have the scientific knowledge that guarantees accuracy and precision in the prediction of its orbit. Achieving a comparable level of certainty about the outcomes of an economy is far dicier.
The fact that the discipline of economics hasn’t helped us improve our predictive abilities suggests it is still far from being a science, and may never be. Still, the misperceptions persist. A student who graduates with a degree in economics leaves college with a bachelor of science, but possesses nothing so firm as the student of the real world processes of chemistry or even agriculture.
Before the 1970s, the discussion of how to make economics a science was left mostly to economists. But like war, which is too important to be left to the generals, economics was too important to be left to the Nobel-winning members of the University of Chicago faculty. Over time, the question of why economics has not (yet) qualified as a science has become an obsession among theorists, including philosophers of science like us.
It’s easy to understand why economics might be mistaken for science. It uses quantitative expression in mathematics and the succinct statement of its theories in axioms and derived “theorems,” so economics looks a lot like the models of science we are familiar with from physics. Its approach to economic outcomes — determined from the choices of a large number of “atomic” individuals — recalls the way atomic theory explains chemical reactions. Economics employs partial differential equations like those in a Black-Scholes account of derivatives markets, equations that look remarkably like ones familiar from physics. The trouble with economics is that it lacks the most important of science’s characteristics — a record of improvement in predictive range and accuracy.
Tucker Nichols
This is what makes economics a subject of special interest among philosophers of science. None of our models of science really fit economics at all.
The irony is that for a long time economists announced a semiofficial allegiance to Karl Popper’s demand for falsifiability as the litmus test for science, and adopted Milton Friedman’s thesis that the only thing that mattered in science was predictive power. Mr. Friedman was reacting to a criticism made by Marxist economists and historical economists that mathematical economics was useless because it made so many idealized assumptions about economic processes: perfect rationality, infinite divisibility of commodities, constant returns to scale, complete information, no price setting.
Mr. Friedman argued that false assumptions didn’t matter any more in economics than they did in physics. Like the “ideal gas,” “frictionless plane” and “center of gravity” in physics, idealizations in economics are both harmless and necessary. They are indispensable calculating devices and approximations that enable the economist to make predictions about markets, industries and economies the way they enable physicists to predict eclipses and tides, or prevent bridge collapses and power failures.
But economics has never been able to show the record of improvement in predictive successes that physical science has shown through its use of harmless idealizations. In fact, when it comes to economic theory’s track record, there isn’t much predictive success to speak of at all.
Moreover, many economists don’t seem troubled when they make predictions that go wrong. Readers of Paul Krugman and other like-minded commentators are familiar with their repeated complaints about the refusal of economists to revise their theories in the face of recalcitrant facts. Philosophers of science are puzzled by the same question. What is economics up to if it isn’t interested enough in predictive success to adjust its theories the way a science does when its predictions go wrong?
Unlike the physical world, the domain of economics includes a wide range of social “constructions” — institutions like markets and objects like currency and stock shares — that even when idealized don’t behave uniformly. They are made up of unrecognized but artificial conventions that people persistently change and even destroy in ways that no social scientist can really anticipate. We can exploit gravity, but we can’t change it or destroy it. No one can say the same for the socially constructed causes and effects of our choices that economics deals with.
Another factor economics has never been able to tame is science itself. These are the drivers of economic growth, the “creative destruction” of capitalism. But no one can predict the direction of scientific discovery and its technological application. That was Popper’s key insight. Philosophers and historians of science likeThomas S. Kuhn have helped us see why scientific paradigm shifts seem to come almost out of nowhere. As the rate of acceleration of innovation increases, the prospects of an economic theory that tames the economy’s most powerful forces must diminish — and with it, any hope of improvements in prediction declines as well.
SO if predictive power is not in the cards for economics, what is it good for?
Social and political philosophers have helped us answer this question, and so understand what economics is really all about. Since Hobbes, philosophers have been concerned about the design and management of institutions that will protect us from “the knave” within us all, those parts of our selves tempted to opportunism, free riding and generally avoiding the costs of civil life while securing its benefits. Hobbes and, later, Hume — along with modern philosophers like John Rawls and Robert Nozick — recognized that an economic approach had much to contribute to the design and creative management of such institutions. Fixing bad economic and political institutions (concentrations of power, collusions and monopolies), improving good ones (like the Fed’s open-market operations), designing new ones (like electromagnetic bandwidth auctions), in the private and public sectors, are all attainable tasks of economic theory.
Which brings us back to the Fed. An effective chair of the central bank will be one who understands that economics is not yet a science and may never be. At this point it is a craft, to be executed with wisdom, not algorithms, in the design and management of institutions. What made Ben S. Bernanke, the current chairman, successful was his willingness to use methods — like “quantitative easing,” buying bonds to lower long-term interest rates — that demanded a feeling for the economy, one that mere rational-expectations macroeconomics would have denied him.
For the foreseeable future economic theory should be understood more on the model of music theory than Newtonian theory. The Fed chairman must, like a first violinist tuning the orchestra, have the rare ear to fine-tune complexity (probably a Keynesian ability to fine-tune at that). Like musicians’, economists’ expertise is still a matter of craft. They must avoid the hubris of thinking their theory is perfectly suited to the task, while employing it wisely enough to produce some harmony amid the cacophony.

