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20 setembro 2012

Cruzeiro do Sul

"Como os controladores do Banco Cruzeiro do Sul foram indiciados por uma suposta fraude se o recurso de âmbito administrativo perante o Banco Central ainda nem foi julgado?", questionou o criminalista Roberto Podval, que defende os banqueiros Luís Felippe e Luís Octávio Índio da Costa.

Para o advogado, "o indiciamento foi prematuro porque o recurso no procedimento administrativo pode determinar que aqueles fatos (as operações) são corretos".

A Polícia Federal ainda não tem dados consolidados sobre o tamanho do rombo no Cruzeiro do Sul. No caso do Banco Panamericano, inicialmente o inquérito apurou prejuízos da ordem de R$ 1,5 bilhão. Ao final, os federais descobriram que a trama levou a um rombo de R$ 4,3 bilhões - em agosto, a Justiça Federal acolheu denúncia da Procuradoria da República e abriu ação penal contra os antigos dirigentes do Panamericano.

A PF revela preocupação com o impacto que operações como as do Cruzeiro do Sul e do Panamericano causam no mercado financeiro. As buscas na residência de Luís Octávio e na empresa da família que estaria sendo usada para ocultar patrimônio foram ordenadas pelo juiz Márcio Catapani, da 2.ª Vara Criminal Federal em São Paulo.

"Não obstante o indiciamento a que foram submetidos, (Luís Felippe e Luís Octávio) não se recusaram a depor, explicaram tudo", disse Podval. "Não houve operação para maquiar balanço e para retiradas de valores. Se era maquiagem, não tinha dinheiro. Até porque todo o dinheiro deles está no banco, não saiu nada da instituição."

Segundo o advogado, antes mesmo da implantação do Regime de Administração Especial e Temporária (Raet), imposto pelo Banco Central ao Cruzeiro do Sul, os controladores não realizaram transferências de valores. "Não houve nenhuma ocultação de bens. Os bens estão como sempre estiveram, nada foi modificado."

Para Podval, a ordem judicial que tornou indisponível o patrimônio dos banqueiros não tem efeito prático. "Todos os bens já foram bloqueados pelo BC. Como são diretores do banco, por ocasião do Raet eles assinaram termo indicando os bens que possuem para bloqueio."

O advogado protocolou petição na Justiça Federal, com cópia para a PF e para o Ministério Público Federal. "Estou colocando (os banqueiros) à disposição das autoridades. Se quiserem qualquer documento que não localizaram na busca, é só avisar que vamos entregar."


'Não houve maquiagem de balanço', afirma defesa - O Estado de S.Paulo - 19 de set 2012

A importância do Contador

O Ministério Público Federal em São Paulo afirmou que os ex-controladores do Cruzeiro do Sul, Luiz Felippe e Luis Octavio Indio da Costa, mais um ex-conselheiro e uma ex-diretora do banco são investigados por formação de quadrilha. "Eles teriam se unido de maneira estável e estruturada para administrar o banco de maneira fraudulenta", disse o Ministério Público em nota, que também apura lavagem de dinheiro.

Segundo o Valor apurou, os investigados são Maria Luisa Garcia de Mendonça, das áreas de contabilidade e controles internos, e Horácio Martinho Lima.

(...) Segundo o Ministério Público, as operações de fraude no banco resultaram em um lucro artificial que, por sua vez, gerou o pagamento indevido de R$ 90 milhões aos acionistas. "Desse total, R$ 63 milhões teriam sido destinados aos então controladores do banco", afirmou o Ministério Público.

MP investiga quadrilha no Cruzeiro - 19 de Setembro de 2012 - Valor Econômico - Carolina Mandl | De São Paulo

Imagem: aqui (O título do post é uma ironia...)

Elétricas 2

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse nesta terça-feira que as empresas do setor elétrico terão de se adaptar a uma nova ordem. O ministro fez a afirmação ao ser questionado sobre as demissões anunciadas por algumas empresas, como AES Eletropaulo e Furnas, após a publicação da medida provisória que dispõe sobre a renovação das concessões de geração, transmissão e distribuição do setor.

"Essas empresas são, basicamente, mais de 60% do sistema Eletrobras e cerca de 30% dos Estados. Elas terão de ajustar suas despesas e contas à nova ordem, às circunstâncias novas que surgiram", afirmou. "Elas terão que eleger suas prioridades ao efeito da redução de custos e se adaptar a isso. Cada qual saberá o que fazer."

