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28 novembro 2006

Rating


Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, a principal razão para mudança no rating de uma empresa é a melhoria do risco país.

Banco Central se posiciona


O Banco Central recusou a proposta de ex-controladores de bancos quebrados, entre os quais o Nacional e o Econômico, para encerrar a liquidação extrajudicial. A razão alegada foi o princípio de defesa do patrimônio público. Para o Bacen, estes bancos querem ficar com recursos públicos do Proer.

Segundo o jornal Valor Econômico, "fontes dessas instituições vem dizendo de forma reservada que o BC tem atrapalhado o acordo."

O lobby a favor destes bancos será grande.

Gol



A Gol está sentindo os problemas decorrentes do acidente aéreo com seu avião mas principalmente a questão do tráfego aéreo. O gráfico ao lado reproduz a cotação da ação da empresa nos últimos seis meses na bolsa de Nova Iorque (linha azul) versus o próprio comportamento da bolsa (de vermelho). É facilmente percebido que o mercado sentiu o impacto desses dois fatos. A parte de baixo do gráfico mostra o volume negociado.

Para comparar, o gráfico abaixo mostra a cotação da TAM, também em Nova Iorque, nos últimos seis meses. A queda nas cotações foi menor.



Clique aqui para ler mais

Blogs de Economia


Uma reportagem do Los Angeles Times do dia 23 de novembro mostra a popularidade dos blogs de economia entre o público norte-americano. Um desses blogs, o Marginal Revolution, recebe quase 20 mil visitas por dia. Até o economista Becker, vencedor do Nobel e ex-colunista da Business Week, também possui um blog com uma boa visitação, apesar de sua atualização ser semanal.

A reportagem estima que entre os 100 sites mais visitados da blogosfera, 4 ou 5 são de economia.

27 novembro 2006

Links


Sobre o controle das ações no mercado brasileira - clique aqui

A questão da Telemar - clique aqui

O impacto da melhoria da avaliação do risco país na avaliação - clique aqui

Americanas.com e Submarino


Detalhes sobre a operação entre as Americanas.com e Submarino foram reveladas e utilizando a reportagem que saiu na imprensa econômica:

=> será criada uma nova empresa, por enquanto denominada B2W Companhia Global de Varejo.

=> Os nomes Americanas.com e Submarino sobreviverão

=> A controladora será a Americanas.com, que terá 5 membros no Conselho de Administração contra 4 da Submarino

=> Os acionistas do Submarino terão que aprovar o negócio em Assembléia Geral. Os da Lojas Americanas já aprovaram.

=> Representa a maior fusão de empresas abertas de capital pulverizado listadas no Novo Mercado da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).

=> A empresa B2W terá faturamento bruto de mais de R$ 2,2 bilhões

=> cada ação do Submarino nas mãos dos minoritários será trocada por uma ação da B2W. A Lojas Americanas terá 53,25% da empresa e o Submarino, 46,75%.

=> Haverá sinergias - olha a palavra mágina aparecendo! - segundo alguns especialistas. Particularmente tenho dúvidas (sempre tenho quando aparece esta palavra)

= Haverá redução de pessoal (contraditório com o anterior, é claro) mas as empresas negam.

=> Alguém no mercado já sabia da operação. Segundo o Jornal do Commercio (24/11/2006) nos últimos 30 dias a ação da Submarino subiu 30% (versus 8,5% do Ibovespa). Os jornais divulgaram antes de sair o fato relevante.

26 novembro 2006

Fatos da Semana


1. Persiste a questão Vale e Funai - Clique aqui para ler. Aqui também

2. O Bradesco é notícia positiva pelo sucesso na Bolsa de Nova Iorque - Clique aqui

3. Americanas e Submarino decidem unir forças - Clique aqui

4. Unibanco chega a um acordo com a família Magalhães Pinto - Clique aqui

5. Os problemas financeiros nas Olimpíadas de Londres alertam para a questão dos jogos Pan-Americanos (alguém já viu alguma prestação de contas?) e para futuras candidaturas brasileiras - Clique aqui