Alex Rosenberg is the R. Taylor Cole Professor of Philosophy and chair of the philosophy department at Duke University. He is the author of “Economics — Mathematical Politics or Science of Diminishing Returns,” most recently, “The Atheist’s Guide to Reality.”
Tyler Curtain is a philosopher of science and an associate professor of English and comparative literature the University of North Carolina at Chapel Hill. He was recently named the 2013 recipient of the Robert Frost Distinguished Chair of Literature at the Bread Loaf School of English, Middlebury College, Vt.
A version of this article appears in print on 08/25/2013, on page SR9 of the NewYork edition with the headline: What Is Economics Good For?.

09 julho 2013

Viés em pesquisas acadêmicas

Um dos requisitos para galgar degraus na carreira acadêmica nos dias de hoje é a publicação de pesquisas em periódicos de renome. Esta pressão tem criado situações onde o cientista procura aumentar as suas chances de publicar seu artigo.

Sabemos que as pesquisas que trazem novidades apresentam mais chances de serem aceitas. Isto termina por incentivar os cientistas a buscarem os resultados que possam agradar mais aos pareceristas e editores dos periódicos.

Usando 641 artigos publicados em três periódicos de excelência na área de economia (American Economic Review, The Journal of Political Economy e Quarterly Journal of Economics) quatro pesquisadores investigaram os resultados dos testes estatísticos. Isto significou analisar mais de 50 mil testes estatísticos, já que cada artigo possui em média 78 testes e mais de três mil tabelas. Como os artigos foram publicados entre 2005 e 2011, a investigação corresponde ao estado da arte da pesquisa na área de economia.

O resultado não foi uma grande surpresa: uma vez que os periódicos gostam das pesquisas que rejeitam a hipótese nula, os resultados apresentam uma grande distorção. Os valores do “valor do p” que os pesquisadores encontraram parecem um desenho de um camelo, com muitos valores acima de 25%, um vale entre 10% e 25%. Isto parece indicar que os pesquisadores “inflam” os resultados, tornando-os mais próximo daquilo que se esperam os periódicos.

Leia Mais em BRODEUR, Abel et al. Star Wars: The Empirics STrike Back. Working Paper, Iza DP 7268, 2013.

10 junho 2013

Ciência e Lucro

Chefe do primeiro laboratório aberto no hemisfério Sul pela gigante de tecnologia IBM, Fábio Gandour, 60, acha que é necessário mudar a pesquisa científica no Brasil.

Na prática, livrar-se do "caráter doutrinário" e fazer "ciência como negócio" --cujo objetivo seja gerar lucro para quem a financia. (...)

