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26 janeiro 2011

Por que o texto técnico é tão chato?

O texto técnico geralmente é mais chato que um texto jornalístico ou que um livro de divulgação científica. Existem algumas boas razões para que isto ocorra.

Em primeiro lugar, é muito difícil escrever fácil, de forma simples, sem perder a precisão. Assim, muitos cientistas, que são especialistas em fazer pesquisas, têm uma grande dificuldade de escrever seus relatórios numa linguagem acessível. Muitos pesquisadores achavam as aulas (e as regras) de português desnecessárias. Afinal, "qual a necessidade de um contador saber escrever? Ele precisa saber fazer os lançamentos contábeis, nada mais que isto".

Uma segunda explicação possível para a nossa questão é que as pessoas que escrevem textos técnicos acham que seus artigos devem ser "chatos". Muitas vezes as pessoas não querem que outros estudem com profundidade suas pesquisas ou relatórios, mas querem que os mesmo sejam elogiados. Uma forma de fazer isto é tornar o texto hermético, ou seja, difícil de ser compreendido. As pessoas associam textos complicados com textos de boa qualidade, o que nem sempre é verdade (veja o exemplo da postagem de hoje sobre o comunicado da CVM). Em certos casos, uma forma de aprovar um texto sem muita dor de cabeça para o autor é torná-lo inacessível. Se eu uso um monte de fórmulas quantitativas no meu texto, as chances do mesmo ser aceito num periódico aumenta, mas provavelmente a possibilidade de difusão das suas conclusões é menor.

Mas acredito que exista outra explicação: o texto científico deve ser preciso. E fazer um texto preciso exige muitas vezes repetição de palavras. Veja o seguinte exemplo, muito comum nas dissertações, artigos e outros textos científicos: "as empresas americanas foram usadas como amostra na pesquisa". Que empresas são essas? No meu dicionário, América significa uma porção de terra que vai da Patagônia até o Alasca. Mas parece que algumas pessoas acham que a América é sinônimo de "Estados Unidos". Para resolver este problema, outras pessoas escrevem: "as empresas norte-americanas foram usadas como amostra na pesquisa". Ou seja, a pesquisa contou com empresas do Canadá, Estados Unidos e México. Mas não é isto que era para ser dito. A solução seria escrever: "as empresas dos Estados Unidos foram usadas como amostra na pesquisa" ou "as empresas estadunidenses foram usadas como amostra na pesquisa". Agora chegamos à precisão necessária. Mas para isto, o texto ficou mais chato, com certeza, pois "estadunidenses" é muito mais esnobe e complicado que "americanas".

Finalmente, a linguagem científica, como qualquer outro tipo de comunicação, está carregada de abreviações, atalhos e termos técnicos que afastam o leitor comum. Falamos em "ceteribus paribus" e o entendimento é imediato para quem é da área. Escrever sobre impairment é natural para quem conhece, mas é "grego" para quem possui pouco conhecimento contábil. Para entendermos certos textos é necessário um mínimo de conhecimento do linguajar usado.

CVM prorroga prazo para as IFRS

Usando como justificativa as dificuldades que as empresas estão enfrentando para fazer a contabilidade pelas IFRS, a CVM decidiu prorrogar o início das normas internacionais no Brasil. O novo prazo é o seguinte:

as companhias abertas poderão reapresentar os seus ITR de 2010, comparativamente com os de 2009 também ajustados às normas de 2010, até a data da apresentação do 1o ITR de 2011

Entendeu? Não fique chateado, pois parece que a imprensa econômica também não conseguiu entender direito (aqui, aqui e aqui, por exemplo), tanto é assim que preferiu reproduzir integralmente a frase da CVM. A CVM afirmou que o prazo será até a data da apresentação da primeira informação trimestral de 2011, ou seja, lá para os idos de abril.

A pergunta que não quer calar: qual foi a real necessidade de prorrogar o prazo? Nós sabemos que algumas empresas brasileiras já estão fazendo a contabilidade segundo as normas internacionais. Entretanto, parece que outras empresas não conseguiram fazer o dever de casa. Algumas possíveis respostas:

Primeiro – as empresas possuem atividades complexas e a adoção das IFRS exigiria realmente mais tempo. Esta possibilidade é questionável, já que sabemos que outras empresas conseguiram implantar as normas internacionais, algumas delas de grande porte.

