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16 junho 2021

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O impacto duradouro da Teoria de Stigler (e como o status quo ajuda a explicar a resistência

Política e Executivo moderno

Reuniões virtuais vieram para ficar

Alex Rodriguez e o uso da fama para aprender finanças pessoais

Por que gostamos de música triste? - Foto: aqui

A tinta mais branca que existe

Europa amplia o número de empresas que devem evidenciar a sustentabilidade


Passou um pouco desapercebido, mas a Europa está ampliando o número de empresas que serão obrigadas a apresentar os relatórios de sustentabilidade corporativa, conhecido como CSRD. A estimativa é que este número aumente de 11.600 para 49 mil. Isto inclui empresas na bolsa e grandes empresas não listadas. 

A definição de "grande" empresa seria aquela com ativo acima de 20 milhões de euros, receita acima de 40 milhões de euros e número de empregados acima de 250

A evidenciação abrange as metas de sustentabilidade e o progresso feito para alcançá-las, a função dos órgãos de administração, gestão e governança em relação aos fatores de sustentabilidade, os impactos negativos mais significativos da empresa, entre outras informações. 

Rir é o melhor remédio



Dez maneiras de saber que você é um contador 

... Amigos sempre pedem para você dividir a conta do restaurante e a gorjeta. 
... Espera-se que você seja sempre aquele que controla o bolão da loteria e a lista de presente de casamento 
... Você é o único que não gosta das piadas de Michael Scott com Kevin, Angela e Oscar 
... Estranhos se aproximam de você nas festas e perguntam "Como faço para pagar menos impostos?" 
... Você fica irritado quando vê jornalistas dando conselhos fiscais imprecisos 
... Quando você entra em uma loja de varejo, você se pergunta qual a margem de lucro 
... Você se recusa a comprar certos produtos porque sabe a margem de lucro. 
... Os parentes ligam para você no mês final de entrega do imposto de renda 
... Você conta uma lista não numerada como esta para verificar se ela realmente contém 10 itens 

 Adaptado de daqui. Imagem aqui

15 junho 2021

Ronaldo, Coca-Cola e Água


O gesto de Cristiano Ronaldo durante uma coletiva de imprensa pode ter custado cifras milionárias à Coca-Cola. Em uma entrevista na segunda-feira, dia 14, antes da partida entre Portugal e Hungria, pela Eurocopa, o atacante removeu duas garrafas do refrigerante da sua frente da mesa de conferência e trouxe uma de água mais para perto dele, fazendo uma referência para que as pessoas bebessem mais água. 

Segundo o jornal espanhol Marca, pouco antes do gesto do atacante português, as ações da Coca-Cola estavam custando US$ 56,10. Cerca de meia hora depois, quando Cristiano Ronaldo deixou a sala de entrevista, o preço de uma ação tinha atingido um valor mínimo de US$ 55,22, provocando uma desvalorização muito grande das ações da marca. O jogador costuma enaltecer alimentação saudável. Seu gesto pode ter desencadeado uma queda de 1,6% das ações da Coca-Cola na Bolsa de Valores. 

Segundo o periódico espanhol, em termos econômicos, a empresa perdeu US$ 4 bilhões com isso, saindo de um valor de US$ 242 bilhões para US$ 238 bilhões. A Coca-Cola é parceira de longa data da Uefa e patrocina a Eurocopa desde 1988. São nove edições seguidas, incluindo a atual, e é comum ela colocar sua bebida ao lado dos microfones durante as entrevistas coletivas de técnicos e jogadores. 

Procurada, a empresa disse que não iria se manifestar. Já a Uefa avisou que não prevê qualquer tipo de punição ao jogador, mas reforçou que a empresa Coca-Cola oferece uma variedade de bebidas para atender a diferentes gostos e necessidades, que estão disponíveis para os jogadores durante todo o torneio. "Isso inclui águas, bebidas isotônicas e sucos, café e chá, bem como Coca-Cola. Os jogadores recebem água, ao lado da Coca-Cola e da Coca-Cola Zero, na chegada às nossas coletivas de imprensa. Todos têm direito às suas preferências de bebida", disse.

Fonte: aqui

Dica: Jomar Miranda e Sérgio Nazaré, grato.

Regulação e Stigler


Este ano estaremos comemorando os 50 anos da publicação de um artigo de Stigler sobre regulação. O texto Teoria da Regulação Econômica teve uma grande influência no debate acadêmico e é importante para o entendimento do processo de produção de normas contábeis. 

Uma série de artigos já foram publicados para mostrar a relevância do artigo de Stigler. Até o artigo, a regulação por parte do governo era considerada como uma necessidade para corrigir as falhas do mercado. Esta regulação começa no final do século XIX; nos dias atuais, a regulação é uma presença em quase todos os mercados mundiais. Somente nos Estados Unidos, o número de agências era, em 2019, 117, com 1,4 milhão de funcionários. 