Quais são as diferenças em relação à ciência como negócio?
A ciência doutrinária tem credos, liturgia, até dogmas. Descumpra a liturgia de uma universidade, para ver. Você não sai do lugar [risos]. As universidades mais tradicionais praticam esse modelo, que alargou as fronteiras do conhecimento até hoje, mas não serve para produção de novas soluções.

Vamos desenvolver uma ciência cujos resultados sejam plenamente orientados a causar impactos positivos nos negócios dos seus financiadores. Essa é a diferença essencial. Enquanto um professor desenvolve uma pesquisa cujo resultado será uma publicação, nós desenvolvemos uma cujo resultado será alvo de uma patente.

Isso não é o que já fazem os laboratórios farmacêuticos?
Há muito tempo. É também o que fazem algumas universidades americanas. Num equilíbrio muito bom entre doutrina e negócio.

Acredito que um laboratório que pratique ciência como negócio é autossustentável, um negócio como qualquer outro. Se for bem gerenciado.

Ele dá lucro. E corre um sério risco de ser um departamento altamente lucrativo quando der uma pegada, dessas na veia. Como a IBM, quando levou o primeiro Nobel de Física cujo objeto de premiação não era uma teoria, mas um objeto: o microscópio de força atômica. (...)


País precisa fazer ciência como negócio, diz cientista-chefe da IBM - ANA ESTELA DE SOUSA PINTO - Folha de S Paulo - 9 de junho de 2013

02 abril 2013

Evolução da publicação

Uma forma de perceber o que está ocorrendo no mundo científico é analisar a evolução das publicações. Observar a questão da publicação de artigos, em especial em periódicos de primeiro nível, permite inclusive traçar um perfil sobre as tendências.

Dois economistas da Universidade da Califórnia fizeram um apanhado dos textos que foram publicados nos cinco periódicos de maior prestígio na área econômica, de 1970 até os dias de hoje. E eles identificaram algumas tendências, das quais destaco:

Número de submissões – apesar de não terem a informação para o período completo, existe uma clara tendência de aumento no número de submissões. O gráfico abaixo mostra que o número aumentou substancialmente desde o novo século, sobrecarregando o trabalho dos editores e dos avaliadores.

Número de artigos publicados – Esta é uma informação estranha: este número diminuiu ao longo do tempo. Apesar de a redução ser relativamente reduzida, como o número de submissão aumentou isto significa que está cada vez mais difícil publicar nos periódicos de primeiro nível.

Aumento no número de páginas por artigo – Apesar do número de páginas de cada periódico ter permanecido relativamente constante, o número de páginas de cada artigo cresceu ao longo do tempo. Isto talvez signifique que os textos estão mais profundos, mas possui uma consequência perversa: o número de artigos por periódico reduz, tornando mais difícil a publicação em periódicos de ponta. É bom lembrar que ao contrário do que ocorre no Brasil, onde o número de periódicos eletrônicos é substancial, os principais periódicos estrangeiros ainda usam papel. Isto talvez explique a dificuldade de aumentar o número de artigos por ano.

Aumento na citação – como o crivo está mais rigoroso, uma consequência é que o número de citação por artigo tem aumentado. A figura mostra que os artigos publicados entre 1990 a 2005 são muito mais citados que os textos publicados antes de 1990. Obviamente que os textos publicados após 2005 não são tão citados em razão de serem muito recente.

Número de autores – conforme já observado em outras pesquisas, o número de autores por artigo aumentou ao longo do tempo.

Leia mais em
CARD, David; VIGNA, Stefano della. Nine facts about top journals in economics.