O ministro disse que ainda é cedo para avaliar esse cenário de demissões. "Ainda estamos na madrugada do anúncio dessas medidas. Isso vai ocorrer em 5 de fevereiro do próximo ano. Até lá, temos alguns meses. Então, elas vão examinar, com seu corpo diretivo, contabilidade e administração o que fazer", afirmou.

Lobão afirmou que, no caso das empresas do sistema Eletrobras, todas as deliberações terão de ser submetidas a ele. "Nós estamos na esperança de que isso possa se resolver sem alteração profunda de pessoal", acrescentou, ponderando que as empresas do sistema Eletrobras costumam pagar salários mais elevados e oferecer vantagens aos funcionários. "Isso tudo será avaliado cautelosamente porque a tradição do governo e suas preocupações são sempre no sentido de preservar os empregos no Brasil."

Lobão: empresas do setor elétrico terão que se ajustar - Anne Warth

Elétricas

O analista do banco J. Safra, Sérgio Tamashiro, estima em R$ 26 bilhões a destruição de valor para as empresas do setor elétrico com a renovação das concessões das antigas hidrelétricas. As condições impostas foram anunciadas na semana passada pelo governo, que publicou a Medida Provisória 579.

O governo adotou um modelo diferente do que era esperado pelo mercado. Para renovar suas concessões, as empresas serão reembolsadas por ativos que ainda não estão depreciados, já que a remuneração desses ativos não poderá ser mais repassada às tarifas. A partir de 2013, as geradoras só poderão transferir para o preço da energia os custos de operação e manutenção (O&M) das hidrelétricas, que serão calculados pela Agência Nacional de Energia (Aneel).

O J. Safra estima que o reembolso dos ativos não depreciados pode chegar a R$ 14 bilhões. O valor leva em conta o pagamento de R$ 4 milhões por megawatt (MW) instalado e a taxa de depreciação anunciada do governo.

Para calcular a destruição de valor para as empresas, o banco reduziu todas as tarifas das geradoras para R$ 30 por MWh. Inicialmente, se esperava que as tarifas de renovação fossem de R$ 60 por megawatt hora (MWh) para Cesp, Furnas e Chesf e de R$ 100 por MWh para Cemig.

De acordo com o Safra, a destruição de valor bruta do setor alcança R$ 40 bilhões, que será parcialmente compensada pelo reembolso de R$ 14 bilhões. "Com isso, a destruição de valor no setor de geração deve chegar a R$ 26 bilhões", disse o analista.

Na avaliação de Tamashiro, a elétrica mais beneficiada com o pacote de renovação de concessão será a Chesf, controlada pela Eletrobras, que deve receber R$ 10,2 bilhões para o reembolso das hidrelétricas de Xingó, Paulo Afonso IV, Itaparica e Castelo Branco. "Este valor é 62% acima de nossas estimativas de R$ 6,3 bilhões, devido principalmente à hidrelétrica de Xingó", afirmou o analista. Ele estima que a destruição de valor bruta para a Chesf no período entre 2013 e 2035 será de R$ 14,3 bilhões, o que equivalerá R$ 4,1 bilhões líquidos, após considerar o possível reembolso do governo.

A Cemig será uma das mais afetadas pela Medida Provisória. "Chegamos em nossa pior situação para a Cemig, pois, em nossos modelos antigos, usávamos R$ 100 por MWh no período de concessão inteira, de 2013 a 2035", afirmou Tamashiro. No novo cenário de R$ 30 por MWh, o analista calculou uma destruição de valor de R$ 11,9 bilhões para a estatal mineira, que, deduzida do possível reembolso de R$ 1,6 bilhão, representa um perda líquida de R$ 10,4 bilhões (ou de R$ 12 por ação).

No caso de Furnas, que também pertence à Eletrobras, a empresa deve obter um reembolso de apenas R$ 870 milhões. De acordo com Tamashiro, a destruição bruta de valor para a estatal deve chegar a R$ 7,9 bilhões, representando uma perda líquida de R$ 7 bilhões, ou o equivalente a R$ 5 por cada ação da Eletrobras.

A Cesp, geradora de energia de São Paulo, deve receber R$ 1,1 bilhão pelo reembolso das hidrelétricas de Jupiá, Três Irmãos e Ilha Solteira. "Considerando-se a destruição de valor bruta no período entre 2013 e 2035, chegamos em R$ 5,9 bilhões, equivalente a um prejuízo líquido de R$ 4,8 bilhões", afirmou o analista.


