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31 outubro 2007

Doutorado nos Estados Unidos

Um estudo interessante, publicado na Revista de Contabilidade e Finanças de junho de 2007, e desenvolvido pro Murcia, Borba e Ambrósio, mostra que o custo de oportunidade de fazer o doutorado em Contábeis nos Estados Unidos é elevado: as universidades exigem dedicação exclusiva e os candidatos perdem dinheiro nesta dedicação. O estudo mostra a ênfase no conhecimento geral, inclusive em métodos quantitativos. Os 5 melhores programas são:

1. Pennsylvania
2. Chicago
3. Texas Austin
4. Illinois - Urbana
5. Michigan

No período de 2001 a 2005 a média de doutores formados nos Estados Unidos ficou abaixo de 40 por ano. A seguir o resumo do artigo:


O presente trabalho busca conhecer algumas características dos principais programas de doutorado em contabilidade dos Estados Unidos. Para a seleção da amostra deste estudo, utilizou-se, como base, o ranking divulgado pela revista U.S. News & World Report – America´s Best Graduate Schools in Accounting-2006. Esse ranking lista os 31 principais programas de pós-graduação em contabilidade nos Estados Unidos. Contudo, para o presente trabalho, 3 dessas universidades foram excluídas, restando para análise um total de 28 universidades. A coleta dos dados foi realizada nos sites eletrônicos dos programas selecionados. Buscou-se identificar 4 características desses programas de doutorado: critérios do processo seletivo, exigências para a obtenção do título de Ph.D. in Accounting, disciplinas oferecidas e perfil do corpo docente. Os resultados encontrados evidenciam algumas características dos programas analisados que podem permitir um benchmarking, possibilitando um crescimento da pesquisa acadêmica brasileira. Nesse sentido, o trabalho contribui para a construção e o aperfeiçoamento da contabilidade, à medida que evidencia possibilidades de melhorias nos programas de pós-graduação no Brasil.

16 dezembro 2012

Demanda por PhDs


Em comum, Gustavo Manso, Newton Campos e Sandra Jovchelovitch têm o fato de lecionar em renomadas escolas de negócios fora do Brasil. Além disso, os três, nascidos no país, também são PhDs e fizeram parte dos estudos no exterior. Essas duas características, aliás, parecem ser essenciais para quem quer dar aulas em instituições de primeira linha nos Estados Unidos e na Europa. "É raro alguém que não tenha esse perfil lecionar nas melhores escolas", diz Gustavo Manso, hoje professor associado de finanças na Haas School of Business, da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

Os três brasileiros preenchem requisitos que nem sempre as escolas de negócios encontram facilmente para completar seus quadros. Em uma recente entrevista ao Valor, Arnoud de Meyer, presidente da Singapore Management University, afirmou que não há professores suficientes para atender a demanda por ensino de qualidade para os jovens que estão entrando no mercado. "Não temos gente com PhD que possa, de fato, elevar o nível de ensino", disse ele.

A AACSB, associação que reúne aproximadamente 1.200 escolas de negócios de 70 países, tem números que corroboram a percepção de Meyer. Dados coletados entre 2011 e 2012 mostram que os membros da AACSB reportaram 1.350 vagas para professores com doutorado que não foram preenchidas no período. Essas mesmas escolas informaram que 2.704 acadêmicos doutores devem se aposentar nos próximos cinco anos. "Com a desaceleração das contratações e o crescente número de aposentadorias, a demanda por professores com PhD está aumentando", disse um porta-voz da AACSB. Entre as áreas que mais sofrem estão contabilidade, finanças, economia e gestão.

[...]

Poder passar boa parte do ano debruçada sobre pesquisas é uma das características que agradam a professora da London School of Economics (LSE) Sandra Jovchelovitch em sua atividade profissional. Na escola britânica, ela passa entre 60 e 70 horas por ano lecionando. Ela ressalta que enquanto no Brasil o foco é a sala de aula, nas escolas de elite do Reino Unido e dos Estados Unidos o ensino é dirigido pela pesquisa. "A condição de trabalho para o acadêmico que tem ambição de desenvolver conhecimento é excelente nesses países", diz. Isso não quer dizer que os professores sejam menos cobrados ou sofram menos pressão. Eles são avaliados constantemente e o avanço na carreira é centrado na produção de pesquisa.

Com quatro livros publicados e diversos papers e artigos, Sandra já está no Reino Unidos há 21 anos. Depois de cursar psicologia e concluir o mestrado na PUC do Rio Grande do Sul, ela deu aulas na instituição antes de fazer um doutorado na LSE. "Escolhi o Reino Unido porque eles tinham os maiores centros de produção de conhecimento na minha área", diz. A intenção dela, no entanto, era voltar para o Brasil após o curso. "Mas acabei me casando com um suíço em Londres e fiquei", conta.

Com o título de PhD, Sandra participou de processos seletivos para lecionar no Reino Unido. Foi chamada por Cambridge também, mas escolheu a LSE. Ela acredita que o fato de ter feito doutorado na instituição britânica ajudou a conseguir a vaga. "Quando as escolas de elite buscam pesquisadores, elas avaliam as instituições de formação desses profissionais", diz. Hoje com uma função de acadêmica sênior, Sandra é diretora do mestrado em psicologia social e cultural e dá aulas nesse mesmo programa.

Newton Campos, professor na IE Business School, da Espanha, ainda não se considera um acadêmico - como Manso e Sandra -- embora dê aulas no MBA de uma das melhores escolas de negócios do mundo. Isso porque ele ainda não consegue se dedicar à pesquisa como gostaria. "É o próximo passo na minha carreira", diz. Campos deixou o Brasil em 2000 para fazer um MBA no IE, logo após ter concluído a graduação em contabilidade na PUC de São Paulo. Parte do programa executivo foi cursada na Índia, no Indian Institute of Management.

Foi durante o curso que ele se interessou mais pelo empreendedorismo em economias emergentes, disciplina que leciona hoje no IE. Antes de dar início à carreira de professor, no entanto, Campos trabalhou na Telefónica em Madri e, pouco depois, foi convidado pelo IE para divulgar a escola no Brasil. Assim, foi country manager da instituição no país entre 2003 e 2010. Alguns anos depois de difundir o nome e os programas da escola por aqui, achou que o trabalho poderia ser feito em meio-período. Proposta aceita pelos espanhóis, ele começou um doutorado na Fundação Getulio Vargas e, após obter o título de PhD, começou a dar aulas no IE. Ali, também passou a ser diretor de admissões dos programas de MBA "blended", com aulas presenciais e on-line.