Segundo – as empresas não acreditaram que as normas seriam realmente exigidas no Brasil e não deram prioridade necessária ao processo de convergência. Esta hipótese é mais plausível, mas é difícil comprovar na prática que uma empresa fez "corpo mole".

Terceiro – A implantação das normas exige, além de aspectos técnicos, a implantação das normas exige algum tipo de expertise, como, por exemplo, experiência em adoção de normas de outros países, que somente algumas empresas.

Terceiro setor: valor dos voluntários

Na contabilidade do terceiro setor, o ideal seria que a entidade fizesse uma estimativa de quanto gastaria caso necessitasse pagar os serviços voluntários. Os voluntários geralmente prestam serviços para entidades do terceiro setor e, ou cobram um valor muito abaixo do mercado ou não cobram nenhum valor.

A questão é a dificuldade de fazer este cálculo. Uma notícia recente mostra que a Cruz Vermelha – e sua correspondente Crescente Vermelho – fizeram esta estimativa:

Se o trabalho realizado no mundo todo pelos 13 milhões de voluntários da Cruz Vermelha e o Crescente Vermelhotivesse que ser pago, custaria US$ 6 bilhões, segundo o primeiro estudo realizado pela entidade para avaliar a atividade. O relatório calcula pela primeira vez a proporção entre o número de empregados da Federação Internacional das Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho e o número de voluntários que dão "pelo menos quatro horas de seu tempo por ano", que se situa em 20 ativistas não remunerados por cada assalariado.

Esta proporção alcança taxas muito mais elevadas nas duas regiões do mundo menos desenvolvidas: um empregado por cada 327 voluntários na África, e um contratado por cada 432 voluntários no Sudeste Asiático. "Na Ásia e África há uma cultura muito ampla de ajuda comunitária, e infelizmente as pessoas estão muito acostumadas a catástrofes e a dar o pouco que têm para melhorar a situação", explicou Susie Chippendale, uma das coordenadoras do relatório.

Por regiões, dos 13 milhões de voluntários, 3,1 milhões são do leste da Ásia; 2,8 milhões do sudeste asiático; 2,7 milhões do sul da Ásia; 1,4 milhão da África Subsaariana; 1,3 milhão da Europa; 710 mil dos Estados Unidos e Canadá; 527 mil do Magrebe e do Oriente Médio; 217 mil do Leste Europeu e Ásia Central; 165 mil da América Latina; 72 mil do Caribe; e 54 mil do Pacífico.

Por setores, 36% dos voluntários colaboram no setor sanitário; 27% no socorro, gestão e preparação para desastres; 12% na inclusão social; e os demais se dividem entre um variado número de atividades.

Segundo a entidade, o objetivo do relatório não é apenas determinar o custo real do voluntariado, mas chamar a atenção dos governos para que reconheçam a utilidade e importância dos voluntários, tanto pelo indicador econômico para o país, como pelos valores humanos que representam.

Receita e Serviços Contábeis

Desde que foram constatados problemas na distribuição de informações sigilosas de contribuintes através do mau uso do sistema da Receita Federal, a instituição, amparada pelo artigo 5º da MP 507 e regulamentações, passou a exigir que a liberação de informações de terceiros seja feita através de uma procuração pública, ou seja, lavrada em cartório por tabelião. Essa determinação, porém, vem complicando a atuação de quem trabalha junto à Receita Federal, como as empresas contábeis. A estimativa da Fenacon (Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas) é que isso cause atraso em pelo menos 40% das questões ligadas à contabilidade das empresas.

Para o presidente da Fenacon, Valdir Pietrobon, "é preciso afastar o joio do trigo". "Um fato isolado de quebra de sigilo fiscal, denunciado em plena campanha presidencial, não pode servir de base para publicar uma norma que limita o exercício profissional de pessoas sérias. A procuração pública para representar terceiros perante o Fisco é um retrocesso, é um procedimento complexo, burocrático e oneroso para o cidadão", analisa.