Pacote deve destruir valor das elétricas em R$ 26 bi - 19 de Setembro de 2012 - Valor Econômico - Claudia Facchini (Imagem: aqui)

Bipolar

Ontem completou 30 anos da invenção do sinal mais famoso da internet.

19 setembro 2012

Marcas



As maiores marcas do mundo (clique na imagem para aumentar)

Rir é o melhor remédio



Evolução humana

Frase


G1- Por fim, qual é o segredo do sucesso?

Gustavo Franco - Estudar muito muito muito. O resto é conversa.

Fonte:G1

Contador: Mais uma piada ruim


No “CPATrendlines” indicaram o livro “The Accountant’s (Bad) Joke Book” disponível aqui.

Infelizmente não está disponível para o kindle. Ou em português. Mas com a ferramenta “surprise me” eu li algumas piadas e as achei super engraçadas! Não sei se a tradução vai atrapalhar... mas são mesmo bad jokes! ;)

P. Qual o método contraceptivo utilizado por um contador?
R. Seu senso de humor.

P. Quando alguém decide se tornar contador?
R. Quando percebe que não tem carisma para ser um atuário.

P. O que é um atuário?
R. Um contador sem senso de humor.

P. Por que alguns contadores decidem virar atuários?
R. “Guardar livros” é empolgante demais para eles.

P. O que atuários fazem para dar alma às festas de escritório?
R. Convidam contadores.

P. Como você chama um contador que é visto conversando com alguém?
R. Popular.

Honestidade e Desonestidade


Dan Ariely, no seu novo livro, discute a questão da honestidade. Assim como nos dois livros anteriores, os ótimos “Previsivelmente irracional” e “Positivamente irracional”, Ariely apresenta seu ponto de vista relatando seus experimentos, além de outros pesquisadores, realizados na universidade.

São dez capítulos distribuídos em pouco mais de duzentas páginas de fácil leitura. A conclusão de Ariely é que as pessoas são honestas, de uma maneira geral, mas aproveitam algumas oportunidades para tirar pequenas vantagens pessoais. As pesquisas apresentadas no livro mostra que algumas coisas aumenta a desonestidade das pessoas: a capacidade de racionalização, a existência de conflito de interesses, a criatividade da pessoa, a existência de um ato imoral, o cansaço, o fato de outras pessoas se beneficiam do nosso ato, a observação de atos desonestos em outras pessoas e a cultura. Assim, para Ariely, o grupo social pode ser um gatilho para atos reprováveis.

Existem algumas formas de reduzir a desonestidade das pessoas: juramentos, assinaturas, lembretes morais e supervisão. Observe que a possibilidade de ser pego e a pena não possui efeito sobre o comportamento das pessoas. A transparência, que tem sido muito lembrada na área financeira como um bom incentivo para reduzir atos ruins, parece, segundo Ariely, não ter efeito sobre as pessoas.

São muitos casos que Ariely conta. O mais interessante aparece no final do livro, quando discute sobre a influência do ambiente. A conclusão de Ariely é que o padrão de desonestidade parece não variar entre os diferentes países. Fazendo uma mesma experiência em diversos locais (Israel, China, Itália, Turquia, Canadá e Inglaterra), não foram observadas diferenças nos resultados. Mas num P.S., Ariely destaca que uma vez foi encontrada uma diferença num bar em Washington onde se reuniam funcionários do Congresso dos Estados Unidos e em outro, ponto de encontro de executivos dos bancos de Wall Street. “Quem você acha que trapaceou mais, os políticos ou os banqueiros? Eu tinha certeza de queriam os políticos, mas nossos resultados mostraram o oposto”.

Para os interessados em finanças comportamentais é uma leitura obrigatória.

Bulhões

A Justiça Federal decretou a extinção da ação penal da Operação Porto Europa, espetacular missão da Polícia Federal desencadeada em 2009 que levou ao banco dos réus a empresária paulistana Tânia Bulhões (foto), sob acusação de fraudes em importações, subfaturamento e emprego de laranjas.

O pedido do fim do processo foi feito pelo empresário Márcio Campos Gonçalves também réu na ação. Tânia já havia sido condenada e feito um acordo na Justiça. Na decisão publicada sexta-feira, o juiz Marcelo Costenaro Cavali, da 6.ª Vara Criminal Federal, invocou "ausência de justa causa" para o processo ante o fato de que a investigação teve amparo em interceptações telefônicas que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou ilícitas.