Segundo ele, uma das maiores qualidades das escolas de negócios mais bem posicionadas nos principais rankings de ensino executivo é a diversidade em sala de aula. "Tenho 54 alunos de 44 países diferentes. Isso eleva o nível dos debates e traz uma dinâmica muito diferente", afirma. Campos acredita que seu vínculo com o IE o ajudou a conseguir uma vaga como professor. Martin Boehn, vice-reitor dos programas de MBA da escola, afirma, no entanto, que muitos não estudaram na instituição. "Temos o objetivo de recrutar os melhores ao redor do mundo e nem todos se formaram na IE", diz. Em sua opinião, o fundamental é que o profissional combine expertise em pesquisa e prática docente. "Isso assegura que nossos alunos não aprendam apenas sobre as novas pesquisas, mas também sobre a aplicação dessas teorias."

A diversidade cultural no quadro de professores também é relevante para o IE. Boehn ressalta que ser exposto a diferentes visões de mundo estimula o aprendizado e ajuda a desenvolver uma mente aberta. "Além disso, um quadro de professores internacional pode oferecer aos estudantes uma perspectiva global de como fazer negócios em um mundo cada vez mais conectado". Já na LSE, 45% dos professores vêm de fora do Reino Unido. Essa mistura de nacionalidades, segundo um porta-voz da instituição, ajuda a criar um ambiente estimulante intelectualmente.

Fonte: Novos horizontes para PhDs - Valor Econômico - Adriana Fonseca -13/12/12

11 junho 2013

Entrevista com Suzana Herculano-Houzel

A neurocientista Suzana Herculano-Houzel, 40, dedicou-se nos últimos anos a entender como o cérebro humano se tornou o que é. Seu trabalho a levou a ser a primeira brasileira convidada a falar no TED Global, famoso evento anual de conferências de curta duração que reúne convidados de várias áreas do conhecimento.

Herculano apresentará em sua fala de 15 minutos, nesta quarta, os resultados de suas pesquisas sobre como o cérebro humano chegou ao número incrivelmente alto de 86 bilhões de neurônios: o consumo de alimentos cozidos. "Entre os primatas, temos o maior cérebro sem sermos os maiores. Grandes primatas, com a sua dieta de comida crua, não possuem energia suficiente para sustentar um corpo enorme e um cérebro grande."
Na entrevista, concedida por telefone, a professora do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) dispara críticas à cultura brasileira de pesquisa científica, "que não incentiva a originalidade e a diversidade de pensamento", à pós graduação nacional, "muito fraca", e ao programa de bolsas Ciência Sem Fronteiras, "do jeito que está, parece demagogia" e defende a profissionalização da carreira de cientista.

Luciana Whitaker/Folhapress
A neurocientista Suzana Herculano-Houzel, que irá falar no TED Global, em seu laboratório na UFRJ
A neurocientista Suzana Herculano-Houzel, que irá falar no TED Global, em seu laboratório na UFRJ

*
Folha - Sobre o que a sra. vai falar na palestra no TED?
Suzana Herculano-Houzel - Vou apresentar o resultado do trabalho realizado no nosso laboratório, que mostra que o ser humano não é especial, nosso desenvolvimento cerebral não foge às regras que se aplicam aos outros primatas. Temos o maior cérebro primata sem sermos os maiores primatas. Como o tamanho do cérebro acompanha o tamanho do corpo, em geral, primatas maiores do que nós, como gorilas e orangotangos, deveriam ter um cérebro maior que o nosso e, no entanto, o gorila é duas a três vezes maior do que nós e nós temos um cérebro três vezes maior que o dos gorilas. Descobrimos que há uma explicação de origem metabólica para isso: quando calculamos a quantidade de energia que um primata obtém com a sua dieta de comida crua e quanto custa manter o corpo e o cérebro funcionando, descobrimos que os primatas não têm energia suficiente para sustentar um corpo enorme e um cérebro grande, com muitos neurônios. Também deveríamos obedecer à mesma regra, então nossos ancestrais conseguiram burlar essa limitação energética. Esse jeito, muito provavelmente, foi a invenção da cozinha, que transformou a maneira como aproveitamos as calorias, tornando os alimentos mais fáceis de serem mastigados e digeridos e, portanto, permitindo obter mais calorias em menos tempo.

Com a invenção da cozinha, ter um cérebro grande deixa de ser um risco e passa a ser uma vantagem, ao mesmo tempo que nos libera para fazer coisas mais interessantes com o nosso cérebro. Poderíamos pensar que isso nos faz especiais, mas se você olhar a evolução do cérebro dos primatas, é possível perceber que há muito tempo existe uma tendência de aumento do tamanho do cérebro, mas nos nossos ancestrais e nos grandes primatas isso tinha encontrado essa barreira metabólica.
Minha mensagem na palestra é que o que nos torna notáveis é o número alto de neurônios no córtex cerebral e conseguimos chegar a isso fazendo algo que nenhum outro animal faz que é cozinhar os alimentos.

Recentemente dois grandes projetos ligados à compreensão do cérebro foram anunciados. Na Europa, um investimento de 1 bilhão de euros será destinado a uma simulação em computador do cérebro funcionando e, nos EUA, um consórcio de cientistas vai mapear o cérebro. Como essas iniciativas se inserem no atual quadro de pesquisa da neurociência?

São desdobramentos do que já vinha sendo feito. Se você olhar para a história da pesquisa em neurociência, começamos tentando entender o que cada parte do cérebro faz, para que serve cada estrutura, e isso teve uma explosão extraordinária entre os anos 1990 e 2000 com as técnicas de ressonância magnética e tomografia computadorizada, que nos permitiram construir um mapa do que faz cada pedaço do cérebro. Nos últimos cinco anos, começou uma busca pela compreensão de como partes diferentes do cérebro interagem, colaboram e trocam informações. Nesse processo emerge a consciência, o autoconhecimento. Essa é a fronteira final nesse momento.

A sua pesquisa se relaciona de alguma forma com esses projetos?

De certa forma sim. Uma das coisas que estamos estudando e que faz parte de um artigo que acabamos de terminar é entender como os neurônios se distribuem ao longo do córtex humano [camada mais externa e sofisticada do cérebro], entre as diferentes áreas. Começamos uma pesquisa para saber qual é a relação entre a distribuição do número de neurônios e do número de sinapses, tentando entender as regras de construção do cérebro e como se dá a relação entre a distribuição de neurônios e as funções de cada área.

As iniciativas americana e europeia de compreender o cérebro e os experimentos de interface cérebro-máquina, como do brasileiro Miguel Nicolelis, receberam bastante atenção da mídia. A senhora acha que o não cumprimento dos objetivos pode gerar alguma frustração na sociedade e até descrédito para a neurociência?