A Fenacon contesta a necessidade dessas procurações em função não só da burocracia, mas pela responsabilidade legal já exercida pelo setor das empresas contábeis. "Quem trabalha com questões de sigilo fiscal tem a responsabilidade sobre as informações que coleta. É uma responsabilidade sob a responsabilidade já existente", afirma Pietrobon.

O assessor jurídico da Fenacon, Josué Tobias, avalia que a MP é um desvio de finalidade. "Dada inexistência de relevância e urgência, a mesma não pode criar restrições em matéria relativa a direitos da cidadania. Isso indiretamente cria "taxas" para o cidadão exercer o direito de petição de obtenção de certidões, o que é vedado pela Constituição Federal", afirma Tobias. Além disso, o assessor afirma que isso viola o principio do devido processo legal substancial, proporcionalidade, razoabilidade e isonomia. "As entidades de classe podem adotar medidas judiciais coletivas em favor dos profissionais que estas representam, assim como individualmente qualquer empresa, cidadão ou profissional", afirma Tobias. (Paranashop -19 jan 2011)

Futebol e problemas contábeis

A contabilidade no futebol parece estar sempre envolvida em problemas com a lei. A notícia de que o ex-presidente da Federação Mineira de Futebol, Elmer Guilherme Ferreira foi condenado a dois anos e três meses de prisão, é mais uma no meio. O crime: sonegação fiscal. Ele e o ex-tesoureiro, foram acusados pelo Ministério Público Federal de:


fraudar a contabilidade da FMF para sonegar impostos e desviar recursos. Entre as irregularidades apuradas pela Receita Federal estão a falta de declaração de diversos pagamentos recebidos pela entidade e uso de notas fiscais frias, inclusive de empresas inativas e até de uma mineradora. 
Ainda segundo a denúncia do MPF, os acusados também fraudaram documentos para declarar pagamentos por serviços que nunca foram prestados, gastos elevados com compras de ingressos e ainda a compra de uma propriedade rural inexistente no Mato Grosso, pela qual a entidade "pagou" mais de R$ 4 milhões. (
 Ex-dirigente condenado por sonegação -
MARCELO PORTELA - Da Agência Estado – BH)

25 janeiro 2011

Frase


Se não fosse pelo futebol, o que Ebere Orji estaria fazendo?
Estaria estudando para ser contadora, porque gosto muito de contabilidade. Agradeço a Deus por ter conquistado fama e honra com o futebol. Ainda estou trabalhando duro para em breve ter ainda mais êxito no esporte. (
Orji: "Nigéria não teme ninguém" – Fifa.com, 24 jan 2011)

Rir é o melhor remédio





Fotos de René Maltête

Teste 416

O ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira (Banco Santos) foi despejado de sua mansão por não pagar aluguel. O valor da dívida era de R$3 milhões. Junto com esta notícia, ficamos sabendo diversas coisas interessantes. O teste de hoje é completar os espaços a seguir com os números correspondentes:

Quantas peças de arte deveria ter na mansão?
Qual o tamanho do closet, em metros quadrados, da mansão?
Quantos ternos e gravatas existia na mansão de Edemar? (É a mesma quantidade de roupas e sapatos da sua esposa)

Para ajudar, as respostas das perguntas são (não nesta ordem) 220, 500 e 4.000.


 

Resposta do Anterior: Está em 43o. Fonte: aqui (via blog do Jomar)

Por que você deve desconfiar das descobertas da ciência?

O café faz bem para saúde. O café faz mal. Beber uma taça de vinho pode ajudar no envelhecimento. A bebida pode provocar conseqüências ruins para a saúde das pessoas. Deparamos regularmente com conclusões diferentes obtidas pela ciência. Isto acontece em qualquer campo, incluindo a contabilidade. Existem algumas possíveis explicações para isto.