Stigler mostrou que a regulação pode servir para defender o interesse próprio dos atores que estão sob seu guarda-chuva. Esta ideia foi a principal contribuição de Stigler. A questão da captura regulatória, onde os atores dominam o órgão regulador, tem como exemplo recente o caso do Facebook. Seu executivo pediu para ser regulado durante o depoimento no Congresso dos Estados Unidos. Na contabilidade, os reguladores são dominados pelas empresas de auditoria e pelos executivos financeiros. É rara a presença de usuário nessas entidades.  

um artigo que chamou minha atenção. Ele critica Stigler e sua teoria, afirmando que é difícil de acreditar que a captura é uma regra. Ou seja, é falsa a afirmação de que a regulação é adquirida pela indústria e operada em seu benefício. Eis um trecho:

Suponha que um regulador ambiental tome medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa das usinas de energia ou para controlar os níveis de partículas no ar ambiente. Devemos dizer que a regulação da poluição do ar foi adquirida pela indústria e opera em seu benefício? Sempre? A maior parte do tempo? De vez em quando? Para começar a entender qualquer afirmação desse tipo, podemos querer distinguir entre as condições necessárias e suficientes. É uma condição necessária que “a indústria” queira a regulamentação? Essa condição é suficiente? 

(...) Essa proposição é falsa. Como regra, a regulação não é adquirida pela indústria e não é projetada e operada em seu benefício. 

Imagem: aqui

A atração por Delaware


O estado Delaware é o segundo menor estados dos Estados Unidos e o sexto com menor população. Mesmo sendo tão pequeno, o Delaware é uma potência capitalista: mais de 200 mil empresas possuem sede no estado do Delaware. Como o estado possui perto de 1 milhão de habitantes, isto corresponde a uma empresa por cada 5 habitantes. 

A estimativa da Wikipedia parece ser conservadora. Segundo a Zachary Crockett (em The Hustle) são quase 1,5 milhão de empresas incorporadas no Delaware, o que inclui 68% entre as 500 maiores empresas da Fortune. Qual seria a razão para o sucesso capitalista do Delaware? 

Um dos motivos é a legislação tributária. Os impostos são reduzidos, a tal ponto que o estado também é conhecido como sendo The Land of Free-Tax Shopping. Em 1891, o estado adotou uma lei tributária muito generosa. Ao estabelecer por lá, a empresa poderia economizar muitos tributos e ter vantagens na sua expansão. Um exemplo: os intangíveis não pagam impostos. Como consequência, é muito comum uma empresa transfere estes ativos para Delaware. Como o estado financia suas atividades? Através de um valor de franquia e algumas taxas. 

O segundo motivo é a norma para as entidades. Em 1899, o estado aprovou a Lei Geral das Sociedades de Delaware, que reduziu ao mínimo as restrições às ações corporativas e fez do local um ambiente muito hospitaleiro para as corporações, com poucos impostos, pouca burocracia e pouco litígio. Em Delaware, um processo de incorporação pode levar menos de uma hora para ser concluído e o estado não exige a divulgação dos diretores e conselheiros. 

O terceiro motivo é a facilidade com que os litígios são resolvidos. Os juízes estaduais são, muitos deles, especializados em direito empresarial. E as pendências são resolvidas pelos juízes, não pelo  júri. Um julgamento em Delaware pode durar 4 dias e os tribunais são extremamente favoráveis aos negócios. 

Qual a razão de comentar isto em um blog de Contabilidade Financeira? Sabe aonde fica a sede do Iasb? Errou se você respondeu Londres. A resposta correta é Delaware.

Sem precedente

 

Veja que gráfico interessante. O número de vezes que a palavra unprecedent (sem precedente) foi utilizada nas apresentações da empresas. Não é difícil descobrir a razão. 

Mudança de nome

A entidade que emite normas de contabilidade para o setor público dos Estados Unidos, o Gasb, anunciou a mudança de nome do relatório. 

De Comprehensive annual financial report para Annual comprehensive financial report. Aparentemente não é uma mudança substancial. O curioso é o motivo. Segundo a entidade, o primeiro termo forma um acrônimo - CAFR - que seria ofensivo em termos raciais para os negros da África do Sul. 

A explicação está melhor detalhada aqui. CFAR, quando falado em voz alta, soa próximo a Kaffir. Na sua origem, Kafir é um descrente do Islã ou infiel. Mas na África do Sul é usado como calúnia racial, sendo uma injúria. 

É importante notar que a mudança no nome não irá alterar o relatório. 

