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08 março 2007

Entrada e saída


Desde seu início, o mestrado Multi já teve/tem 181 alunos. Desses, 105 já defenderam até 31/dezembro/2006 e 10 foram desligados. Computando somente as turmas já encerradas, isso significa um taxa de sucesso de 91,26%.

Se analisarmos os dados da graduação, os valores serão diferentes. Provavelmente um curso de graduação de contabilidade com uma taxa de sucesso de 70% já é positivo. Quais as explicações da diferença entre essas duas taxas de sucesso?

1. Tempo de duração - enquanto um curso de mestrado dura de 2 a 3 anos, um curso de graduação tem um tempo de titulação de 4 anos. Quanto maior o tempo, maior a probabilidade de ocorrerem eventos fortuitos (morte, problemas familiares, doença etc).

2. Idade do estudante - em geral um aluno de graduação é uma pessoa com cerca de 20 anos, que provavelmente não sabe direito sua vocação. O abandono pode ser explicado por essa indecisão. Já um mestrado é feito num período de maior amadurecimento da pessoa.

3. Impacto percebido na carreira - como muitos mestrandos são professores ou futuros mestres, a decisão de fazer mestrado tem uma influencia percebida sobre a carreira profissional. Ou seja, tornar-se mestre é uma necessidade.

4. Grupo social menor - geralmente uma turma de mestrado possui em torno de dez a quinze alunos. Já numa turma de graduação o número pode gerar a quarenta. Um grupo menor pode criar laços de amizade que ajudam nas situações de crises pessoais. "Não despreze o poder do grupo".

5. Punição clara para o curso de mestrado com baixa taxa de sucesso - Os programas de mestrados são punidos pelo órgão regulador quando a taxa de sucesso é baixa. Isso pesa na sua avaliação e faz com que cada programa tenha que tomar muito cuidado com seus ingressantes. Já um curso de graduação também existem punições, mas talvez essas não sejam percebidas.

6. Punição para o aluno que abandona - Um aluno que abandona um curso de graduação pode conseguir uma nova vaga a qualquer momento. Já os programas de mestrado são avessos aos alunos que já abandonaram seus cursos no passado. O aluno de mestrado sabe que o abandono pode significar o fechamento de portas de acesso nos programas.

7. Processo seletivo - O processo seletivo da graduação é realizado "em massa", através de provas objetivas e frias. Já um programa de mestrado utiliza provas objetivas e subjetivas, como entrevistas. Um excelente candidato pode ser reprovado pelo perfil que apresenta nessas entrevistas (arrogância excessiva, falta de educação com os professores, bobagens que diz para banca etc). O Ministério Público já questionou essa subjetividade, mas o argumento da taxa de sucesso é importante.

8. Custo - um curso de graduação pode ter um custo por crédito diferente de um curso de mestrado. O nível de dedicação exigido pelo mestrado faz com que o custo de oportunidade desse seja maior; por conseqüência, um candidato ao mestrado tem uma idéia desse custo e somente aqueles que efetivamente querem fazer o curso arriscam no processo seletivo.

Qual dessas variáveis possui um peso maior? Não sei, mas acredito que somente o item 8 (Custo) seja discutível.

Senhor das guerras

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos (via Blogging) mostrou as empresas que ganharam com a guerra ao terrorismo em 2006:

1. Lockheed Martin (NYSE:LMT), $26.6 billion, ($19.4b em 2005)
2. Boeing (NYSE:BA) = $20.3b,
3. Northrop Grumman (NYSE:NOC) = $16.6b,
4. General Dynamics (NYSE:GD) = $10.5b
5. Raytheon (NYSE:RTN) = $10.1b
6. Halliburton (NYSE:HAL) = $6.1b
7. L-3 Communications Holdings (NYSE:LLL) = $5.2b
8. BAE Systems (BAESY) = $4.7b
9. United Technologies (NYSE:UTX) $4.5b
10. Science Applications Int'l (NYSE:SAI) $3.2b

Imagem positiva e negativa

Uma pesquisa da BBC com 28 mil pessoas de 27 países perguntou a imagem de doze países. O resultado abaixo

07 março 2007

Rir é o melhor remédio - 53

Bershire

Warren Buffet é muito admirado entre os investidores do mercado acionário. Uma das razões deve-se ao fato de que Buffet contradiz a crença do mercado eficiente. A empresa que usa para fazer investimentos, Berkshire, foi no passado uma indústria têxtil.