Tudo depende de como as coisas são apresentadas. A maneira como eu entendo essa iniciativa do consórcio americano é compreender como o cérebro funciona como um todo. Mas, para vender isso para mídia, eles têm que colocar o propósito da cura do alzheimer, porque é um nome que as pessoas reconhecem e pensam "ah, isso é importante". Mas é importante que a mídia dê valor a esses assuntos, para que as pessoas passem a dar mais valor à pesquisa pelo conhecimento que geramos, e não só porque vamos curar doenças. Até porque se o público aprender a reconhecer o valor da ciência pela ciência, não tem por que ter frustração. Toda pesquisa bem feita traz, no mínimo, novas perguntas. Se a pesquisa é bem feita, não existe fracasso.

A senhora se divide entre a pesquisa e a divulgação de ciência, algo raro na nossa academia. Você acha que há uma falha de comunicação entre os cientistas e a sociedade?

Infelizmente a divulgação científica não é muito valorizada nem bem vista pelos cientistas. O CNPq [órgão federal de fomento à pesquisa], por exemplo, não considera a divulgação científica na conta da produtividade do cientista. Mas isso é compreensível. Dada a sobrecarga de ensino e pesquisa dos nossos cientistas, é difícil que eles ainda queiram fazer divulgação sem que isso lhes dê algum tipo de reconhecimento pelos seus esforços. Não sei se estaria fazendo divulgação se eu não tivesse voltado para o Brasil para fazer justamente isso. Depois é que eu voltei a fazer pesquisa.

Quais são os principais problemas na maneira como se faz pesquisa científica no Brasil?

Originalidade zero. Não existe incentivo à originalidade e à diversidade de pensamento. Quando eu cheguei nos EUA [para fazer o mestrado, em 1992], fiquei chocada ao descobrir que as pessoas não param cinco anos no mesmo lugar. Eles têm essa cultura de se mudar constantemente, o que favorece a diversidade de ideias. Aqui, a tradição é entrar na iniciação científica em um laboratório e continuar nele durante o mestrado, o doutorado e o pós-doutorado. E a tendência é a pessoa se aprofundar cada vez mais em um único assunto. Com isso, formamos jovens cientistas bitolados, tudo o que eles sabem é pensar em detalhes daquele único assunto que vêm desenvolvendo desde a iniciação científica. Além disso, a política de contratação nas universidades privilegia os ex-alunos. Criam-se colônias sem diversidade. Colônias em que você tem o fundador original, o chefe do laboratório, e as crias todas vão se espalhando ao seu redor, estudando a mesma coisa.

Como a senhora vê o atual estado da pós-graduação no Brasil?

O nível de exigência aqui é baixíssimo. Nos EUA e na Europa, após um ou dois anos no doutorado, você tem que apresentar o seu projeto de pesquisa original e, antes disso, precisa apresentar outro projeto de pesquisa sobre um tema que não seja da sua área só para provar a capacidade de raciocínio autônomo e original, de reconhecer um problema da ciência e propor um tratamento científico a ele. Aqui, temos um exame de conhecimentos, em que você precisa provar que domina um determinado assunto, mas com isso incentiva-se a repetir e não a gerar algo novo. No fundo, o aluno de doutorado aqui é uma pessoa que trabalha nas linhas de pesquisa de um determinando laboratório sem nenhuma exigência de que tenha contribuído de forma original para a ciência.
A formação dada pela nossa pós-graduação é ruim, então?

É fraca, muito fraca. Não porque faltem bons pesquisadores ou professores, mas porque não há cobrança, não se oferecem cursos com o professor ensinando na lousa, apenas seminários, como que dizendo: "O aluno que busque o conhecimento sozinho".

Como a senhora vê o investimento do governo no programa de bolsas Ciência sem Fronteiras?

Francamente, eu não entendo esse programa. Do jeito que está parece demagogia. Quando se começou a falar em Ciência sem Fronteiras, parecia um negócio extraordinário. Eu havia entendido que abriríamos as fronteiras nos dois sentidos, iríamos mandar jovens cientistas para fora e abrir as nossas fronteiras para os estrangeiros que quisessem vir trabalhar aqui. Poderíamos, quem sabe, acabar com o complexo de vira-lata da gente, de que só os outros que prestam, ao atrair pesquisadores de outros países. Não vemos isso acontecendo. O que se vê é uma porcentagem baixíssima de aprovação de projetos para trazer gente de fora. Pouquíssimas bolsas para enviar jovens para fazerem doutorado e pós-doutorado fora e uma massa enorme de dinheiro usada para mandar alunos de graduação para o estrangeiro, o que me choca pois, na minha avaliação, a graduação no Brasil é muito boa. Fiz graduação aqui na UFRJ e, quando cheguei aos EUA para fazer o mestrado, os professores achavam que eu era uma aluna extraordinária, pois já sabia coisas que eram dadas na pós-graduação de lá. Onde ficamos muito para trás é na pós-graduação.

Apesar de diversos estudos mostrando o malefício das drogas ao cérebro, a senhora tem se posicionado a favor da legalização. Por quê?

O problema maior das drogas é para aqueles que não têm nada a ver com a história e ficam presos no tiroteio, literalmente, que é a violência financiada pelo tráfico. No mundo ideal, gostaria que ninguém pudesse comprar drogas porque elas fazem mal e ponto. Mas também entendo que, por um lado, as pessoas deveriam ter liberdade para fritar o próprio cérebro em paz sem colocar as outras em risco. Vamos tornar as drogas acessíveis em farmácias, controladas pelo governo, para acabar com o tráfico. Mas sou contra a descriminalização, que só tranquiliza o usuário, que pode comprar a droga tranquilo, sem medo de ser preso. Sou a favor da legalização.

Há uma discussão hoje em torno da diminuição da maioridade penal. Do ponto de vista da neurociência, é possível dizer que alguns desses jovens que recentemente cometeram crimes bárbaros não sabiam o que estavam fazendo?

A adolescência é um processo que leva em torno de dez anos, as vezes até mais, e é um processo de transformação do cérebro, em que várias habilidades mudam, melhoram e a última delas é a de se colocar no lugar do outro e de ter um raciocínio consequente, entender os desdobramentos dos seus atos. Em torno de 17, 18 anos, em geral, essas habilidades de raciocínio consequente já existem e funcionam bem o suficiente para você caracterizar a pessoa como um adulto, mas é um processo. Qualquer idade que seja estabelecida vai ser arbitrária. A questão é se a idade que você escolhe como idade arbitrária é bastante segura ou não para você considerar em princípio que todos os jovens que já têm essa idade devem ter a capacidade de avaliar as consequências dos seus atos.
Dezoito anos, então, é uma idade razoável para ser usada como marco?