01 março 2013

Otimistas e o progresso da humanidade



Daniel Kahneman, o psicólogo laureado com o Nobel de Economia, sustenta que, se nos fosse dada a oportunidade de escolher uma única característica para nossos filhos, não deveríamos hesitar: que sejam otimistas. Parece haver uma alta correlação entre o otimismo e a felicidade. O otimismo é um traço hereditário, tanto quanto a inteligência, a altura e a cor dos olhos. Que melhor presente para aqueles a quem queremos bem do que lhes transmitir a propensão para a felicidade?
Por duas vezes, em menos de um ano, ao terminar uma análise sobre os rumos da economia mundial, recomendaram-me a leitura de The Rational Optimist. As recomendações partiram de pessoas inteligentes, por quem tenho apreço. Não que eu esteja particularmente pessimista, mas devo andar soando muito pessimista. É verdade que tenho fama de pessimista. Nunca me importei com isso, considero quase um elogio. Refuto com mais indignação a acusação contrária, de um amigo fraterno, segundo a qual faço uso permanente de um par de óculos cor-de-rosa que não me deixariam ver a sombria realidade como ela é. O fato é que um otimista racional parece-me uma contradição em termos, soa como um oximoro.
Antes de encomendar o livro, procurei saber quem era o autor. Descubro que Matt Ridley é o quinto visconde de Ridley, tem doutorado em zoologia pela Universidade de Oxford, e que em 2011 seu livro ganhou o Prêmio Hayek, conferido à publicação que melhor representa a visão do mestre austríaco sobre a liberdade econômica. Aprendo ainda que ele era presidente do conselho de administração do Northern Rock, o banco inglês que quebrou com grande estardalhaço, imediatamente após a eclosão da crise de 2008. Sorri, e adiei a leitura que só recentemente decidi levar adiante.
Segundo Kahneman, em seu último livro Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar, a grande maioria das pessoas se acha mais competente do que realmente é, e percebe o mundo como mais benigno do que ele na realidade é. Têm assim a impressão de que seus objetivos são mais facilmente alcançáveis do que de fato são. Além disso, achamos que nossa capacidade de prever o futuro é muito maior do que é efetivamente possível. O viés otimista, segundo Kahneman, o mais importante dos vieses cognitivos, está presente em todos nós. De certa forma, somos todos otimistas, mas alguns afortunados são mais otimistas do que a média. O otimista é alegre e animado, estimado por todos, persistente diante das dificuldades e resistente aos fracassos. Tem probabilidade reduzida de passar por depressões e o seu sistema imunológico é menos vulnerável. Toma mais cuidado com a saúde, sente-se mais saudável e vive efetivamente mais. Além de mais felizes, os otimistas têm um papel desproporcionalmente importante na configuração do mundo em que vivemos. Suas iniciativas são determinantes, pois são primordialmente eles os inovadores e os empreendedores.
Esta é essencialmente a tese do livro de Ridley. Antes de ser uma defesa do otimismo, é uma defesa da livre-iniciativa, do livre-comércio, um libelo contra todo tipo de cerceamento das liberdades individuais. Ele lamenta que hoje tenha se tornado axiomático que o livre mercado não apenas estimula o egoísmo, mas o exige. Como sustenta, por exemplo, Michael Sandel em O que o Dinheiro Não Compra: a ideia de que a comercialização de todos os aspectos da vida é corrosiva do espírito público e de comunidade tem ganhado cada vez mais força nos últimos tempos.
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22 fevereiro 2013

A ciência do vício em pornografia

A dopamina é liberada como um prêmio quando conquistamos algo. Seja comer, por exemplo, para a manutenção da vida, ou praticar atividades sexuais, para gerar vidas futuras. Essa dopamina consolida conexões neurais com o propósito de repetirmos aquela mesma atividade futuramente. Sabe-se que a dopamina é liberada durante a excitação sexual e o vídeo trata sobre o vício em pornografia, a “droga de escolha” via internet:






13 fevereiro 2013

Ciência e ressaca

Editora Globo
Todas as promessas de cura da ressaca são, na verdae, apenas paliativos para um ou outro dos sintomas / Créditos: Alex Silva


Banho gelado, água de coco, café, coca-cola. Chá de hortelã, canela em pau. Chupar limão, comer ostra em jejum. Ovo cru, comprimidos e orações. Além de beber mais cerveja, é claro. Não acredite em tudo que você ouve por aí sobre como curar uma ressaca. Infelizmente, não existe nenhuma evidência científica de que qualquer remédio ou receita popular resolva o mal-estar que segue uma bebedeira.

