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05 março 2014

Moeda como medida

Robert Shiller fez uma interessante análise sobre o Bitcoin para o New York Times (In Search of a Stable Electronic Currency). Inicialmente Shiller afirma que o Bitcoin foi uma típica bolha especulativa e isto ficou claro com a queda de preço da moeda. E que o Bitcoin não tem futuro em substituir a moeda como meio de troca, já que ele “não resolve nenhum problema econômico”. Ou seja, para Shiller o Bitcoin não irá substituir os bancos ou os governos, pois não existe nenhuma necessidade para isto.

Shiller está mais interessado no surgimento de uma moeda que possa servir de unidade de medida. O economista volta sua atenção para o Chile, onde existe a Unidade de Fomento (UF) desde 1967. Eis um trecho do texto:

No Chile, um proprietário pode facilmente definir a renda mensal [de aluguel] para o inquilino em UFs e depois nunca mais ter que mudá-lo, reduzindo a possibilidade de erros, atrasos e mal-entendidos.

Ou seja, a unidade de fomento parece muito com a antiga ORTN, ou UFIR, ou UMC ou diversas outras moedas conversíveis que tivemos no Brasil entre os anos 60 e 90. Em lugar de ser uma unidade de medida, estas moedas indexaram toda economia. E foram manipuladas.
Péssima ideia.

Excentricidade na arte

Em geral quando pensamos em artistas, associamos uma figura excêntrica, com ar desleixado e vestimenta pouco convencional. Lady Gaga (foto) apareceu recentemente com um vestido feito de carne. Secos e Molhados fizeram sucesso cantando com rostos pintados e roupas exóticas. O estereotipo do artista possui, aparentemente, a finalidade de aumentar o valor da sua arte.

Uma série de experimentos mostrou que se as pessoas ficam sabendo que um trabalho foi feito por um artista excêntrico isto aumenta seu valor. Quando eram informados que a obra era feita por alguém com uma personalidade excêntrica, os participantes avaliaram de maneira mais positiva. A excentricidade só não rendia frutos para o artista quando a atitude era falsa, uma jogada de marketing.

Leia mais:
Wijnand ADRIAAN Pieter van Tilburg e ERIC RAYMOND IGOU (2014). De Van Gogh a Lady Gaga: Artista excentricidade aumenta percebido habilidade artística e apreciação da arte. European Journal of Social Psychology (via aqui)

Europa e mais informações

A Comunidade Européia está promovendo uma reforma que poderá alterar as informações não-financeiras que são evidenciadas por grandes empresas nas suas demonstrações contábeis. Isto inclui informações ambientais, sociais, de direitos humanos, atividades de combate à corrupção e relacionadas aos funcionários. As empresas que estarão abrangidas incluem aquelas com mais de 500 funcionários com ações na bolsa.

Para que seja efetivado, a proposta deve ser aprovada no Parlamento Europeu e pelos membros da Comunidade. A expectativa é que a primeira fase seja votada em abril.

04 março 2014

Amilton Paulino Silva

Repasso a mensagem abaixo porque sei que muitos alunos do Amilton lêem o blog. Mandemos, cada um com a sua crença, boas energias para a família que fica.


É com muito pesar que comunico o falecimento de meu grande amigo Amilton Paulino (aluno do doutorado e professor do departamento de Ciências Contábeis da Universidade de Brasília).

Alguns colegas que tiveram a oportunidade de estudar com ele no ano passado vivenciaram o seu esforço, indo às aulas mesmo em tratamento. Foi um guerreiro!!

[...]

Atenciosamente,
Rosane Pio


Rir é o melhor remédio





Carta aos Acionistas de Buffett

Um dos eventos anuais mais aguardados no mundo dos negócios é carta aos acionistas escrita por Warren Buffett. Buffett é um bilionário que fez fortuna investindo em ações. É um dos maiores gurus daqueles que gostam de investimento de risco. Seus conselhos são esperados por refletir o momento do mercado.

David Yanofsky fez uma análise destas cartas. Em geral estes textos possuem entre 12 mil e 16 mil palavras.


 As três palavras mais usadas por Buffett é “Charles and I”, sendo usada 425 vezes entre 1977 a 2014. Charles, para quem não sabe é seu sócio na empresa de investimento.