O relatório anual da Berkshire é um dos eventos mais esperados do ano. O recém-publicado relatório mostra, logo de início, um comparativo entre o desempenho da empresa e a SP500, o índice que agrega as principais empresas comercializadas na bolsa de Nova Iorque.

Mas será que o desempenho da Bershire é bom o suficiente para merecer esse destaque? O gráfico a seguir faz um comparativo entre o desempenho da Berkshire e a SP500 e foi construído a partir do relatório agora divulgado.



A linha azul mostra o desempenho da Berkshire e a vermelha da SP500. Visualmente é possível perceber que na maioria dos anos a empresa ganha do mercado. Mas o que isso realmente significa? Considere que um indivíduo aplicou $100 em 1965 em ações que reproduziam a SP500 e na Bershire. O gráfico abaixo mostra a diferença de desempenho.



Agora a diferença ficou mais perceptível. Essa pessoa que aplicou $100 na Berkshire teria um ganho de mais de 360 mil porcento. Nesse período a bolsa teve uma rentabilidade acumulada de 6.500%, aproximadamente. Essa diferença é percebida claramente no gráfico.

Entretanto, em alguns anos as decisões de Buffet foram contestadas e ele perdeu para a bolsa. O gráfico a seguir mostra uma barra positiva para os anos que Buffet ganhou e uma barra negativa para os anos que perdeu.



Em todo esse período, a Bershire perdeu da SP 500 seis vezes. A maior perda ocorreu em 1999, quando a empresa lucrou 0,5% e o mercado 21%. Mas existem algumas "goleadas" que Buffet aplicou no mercado: 32% em 1966 (20,3% versus - 11,7%), 31,9% em 1974 (5,5% versus - 26,4%), 35,7% em 1975 (59,3% versus 23,6%), 39,3% no ano seguinte (31,9% versus -7,4%), 36,4% em 1981 (31,4% versus -5%), 32,1% em 2002 (10% versus -22,1%)

Wal-Mart investigada

Segundo o Blogging Stocks, depois do escândalo da HP (clique aqui e aqui) e seus espiões, a empresa de varejo Wal-Mart está sendo investigada pelo FBI nos Estados Unidos. A acusação é a leitura inapropriada de e-mails de pessoas que não estão vinculadas à empresa. Um reporter do NY Times teve suas mensagens de texto interceptadas pela empresa.

Custo da aviação

Uma reportagem do Wall Street Journal (Aviação encontra a rota do menor custo, 7/3/2007, Susan Carey) mostra que a aviação está adotando um software para redesenhar as rotas dos aviões e economizar dinheiro para as empresas aéreas em rotas internacionais.

No passado, quando um avião da United Airlines decolava de São Francisco para Frankfurt, os pilotos seguiam a rota padrão: sobre o Estado americano de Montana e depois a nordeste pelo espaço aéreo canadense e sobre a Islândia. Mas graças a um novo software de traçado de rotas que a United está agora instalando em seu centro de operações, o avião, se os ventos e outras condições meteorológicas permitirem, fica no espaço aéreo americano mais tempo, até Cleveland ou Detroit. Isso corta a tarifa canadense pelo "sobrevôo" — a maioria dos países cobra uma tarifa pelo uso de seu espaço aéreo — e reduz o consumo de combustível, gerando uma economia média de US$ 1.433 por avião, por trecho. (...)

Parte da nova equação é minimizar — quando possível — as taxas de sobrevôo mais caras cobradas por alguns países pelo serviço de seus controladores de tráfego aéreo. A Iata estima que as empresas aéreas gastem mais de US$ 20 bilhões por ano no mundo com essas tarifas de navegação.