Em primeiro lugar, qualquer pesquisa está sujeita a erros decorrentes da coleta dos dados, que foi realizada incorretamente. Nestes casos, as conclusões fatalmente estarão erradas também. Uma situação típica é quando usamos dados das empresas, mas não consideramos as empresas que deixaram de existir no período de tempo que estamos analisando. Isto recebe o nome de viés de sobrevivência: consideramos somente as empresas que sobreviveram no tempo, mas não aquelas que fracassaram.

Segundo lugar, mesmo que o pesquisador não cometa erros na coleta de dados, mesmo assim existirá um erro normal da pesquisa. Assim, quando trabalhas com uma significância estatística, estamos considerando que existe a possibilidade de que as conclusões ocorreram pelo acaso. Geralmente os pesquisadores trabalham com 5% de probabilidade. Isto indicaria que existe possibilidade, mesmo que pequena, de que as conclusões ocorreram em razão do acaso. Assim, talvez de cem trabalhos publicados sobre os efeitos do parecer negativo de auditoria sobre as ações, cinco poderão indicar conclusões errôneas por conta deste acaso estatístico.

Uma forma de evitar este problema é através de uma análise chamada meta-análise. Esta técnica junta todas as pesquisas sobre o mesmo tema e permite inferir em qual conclusão confiar. Mas a meta-análise depende de um fato: todas as pesquisas que foram feitas devem ser publicadas. Mas isto não ocorre e este é o terceiro fato.

Chegamos então à seleção na publicação. Se um editor de um periódico recebe cem trabalhos sobre os efeitos do parecer e cinco deles indicam algo contrário ao previamente estabelecido, as pesquisas que contrariam o status quo provavelmente irão receber mais atenção do editor. Isto parece com o caso do editor de um jornal: o fato de que um cachorro mordeu uma pessoa não é interessante, mas que uma pessoa mordeu um cachorro é. O mesmo ocorre com as pesquisas. Assim, uma pesquisa confirmatória possui menos chance de ser publicada que uma pesquisa que contesta o status quo.

O último aspecto refere-se às delimitações da pesquisa. Quando um pesquisador escolhe trabalhar com os efeitos do parecer de auditoria sobre a cotação das ações, as conclusões serão válidas para as empresas abertas. Se outro pesquisador usar outra amostra, as conclusões terão maiores chances de serem diferentes.

Poligamia e Big Love

A série Big Love, que passa na televisão a cabo, mostra uma família e a discussão sobre poligamia. Eis alguns argumentos econômicos:

Alguns economistas, incluindo o vencedor do Prêmio Nobel Gary Becker, em seu Treatise on the Family, têm argumentado que a poligamia deveria aumentar a procura de mulheres e aumentar a eficiência do mercado de casamento.
A restrição do Governo nos contratos de casamento limita a escolha individual. Em princípio, a possibilidade de desfrutar de mais de uma esposa poderia incentivar os homens a um maior esforço competitivo com os outros. Algumas mulheres podem preferir a partilhar um marido rico a ter um marido desempregado e pobre todo seu. 

[Mas] a união poligâmica dá muitas vezes aos homens idosos o direito de coagir as mulheres jovens em relações de submissão e de controlá-las e seus descendentes. (The Economics of Big Love, New York Times, Nancy Folbre, 24 jan 2011)

O Canadá está pensando em aceitar a poligamia, já que algumas religiões (mulçumanos e algumas dissidências dos mórnons) aceitam. A aceitação decorreria da liberdade religiosa. Estudos passados mostram que a introdução da monogamia na Europa no início da Idade Média reduziu a desigualdade entre os gêneros, o conflito social e ajudou no desenvolvimento.

Fato Relevante

(...) O conceito de fato relevante é notadamente subjetivo quando se trata tanto da influência nas cotações dos valores mobiliários quanto das decisões de investimento. Tal subjetividade, naturalmente, gera algumas dúvidas bastante comuns, dentre elas: "Quando, exatamente, um fato se consuma como relevante?"; "Um fato precisa estar concretizado para ser considerado relevante, ou a mera expectativa de sua ocorrência já deve ser divulgada ao mercado?".