O sucesso do Bradesco


Texto do Jornal de Commercio (21/11) sobre as negociações de ações do Bradesco na Bolsa de Nova Iorque:

Sucesso do Bradesco em Wall Street

É o banco latino-americano de maior liquidez na Bolsa de Nova York

LUCIANNE CARNEIRO
DO JORNAL DO COMMERCIO

Em um dia considerado histórico nos 63 anos de existência do Bradesco, o presidente Márcio Cypriano e integrantes da diretoria do banco comemoraram ontem cinco anos de bem sucedida negociação de ações da instituição financeira na Bolsa de Valores de Nova York. "Alcançamos, nestes cinco anos, a condição de banco latino-americano com a maior liquidez do mercado", destacou o executivo, que ao fim do dia tocou o sino de fechamento do pregão.

Cypriano citou extensa lista de indicadores que mostram melhora significativa da instituição desde novembro de 2001, quando as ações do banco começaram a ser negociadas na Bolsa de Nova York. Atualmente, 30% das ações do banco já estão na mão de investidores estrangeiros e há interesse em ampliar este percentual, garantindo ainda mais liquidez às ações do banco.

"Muita coisa aconteceu com o Bradesco e com a economia brasileira nesse período. O Bradesco reafirmou sua posição de liderança entre as instituições financeiras privadas da América Latina, nossa base de clientes chega, hoje, a 17 milhões, fruto de crescimento orgânico e da aquisição estratégica de outras instituições financeiras, além de forte processo de bancarização", disse.

Valor de mercado: US$ 35,3 bi. O valor de mercado do Bradesco atingiu US$ 35,3 bilhões neste ano, ante US$ 7,1 bilhões em 2001. A consultoria Economática mostra que a valorização das ações ordinárias (ON) do Bradesco foi de 768% em dólar nos últimos 5 anos, enquanto as preferenciais (PN) subiram 540%, percentuais superiores aos Índices Bovespa, Dow Jones e Nasdaq.

O volume médio diário anual de negociação era US$ 12,5 milhões em 2001 e foi ampliado para US$ 93,7 milhões. O volume girado em ADRs em Nova York passou de 22,5% da liquidez em 2001 para 128%. "Agora, o volume de ADRs (American Depositary Receipts) já é equivalente a 128% do que se negocia em São Paulo", resumiu Cypriano.

"O total de ativos mais que dobrou nos últimos cinco anos, assim como nosso patrimônio líquido. O lucro cresceu e lidera o setor bancário privado há oito trimestres consecutivos. A carteira de crédito dobrou em relação a 2001, com a inadimplência mantendo-se estável. A rentabilidade alcançou novo patamar, da ordem de 30% e assim vem se mantendo. Esses resultados originaram-se na escolha de estratégias acertadas, adequadas ao desempenho da economia brasileira", disse, ressaltando que o Bradesco é o único banco latino-americano a participar do grupo com ativos superiores a US$ 100 bilhões.

O Bradesco foi o responsável pelo maior lucro anual do sistema financeiro da América Latina, de US$ 2,4 bilhões em 2005.

Contribuíram para o avanço das operações nos últimos cinco anos, segundo Cypriano, as cerca de 30 aquisições, parcerias de crédito e acordos de empréstimo consignado no período. Entre elas, citou as compras do Banco Mercantil de São Paulo, BBVA, Banco Boavista e o Banco Cidade, o acordo com as Casas Bahia, a parceria com a American Express e a privatização dos bancos dos estados do Ceará (BEC) e do Maranhão (BEM). Além disso, destacou o processo de segmentação do atendimento do banco.

"Temos tradição de 63 anos de lucros ininterruptos. Tudo isso nos dá diferencial competitivo e a certeza de que continuaremos a melhorar, ano a ano, os nossos resultados", afirmou. Ele acrescentou que o Bradesco ocupa a quarta posição entre empresas financeiras e não-financeiras cujas ações são as mais negociadas da América Latina.