A palavra mais utilizada é business, 1905 vezes, depois lucro (1605).

A cada ano a carta adiciona novas palavras que não tinha sido usada anteriormente. No último ano foi o menor número da história, mas isto já era de esperar dentro de um vocabulário restrito da área de negócios. 

Listas: 8 coisas absurdas das marchinhas famosas

Em tempos em que as promessas de sucesso para o carnaval são faixas como “Lepo Lepo” e “Bilu Bilu”, muita gente se pegou sentindo saudade das clássicas marchinhas que costumam dominar as festas dessa época do anos no passado. Afinal, quem nunca se divertiu cantando “Me dá um dinheiro aí!”, “Chiquita Bacana” ou “Mamãe eu quero”, entre muitas outras?

O que a maioria das pessoas não percebe é que mesmo essas canções festivas mais antigas têm seus lados estranhos – e em alguns casos até macabros. A seguir, você vê uma lista com trechos absurdos de marchinhas de carnaval nos quais você nunca prestou atenção.

8 – O drama da traição na terceira idade
Em “A pipa do vovô não sobe mais”, vemos o caso de um pobre senhor idoso que, afetado por um caso grave de impotência sexual, acaba “passado para trás” pela sua companheira. E muita gente se divertiu com isso.


7 – Stalker carnavalesco
A marchinha “Máscara Negra” com a história de um folião que, fantasiado de Pierrô, roubou um beijo de uma moça durante as festa e passou a persegui-la por um ano. Como se isso não bastasse, ele ainda ameaça repetir o abuso.


6 – Ninguém é de ninguém, nem quem é casado
A internacionalmente famosa Carmem Miranda também não se prendeu a inocência alguma quando cantou “Mamãe eu quero”. Na marchinha, ela interpreta um sujeito que, de olho nas moças, não apenas lamenta não ser mais uma criança de peito, como ainda oferece sua irmã casada para quem quiser pegar.


5 – Transplante de coração e maltrato aos animais
Como se não bastasse a música “Coração Corinthiano” falar de um homem que precisou de um transplante cardíaco por causa de seu fanatismo futebolístico, a marchinha “A Sogra e o Jacaré” nos conta sobre uma senhora que ficou com o músculo vital do réptil desavisado e o deixou para morrer.


4 – O existencialismo e a banana
Você está em plena folia carnavalesca e ouve cantarem a história de uma tal Chiquita Bacana, que é “existencialista (com toda razão)” e usa apenas uma “casaca de banana nanica” como vestimenta.
O que fazer? Sorria, acene e siga com sua vida.


3 – Casos de família
E a mãe influenciou a filha, já que a descendente direta da infame Chiquita acabou se mostrando fã do fruto que marcou sua mãe. Além disso, ela aderiu ao feminismo, entrando para o “women’s liberation front”.


2 – Verdades alcoólicas
Na marchinha do “Pierrô Apaixonado”, descobrimos um lado pouco famoso de sua amada Colombina: ela não apenas manda o pretendente a deixar em paz e ir tomar sorvete com o Arlequim, mas o faz com muita grosseria depois de encher a cara em um botequim.


1 – Ameaça de confusão em nome da bebida
Quem já foi assaltado em uma festa de carnaval certamente não vai muito com a cara da famosa canção “Me dá um dinheiro aí!”. Nela, um folião bagunceiro ameaça os transeuntes criar uma grande confusão de tanto beber se eles não derem dinheiro para ele. Que folga!


Fonte: Megacurioso e YouTube

Estudando no carnaval?


Muitos por aqui estão se preparando para o Exame de Suficiência, estudando para concursos (ou para o vestibular, por que não!?), se preparando para oportunidades na carreira. Enquanto o Brasil pula carnaval, o samba por aqui é no ritmo dos livros e apostilas. Para tentar apoiá-los, acompanha-los e inspira-los, seguem algumas frases do CPA Exam Club, Goodreads, Pinterest, Instagram, BrainyQuote e afins:

** Seja mais forte que as suas desculpas **



Eu errei mais de 9.000 lances na minha carreira. Perdi cerca de 300 jogos. Em 26 vezes foi confiada a mim a oportunidade do arremesso que traria a vitória da partida e eu falhei. Eu falhei e falhei de novo por toda a minha vida. E é por isso que eu tenho sucesso.
Michael Jordan