A resposta teórica é simples, mas sua aplicação prática nem sempre é fácil. A própria CVM, em um de seus julgados, afirmou que a ocorrência de um fato relevante, muitas vezes, não é representada por um evento objetivo localizado no tempo que, de forma clara e definitiva, estabeleça seu acontecimento. Pelo contrário, na maior parte das vezes a consumação de um fato relevante trata-se apenas da conclusão de uma sucessão de eventos relevantes.

Desse modo, a caracterização de um fato como relevante torna-se questão polêmica e de difícil identificação, provocando uma discussão ainda longe de ser pacífica na jurisprudência. Controvérsias à parte, o fato é que, para ser considerada relevante, a informação necessita de um caráter preciso, de materialidade ou objetividade. Não deve, portanto, se referir a meros rumores, estudos iniciais ou planos cuja probabilidade de serem concluídos é pequena ou incerta. Segundo a CVM, "a informação deve ser disponibilizada tão logo mereça esse nome, isto é, desde que não se trate de mero projeto inicial e desconexo, mas se tenha traduzido em objetivo concreto da administração ou do controlador".

A legislação deixa para a própria administração das companhias a tarefa de decidir, caso a caso, o momento da consumação de um fato como relevante. Para tanto, a administração deve analisar se a probabilidade de a operação ser concluída é alta e se a finalização dessa mesma operação trará impactos significativos sobre os negócios da empresa, afetando as cotações de seus valores mobiliários. (Como identificar um fato relevante - Alexandre Carvalho Pinto Rios - 27|12|2010- Dica de Pedro Correa, grato)

Talvez para a empresa responder a seguinte pergunta poderia ajudar nesta questão: o fato irá afetar de maneira significativa o preço da ação da empresa? Em caso afirmativo, trata-se de um fato relevante, que deve ser divulgado assim que possível. Caso contrário, a divulgação pode ocorrer em respeito ao mercado (e para evitar problemas futuros), mas não como fato relevante.

Palmeiras


No último domingo, três dias antes de deixar a presidência do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo assinou uma confissão de dívida do clube com a Traffic no valor de aproximadamente R$ 11 milhões. 
A maior parte desse dinheiro, segundo os cartolas, foi emprestada pela empresa ao clube, que usou a verba para pagar os salários de Vanderlei Luxemburgo quando ele era o treinador. Belluzzo tinha sido orientado por seus diretores a não assinar a confissão. 
Não há um contrato específico entre a parceira e o Palmeiras nesse valor. Havia uma contabilidade entre as duas partes (1). A Traffic emprestava quantias para o Palmeiras pagar quando pudesse, principalmente quando vendesse jogadores. 
Com a proximidade da troca de presidente, a empresa quis se resguardar e cobrou o clube, que não tinha dinheiro. A solução para evitar o risco de calote foi a confissão da dívida. Não há desconfiança sobre a legitimidade da pendência entre os palmeirenses. Mas Belluzzo foi orientado a deixar para seu sucessor a missão de fazer a conferência de valores, pois a contabilidade é complexa (2) e poderia haver alguma divergência. O débito aparece em alguns balancetes do clube (3). 
No final, a confissão da dívida serviu como argumento para a nova diretoria rejeitar os pedidos de alguns conselheiros que queriam um novo contrato reduzindo o salário de Felipão. Um dos argumentos para rejeição é o seguinte: se o clube ainda terá de gastar tanto dinheiro por causa de um ex-treinador, seria injustiça diminuir os ganhos de quem ainda sua a camisa pelo Palmeiras. (Palmeiras confessa dívida de R$ 11 mi com a Traffic referente a Luxemburgo - Por Perrone)


 

Meus comentários

(1) A contabilidade deveria ser registrada baseada numa documentação. Ou um recibo de depósito do dinheiro na conta do clube. Mas parece que isto não ocorreu. Será que a Traffic emprestava o valor em moeda corrente e o dinheiro não transitava pela conta corrente do clube?

(2) Realmente deve ser complexo determinar quanto de dinheiro a Traffic repassou para o clube.

(3) Observe a redação da notícia: "aparece em alguns balanços do clube", mas não em todos.

Bolsa de Valores em Angola

A abertura e funcionamento de uma Bolsa de Valores em Angola não será efectivada no presente ano, como é desejo de algumas instituições financeiras, anunciou o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República.