“Você pode pesquisar na internet e encontrar todos os tipos de cura, mas essas alegações são apoiadas em poucas provas para se dizer que são verdadeiras”, diz Robert Swift, psiquiatra da Universidade de Brown, nos Estados Unidos, e pesquisador do tema há mais de 20 anos.

É estranho. Afinal, a ressaca é descrita em papiros desde o Egito Antigo e até hoje é um problema sério. Uma empresa de seguros constatou que um terço dos trabalhadores ingleses já bateram ponto de ressaca — 5% deles fazem isso toda semana. Nos EUA, estima-se um prejuízo de US$ 185 bilhões por ano, com faltas e quedas de rendimento provocadas pelo problema. Como pode a medicina moderna não ter uma explicação e uma cura para um problema tão antigo e tão frequente? Primeiro, porque os médicos sempre acharam que não convém.

“A ressaca era vista como uma punição natural para controlar a bebida em excesso”, diz Richard Stephens, psicólogo da Universidade de Keele, na Inglaterra, e coautor de um recente estudo de revisão sobre o assunto. Ou seja, se criassem uma “pílula do dia seguinte ao porre”, o tiro poderia sair pela culatra: talvez as pessoas bebessem mais, o que faria aumentar o número de dependentes da droga. “Devido a esse ‘bom’ efeito, os pesquisadores ficaram longe dela para se focar nos efeitos ‘maus’ da bebida, como o alcoolismo.” Os números confirmam a tese de Stephens: nas últimas cinco décadas foram produzidos quase 13 mil estudos científicos sobre a intoxicação por álcool, mas apenas 145 investigavam a ressaca.

A ignorância sobre o tema também se explica por dificuldades práticas de estudá-lo. Talvez você discorde disso, mas, entre pesquisadores, não pega bem fazer as pessoas tomarem porres em nome da ciência. “É antiético permitir que bebam muito. E, bebendo pouco, a quantidade de álcool pode não ser suficiente para uma ressaca”, diz Stephens. Por isso, alguns estudos usam voluntários que topam ir ao laboratório depois de encher a cara por conta própria. “Só que de ressaca eles não estão muito dispostos a sair da cama.” Quem chega aos cientistas não se lembra bem o que e quanto bebeu — o que também compromete a qualidade das pesquisas.

Outro desafio é criar grupos de controle. Quando se quer testar um remédio, por exemplo, uma parte das cobaias recebe, sem saber, uma substância sem ação farmacológica. Isso desconta o “efeito placebo” e dá aos cientistas um parâmetro. O problema é que, nesse caso, quem recebe o placebo logo percebe que ganhou a cerveja sem álcool — afinal, eles nem ficam bêbados.

Com tanta dificuldade, a ciência não consegue confirmar nenhuma explicação para o fenômeno da ressaca. Apesar (ou justamente por causa) disso, existem diversas teorias sobre a(s) causa(s) do fenômeno — algumas mais populares e aceitas, outras menos. Todas, porém, com seus pontos fracos e incertezas.

A explicação mais popular para a ressaca é a desidratação. Beber 50 gramas de álcool faz uma pessoa urinar de 600 a 1.000 mililitros. Trocando em latinhas, você urina pelo menos o mesmo volume que bebe em cerveja. Se vomitar ou tiver uma diarreia ao fim da bebedeira — eventos relativamente comuns quando se passa da conta—, a falta d'água só piora. E sabe-se que a desidratação causa sede, olhos e boca secos, fraqueza e vertigem — efeitos típicos dos mais trágicos dias seguintes. Coincidência? Talvez. Estudos que analisaram a relação entre hormônios indicadores de desidratação e a intensidade da ressaca não deram em nada. O sujeito pode ter uma ressaca forte, bem hidratado, ou estar sequinho e ter uma ressaca leve. Conclusão: uma coisa não é, necessariamente, causa da outra.