(...) A Porto Europa foi lastreada em documentos amealhados pela Operação Dilúvio nos domínios de Campos, nos EUA. A Dilúvio foi deflagrada em agosto de 2006 com a colaboração do DHS (Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos), que efetuou as buscas nos escritórios de Campos.

A PF e a Receita estimaram que empresas envolvidas importaram R$ 1,1 bilhão em quatro anos. Pode chegar a R$ 500 milhões o montante global da sonegação de tributos federais aduaneiros, além de outros impostos.



Justiça extingue ação contra Tânia Bulhões - Fausto Macedo - Estado de S Paulo, 16 de set 2012 - B15

Em 2010 ela tinha sido condenada por formação de quadrilha. Anteriormente tinha aderido a delação premiada.

Custo da burocracia

Mas o presidente do IBPT lembra que, além da carga, há o custo para responder ao Fisco. "A burocracia tributária exige que as empresas cumpram 97 obrigações contábeis. Isso representou no ano passado, um custo médio de 1,5 % do faturamento. Ou seja, mais de R$ 25 bilhões! "

É muito caro pagar imposto - Alberto Tamer - Estado -16 set 2012

18 setembro 2012

Rir é o melhor remédio



Onde está Wally? ;)

Fonte: bizarrocomics.com

Duas Novas Estatais

A equipe do Palácio do Planalto estuda a criação de duas novas entidades ainda neste ano: a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e a Autoridade de Gestão Portuária.

A Embrapii terá o objetivo de intermediar a relação entre centros de pesquisa tecnológica e o parque manufatureiro, à semelhança do que faz a Embrapa com a produção nacional agrícola. Já a autoridade portuária, caso seja criada, servirá de coordenadora dos portos, monitorando chegadas e partidas de navios.

Adaptado daqui.

Raking

O gráfico mostra a evolução do ranking dos cem melhores jogadores de xadrez do mundo, de 2000 até os dias de hoje. Está muito claro que a pontuação dos maiores jogadores está crescendo no tempo. Hoje para estar entre os melhores é necessário ter um jogo muito melhor que no passado.

É possível usar os dados (obtidos aqui) para calcular a relação entre o tempo e o ranking: é de 0,992, muito alta. Uma regressão entre ranking e o tempo mostra a seguinte equação: Ranking = 2637,83 + 1,22 Tempo. Ou seja, para cada período de tempo o ranking dos melhores jogadores está aumentando 1,22. O problema desta minha regressão é que o período de tempo é variável. Usei, numa segunda regressão, somente os dados de janeiro de cada ano. A equação continuou boa (correlação 0,993) com a seguinte equação: Ranking = 2636,8 + 5,7 x Ano. A cada ano o ranking médio dos cem maiores jogadores aumenta 5,7 pontos.

Existem algumas possíveis explicações para isto. Primeiro, o sistema de raking, denominado de Elo, pode estar conduzindo a este problema. Este é um tema que demanda mais pesquisa. Segundo, a participação de mais jogadores no sistema de rating permite que o número de enxadristas com boa pontuação também cresça. Terceiro, a qualidade dos jogadores têm melhorado no tempo em razão da melhoria do treinamento e do acesso à internet (e aos jogos on-line). Um comentário  referente a um trabalho acadêmico mostra que o rating ficou constante no tempo e que os efeitos podem ser explicados pelo controle de tempo e redução de interrupções nos jogos.

Pilão

Quando decidiu trocar a diretoria financeira do varejista francês Carrefour por um posto semelhante na subsidiária brasileira da holandesa D.E. Master Blenders 1753 (a antiga Sara Lee), dona do café Pilão, em junho deste ano, o paulista André Maurino vislumbrava uma carreira e tanto pela frente.

A operação brasileira de café é a maior da empresa no mundo, com faturamento de 1,5 bilhão de reais, ou 21% da receita global. Marcas como Pilão, Palheta e Café do Ponto fazem da Master Blenders a líder do mercado nacional. E o Brasil é o maior produtor mundial de café e segundo mercado consumidor do produto.

Mas Maurino logo percebeu que, por trás dessa força toda, algo parecia errado. Ante o que ele julgou serem indícios de manipulação de resultados, ele solicitou uma auditoria à PricewaterhouseCoopers. A suspeita chamou a atenção da matriz, que despachou para o Brasil sua cúpula em julho.