Nos encontros com analistas, foi reforçado o interesse do Bradesco em ampliar as operações de seu banco de investimentos. Em fevereiro, as operações de banco de investimento, gestão de recursos, tesouraria e corretora da instituição financeira foram agrupadas no Banco Bradesco de Investimento (BBI). Um dos objetivos da nova estrutura é apoiar aquisições de ativos no exterior por empresas brasileiras.

"O banco olha com muita atenção e está disposto a participar dessas operações grandes, é um dos objetivos do banco de investimento", disse Cypriano, lembrando que o banco participou da aquisição da canadense Inco pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD).

Na apresentação aos analistas, Márcio Cypriano ressaltou o otimismo com o futuro da economia brasileira e disse que o banco está preparado para desenvolvimento mais acentuado do País.

"O Brasil preparou nos últimos anos base sólida para o lançamento de um novo ciclo longo de crescimento, que seja consistente e sustentável. Temos inflação sob controle, saldos crescentes na balança comercial, reservas internacionais confortáveis. A expectativa para 2007 é da continuação da queda dos juros primários", apontou.

Cypriano afirmou que o banco manterá sua estratégia de vender participações em negócios que não estejam no foco principal do grupo: banco e seguros. O movimento foi iniciado com a cisão da Bradespar, mas será mantido.

No início de novembro, o Bradesco vendeu a participação no capital social ordinário da Usiminas, de 2,8%. "O banco tem saído de quase todas as participações que não são relevantes para o nosso negócio", disse o presidente do Bradesco.

Apoio, na China, a exportadores brasileiros

O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, anunciou que banco estuda a instalação de escritório de representação na China para atender a exportadores brasileiros que atuem naquele país, mas não precisou data para este investimento.

"Já temos participação no mercado chinês por meio de nosso acordo operacional com o Tokyo Mitsubishi UFJ, que mantém rede de agências na China. Porém, o vigor da expansão econômica chinesa já justifica uma presença direta para o atendimento das empresas brasileiras que estão lá, como Petrobras, Vale e Embraer. Com a abertura do mercado chinês, estamos pensando em abrir um escritório de representação lá, se os estudos confirmarem nossas expectativas positivas", anunciou Cypriano. O executivo acrescentou que devem ser prospectados negócios em outros mercados emergentes, como a África, por exemplo.

Na última semana, ele já tinha afirmado que a busca por mercados fora do Brasil está no planejamento estratégico do banco para os próximos dez anos.

A China deve iniciar a abertura de seu setor bancário no dia 11 de dezembro, como parte de uma série de reformas exigidas para sua integração à Organização Mundial do Comércio (OMC), ocorrida em 2001. Atualmente, investidores estrangeiros não podem investir no setor financeiro no País e a fragilidade do sistema financeiro é apontada como uma das maiores ameaças ao crescimento da economia chinesa.

A princípio, Cypriano descartou a possibilidade de o banco brasileiro atuar no varejo na China e ressaltou que o objetivo da operação será apoiar exportadores brasileiros na China. Ele explicou que o estudo é para a instalação de um escritório de representação e não de um banco. Não há intenção de realizar operações de crédito.

"O que vamos fazer é um escritório de representação, não um banco. Nós não vamos fazer operação de crédito", disse ele.

"Não temos intenção de fazer varejo fora do Brasil, até porque ainda temos no País muito para caminhar em bancarização de 40% da população economicamente ativa que ainda não possui conta em bancos. O objetivo de nós abrirmos eventualmente um escritório na China seria basicamente para atender operações de trade finance através de nossos clientes que são exportadores para a China", apontou.

Segundo o executivo, o volume de capital necessário para fazer um escritório de representação na China é próximo de US$ 25 milhões. "Não é nada tão expressivo que possa trazer qualquer tipo de preocupação (sobre garantias)", disse.

Cypriano informou que o Bradesco prevê ampliar o serviço de remessas oferecido aos brasileiros residentes nos Estados Unidos. Para isso, iniciou conversações com várias instituições financeiras locais para buscar parcerias que aumentem a capacidade de prestação de serviços do Bradesco.