Outras possíveis explicações são efeitos diretos do álcool sobre o estômago, a taxa de açúcar no sangue e o relógio biológico. A droga irrita células da parede do órgão, reduz sua capacidade de se esvaziar e o faz produzir mais ácidos. Isso explicaria dores de barriga, náuseas e vômitos. Ela também reduz a glicose no sangue, única fonte de energia do cérebro — e a falta desse combustível poderia explicar fraqueza e alterações de humor. Também se sabe que o álcool bagunça o relógio biológico. Quem vai pra cama bêbado dorme mal, e geralmente pouco. “Como bebemos à noite, isso compete com o tempo de sono”, diz Swift. Cansaço e dificuldades de concentração seriam consequência disso, talvez.

“Mas não se pode dizer que essas coisas sejam causa da ressaca”, diz a cientista holandesa Renske Penning. Autora da mais recente revisão de estudos sobre o assunto, ela notou que não existe uma associação entre esses efeitos e a intensidade da ressaca. Logo, dificilmente eles são a causa do problema. Outro ponto que coloca em xeque essas teorias é que a ressaca só chega no dia seguinte, quando o álcool e seus efeitos já se foram. Esse “atraso”, aliás, também é o que está por trás de uma das mais bizarras — e menos aceitas — explicações para a ressaca: a da síndrome de abstinência.

Com o tempo, o cérebro de quem bebe muito e com frequência se adapta ao “pé no freio” que o álcool representa. Interrompendo a bebida subitamente, o cérebro “acelera” demais e começa uma síndrome de abstinência — náusea, tremedeira, ansiedade, dores de cabeça, alucinações, agitação e convulsões. Os sintomas persistem por dias, até que o cérebro volte ao normal — ou até que o alcoólico beba de novo. Uma teoria diz que a ressaca seria uma versão desse fenômeno, light e em curto prazo. Apesar de isso não ser comprovado, há quem diga que a cura do porre seja mais bebida. “Isso é combater o mal com um mal pior, pois só adia a ressaca, que pode inclusive voltar mais forte”, diz o psiquiatra da USP Arthur Guerra, especialista em álcool e outras drogas.

As teorias mais aceitas hoje em dia para explicar a ressaca são ligadas ao acetaldeído e, acredite, ao sistema imune. O primeiro é um composto tóxico, intermediário do metabolismo do álcool. Sua concentração varia de acordo com a intensidade da ressaca, indicando uma possível relação de causa e efeito. O mesmo acontece com as interleucinas, proteínas que regulam a atividade do sistema imune. Essa associação suporta a tese de que a ressaca seria uma queda temporária de imunidade — e essa é a linha de investigação mais nova que existe para explicar a ressaca.

Também há pistas de que a ressaca pode ser agravada por diversas coisas que não têm a ver com álcool. A lista inclui desde traços de personalidade — pessoas neuróticas, por exemplo, seriam mais sensíveis a ela — à quantidade de congêneres, ingredientes que não são álcool, mas estão presentes nas bebidas, como metanol e substâncias naturais que dão cor e aroma às bebidas.

Diversas pesquisas mostram que bebidas mais escuras têm mais congêneres e causam ressacas mais fortes. Um estudo holandês de 2006, por exemplo, mostrou que para se ter uma ressaca forte é preciso beber uma quantidade de álcool quase duas vezes maior na cerveja do que no vinho tinto. Uísque e vinho tinto são os piores para o dia seguinte. Gin, vodca e cerveja, os menos perigosos.

Como você pode notar, a ciência mal consegue dizer que mecanismos biológicos desencadeiam o conjunto de sintomas que caracteriza a ressaca. Vários mecanismos podem estar envolvidos com o mal-estar do dia seguinte, provavelmente mais de um deles, mas não se sabe o papel e a importância de cada um para o quadro geral. Sem essa compreensão, é complicado desenvolver um medicamento eficaz. Você deve estar se perguntando: mas e aquele monte de remédios que dizem curar a ressaca?