A força não provém da capacidade física. Provém de uma vontade indomável.
Mahatma Gandhi

Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos.
Friedrich Nietzsche



Paciência, persistência e transpiração são ingredientes imbatíveis para o sucesso.
Napolean Hill


Eu odiava cada minuto de treinamento. Mas falava para mim: “Não desista. Sofra agora e viva o resto da sua vida como um campeão”.
Muhammad Ali


Claro que é difícil. Se fosse fácil, qualquer um faria. É a dificuldade que o torna grande.
Tom Hanks, A League of Their Own


O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar de novo com mais inteligência.
Henry Ford


Se fracassar, ao menos que fracasse ousando grandes feitos, de modo que a sua postura não seja nunca a dessas almas frias e tímidas que não conhecem nem a vitória nem a derrota.
Theodore Roosevelt

03 março 2014

Bilionários

Jorge Paulo Lemann é o único brasileiro a aparecer na lista dos 50 mais ricos do mundo da revista Forbes. Lemann aparece na 34ª posição, com fortuna estimada em US$ 19,7 bilhões. Também na lista, que inclui 1.645 bilionários, aparecem os nomes de mais 64 brasileiros, com destaque para Joseph Safra, em 55º lugar, e Marcel Herrmann Telles, em 119º.

Bill Gates, com fortuna de US$ 76 bilhões, voltou a liderar o ranking da Forbes no lugar do mexicano Carlos Slim, que liderou a lista nos últimos quatro anos e agora aparece em segundo lugar, com US$ 72 bilhões.

Em seguida, aparecem o empresário espanhol Amancio Ortega, com US$ 64 bilhões, o megainvestidor norte-americano Warren Buffet, com US$ 58,2 bilhões, e o também norte-americano e fundador da Oracle, Larry Ellison, com US$ 48 bilhões.

O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, foi, de acordo com o ranking da Forbes, o bilionário que mais faturou em dólar no ano passado, cuja fortuna saltou de US$ 15,2 bilhões para US$ 28,5 bilhões, após o IPO da rede social. Zuckerberg aparece em 21º lugar.
Juntos, os 1.645 bilionários da lista da Forbes somam fortuna de US$ 6,4 trilhões, valor superior aos US$ 5,4 trilhões somados em 2012. No total, existem 172 mulheres entre os mais ricos do mundo ante 138 registradas um ano antes.


Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio




História da Contabilidade: Contabilidade Pública antes da Lei 4.320

No ano de 1964 tivemos a aprovação da Lei 4.320 que altera a contabilidade pública brasileira. Já comentamos em postagens anteriores que somente no início do século XX é que o governo estadual do Paraná adotou as partidas dobradas. A experiência do Paraná foi interrompida e logo a seguir o governo do estado de São Paulo, através de Carlos de Carvalho, também adotou as partidas dobradas. A experiência de São Paulo e alguns outros estados incentivou a adoção do método contábil de Veneza por parte do governo federal. Em outras palavras, foi somente com muito atraso que o método das partidas dobradas, já disseminadas nas economias mais desenvolvidas do mundo, chegou à contabilidade pública brasileira.

Em 1922 tivemos a aprovação do Código da Contabilidade Pública. Este conjunto de normas perdurou durante muitas décadas. Apesar dos diversos encontros de especialistas na área e da presença de nomes importantes da contabilidade brasileira atuando na área, como a figura de Francisco D´Auria, a contabilidade pública brasileira parou no tempo.

Na década de cinquenta já era perceptível a necessidade de desenvolver novas ideias e abordagens para área. O Senado Federal começou a discutir um projeto de lei, de número 38.932, sobre a questão orçamentária e contábil. A proposta envolvia a normatização da contabilidade pública (I). O Ministério da Fazenda, através do Conselho Técnico de Economia e Finanças, faz um substitutivo sob o comendo de Valentim Bouças, seu secretário-técnico. Este substitutivo foi considerado por Carvalho Pinto, na época secretário da Fazenda de São Paulo, com tecnicamente adequado, mas que feria a constitucionalidade de estados e munícipios (II).