Links

Como Bill Gates influenciou no modelo de vacinação mundial do Covid

150 anos da Revolução Marginalista e a contribuição de Menger

Futuro do dinheiro 

Como está a restauração de Notre Dame

Neste mundo, nada é certo, exceto a morte e os impostos"

Luckin Coffee tenta sobreviver, trocando o auditor

Rir é o melhor remédio

 

Controle interno de algumas empresas

14 junho 2021

Novo momento para as Big Techs

Unir democratas e republicanos não é tão simples, mas o poder das grandes empresas de tecnologia consegue. 

Um grupo bipartidário de legisladores da Câmara aprovou 5 projetos de lei antitruste para as BIG TECHs. A ideia é frear o crescimento de algumas empresas do setor ou, em outras palavras, colocar alguns “radares” nessa rodovia a caminho do monopólio. 

 Não precisamos nem dizer o tamanho e o poder que empresas como Amazon, Facebook, Google e Apple têm. Esses projetos de lei, no entanto, fariam com que vários modelos de negócio dessas companhias precisassem ser reestruturados. [...]

Algumas das possíveis mudanças para as BIG TECHs… 

- Elas não poderão criar jornadas que favoreçam seus próprios produtos em detrimento dos concorrentes. Apple Music x Spotify, que tem que pagar taxa na App Store; 

- Não se poderá mais promover produtos próprios nos resultados de pesquisa em prejuízo de um concorrente. Google 👀 

- As plataformas terão que facilitar a portabilidade de dados de um serviço para outro; 

- Por último, a ideia é dificultar a compra de concorrentes menores por parte das gigantes. ​It's a long road... 

Até que tudo isso seja concretizado, os projetos precisam passar 1) pelo Comitê Judiciário da Câmara, 2) pela Câmara, 3) voltar para o Senado e, por fim, 4) ser sancionado por Biden. De qualquer maneira, é um momento marcante do setor. 

Fonte: Aqui

11 junho 2021

Como é feito o seguro de obras de arte?

Saiu  na Superinteressante:


Existem seguradoras só para isso. O primeiro passo é estimar o valor da peça. O proprietário da obra (seja um colecionador individual ou um museu) deve informar o valor a ser segurado. Se a obra foi adquirida em um leilão, o lance final é a base para o cálculo. Quando a obra nunca foi negociada, especialistas fazem uma estimativa que considera época, autor, movimento artístico, relevância para o acervo da instituição.

Qualquer “valor” que se atribua a uma obra de arte é subjetivo, pois cada peça é única e insubstituível. A seguradora ainda pode confirmar o valor informado pelo proprietário por meio de uma equipe de avaliação e relatórios de casas de leilões tradicionais. A centenária Christie’s, por exemplo, leiloou a obra Salvator Mundi, de Leonardo da Vinci, por U$450.3 milhões em 2017 (R$2,5 bilhões pela cotação atual).

O valor ressarcido em caso de perda total pode até acabar sendo mais alto que o valor de mercado da obra. Isso acontece, por exemplo, se um quadro contém inovações estilísticas, mas não vai bem em leilões. “Retratos de pessoas, por exemplo, normalmente têm um valor de mercado muito inferior – porque o comprador quer o rosto de alguém com quem ele não tem relação nenhuma estampado na sala”, disse Cecília Winter, restauradora do Museu de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), em entrevista à Super em 2020. “Mas essa obra pode ter um refinamento de técnica, uma inovação que é importante para a história da arte, então o valor de seguro dela seria maior do que o valor de mercado”.

O seguro total de uma exposição de arte pode passar dos bilhões de reais. Curiosamente, o valor que o museu paga para contratar o seguro (“prêmio”, no jargão da seguradora) é baixo, porque perdas totais são muito raras. A organização de uma exposição é tão cuidadosa que as chances de uma perda parcial ou total das obras são ínfimas.
[...]

Danos passíveis de restauração são mais comuns. Nesse caso, o seguro cobre a restauração da obra. Apesar de serem raros, existem exemplos de obras totalmente perdidas – vide o incêndio do Museu da Língua Portuguesa em 2015 e do Museu Nacional em 2018. Em caso de perda total, a companhia de seguros envia seus especialistas para inspecionar a propriedade e os registros que comprovam a perda antes de repassar o valor ao cliente.

Segundo fontes do MASP, a instituição nunca precisou acionar o seguro para suas obras. Isso aumenta a credibilidade do museu e mostra o cuidado que ele tem com as peças, o que pode diminuir o valor pago à seguradora durante a negociação da apólice. O MASP faz um contrato anual com a seguradora que cobre o acervo fixo e exposições temporárias.

O seguro de obra de arte mais caro da história não poderia ser outro: Mona Lisa. Em 1963, ela ficou exposta nos Estados Unidos a pedido da primeira dama Jackie Kennedy. Na época, o seguro da obra cobria um valor de U$100 milhões – o equivalente a U$865 milhões em valores atuais (ou R$4,7 bilhões).