“Faltam testes clínicos controlados com placebo que examinem a eficácia desses produtos, ou então os produtos mostram eficácia nula ou limitada”, escreveu o cientista holandês Jos Verster, um dos expoentes da pesquisa sobre ressaca, em um editorial de 2012 da revista Current Drug Abuse Reviews. [...]

Aqui no Brasil, alguns remédios já foram obrigados a sair de circulação ou mudar de registro, depois que o Instituto de Defesa do Consumidor questionou a eficácia de uma classe de medicamentos definidos como “hepatoprotetores”. Um deles foi o Engov, obrigado a mudar seu registro e sua bula, para que conste apenas a expressão “alivia os sintomas da ressaca”. Ou seja, todas as promessas de cura são, na verdade, apenas paliativos para um ou outro dos sintomas físicos causados pelo excesso de álcool. Anti-inflamatórios, analgésicos, remédios para enjoo, bebidas para hidratar ou repor eletrólitos. Nada que realmente faça o problema desaparecer. Atualmente, e desde o Egito Antigo, a única coisa que cura mesmo a ressaca é o tempo. O tempo que o organismo precisa para desfazer a misteriosa bagunça que o álcool faz no seu corpo.

Fonte: Aqui

10 fevereiro 2013

Rir é o melhor remédio

Como os aviões voam:

Ilustrar é esclarecer


Desde o tempo do Homem Vitruviano de Leonardo Da Vinci até os raios-X de Rosalind Franklin, certos enunciados da ciência são feitos com muito mais força usando imagens em vez de palavras.


Com o lema de que ilustrar é esclarecer, e que as ilustrações apresentam a conexão mais imediata e influente entre cientistas e cidadãos, a National Science Foundation (NSF – Fundação Nacional de Ciência) e o periódico Science criaram o desafio de Visualização de Ciência e Engenharia, para celebrar a tradição da visualização de ciência e encorajar seu crescimento contínuo.
O espírito da competição é comunicar ciência, engenharia e tecnologia com finalidade educacional e jornalística.
Aqui os vencedores de fotografia e ilustração:

Primeiro lugar e vencedor do voto popular: “Cristais Biominerais Isolados”
1
O primeiro lugar foi para uma foto de cristais de biominerais isolados. Estas estruturas fantásticas são cristais microscópicos que fazem parte do dente de um ouriço do mar.
Cada tom de azul, azul-piscina, verde e roxo destaca um cristal individual de calcita, mineral carbonatado encontrado em mármore, calcário e conchas. A foto foi colorida usando Photoshop e microfotografia de escaneamento de elétrons.
O formato incomum e intrincado destes cristais permitem que os dentes do ouriço do mar, mesmo feitos de uma substância tão macia quanto o giz, sejam fortes o suficiente para triturar rochas.
Crédito: Pupa U. P. A. Gilbert e Christopher E. Killian; Universidade do Wisconsin, Madison
Menção honrosa: “Autodefesa”
2
Essa é uma foto feita pelo radiologista Kai-hung Fung, e mostra duas estratégias diferentes de autodefesa.
O mexilhão da esquerda tem uma concha bivalve, que se fecha ao primeiro sinal de uma ameaça. O caramujo da direita tem uma estratégia diferente: a concha em espiral fornece uma série de barricadas a potenciais invasores.
Fung usou um scanner para visualizar fatias do caramujo e do mexilhão, então desenhou seus contornos usando várias cores, destacando as estruturas complexas. A criação de uma imagem destas envolve o equilíbrio de “dois lados da mesma moeda”, diz Fung. “Um lado é a informação factual, o outro lado é a arte”.
Crédito: Kai-hung Fung, Hospital Oriental Pamela Youde Nethersole em Hong Kong
Primeiro lugar: “Conectividade de um Computador Cognitivo Baseado no Cérebro Símio”
3
Esta estrutura em espirais de néon é o diagrama de fiação de um novo tipo de computador que, segundo algumas definições, pode ser capaz de pensar. Ele foi inspirado na arquitetura neural de um macaco.
Nos últimos 2 anos, o grupo de computação cognitiva da IBM em San Jose, Califórnia (EUA), fez grandes avanços no projeto de um computador que possa detectar padrões, planejar respostas e aprender a partir de erros. A imagem foi feita por Emmett McQuinn, engenheiro de hardware da IBM.
Crédito: Emmett McQuinn, Theodore M. Wong, Pallab Datta, Myron D. Flickner, Raghavendra Singh, Steven K. Esser, Rathinakumar Appuswamy, William P. Risk, e Dharmendra S. Modha
Menção honrosa e vencedor do voto popular: “Infiltração cerebral”
4
Nesta imagem de um cérebro, um tumor maligno aparece como uma massa vermelha à esquerda. As fibras vermelhas são um sinal de perigo. Se forem cortadas pelo escalpelo do neurocirurgião, o paciente pode ter a visão, percepção ou função motora afetadas. As fibras azuis mostram conexões funcionais distantes do tumor que provavelmente não serão afetadas durante uma cirurgia.
Juntas, as fibras azuis e vermelhas fornecem um roteiro para os neurocirurgiões planejarem suas operações.
O estudante de graduação de Ciência da Computação Maxine Chamberland, do Sherbrooke Connectivity Imaging Lab no Canadá, cria imagens como estas semanalmente, usando uma técnica de ressonância magnética que detecta a direção em que as moléculas de água se movem dentro das fibras de matéria branca, e monta uma imagem tridimensional das conexões funcionais do cérebro.
Crédito: Maxime Chamberland, David Fortin, e Maxime Descoteaux, Laboratório de Imageamento de Conectividade Sherbrooke
Fonte: Aqui

21 janeiro 2013

Ciência e Corrupção

Science 4 January 2013:
vol. 339 no. 6115 pp. 30-32

You've just been elected to your nation's highest office! In your inaugural address, announce the biggest challenge facing your country today and how you will use science to address it.

In the 4 January 2013 issue, we ran excerpts from 14 of the many interesting responses we received. Below, you will find the full versions of those 14 essays (in the order they were printed) as well as the best (in alphabetical order) of the other submissions we received.

Would you like to participate in the sixth NextGen VOICES survey? To make your voice heard, go to http://scim.ag/NextGen6.

[...]

In developing growth, Brazil has been recognized as a significant exporter of new tendencies in music, art, and sports. The Brazilian scientific scenario is also changing; it produces half a million graduates and 10,000 PhDs a year, 10 times more than two decades ago, with a significantly increased scientific publication record. However, this nation has been confronting several matters of different natures. Besides all the problems that affect its population, such as unequal wealth distribution, tropical diseases, and drugs, corruption is probably the most important cause of the retard of the Brazilian economy, breaking the fast development. The idea of exchanging favors to reach the aim of a minority has been prospering in the Brazilian politics for a long time. The corruption stamp has marked several Brazilian governments. Indirectly, it kills more than cancer or AIDS. If these billions of reais (Brazilian currency) were invested in health, education, or science, certainly, the progress of this country would be faster than one could imagine. Basic scientific education for our youngsters, who will be the future politicians, would be the main strategy for a long-term action. Ideally, every high school should be directly associated with a research laboratory in which its masters and PhD students should be responsible for giving tutorials for the young apprentices. If we can implement the Max Perutz certainty that "in science truth always wins," maybe it will force national leaders to recognize that everybody plays on the same team and in the same World Cup.
Guilherme Martins Santos
Laboratory of Molecular Pharmacology, Department of Pharmaceutical Sciences, Faculty of Health Sciences, University of Brasília, Brazil. CEP 70910-900, Brazil.
E-mail: gsantos@unb.br