Em 1º de agosto, a empresa divulgou um comunicado informando a descoberta de problemas de contabilidade na operação brasileira, que, somados, resultam em perdas de 85 milhões a 95 milhões de euros (de 212 milhões a 237 milhões de reais). Dizia ainda que os balanços financeiros dos últimos três anos e meio seriam revisados.

A informação fez com que as ações da Master Blenders, que havia passado a negociá-las em Amsterdã apenas três semanas antes, desvalorizassem 7% no dia seguinte. “Em questão de minutos perdemos quase 500 milhões de euros (cerca de 1,2 bilhão de reais)”, afirma Errol Keyner, vice-diretor da Associação Holandesa de Acionistas.

Segundo EXAME apurou, a suposta fraude custou o emprego do presidente brasileiro, Dantes Hurtado, do antigo diretor financeiro e do segundo executivo de finanças, demitidos na primeira semana de setembro. Procurada, a Master Blenders não deu entrevista nem confirmou as demissões.

A Master Blenders contratou em julho a auditoria Ernst & Young e a empresa de investigação americana Kroll. O que aconteceu? Sabe-se até agora que a maior parte do problema estava no departamento de vendas. Para cumprir as metas de crescimento estabelecidas pela matriz e garantir seus bônus anuais, alguns executivos teriam registrado uma série de pedidos de varejistas por conta própria, sem que eles fossem oficialmente realizados — uma prática conhecida como “antecipação de venda”.

Ao final, o varejista até aceitava a compra, mas só pagava quando desejava de fato recebê-la, o que poderia levar meses. Na contabilidade da empresa, no entanto, constava o valor integral da venda. Outro malabarismo acontecia na relação com os grandes varejistas e atacadistas.

Para convencê-los a fazer novos pedidos, mesmo quando seus estoques estavam cheios, a equipe da Master Blenders aumentava em até 50% a verba promocional paga à rede. Esse tipo de verba é usado para inclusão de seus produtos em tabloides ou para garantir uma posição privilegiada na gôndola, uma prática comum no mercado.

Ocorre que, em alguns meses, a Master Blenders não teria lançado no balanço o pagamento dessa verba como despesa, mas como “contas a receber” — por exemplo, vendia 1 milhão de reais para um varejista, mas ele pagava apenas 800 000 reais porque cobrava 200 000 reais de verba promocional. Como o dinheiro nunca voltava, isso virou uma bola de neve no balanço.

Para uma empresa do tamanho da Master Blenders, que fatura o equivalente a 7 bilhões de reais, um erro de 200 milhões de reais nas contas não chega a ser uma catástrofe — segundo dados da consultoria KPMG, empresas brasileiras e americanas perdem o equivalente a 5% do PIB em fraudes a cada ano. O maior problema está na crise de confiança que esse tipo de notícia gera.

Do balanço apresentado aos investidores na época da venda das ações, o lucro dos últimos três anos e meio ficou 37 milhões de euros menor. Por causa da revisão das informações, a associação de investidores holandeses passou a exigir uma compensação da companhia e de quem assinou seu prospecto de entrada na bolsa — no caso, a auditoria Price e o banco ABN Amro.

Oficialmente, a Master Blenders afirma que “a investigação interna já foi praticamente concluída e não revelou novas descobertas ou impactos financeiros adicionais” na operação brasileira. Mas a investigação iniciada por Ernst & Young e Kroll, que começou em julho, está programada para terminar em outubro. Ou seja, mais detalhes podem ser revelados — e não se descarta que novas perdas tenham de ser contabilizadas no balanço da empresa que é líder em vendas de café no país.

Fraude de mais de R$ 200 milhões com Café Pilão - 17 de Setembro de 2012 - Revista Exame - Ana Luiza Leal

Recadastramento

O CFC publicou, no DOU (Diário Oficial da União) do dia 10 de setembro de 2012, a norma que estabelece o recadastramento nacional dos Profissionais da Contabilidade.

De acordo com a Resolução CFC nº 1.404, é obrigatório o recadastramento nacional do Profissional da Contabilidade com registro ativo no CRC de seu registro originário, transferido ou provisório. A exigência tem por finalidade atualizar os dados existentes, mantendo-se os números de registros e a jurisdição de cada Conselho Regional. (...)

O recadastramento será feito por etapa, de acordo com escala estabelecida por cada CRC. Uma senha exclusiva será remetida ao profissional ao endereço eletrônico constante no cadastro do respectivo CRC, para acesso ao programa informatizado e a realização do recadastramento.

O período para a atualização dos dados cadastrais começa no dia 1º de outubro e vai até 31 de dezembro de 2012.