As remessas de recursos de brasileiros através do Bradesco totalizaram US$ 400 milhões entre janeiro e outubro deste ano, ante US$ 383 milhões em todo o ano de 2005. As operações partem principalmente de residentes no Japão, Europa Ibérica e Estados Unidos.

As Comparações entre setores


Um artigo interessante sobre as comparações inter-setoriais. Publicado na Gazeta de 22/11:

Governança Corporativa - Comparações inter-setoriais

22 de Novembro de 2006 - Um dos vícios em relações com investidores é sempre se comparar com outras empresas do setor. Isso ocorre por duas razões principais: a primeira é uma competitividade natural com as companhias que disputam o mesmo mercado; ademais, a própria diretoria sempre encara seu negócio comparando-o com a concorrência.
A outra é que os próprios analistas, sobretudo os de sell-side que possuem maior contato com a companhia, são especializados por setores, avaliam assim os resultados e, sempre que demandam alguma informação extra, falam que "a outra companhia passa esses dados".
De fato, não há mal nenhum em realizar um benchmark do setor. Se todos seus competidores abrirem uma dada informação, é imprescindível que você faça o mesmo. Se nenhum deles o fizer, você pode escolher entre ser um exemplo ou simplesmente seguir o padrão.
O que não pode acontecer é restringir-se ao seu próprio setor e perder o contato com o restante do mercado. Afinal, não custa lembrar que, para o mercado acionário, é melhor ser a companhia com pior performance de um setor com resultados excelentes do que ser a companhia com melhor performance de um setor em crise.
Alguns setores são conhecidos pela transparência e detalhamento de suas informações financeiras, enquanto outros não fornecem sequer um fluxo de caixa. Então, existe um espaço para a comparação no planejamento, mas não deve ser o único. É importante lembrar também que parte significativa dos investidores é estrangeira, então é relevante realizar essas comparações com benchmarks globais.
Outro erro comum em relação ao setor é assumir que os analistas e investidores já conhecem as tendências do mercado como um todo e que é preciso apontar apenas as particularidades da própria companhia.
O grau de importância e o tipo de informações setoriais variam muito de setor para setor.
Por exemplo, no caso de uma companhia que produz e vende commodities, os preços praticados pela companhia dependem fundamentalmente do mercado. Então, comentários sobre as perspectivas de demanda e oferta dos produtos são vitais, uma vez que, não raro, esses fatores exógenos são os principais determinantes da rentabilidade - por mais que a companhia tenha uma perspectiva particular interessante para apresentar, seja em termos de eficiência, custos, qualidade, distribuição, etc..
Em outros, pode ser que o setor não seja tão fundamental na precificação em si, mas podem apontar outras importantes tendências. Por exemplo, a demanda do varejo tem tido forte aceleração em função do crescimento da oferta de crédito pessoal. Da mesma forma, as menores taxas de juros e prazos mais longos também têm apontado tendências muito positivas para o mercado de bens duráveis, como o setor imobiliário e automotivo.
Finalmente, as companhias podem apresentar fatores pontuais que afetam de maneira permanente seus mercados. Companhias de cigarro e bebidas podem enfrentar restrições regulatórias em termos de marketing ou mesmo de venda, afetando suas vendas.
Por outro lado, as companhias públicas desses setores sofrem muito com o mercado informal, onde não se pagam impostos, há concorrência desleal e preços mais baixos. Assim, sempre que o governo anuncia alguma medida capaz de coibir essas práticas, é positivo para essas companhias.
Muitas dessas tendências podem parecer óbvias para dirigentes da própria companhia ou analistas do setor. No entanto, certamente esse não é o caso de alguns administradores de portfólios ou analistas de buy-side, que precisam acompanhar dezenas de empresas simultaneamente.
Além disso, a diretoria da empresa deveria ser quem melhor entende o mercado. Com auxílio de consultorias, força de vendas trabalhando o dia-a-dia, equipes montadas para identificar as tendências, uma companhia certamente está melhor posicionada para opinar sobre tendências de mercado que um analista trabalhando sozinho.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Márcio Veríssimo - Consultor, especial para Gazeta MercantilE-mail: ri@gazetamercantil.com.br )