Durante o curto governo de Jânio Quadros, uma série de estudos foram realizados no Ministério da Justiça para reformar legislações, incluindo nesta área (III). Estes estudos continuaram durante o parlamentarismo (IV). No final de 1962 o Ministério contratou especialistas para elaborarem anteprojetos em diversas áreas (V). Em 1963 o então ministro da Justiça, João Mangabeira, designou Carlos José de Assis Ribeiro, Francisco Sá Filho e Amilcar de Araújo Falcão para examinarem o anteprojeto de código da contabilidade pública (VI).

Um aspecto importante: a reforma na área pública era uma plataforma política. O partido PSD chegou a considerar “um novo código de contabilidade pública” como parte das diretrizes gerais da reforma administrativa (VII)

(I) O Estado de São Paulo. Disciplina da contabilidade pública. 14 de setembro de 1957, ed. 25267, p. 16.
(II) O Estado de São Paulo. Disciplina da contabilidade pública. 14 de setembro de 1957, ed. 25267, p. 16.
(III) O Estado de São Paulo. Aprovados os estudos sobre a reforma dos códigos. 20 de julho de 1961, ed 26453, p. 64.
(IV) O Estado de S Paulo. Códigos: juristas prepararão as reformas. 10 de novembro de 1962, ed. 26856, p. 6.
(V) O Estado de S Paulo. Códigos: juristas prepararão as reformas. 10 de novembro de 1962, ed. 26856, p. 6. Tratava-se do Decreto 5105, de 20 de julho de 1961. Vide A Noite. Legislação Brasileira está sendo reformada. 15 de janeiro de 1963, ed 17.123, p. 3.
(VI) A Noite. Comissão Designada. 9 de janeiro de 1963, ed 17118, p. 5. Cada jurista recebeu um milhão de cruzeiros. Vide A Noite. Legislação Brasileira está sendo reformada. 15 de janeiro de 1963, ed 17.123, p. 3.

(VII) Jornal do Brasil. PSD já tem linhas gerais da Reforma. 1 de fevereiro de 1963, ed 27, p. 1. Vide também Jornal do Brasil. As diretrizes gerais da Reforma Administrativa. 1 de fevereiro de 1963, ed 27, p. 6.

História da Contabilidade: Valentim Bouças

Um nome que sempre aparece na investigação histórica da contabilidade pública brasileira é o de Valentim Bouças. Nascido em Santos, em 1891, filho de imigrante espanhol e mãe portuguesa. Em 1909 diplomou-se na Academia de Comércio José Bonifácio, na primeira turma da Academia e único aluno a se formar. 

Quatro anos antes já trabalhava como boy da Companhia Docas de Santos e ao se formar, tornou-se guarda-livros da Correia Magalhães, uma empresa de exportação de café. Depois, foi vendedor da National Cash Register, que vendia caixas registradoras, sendo eleito o melhor vendedor da América do Sul.
Conseguiu a representação da IBM para o Brasil, vendendo, e muito, as máquinas Hollerith de contabilidade de cartões perfurados, até 1949, onde chegou a vice-presidência. Em 1941 foi diretor da ITT, empresa de telefonia, depois diretor fundador da Goodyear do Brasil. Como empresário, Bouças foi ajudado pela adoção, em 1917, pelo Ministro da Fazenda, das máquinas Hollerith. Bouças andou de Zeppelin e fez a primeira chamada telefônica internacional do Brasil.

O sucesso de Bouças se traduziu nas suas amizades: Saint Exupéry (do “Pequeno Princípe), Vargas,
A presença de Bouças na área pública começou quando começou a colaborar com José Maria Whitaker, em 1931, na reorganização da dívida brasileira e na organização. Depois disto, participou de inúmeras comissões e delegações brasileiras. Foi secretário-geral do Conselho Técnico de Economia e Finanças do Ministério da Fazenda e da Conferências dos Secretários de Fazenda. Foi presidente das três primeiras conferências de Contabilidade Pública.

Participou ativamente da comissão responsável pela reformulação da contabilidade pública brasileira no início dos anos 1960. Mas em 1964 falece na cidade de São Paulo.

Leia Mais em:

VALENTIM BOUÇAS. Observador Economico e Financeiro. Ed. 300, 1961, p. 9 a 12. 
Neste blog: Aqui