Acho perfeitamente razoável, talvez pudesse ser 19, ou 17 e meio, mas é importante reconhecer que essa idade é arbitrária. Além do mais, esses crimes hediondos cometidos por jovens não são cometidos porque a pessoa tinha 17 anos e cinco meses e, portanto, não tinha a capacidade de entender que quando ela estava jogando gasolina na dentista ela ia morrer se o fósforo fosse aceso. Uma criança tem essa capacidade. Nesse caso estamos falando de uma coisa diferente. Boa parte desses jovens que cometem crimes bárbaros, hediondos, é sociopata. Há a ideia de que a pobreza é culpa da classe média, de que o bandido é culpa da sociedade que não deu oportunidade. E é nesse tipo de sociedade que o sociopata floresce, uma pessoa perfeitamente sã, racional e capaz, por isso, de manipular os outros. Sociopata é um predador, causando problemas para todo mundo ao redor. Ele faz isso tanto melhor quanto mais as pessoas pensarem "pobrezinho, não é culpa dele, ele não fez nada de errado, ele não tem de ser punido". As pessoas nascem sociopatas e a sociedade tem de se saber como lidar com isso.
Como identificar esse jovem?
Psiquiatras bem treinados sabem fazer essa avaliação. Há sociopatas que jamais vão chegar a matar uma pessoa, mas ainda assim ele pode criar um monte de problemas para as pessoas ao redor dele. Mas considerando apenas os sociopatas que cometem crimes hediondos, eles devem ser reconhecidos e tratados como de fato de são, como uma pessoa cuja taxa de recuperação e de reinserção na sociedade é praticamente zero. E cuja taxa de reincidência é altíssima, não importa a idade. É isso que tem de ser levado em conta. No fundo, não importa a idade da maioridade penal.

A sra. vem defendendo a profissionalização do cientista. O que é isso?

Minha proposta é que o jovem que faz ciência tenha esse trabalho reconhecido, que seja considerado um cientista de fato. Um dos problemas do jovem que trabalha com ciência é que a própria família acha que eles estão de vagabundagem. O trabalho de pesquisa que um jovem faz sob a alcunha de estudante de pós-graduação é de verdade. Terminado o período da pós-graduação, esse jovem continua não tendo a possibilidade de ser contratado como cientista. São raros os institutos de pesquisa que contratam pesquisadores de fato no Brasil. Na grande maioria dos lugares, esse jovem vai ser contratado como professor. O primeiro problema é reconhecer que a pessoa que faz ciência tem um trabalho: ela se chama cientista. Hoje, eu não posso preencher uma ficha de dados e declarar como minha profissão cientista. Essa profissão não existe. E isso contribui para desvirtuar a pós-graduação, pois como o jovem que se forma não pode ser contratado como um pesquisador, a única maneira de ele continuar fazendo pesquisa é ele entrar para a pós-graduação. E ela então vira uma tábua de salvação, como a única maneira de continuar trabalhando no laboratório. E eles são a verdadeira mão de obra da pesquisa no Brasil. O número de publicação de artigos no país vem crescendo de mãos dados com o aumento no número de alunos de doutorado. Quem faz a pesquisa no Brasil são esses "alunos" da pós-graduação que, para mim, são cientistas, são trabalhadores, que deveriam ser reconhecidos como tais, com os direitos e deveres que todo trabalhador tem.

E o que a sra. propõe para melhorar esse quadro?

Proponho que se crie a profissão de cientista e que, para o jovem exercer a função de pesquisador, ele tenha de ser contratado. Se ele vai ou não fazer a pós-graduação também, isso passa a ser uma coisa à parte. A pós poderia passar a ser reservada, como deveria ser, àqueles alunos que demonstrem capacidade de raciocínio original, de propor novas ideias. A profissionalização do cientista não só resolveria o problema de o jovem recém-formado não ter o status de trabalhador com férias, décimo terceiro e tudo o mais, mas também ajudaria a resolver o problema da pós-graduação ser hoje uma tábua de salvação para os nosso jovens e não ser valorizada como ela deveria ser.

Como tem sido a repercussão dessas ideias dentro da universidade?

Críticas só de longe, por e-mail, sem mostrar a cara. Recebo muito apoio de alunos, que querem ter o seu trabalho reconhecido. Eu não entendo muito bem porque a ideia de profissionalizar a ciência incomoda tanto algumas pessoas. Mas as pessoas que se incomodam são as que estão lá no alto, são os diretores de institutos etc. Fica a impressão ruim de que eles não querem perder a mão de obra quase de graça. É muito comum ouvir: "Você está ganhando dinheiro para estudar". Esse é o tipo de mentalidade que mata a ciência. Isso é uma herança do século 18, pois os primeiros cientistas eram diletantes de famílias ricas, que não precisavam de dinheiro para fazer pesquisa. Hoje a realidade é outra, mas faltou mudar essa parte da pesquisa ser reconhecida como trabalho que é.
Quais são os próximos passos da sua pesquisa?

Estamos trabalhando com animais de cérebro enorme. Será o teste da nossa hipótese de que é o número de neurônios que importa e não simplesmente o tamanho do cérebro ou a relação com o tamanho do corpo. Estamos terminando agora de estudar um cérebro de elefante, depois baleias e estamos começando a trabalhar com pássaros para entender a diversidade de maneiras com o cérebro é construído e a relação que isso tem com as capacidades cognitivas e comportamentais dos diferentes animais. Mais adiante, vamos estudar a relação entre a construção do cérebro, o metabolismo e o sono. Por que animais de grupos diferentes têm necessidades diferentes de sono? E como isso está relacionado com o metabolismo do cérebro e o número de neurônios.

29 junho 2022

Artur Avila , o gênio brasileiro

[...]

A conquista de uma medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Matemática (IMO, na sigla em inglês), em 1995, chamou a atenção dos pesquisadores do IMPA, que convidaram o então estudante a cursar algumas disciplinas de mestrado, como a aula de introdução à topologia de Elon Lages Lima, ex-diretor e pesquisador emérito do instituto. Apesar de discreto, o desempenho do aluno nas aulas mostrou que ele poderia ir além. Em 1996, Artur conciliou o último ano do ensino médio com o mestrado no IMPA, antes mesmo de iniciar a graduação na área.

Apesar de muito jovem, conta que não se sentiu intimidado de circular no ambiente que reunia grandes cânones da pesquisa matemática brasileira. “Já tinha contato com muitos professores que eram ligados à olimpíada, como o Gugu (Carlos Gustavo Moreira). Conversava muito com o Elon, que tinha uma preocupação enorme com a transmissão e educação matemática. Ele tinha muita paciência comigo e me chamava para conversar por bastante tempo, estabelecendo um contato individualizado que aproveitei bastante neste momento.”

A partir dali, o carioca viveu uma trajetória-relâmpago nos estudos. Em 2001, aos 21 anos, terminou o doutorado, também no IMPA, e, de quebra, a graduação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Durante o doutorado na área de sistemas dinâmicos, orientado por Wellington de Melo, colaborou com autores como Mikhail Lyubich, vencedor do Prêmio Jeffery–Williams de 2010, e o francês Jean-Christophe Yoccoz (1957-2016), medalha Fields e pesquisador honorário do IMPA.