Governança Corporativa


Sobre controles corporativos, publicado na Gazeta de 22/11. Óbvio, mas não deixa de ser importante:

Governança Corporativa - Sair do escritório para testar controle

São Paulo, 22 de Novembro de 2006 - Saber se os controles corporativos estão operando adequadamente é uma das grandes preocupações da administração das companhias. Segundo Sidney Ito, sócio da KPMG, normalmente não é possível testar controles corporativos sem visitar algumas ou todas as localidades ou unidades de negócio que esses controles operam. "A eficácia de alguns controles corporativos, tais como a implantação e aplicação de um código de conduta ou de manuais de contabilidade, é evidenciada fora do escritório central ou da sede da empresa", afirma o consultor.

Uma forma de testar os controles, conforme Ito, é por localidades ou de unidades de negócio. Para isso, o primeiro passo recomendado por Ito é estabelecer o número de localidades a visitar. O ideal é que as localidades inclusas no teste sejam representativas das populações ou de unidades de negócio que, tomadas em conjunto, sejam relevantes. Além disso, a extensão dos testes deve ser sempre maior do que a executada pelo auditor independente.

"A administração pode considerar fatores tais como o grau de centralização dos controles, o compartilhamento do processo, o desenho dos controles entre as unidades e a consistência das políticas contábeis", acrescenta Ito.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Lucia Rebouças)

Vale x Funai 6

A Funai decidiu ir na Justiça de Marabá para obrigar a Vale a ajudar os índios xicrins, que vivem próximo a Carajás. A ajuda, conforme relata o texto a seguir da Folha de São Paulo de 22/11, corresponde a R$596,9 mil por mês. Utilizando uma taxa de desconto de 0,5% ao mês, juros da poupança, isto corresponde a um valor presente de 119 milhões de reais. Leia a seguir a reportagem:

Funai vai à Justiça contra a Vale do Rio Doce

Empresa diz que decreto a desobriga de repassar dinheiro aos índios; para presidente da Funai, mineradora foge do dever

Funai pede na Justiça que a Vale mantenha repasse de R$ 596,9 mil por mês, para prevenir revolta dos índios; juiz ainda não se pronunciou



ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A Funai (Fundação Nacional do Índio) entrou com ação cautelar na Justiça Federal de Marabá (PA) para obrigar a Vale do Rio Doce a reiniciar a ajuda financeira aos índios xicrins, que vivem em áreas próximas da mina de Carajás, no sudeste do Pará. A ajuda foi interrompida no fim de outubro, depois da invasão da mina por 200 guerreiros da tribo.
A empresa afirma que um decreto do ex-presidente FHC, que criou a Floresta Nacional de Carajás, em 1998, desobrigou-a de repassar dinheiro às comunidades indígenas próximas da jazida e da ferrovia de Carajás e que continuou a fazê-lo, a partir de então, por mera liberalidade.
A ação cautelar pede que a Vale continue a repassar R$ 596,9 mil por mês aos xicrins, para prevenir uma revolta dos índios, que estariam em "situação periclitante". Até ontem à tarde, o juiz não havia se manifestado. São cerca de mil índios, divididos em duas aldeias.
O presidente da Funai, o antropólogo Mércio Pereira Gomes, diz que não se trata de liberalidade, mas de obrigação legal e contratual da Vale. "É uma compensação por ela ter recebido gratuitamente do governo as jazidas de Carajás." Ele diz que a jazida está em áreas de posse imemorial dos índios, onde estão restos mortais de seus antepassados.
A Vale cancelou o convênio existente havia 17 anos com os xicrins e suspendeu o pagamento das duas últimas parcelas referente ao repasse de R$ 9 milhões acertado para este ano. O acirramento coincide com a aquisição, pela Vale, da segunda maior mineradora mundial de níquel, a Inco, por cerca de US$ 17 bilhões.
A Vale lucrou R$ 4 bilhões no último trimestre. A ajuda prevista para os xicrins em 2006 corresponde ao lucro de quatro horas e meia nesse período. A empresa diz que repassa cerca de R$ 10 mil ao ano por índio e que, proporcionalmente, desembolsa dez vezes mais do que a Funai e a Funasa (Fundação Nacional de Saúde).
A Vale denunciou o governo brasileiro na OEA (Organização dos Estados Americanos) por não cumprir suas obrigações com os indígenas.