Fonte: CFC (via Informação Contábil)

CVM

A revista Exame fez uma entrevista com o novo presidente da CVM. Uma questão interessante foi feita para ele:

O senhor estava sendo investigado pela CVM por não ter prestado as informações aos investidores de acordo com as regras da entidade, como executivo da Gol. Em julho, concordou em pagar 200000 reais para encerrar o caso. Por quê?

Assinei um termo de compromisso com a CVM, o que não quer dizer que sou culpado e quis burlar as regras de forma internacional. Escolhi encerrar o assunto. Ocorreu o seguinte: quando o preço do petróleo disparou, no ano passado, revisamos nossas projeções de resultados e publicamos um comunicado ao mercado 11a internet, mas a CVM exigiu um fato relevante, publicado num jornal de grande circulação. Depois, descumpri o prazo de preenchimento de um formulário de referência sobre esse assunto. Além disso, a CVM pediu que a Gol divulgasse previsões trimestrais, não só anuais. Resolvemos tudo.

Contabilidade

Da Revolução Industrial, no século XVIII, até os dias de hoje, as profissões braçais e intelectuais sempre precisaram se adaptar às novas demandas do mercado. E o contador, cujo dia é celebrado em 22 de setembro, não foge à regra, como temos acompanhado nos últimos anos, tanto com a uniformização das normas contábeis até a recente implantação do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED).

Peça fundamental para o sucesso das empresas, o contador tem a característica de se adaptar facilmente às dificuldades, mas há de se registrar a preocupação quanto às constantes alterações nas legislações tributárias, trabalhistas e previdenciárias, além das obrigações acessórias. Estes processos obrigam-no a gastar muito tempo para atender essas exigências, quando, em verdade, poderiam realizar atividades voltadas à gestão dos negócios dos clientes.

Nesta Era do Conhecimento, o profissional que melhor se atualizar e preparar certamente conquistará o mercado, pois seu valor será medido pela experiência, criatividade e aprendizado técnico. Ao contrário, será obrigado a trabalhar com clientes que necessitam de poucos serviços, geralmente ligados à geração e pagamento envolvendo notas fiscais eletrônicas, DARF e GPS.

Não creio naquela máxima que fala em profissional do futuro, mas sim, em profissional do presente, pois por meio dele que as empresas vivem e fazem negócios. É o agora que importa, pois automaticamente ele assegurará o futuro. Na Era Digital, conhecimento é poder, e a contabilidade está se reinventando diariamente para ocupar seu devido lugar.

É verdade também que milhares de reais estão sendo investidos pelas empresas contábeis na busca do conhecimento contínuo por meio de treinamentos especializados. Claro que ainda falta muito, mas o caminho está aberto e efetivamente trará muitos ganhos aos contadores e às empresas.

Se até algumas décadas atrás a informação era totalmente dependente de um meio físico, como o papel ou o disquete, hoje ela está disponível em algum lugar na web, como a recente tecnologia de cloud computing (computação em nuvem), que trouxe mais agilidade no armazenamento e acesso a informações, em qualquer parte do mundo.

Em pleno início, o século XXI já está transformando a dinâmica do gerenciamento das empresas e dos negócios, fazendo surgir uma nova contabilidade, baseada no conhecimento e na rapidez para atender às mais variadas demandas do cliente.



Foto: Máquina de Contabilidade Burrows.

Carlos Meni – é CEO da Prosoft Tecnologia.
Fonte: Portal Administradores.com

UBS

A história de Adoboli (foto), um ex-funcionário do banco UBS, mostra a relevância dos controles internos numa organização. Nascido em Gana, mas vivendo na Inglaterra desde os onze anos de idade, começou a trabalhar no UBS em 2006. Em setembro de 2011, há um ano, Adoboli foi acusado de fraude e esconder seu desempenho. O prejuízo do ex-funcionário para o UBS deve ter ultrapassado a 2 bilhões de dólares.

Conforme noticiado pelo The Telegraph (UBS trader Kweku Adoboli lost thousands on spread bets prior to arrest, 17 set 2012, Jonathan Russell), Adoboli é acusado pela promotoria de fraude e de falsa contabilidade. A investigação mostrou que Adoboli perdeu dinheiro com apostas no mercado financeiro, mas mesmo assim continuou transacionando com o dinheiro do UBS.

A promotoria alega Sr. Adoboli contas deliberadamente falsificados e escondeu os negócios de seus chefes, a fim de encobrir suas ações.