[...]

O ápice deste reconhecimento veio com a conquista da medalha Fields, entregue a Artur durante o Congresso Internacional de Matemáticos (ICM, na sigla em inglês) de 2014, em Seul, na Coreia do Sul. Mais prestigiosa distinção da área, a medalha é comparada ao “Nobel da matemática”, e concedida de quatro em quatro anos para matemáticos de até 40 anos que contribuíram significativamente para o avanço da disciplina. Ele foi o primeiro (e ainda único) latino-americano a receber o prêmio. Uma vitória também do IMPA, já que nenhum outro ganhador recebeu seu doutorado numa instituição do Hemisfério Sul.







Fonte: aqui


22 dezembro 2010

Qual a importância da Análise de Balanços?


Esta foi a questão que motivou a pesquisa de Adilson de Lima Tavares na tese de doutorado “A Eficiência da Análise Financeira Fundamentalista na Previsão de Variações no Valor da Empresa”. Trata-se da primeira tese em contabilidade defendida no Programa Multiinstitucional e Inter-regional de Pós-graduação em Ciências Contábeis (UnB/UFPB/UFRN).

Tavares considerou as empresas brasileiras que mais agregaram valor e tentou verificar se os índices considerados na análise de balanços foram capazes de prever e separar as empresas ganhadoras das perdedoras. Usando três técnicas estatísticas (qui-quadrado, análise discriminate e logit), Tavares construiu o melhor modelo possível. Dos 23 indicadores que foram calculados e testados, os modelos usaram somente um ou dois indicadores, com índices de acertos variando entre 62% a 71%).

A tese foi defendida no dia 20 de dezembro, na UFRN, diante de um público de mais de cem pessoas! O professor Eliseu Martins tomou a palavra, no início dos trabalhos, e lembrou os esforços realizados pela Universidade de São Paulo, em promover a expansão dos cursos de pós-graduação no país. Apesar do doutorado da USP em contabilidade ter sido criado na década de setenta, somente em 2010 tivemos a primeira tese em contabilidade aprovada fora do programa da USP. (É interessante notar que além da presença do professor Eliseu Martins, a banca estava composta por mais três professores formados naquela universidade)

Fazia parte da comissão avaliadora a professora Ilse Maria Beuren, do programa da Furb (que também possui doutorado e irá titular seu primeiro doutor no próximo ano) , o professor Otávio Ribeiro Medeiros, o professor (e coordenador do programa pela UFRN) José Dionísio Silva e o orientador, este blogueiro. Diversos professores do Programa estavam presentes na defesa (Jorge Katsumi Niyama, coordenador por dez anos do programa, Paulo Cavalcante, ex-coordenador pela UFPB, professora Aneide, professor Anderson Mol) além de colegas.

(Na foto, da esquerda para direita, Eliseu Martins, Dionísio, Adilson, César Tibúrcio, Otávio Medeiros, Ilse Beuren e Jorge Katsumi)

31 outubro 2017

Gênero e Pós-graduação em Contábeis

Os dados levantados revelaram que, na média do período pesquisado, houve predominância do gênero masculino, tanto no nível de mestrado como no de doutorado. Portanto, os dados indicam que a presença feminina nos programas de pós-graduação em Ciências Contábeis do Brasil tem sido inferior à masculina. Embora se perceba um aumento no ingresso das mulheres nos cursos de graduação em Ciências Contábeis, na pós-graduação stricto sensu ainda há predomínio do gênero masculino, principalmente nos cursos de doutorado.

No mestrado acadêmico, o número de mulheres representou 44%  do total.No doutorado, 42%. Acredito que se a pesquisa contemplasse o corpo docente, a proporção seria bem menor.

Fonte: Presença do Gênero Feminino entre os Discentes dos Programas de Pós-Graduação de Ciências Contábeis no Brasil. Daniele Cristina Bernd, Marcielle Anzilago e Ilse Maria Beuren. Repec,  v. 11, n. 4, art. 3, p. 408-429, out./dez. 2017.

20 setembro 2013

Aprovados novos programas de doutorado e mestrado



No dia 19 de setembro saiu mais um relatório da Capes com mais uma boas notícias. Por coincidência enquanto eu abria o relatório também recebi uma mensagem da Claudia Cruz comemorando, pois foi aprovado um novo programa de doutorado em contabilidade no Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa! A Claudinha leciona na UFRJ e espero que logo ela esteja por lá, positivamente influenciando os pós graduandos. Foi também aprovado o da Universidade Federal do Paraná, no Sul. As duas saíram no relatório da 149a reunião.

Muito bom isso né? O nosso curso está crescendo, mais programas sendo criados e aprovados, o que significa a formação de mais doutores, mais mestres, mais concorrência, o que geralmente acarreta pesquisas melhores, profissionais mais lapidados e motivados.

Mas não foi só a nossa Ciência que apareceu com bons resultados. Para a administração foram admitidos dois cursos de doutorado acadêmico: Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM), Universidade Estadual de Maringá no Paraná (além do mestrado na Universidade Federal de Goiás e na Universidade Estadual de Maringá). Educação está com um novo mestrado na Universidade Federal do Oeste do Pará. Economia aprovou dois mestrados acadêmicos, um também na UFRJ, outro na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Quem se interessar por um mestrado em economia aplicada, procure o programa caçula na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FURG).

Mas não foi só o lado acadêmico que brilhou para a economia. Foi aprovado um mestrado profissionalizante na nossa querida Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O programa é em economia do setor público.

Acho muito legal quando sai um relatório assim, cheio de novos cursos. Enche o nosso caminho de novas possibilidades, dá mais brilho ao olhar. Tantos alunos acham que a carreira em contabilidade é uma linha reta sendo o fim um cargo em um concurso público ou em um escritório de contabilidade. Um relatório eclético assim mostra quantos caminhos podemos seguir. E isso só no Brasil! Imagine as oportunidades lá fora, ou as "misturadas"... um bocado aqui, outro tanto lá fora. Há de se sonhar para voar alto.

Parabéns a todos os envolvidos! Sucesso!!!



11 setembro 2018

Tese em formato de artigo

Eu faço parte de um programa de pós-graduação bastante criativo, modéstia a parte. Há anos, diante da restrição de doutores na área, criamos um curso em que quatro (depois três) universidades colaboravam entre si e que permitiu a formação de centenas de mestres e dezenas de doutores. Além de ser criativo no formato, o programa também foi criativo na sua finalização, onde as três universidades optaram, de forma bastante amigável, pela separação.