As fórmulas que os países usam para computar suas tarifas de sobrevôo variam muito. Por exemplo, Camarões, na África, baseia sua cobrança no peso máximo de decolagem do avião. O Canadá cobra de acordo com a distância voada e o peso do avião. Nos Estados Unidos, em vez de tarifas de sobrevôo, os passageiros pagam várias taxas para as companhias aéreas, que repassam o dinheiro para um fundo fiduciário.

A redução das tarifas de sobrevôo precisa ser equilibrada com os custos adicionais de combustível se uma rota alternativa for menos direta. O sistema do software acompanha uma série de outros dados: condições climáticas; localização do aeroporto e de pistas de pouso; peso e desempenho de cada avião na frota da companhia aérea; espaço aéreo bloqueado temporariamente; e as localizações de rotas aéreas fixas, cuja escolha muda diariamente devido aos ventos.

06 março 2007

Rir é o melhor remédio - 52

Bobagem de um advogado

Como um advogado pode por tudo a perder. Caso divulgado pela Agência Lusa (EUA:Juiz declara nulidade de um processo intentado pelo Banco Espírito Santo, 05/3/2007)



Miami - Um juiz declarou hoje a nulidade de um processo intentado pelo Banco português Espírito Santo (BES) contra a firma de contabilidade norte-americana Bdo Seidman LLP num caso de fraude que envolve 170 milhões de dólares.

A decisão foi tomada depois de um advogado do BES ter mencionado o suicídio de um dos executivos da empresa norte-americana, indo assim contra as ordens do juiz.

O juiz do condado Miami-Dade José M. Rodriguez concordou com a Bdo Seidman de que a empresa não podia ter um julgamento justo.

Um advogado do Banco Espírito Santo mencionou a semana passada o suicídio quando interrogava uma testemunha. O juiz tinha proibido qualquer referência ao suicídio numa ordem emitida antes de o julgamento começar.

O Banco Espírito Santo pôs em 2004 uma acção em tribunal contra a Bdo Seidman acusando-a de não ter revelado uma fraude de um antigo parceiro do BES, E.S. Bankest LLc.

O BES disse que a Bdo Seidman, contratada para fazer uma auditoria às contas do Bankest, não detectou as fraudes que começaram no final dos anos 90, em parte porque a firma tinha relações financeiras com outro parceiro do Bankest.

Um advogado que representa a Bdo Seidman, Mark Schnapp, argumentou que o júri iria associar o suicídio com a descoberta da fraude dos serviços financeiros da firma, uma ligação que nunca foi sugerida.

A audição das testemunhas do abortado julgamento começou no final de Janeiro. Foi marcada uma reunião para quarta-feira para planear um novo julgamento.

A Bdo Seidman elogiou a decisão do juiz num comunicado e condenou o que qualificou de observações "altamente prejudiciais e inflamatórias" do advogado do BES.

"Estas observações foram apenas o último exemplo de como os queixosos tentaram distrair o júri dos factos do caso, (Ó) através de insinuações impróprias que não tinham base neste julgamento", assinala o comunicado da firma norte-americana.

Steven Thomas, um advogado do Espírito Santo, disse que os advogados da Bdo Seidman tinham-se orientado desde o início para que o processo fosse declarado nulo. A referência do seu colega ao suicido não foi intencional, disse.

"Estamos desapontados mas respeitamos a decisão do juiz", frisou Thomas.


Acredite, se quiser

Do Globo (Mudança nas contas vai atingir um terço do PIB, 06/03/2007, Cássia Almeida eLuciana Rodrigues)

(...) Novas pesquisas ajudarão a estimar a informalidade

O debate sobre informalidade na economia ganhará novo contorno. Antes estimado pelo IBGE em 12% do PIB, o dado será mais bem calculado. Será possível cruzar, por exemplo, a produção de cimento, com o uso de empresas formais e famílias, o consumo formiga, mais informal.