Acionistas
O diretor de projetos institucionais estratégicos da empresa, Walter Cover, diz que o fato de ser grande não a torna responsável pelas populações carentes em seu entorno e que isso é tarefa do governo. "A empresa tem compromissos com seus acionistas, de crescer e de dar lucro", afirmou.
A Vale admite voltar a ajudar os xicrins, desde que o governo crie projetos que viabilizem a auto-suficiência das comunidades. Reclama que parte do dinheiro foi gasta na compra de carros importados e diz que não quer continuar só custeando consumo.
Gomes contrapõe que a Vale não apresentou nada de concreto para superar o impasse com os xicrins. Sobre a forma como os índios gastam o dinheiro, disse não condenar os caciques por comprarem carros importados e que também não critica os diretores da Vale por morarem em apartamentos de luxo.

Incra
O gerente-geral jurídico da Vale, José Alberto Araújo, diz que a resolução 331/86 do Senado não obriga a empresa a dar dinheiro aos índios porque não lhe foi dada a concessão do uso da terra, como exigia o artigo 3º do documento. O processo ficou no Incra por cinco anos, até ser devolvido por não se tratar de reforma agrária.
O governo e a empresa não se preocuparam com a inexistência da concessão até as vésperas da privatização, em 1997. Em março, dois meses antes do leilão de privatização, o ex-presidente FHC assinou um decreto sem número, reafirmando a autorização para a concessão do direito de uso da terra à empresa.
Um ano depois da privatização, FHC assinou novo decreto criando a Floresta Nacional de Carajás na mesma área onde havia sido autorizado o direito de uso para a Vale. A administração da floresta foi, então, repassada ao Ibama, em convênio com a própria Vale.
Esse decreto é o pivô da confusão jurídica sobre os direitos dos índios. Para a Funai, ele não desobrigou a Vale da ajuda, porque não houve revogação do decreto anterior. Já a empresa sustenta que o decreto de 1997 foi extinto, porque perdeu o objeto.
A Folha perguntou ao Ibama, à Casa Civil da Presidência da República e ao DNPM se o decreto de 97 continua em vigor (o que garantiria o direito dos índios) ou se foi anulado com a criação da floresta, o que tornaria questionável o direito dos índios à ajuda financeira. Nenhum órgão elucidou o fato.
O ex-presidente do Ibama Eduardo Martins, que participou da criação da Floresta Nacional de Carajás, disse à Folha que a questão dos índios nem sequer foi abordada pelas autoridades na elaboração do decreto, em 1998.

25 novembro 2006

Unibanco e Nacional

Na terça-feira os jornais econômicos noticiaram um acerto entre o Unibanco e o Banco Nacional. Quando o Unibanco comprou a parte boa do Banco Nacional, no final de 1995, as relações entre os controladores de ambas as instituições ficaram estremecidas. A reaproximação é interessante para ambas as partes, mas o acerto final depende do Banco Central.

A questão contábil diz respeito ao valor do passivo do Nacional com o Bacen e a forma com deve ser corrigido no tempo. A posição que favorece ao Unibanco seria o passivo ser corrigido pela TR; o Banco Central entende que o passivo deve ser corrigido pelo valor das garantias mais 2%.

Decisões judiciais anteriores favorecem ao acordo entre os bancos. Para o Unibanco, o acordo pode trazer uma vantagem adicional: fica com os créditos tributários.

Clique a seguir para ler as notícias

Unibanco acerta compra do Nacional – Valor Econômico de 21/11/2006

Magalhães Pinto e Unibanco fazem acordo sobre o Nacional – Jornal do Commercio de 21/11/2006
Moreira Salles espera solução para Nacional - Valor Econômico – 24/11/2006

Unibanco nega compra da parte podre do Banco Nacional - Gazeta Mercantil 24/11/2006