Na criação do programa da UnB decidimos que a tese de doutorado seria feita no formato de artigo. Algo pouco usual na nossa área, mas que já se torna uma realidade em diversos países. A duas primeiras teses, Rafael e Mariana, já assumiram este formato.

O que seria o formato de artigo? A tese tradicional corresponde a um grande assunto, dividido em uma introdução, uma extensa revisão bibliográfica, uma metodologia, seguida da análise dos dados e conclusão. Para impressionar, geralmente a tese deve ter um tamanho acima das cem páginas. O formato artigo é diferente; a tese é composta por vários artigos, que podem ser inéditos ou não. Isto já é um heresia, já que no meio acadêmico prevalece a noção de que deve existir ineditismo e originalidade. Além disto, estes artigos devem ter uma relação entre si, com uma introdução e conclusão para amarrar os artigos individuais. É possível que um dos artigos seja uma extensa revisão bibliográfica, mas não é obrigatório.

A grande vantagem deste formato é aproximar a tese de um artigo publicável. Acreditamos que o formato pode ajudar a tirar a tese do arquivo da biblioteca da instituição e ser divulgada em um periódico. Isto ajuda o doutorando a conseguir, de forma mais rápida, um currículo acadêmico.

Mas o formato artigo tem alguns desafios. Em primeiro lugar, é necessário vencer a resistência dos acadêmicos tradicionais. Em geral isto é possível diante da longa história de trabalhos que não foram publicados. Para um orientador, a dedicação sem um resultado de publicação é realmente frustrante. E este é provavelmente um grande critério que um professor orientador usa no momento de definir suas orientações: será que este aluno irá ajudar na publicação.

O segundo desafio é evitar a repetição. Se você está construindo três artigos sobre um mesmo assunto, é provável que parte das referências e da própria metodologia esteja repetida.

O terceiro desafio é o fato de que o artigo pode não ser aceito por um periódico. Isto gera uma insegurança no doutorando. Mas este aspecto foi bem abordado no link citado acima:

O importante é lembrar que a rejeição é uma parte normal do processo. A decisão nem sempre é sobre a qualidade do trabalho, mas seu encaixe no periódico naquele momento específico.

O quarto desafio é a relação com o orientador, que será diferente neste formato. Na tese tradicional, o trabalho, depois de aprovado, era transformado em artigo. Na minha experiência de orientador, já tive situações onde o orientando decidiu não publicar; o sentimento do orientador é de perda de tempo. Também já tive situações onde o orientando optou por publicar sozinho; respeito sempre esta decisão, mas se foi um aluno de mestrado, recusarei a orientação no doutorado. E já tive casos em que atuei como um orientador informal em que fui convidado a participar da publicação. Em alguns programas, como é o caso do doutorado da UnB, parte da publicação deve ser com o orientador, obrigatoriamente. Mas esta obrigação não existe no mestrado do programa. Caso o orientador participe do trabalho, conversando, dando ideias e/ou fazendo parte do trabalho é natural que seja considerado como autor do artigo.

O quinto desafio é a curva de aprendizagem do orientador. Estamos acostumados ao formato tradicional; o formato artigo possui diversos problemas - repetição, rejeição de publicação, distinguir pesquisas próximas, entre outros - que não sabemos ainda como lidar. Somente a experiência de orientação vai solucionar isto. Para o orientador é um novo recomeço, uma nova experiência.

Apesar dos desafios, creio que há grandes ganhos no formato artigo. Suas vantagens superam amplamente os desafios. Acredito que permita aumentar a produção de artigos originários dos trabalhos finais de curso.

Aqui uma postagem anterior sobre o mesmo assunto

03 agosto 2014

Estrangeiros doutorandos se mudam para favelas

A alta de preços no Rio de Janeiro que afeta, principalmente, o valor dos aluguéis tem levado muitos estudantes estrangeiros a buscar moradia em favelas da cidade, onde os custos são compatíveis com as bolsas de estudo concedidas pelas instituições – que, atualmente, variam entre R$ 1.500 (mestrado) e R$ 2.220 (doutorado). Se antes havia a facilidade de morar próximo à unidade de ensino, agora, doutorandos vindos de outros países são obrigados a viver em locais mais distantes. É o caso de Róbinson Acosta, Erick Castro, Cesar Augusto, Juan Guillermo e Margarita Habran que deixaram seus países na América do Sul e escolheram o Rio para dar continuidade aos estudos.
Róbinson, doutorando em Física, morou na favela Parque da Cidade (Foto: Arquivo Pessoal/ Róbinson)Róbinson Acosta, doutorando em Física, morou na
favela Parque da Cidade
(Foto: Arquivo Pessoal/ Róbinson Acosta)
O colombiano Róbinson Acosta, que chegou à cidade em 2012 para fazer Mestrado, já teve de se mudar duas vezes, para estudar no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), na Urca, Zona Sul. Na época, ele recebia R$ 1.200 de bolsa e dividia um apartamento em Copacabana, também na Zona Sul, com 10 pessoas, pagando R$ 400 de aluguel.
No entanto, esse valor aumentou e o mestrando teve que se mudar para a favela Parque da Cidade, na Gávea, na Zona Sul, a cerca de 10 quilômetros do local onde morava. Lá, ele pagava R$ 500 em um imóvel que dividia com duas pessoas. Pouco tempo depois, o mestrando se mudou para uma casa na Tijuca, na Zona Norte, onde vive na casa de amigos que também cobram R$ 500 de aluguel.
Bolsa MestradoBolsa
Doutorado
Faperj: R$ 1.600Faperj: R$ 2.300
Capes: R$ 1.500Capes: R$ 2.200
Cnpq: R$ 1.500Cnpq: R$ 2.200
Róbinson contou que a experiência na favela foi "muito tranquila" e que encontrou "pessoas muito amáveis". No entanto, segundo ele, com a chegada de estrangeiros na comunidade, os moradores sentiram os preços – não só de aluguéis mas também do comércio da favela – subirem.
"Eles reclamam que as coisas estão ficando caras na comunidade porque nós estrangeiros chegamos. No Parque da Cidade, como tem muito estudante da PUC, os donos das casas preferem alugar para estrangeiros para poder cobrar mais caro. Mas a convivência é tranquila, não há nenhum problema de discriminação", contou Róbinson, que, atualmente, faz doutorado em Física.
'Não sabia quão cara era a cidade', diz doutorando
O doutorando em Física Juan Guillermo Duenas Luna também já passou por muitas casas desde que chegou ao Rio em 2009. Na época, o então mestrando morava na Urca próximo ao CBPF, onde estuda. Com R$ 1.200 de bolsa, pagava entre R$ 350 e R$ 600 por um quarto. No ano seguinte, foi para o Flamengo, também na Zona Sul, onde morou por dois anos pagando R$ 550 de aluguel.