O Abaporu é a tela brasileira mais “valiosa” no mercado de arte, com seguro de U$45 milhões (R$270 milhões). No entanto, ela saiu do Brasil por bem menos: o colecionador argentino Eduardo Constantini comprou a obra em 1995 por U$2,5 milhões. Hoje, ela está exposta no Museu de Arte Latino-Americana, em Buenos Aires – mas fez uma breve visita ao Brasil em 2019, tornando a exposição “Tarsila Popular” a mais visitada da história do MASP.

Rir é o melhor remédio

 

Fonte: Aqui

10 junho 2021

Efeito do Custo Perdido no Investimento corporativo

 Resumo:


Sunk costs are unrecoverable costs that should not affect decision-making. I provide evidence that firms systematically fail to ignore sunk costs and that this leads to significant investment distortions. In fixed-exchange-ratio stock mergers, aggregate market fluctuations after parties enter into a binding merger agreement induce plausibly exogenous variation in the final acquisition cost. These quasi-random cost shocks strongly predict firms’ commitment to an acquired business following deal completion, with an interquartile cost increase reducing subsequent divestiture rates by 8-9%. Consistent with an intrapersonal sunk cost channel, distortions are concentrated in firm-years in which the acquiring CEO is still in office.

Fonte: In Too Deep: The Effect of Sunk Costs on Corporate Investment, May 2021




04 junho 2021

TED: Um plano de duas etapas para economizar mais

Economizar dinheiro é como se exercitar ou ter uma alimentação saudável – é mais fácil falar do que fazer. A cientista comportamental Wendy De La Rosa simplifica o processo com duas dicas rápidas que podem ajudar você a alcançar seus objetivos.

01 junho 2021

Damodaran critica ESG

Na crítica mais radical já feita ao conceito de ESG, Aswath Damodaran tentou desconstruir o consenso do mundo corporativo ao redor de se adotar padrões ambientais, sociais e de governança nas empresas.

Dentre outras críticas diretas (e polêmicas), o ‘papa do valuation’ disse que considera o ESG o conceito mais “overhyped” e “oversold” da história do mundo dos negócios.

“Nunca vi um conceito com tão pouco por trás ser adotado por tantas pessoas e de forma tão entusiástica,” disse ele durante um evento da MOI Global, para discutir seu livro, “The Dark Side of Valuation.”

Segundo ele, o motivo para isso é que muitas pessoas estão ganhando dinheiro com ESG. “Mas nenhuma delas é investidor ou funcionário de empresas — são os consultores e advisors dos gestores de portfólio.”

Até aí, trata-se de uma crítica razoável: há setores do mercado que vivem da narrativa e não da prática de ESG, e há mesmo cada vez mais dinheiro circulando ao redor do tema.



31 maio 2021

Efeito da Retirada do ICMS da base do PIS/Cofins

 A mudança na base de cálculo do PIS e da Cofins produzirá efeitos fiscais relevantes sobre a arrecadação federal. Em 2017, o STF decidiu que o ICMS não deveria ser computado na base dessas duas contribuições federais. A modulação da decisão ocorreu agora. Primeiro, a Receita Federal deverá devolver aos contribuintes os valores pagos a maior calculados desde março de 2017. Segundo, o valor considerado para o cálculo da devolução (por meio de crédito tributário) será o ICMS destacado nas notas fiscais. Estimativas preliminares da IFI indicam um custo médio anual de 0,6% a 0,9% do PIB entre 2021 e 2030. O efeito acumulado do período 2017 a 2020 é estimado entre 0,9% e 2% do PIB. Em 2021, no Cenário 1 apresentado, o efeito sobre as receitas é estimado em R$ 120,1 bilhões (1,5% do PIB), computadas as compensações trazidas de 2017 a 2020 e as perdas simuladas para o ano corrente.


A retirada do Imposto sobre Circulação e Movimentação Financeira (ICMS) na base de cálculo dos impostos federais PIS-Cofins, prevista na “tese do século”, deve provocar um impacto de R$ 120,1 bilhões nas contas públicas deste ano, o equivalente a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa é a estimativa feita pelo economista Felipe Salto, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI).

De acordo com a nota técnica da IFI divulgada nesta segunda-feira (31/05), os levantamentos preliminares indicam um custo médio anual de 0,6% a 0,9% do PIB, entre os anos de 2021 e de 2030. Com isso, um balde de água fria cai nas estimativas recentemente otimistas do governo de redução do rombo das contas públicas deste ano. Outro cenário estimado pela IFI mostra ainda perdas de R$ 162,9 bilhões para o estoque de 2017 a 2020.

Fonte: IFI Senado