Para Carlos FCeijó, está claro que a situação comercial, empresarial e jurídica não permite que possamos ter em 2011 uma Bolsa de Valores em Angola, porque a abertura de uma Bolsa de Valores implica que existam empresas que reúnam um conjunto de requisitos.

"Temos algumas dúvidas que boa parte das empresas angolanas [1] já têm os requisitos exigidos para entrar numa Bolsa de Valores".

De acordo com Carlos Feijó, só podem intervir na Bolsa de Valores Sociedades Anónimas e não as empresas públicas e há um conjunto de requisitos que em termos de contabilidade, em termos de registos das acções, de títulos que é necessário averiguar empresa por empresa qual delas tem condições de ser elegível à Bolsa de Valores. (...) (Bolsa de Valores adiada

1 – Otimismo. No Brasil, somente algumas poucas empresas possuem condições.

Os melhores cursos


O gráfico mostra a distribuição das notas dos cursos, segundo o tipo de instituição de ensino. No Brasil, a qualidade no ensino ainda significa uma instituição pública. Dos cursos avaliados pelo MEC nas instituições públicas, 36% receberam nota 4 ou 5. Nas instituições de ensino privada este percentual foi de 5%.

Na área de contabilidade, dos vinte melhores cursos, 14 são de instituições públicas (sendo duas estaduais e uma municipal).

O melhor jogador de tênis


Um trabalho acadêmico, usando análise de rede, procura determinar quem foi o melhor jogador de tênis do mundo. E a resposta foi surpreendente Jimmy Connors. Apesar de Connors possuir um recorde em número de torneios, foi Federer que mais venceu os torneios mais importantes.

Mas a surpresa continua no ranking. O segundo melhor jogador, pela pesquisa, foi Ivan Lendl, apontado no quadro como estadunidense, mas na realidade checo (ele naturalizou em 1992, já no final da sua carreira). McEnroe, o argentino Vilas e Agassi completam os cinco melhores do mundo. Na lista aparece o espanhol Miguel Orantes, em 16º, na frente do atual número um do mundo, Nadal. Aparece também Raul Ramirez, um mexicano, mas não Gustavo Kuerten.

O principal problema da listagem é a ausência do talvez melhor tenista de todos os tempos: o australiano Rod Laver, que venceu os torneios mais importantes do mundo (Austrália, Roland Garros, Wimblendon e US Open) no mesmo ano. Este feito, que Laver conseguiu duas vezes, nem Connors, nem Federe ou Nadal conseguiram.

24 janeiro 2011

Rir é o melhor remédio


Economista e Pessimismo

Por que a moeda brasileira chama-se Real?

Em 1994, o governo Itamar conseguiu implantar com sucesso um plano de estabilização monetária no Brasil. Até então, o país convivia com uma elevada taxa de inflação, que chegou a atingir a 80% ao mês no final do governo Sarney. Ao escolher o nome da moeda, optou-se pelo nome "real". Existem algumas possíveis explicações para esta escolha.

A Wikipédia lembra que a primeira moeda do Brasil foi o "real", cujo plural era "réis". Nos tempos idos a economia não apresentava tanta instabilidade e usar este nome poderia ser interessante. Mas a escolha baseada no nome de uma moeda que já existiu parece uma grande falta de criatividade. Mas se observarmos o nome das últimas moedas temos: réis, cruzeiro, cruzeiro novo, cruzado, cruzado novo, cruzeiro e cruzeiro real. Ou seja, isto mostra que criatividade nunca foi o forte na escolha do nome da moeda no Brasil.

Outra possível explicação é a associação positiva que o nome real traz (ao contrário do nome "cruzeiro", por exemplo). Assim, o dicionário traz realçado, realeza, realidade, realização, entre outras palavras, todas com um aspecto positivo.