08 março 2011

Mulheres com doutorado: medida do avanço

  • O desenvolvimento da América Latina está dando mais poder às mulheres e reduzindo as distâncias em relação aos homens, mas as desigualdades persistem. No Brasil, as mulheres passaram os homens no número de pessoas com doutorado, mas o desemprego continua sendo maior entre as mulheres. Elas governam vários países mas são poucas nos parlamentos.

    Um estudo, mostrando essas contradições, será divulgado no final do mês no encontro da Associação de População da América (APA), dos autores José Eustáquio Diniz Alves e Suzana Cavenaghi, da Escola Nacional de Estatística do IBGE, e o consultor George Martini. Os autores mostram que a evolução está no meio do caminho: há avanços e muita herança da velha discriminação. Desigualdade que o mundo começou a enfrentar de forma mais decidida há menos de 20 anos, na Conferência Internacional de População e Desenvolvimento, no Cairo, em 1994, que estabeleceu obrigações que parecem elementares mas que, infelizmente, ainda são metas: a de acabar com toda a forma de discriminação contra a mulher, incluindo-se o infanticídio.

    O texto “Revertendo e reduzindo as desigualdades na América Latina” constata que na educação as mulheres fizeram um esforço tão extraordinário para reduzir a distância que já há um “gap reverso”: elas estão na frente em inúmeros indicadores, inclusive no número de doutores no Brasil. Aqui, elas já são maioria entre as pessoas que anualmente recebem títulos de doutorado (vejam no gráfico abaixo). O mercado de trabalho continua sendo discriminatório: há mais desemprego entre mulheres; elas têm salários menores.



  • Um dos velhos argumentos para justificar a diferença salarial é que as mulheres trabalham menos horas. As estatísticas do mercado de trabalho parecem confirmar a impressão. Ela é derrubada por análises mais acuradas como a comparação salarial de pessoas do mesmo nível educacional. Os autores no entanto fazem outra conta de horas trabalhadas incluindo-se as atividades não remuneradas. Um dos temas do estudo que só agora começa a ser compreendido é que é preciso rever o conceito sobre o trabalho de criar os filhos; tido normalmente como obrigação da mulher, como se fosse biologicamente determinado.

    Na terra que internacionalizou a expressão “machismo” como se fosse inerente à natureza do ser latino, muita coisa já está em transformação. Os autores acham que a onda de crescimento que atinge quase todos os países latino-americanos pode favorecer as mulheres no mercado de trabalho, reduzindo a diferença salarial e as taxas de desemprego.

    A consolidação da democracia na região também é outro fator que favorece o avanço do poder das mulheres. Em alguns países como a Argentina elas já são 30% dos representantes eleitos no Congresso. O Brasil está no grupo dos piores, com menos de 10% de representação feminina. Desde a Conferência de Pequim sobre Direitos da Mulher, o avanço delas na política em todo o continente, incluindo Estados Unidos e Canadá, é visível, mas insuficiente: passou de 12,9%, em janeiro de 1997, para 22,7%, em dezembro de 2010, a proporção de mulheres nos parlamentos das Américas. No século XXI, cinco mulheres foram eleitas no continente: Michelle Bachelet, presidente do Chile até 2010; Cristina Fernández, atual presidente da Argentina; Portia Simpson-Miler, primeira-ministra da Jamaica até 2007; Laura Chinchilla, presidente de Costa Rica até 2013; e Dilma Rousseff, do Brasil, até 2014. “Em contraste, os Estados Unidos em 230 anos de democracia nunca elegeram uma mulher.”

    Os autores citam como epígrafe do texto a frase: “Em qualquer sociedade o grau de emancipação da mulher é a medida natural da emancipação geral.” A frase é do filósofo Charles Fourier, de 1808. E ainda há hoje quem pense que feminismo é assunto que interessa só às mulheres.

Coluna no GLOBO, por Míriam Leitão Fonte: Aqui

E às leitoras: feliz dia internacional das mulheres! \o/

13 março 2008

A Pesquisa Contábil no Brasil


Podemos dizer que a pesquisa contábil no Brasil nasce com a criação do primeiro doutorado de contabilidade, na Universidade de São Paulo. Influenciados pelas pesquisas de Edwards e Bell e pelo ambiente inflacionário existente entre as décadas de 1960 a 1980, a pesquisa foi conduzida no estudo dos efeitos da variação nos preços dos produtos sobre a riqueza da empresa.

Nesta fase é preciso destacar os trabalhos sobre a correção monetária de balanços, a correção integral e os estudos mais avançados sobre a variação de preços específicos. Os nomes de Sérgio de Iudícibus e Eliseu Martins formaram a base dos diversos trabalhos elaborados na Universidade de São Paulo. Influenciado por esta escola, fiz minha dissertação de mestrado na UnB tratando da questão da subestimação do indexador e os efeitos sobre as sociedades de economia mista, sob a orientação do professor Alexandre Assaf Neto.

A redução da inflação em níveis adequados com o Plano Real e a abertura da economia brasileira, iniciada no governo Collor, permitiu o crescimento da segunda vertente de pesquisa: a contabilidade de custos. Nesta época começam a aparecer no país os trabalhos norte-americanos de Kaplan, sobre o custeamento por atividades, trazido por diversos pesquisadores, entre os quais destaco o professor Massayuki Nakagawa. Mas estes estudos foram colocados em segundo plano diante da força da escola Gecon, sob o comando do professor Catelli. Observamos aqui, pela primeira vez no Brasil, a existência de correntes opostas – custeamento por atividades versus Gecon – onde a escolha de um lado significava necessariamente a oposição do outro lado. Neste momento, aprendemos que existe na academia divergências que podem ser profundas e interferir, decisivamente, na discussão e debate mais científico.

No início do século surge de forma atrasada no nosso País a pesquisa em contabilidade positiva. Este ramo da pesquisa iniciou-se com trabalhos pioneiros de diversos pesquisadores no final da década de sessenta nos Estados Unidos. Entretanto, uma vez que a preocupação no nosso país era com a influência da inflação, num primeiro momento, e a contabilidade de custos, num segundo instante, a pesquisa positiva ficou relegado no segundo plano no nosso país.