— Será possível agora fazer a conta de qual o tamanho (em reais) da economia informal — afirmou o coordenador. [Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais do IBGE]

Contabilidade mais feminina

Reportagem da Gazeta de hoje mostra que a profissão contábil está mais feminina:

Uma ciência contábil e mais feminnina

São Paulo, 6 de Março de 2007 - Elas já são 37% dos profissionais em atividade, com 144.767 contadoras por todo o País. Desta vez silenciosamente e mais centradas em objetivos" corporativos", as mulheres, que lideraram a revolução dos costumes nos anos 1960, preparam-se para comemorar o seu dia, em 8 de março, mantendo o nível ascendente de suas conquistas. Inclusive em áreas que havia pouca representatividade feminina, elas também estão chegando lá.

Um estudo do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) mostra um rápido crescimento feminino na carreira contábil, que tem sido sempre eminentemente masculina. As mulheres correspondem, hoje, a 37% dos profissionais ativos, num total de 144.767 contadoras em todo o País. São Paulo, com a maior concentração desses profissionais em níveis técnico e superior, claro, lidera o ranking: as mulheres correspondem a 33% da mão-de-obra do segmento. (...)

Pesquisa e Ensino

Uma questão que tem sido debatida em alguns blogs refere-se à pesquisa e ensino na universidade.

De uma maneira geral, a pesquisa tem sido a questão mais destacada quando se comenta sobre o ensino superior. Recentemente, na última Revista Brasileira de Contabilidade, foi discutida uma pesquisa realizada no Brasil sobre os maiores pesquisadores brasileiros na área de contabilidade. Destaco, inicialmente, o ineditismo desse ranking no Brasil. Entretanto, a metodologia usada poderia ser questionada. Afinal, a qualidade é igual a quantidade?

Recentemente no Blog de Greg Mankiw foi publicada uma crítica ao fato do peso na universidade ser para as pessoas que publicam. Argumenta-se que a maioria dos artigos que são publicados é realmente questionável.

Nessa semana, o debate Posner e Becker foi sobre escolas de economias e ranking. Posner acha que os rankings são manipuláveis pelas escolas, dependendo do atributo. Becker lembra que nos últimos anos tem crescido o interesse por ranking. Isso ocorre devido à dificuldade dos estudantes, pacientes e outros consumidores em ter uma informação suficiente sobre os atributos que são oferecidos nas escolas, hospitais e outros serviços. Becker lembra que os rankings podem conduzir a um "jogo" na medida. Por exemplo, se os hospitais são classificados pela taxa de mortalidade dos seus pacientes, isso pode conduzir essas organizações a não aceitar pacientes que estão em estado grave.

Voltando nossa atenção para a academia, a presença de rankings pode conduzir a distorções. Hoje os pesquisadores brasileiros sabem, por exemplo, que publicar um artigo num periódico pode significar mais pontos que publicar em outro periódico. Isso também é válido para congressos e outras atividades. Quando faço um parecer para um periódico não ganho pontos na minha atividade de pesquisador na visão da Capes. Mas quando publico um artigo num periódico de nível A, ganho. Esse tipo de situação conduz ao que Becker chamou de "jogo", incentivando o comportamento do pesquisador para algo que talvez não seja adequado.

Andrew Oswald, da University of Warwick, fez uma pesquisa simples, mas interessante. Usando dados de periódicos antigos na área de economia, Oswald critica as universidades que tem sua política voltada para publicação em periódicos de prestígio. Para Oswald, publicar nesses periódicos não significa necessariamente qualidade. Utilizando o impacto da citação como variável, Oswald mostra que uma pesquisa publicada num periódico de alto nível pode ser "pobre" pois não é lembrada posteriormente. Já uma excelente pesquisa publicada num periódico de nível mediano pode ser considerada de maior qualidade já que é lembrada mais vezes. (Oswald explica que isso decorre do desvio-padrão)

Ellison, do MIT e do NBER, mostrou que nos últimos anos o número de artigos publicados nos periódicos científicos de economia escritos por departamentos de universidades de renome tem declinado. A justificativa para isso talvez seja o acesso mais fácil aos dados proporcionado pela Internet.