Finalmente uma possível explicação tem sua origem na matemática financeira. O termo "real" se contrapõe ao termo "nominal". Segundo a definição clássica de Irving Fisher, a diferença entre os termos corresponde à inflação. Um exemplo: quando calculamos um fluxo de caixa para valor futuro podemos usar uma taxa nominal, que incorpora a inflação, ou uma taxa real, que corresponde a taxa de juros sem a inflação. Observe que o nome Real para nossa moeda cria um pesadelo para o professor e o aluno de matemática financeira, pois temos uma palavra com dois significados distintos: "valores em reais" corresponde o montante em moeda brasileira; "valores reais" diz respeito ao valor quando se usa um fluxo de caixa real, sem inflação.

Teste 415

Uma listagem recente das pessoas mais poderosas na área de contabilidade mostra, claramente, que o lema "rei morto, rei posto" é válido. O atual presidente do Iasb, Sir David Tweedie, deverá ser substituído por um holandês, Hans Hoogervorst, este ano. Em razão disto, a posição de Tweedie entre as pessoas mais poderosas do mundo contábil não foi muito boa. Isto significa que na lista das cinqüenta pessoas mais poderosas, Sir David aparece
entre 10o. e o 20o.
entre 21o. e 30o.
entre 31o. e 40o.
entre 41o. e 50o.

Resposta do Anterior: 3 milhões de dólares. Isto significa que cada ação tem um valor de 120 mil dólares. Fonte: Businessinsider

Links

Contabilidade de opções: controvérsia entre Floyd Norris e David Albrecht 
A Lei de Benford aplicada a fraudes 

Regras contábeis, política, tempo no Fasb e padrões rigorosos 

"Como eu fiz Arafat perder 2 milhões de dólares" 

Manual da redação da Câmara 

Microcrédito

Toda semana, Gary Becker e Richard Posner publicam um texto sobre um assunto na área econômica-financeira. Gary Becker é um dos mais brilhantes economistas, com teorias inovadoras aplicando a teoria econômica a situações como o crime. Já foi premiado com o Nobel na área. Posner é um inovador ao juntar direito e economia.

O assunto da semana é o microcrédito. Para quem não conhece, o microcrédito diz respeito a concessão de pequenos empréstimos a pequenos empreendedores localizados nos países subdesenvolvidos. O assunto virou moda quando da atribuição do Prêmio Nobel da Paz para Muhammad Yunus em 2006.

Na época Posner afirmou que o sucesso da idéia teria que ser demonstrada, já que não existia (não existe) uma evidência empírica sobre a eficácia do microcrédito em estimular a produção e reduzir a pobreza. "Eu não tenho nenhum conhecimento de um exemplo histórico de nação que saiu da pobreza através do crédito de financiamento a pequenos empreendedores", afirma Posner. Uma das razões é o fato da inadimplência ser muito reduzida. Se isto ocorre, é que existe uma grande seleção nos empréstimos, que se imitado por outras microfinanceiras, reduz substancialmente o alcance e a influência do microcrédito. Em 2010, o microcrédito na Índia foi acusado de cobrar taxa de juros elevadas e coagir pessoas. Medidas tomadas pelo governo indiano impuseram limites e controles. O mesmo ocorreu em Bangladesh e Nicarágua.

Recentemente Yunus reconheceu que existem instituições que visam lucro no segmento de microcrédito, que ele chamou de "sua própria raça de agiotas". Isto provavelmente incluiria bancos especializados no segmento, que abriram seu capital. Mas Posner lembra que o Banco Grameen é uma sociedade por ações, não uma entidade do terceiro setor. Isto é uma contradição.

Becker lembra o seu comentário em 2006 quando afirmou que "o crescimento econômico requer direitos de propriedade, incentivo a iniciativa privada, abertura ao comércio internacional, estímulo à educação, uma regulamentação e um governo razoavelmente honesto". Ou seja, microcrédito tem pouco a contribuir para isto. Afirma Becker que "nenhum economista sério na área de desenvolvimento sugere que as micro finanças tenha uma papel importante no desenvolvimento econômico das economias mais pobres". Becker não deixa de reconhecer o papel inovador do Banco Grameen, que descobriu maneiras diferentes que emprestar aos pobres, em especial para mulheres pobres muçulmanas. A solução, para Becker, é incentivar a concorrência entre os credores nas áreas remotas rurais, pois monopólios geralmente cobram taxas de juros elevadas.