Acredito que a participação do professor Corrar, na cadeira de métodos quantitativos no doutorado da USP, além dos estudos que o professor Iudícibus promovia em contabilometria, foi decisiva para que um grupo de doutorandos/doutores tivesse interesse pela contabilidade positiva. Além disto, a necessidade de um corpo docente com o título de doutor fez com que muitos programas de pós-graduação buscassem socorro em doutores de áreas correlatas, vários deles em economia e ciências com grande embasamento teórico, o que provocou um maior destaque nesta área. Pouco a pouco os textos com grandes discussões teóricas, citações de bibliografias, em especial livros, e exemplos hipotéticos foram substituídos por testes estatísticos, hipóteses e ferramentas quantitativas. Esta é a fase que estamos hoje no Brasil.
É possível observar o papel relevante que o doutorado da Universidade de São Paulo teve na pesquisa contábil brasileira. Além disto, a USP foi uma grande escola, que ajudou a formar diversos doutores

11 junho 2013

O discreto perfil acadêmico dos economistas

Os impactos positivos motivados por orientações dos economistas brasileiros resultam mais de "think tanks" do que da academia

Os indícios de uma crise econômica brasileira têm incitado analistas a suspeitar da competência de nossos economistas. Embora alguns questionem se economia é uma ciência, não há dúvidas de que ela é ancorada em teorias.

É possível estimar-se a competência de nossos economistas nesse contexto? Há sem dúvida um caminho para isso. Hoje, há bases de dados que permitem medir prestígio público e acadêmico para as diversas áreas do conhecimento.

No primeiro caso, se teria uma medida de visibilidade por meio de exposição na mídia. No segundo, a medida de prestígio seria alcançada pelas publicações em revistas acadêmicas especializadas. É de se esperar que, em ambas as categorias, prestígio tenha uma correlação com competência.

No cenário nacional, já se tem uma surpresa. Ao contrário do que acontece, por exemplo, nos Estados Unidos, onde os economistas de renome público são também autoridades acadêmicas, no Brasil há uma dicotomia entre os economistas mais dedicados à academia (assim reconhecidos pelo CNPq) e aqueles distinguidos publicamente --são praticamente dois grupos distintos.

A segunda surpresa é que, em ambos os grupos, as publicações acadêmicas são exíguas. A terceira surpresa é que o percentual de economistas nacionais que obtiveram doutorado no exterior sob a supervisão de conceituados acadêmicos é superior aos de todas as demais áreas, alcançando 70%.

O que se pode inferir desses dados? Primeiro, que a contribuição brasileira para o corpo de conhecimento universal em economia é muito baixa. De fato, de acordo com a base Thomson-Reuters, enquanto no cômputo geral de publicações de artigos científicos o Brasil ocupa a 13ª posição, em economia a posição é a 30ª. Em um marco de qualidade e impacto, medido por citações por artigo, a posição é ainda inferior, 42ª.

Essas informações são intrigantes. Elas fazem aflorar dúvidas quanto à aplicação acertada dos conhecimentos da área econômica aos problemas nacionais. Como, porém, deixar de reconhecer dados que falam em favor dos nossos economistas. Um, que os exames de ingresso em instituições nacionais prestigiosas de ensino de economia são muito competitivos, abrindo caminho para alunos de qualidade. E outro, o de que que o ensino em nível de graduação dessas instituições é de boa qualidade.

É difícil se esquivar da impressão de que, no Brasil, há uma linha divisória entre graduação e pós-graduação em economia. Talvez o baixo encanto por produção científica frente à atração que setores não acadêmicos exercem (mercado, consultoria, política e comunicação pública) afastem os economistas de uma pós-graduação árdua, pouco compensadora financeiramente e com baixa exposição pública.

Talvez isso seja parte da explicação pela alta propensão dos egressos da graduação em economia em buscarem doutorado e pós-doutorado no exterior.

Óbvio está que esporadicamente surjam impactos positivos em nossa economia motivados por orientações dos economistas. Porém, é mais provável que essas se encontrem nos "think tanks" do que na academia. Um bem sucedido foi o Plano Real. [Folha de São Paulo]

ROGERIO MENEGHINI, 72, professor aposentado da USP, é coordenador científico do programa SciELO de revistas científicas brasileiras

15 junho 2019

Tese e ensaio-maternidade

Na semana passada postamos um Rir mostrando uma pessoa que fez um ensaio fotográfico com a sua tese. Hoje tropecei nesta postagem do HypeSscience falando sobre ela:

Sarah Whelan Curtis, de 26 anos, acaba de terminar sua pesquisa de doutorado. Para comemorar o árduo trabalho de quatro anos, ela participou de um ensaio de maternidade. Mas ao invés de exibir um recém-nascido fofo, ela mostrou orgulhosamente a sua tese.
“Eu tenho vários sobrinhos e sobrinhas, e minha mãe me disse: ‘consiga um doutorado ou me dê um neto’. Eu consegui meu doutorado”, disse ela ao Yahoo Lifestyle.
Depois de ver tantos amigos compartilhando fotos de seus bebês, ela teve esta ideia. Quando o trabalho ficou pronto, ela pegou uma manta de bebê, enrolou sua tese nela, e pediu ao seu marido que tirasse fotos de seu recém-nascido. Ela postou as fotos no Twitter e elas fizeram grande sucesso entre outros acadêmicos que também sentem que suas pesquisas são como filhos.
“Sim, eu fiz um ensaio com a minha tese. O trabalho de parto mais longo de todos. #phdlife”, escreveu ela na legenda das imagens.
Ela fez seu programa de Ph.D. na Universidade Emory em Atlanta (EUA), na área de epigenética.

03 julho 2017

Editais do Mestrado e Doutorado

Já estão disponíveis os editais para seleção do mestrado e doutorado da Universidade de Brasília. Os interessados podem ter acesso clicando aqui (doutorado) ou aqui (mestrado).

14 janeiro 2020

Ministro da economia da Sérvia

O ministro da economia da Sérvia obteve seu doutorado na Faculdade de Ciências Organizacionais (FOS) da Universidade de Belgrado em 2013. O trabalho era sobre criação de valor nas situações de reestruturação e privatização. Na mesma época da defesa, Mali tinha também submetido uma tese na Faculdade de Economia, mas não está claro se tratava do mesmo trabalho ou de outro, original.

Em 2014, um site afirmou que pelo menos um terço da tese tinha sido plagiado, inclusive usando textos da Wikipedia. No mesmo ano, uma editora informou que um artigo de Mali tinha parágrafos não citados de outro autor. Em 2015, Mali tem um trabalho retirado da revista "Organization and Management", que depois republicou o texto, com a correção.

No final de 2016, uma comissão de ética da FOS concluiu que pela não contestação da contribuição científica do trabalho. Mas um acadêmico contestou e afirmou que o trabalho é um plágio, solicitando a anulação do doutorado.

Já em 2017, o relato da comissão de ética foi rejeitado e outra comissão foi formada. Mali não foi a única figura pública que teve problemas com plágio. Mas o seu caso prosseguiu com uma série de investigações e relatórios. Para encurtar, em dezembro de 2019, a Universidade de Belgrado cassou o doutorado de Mali por plágio.

09 janeiro 2015

Seleção do Mestrado e Doutorado na UnB

Prezado leitor: já está no ar o edital de seleção do Mestrado e Doutorado em Ciências Contábeis para 2015. O Programa Multi foi desmembrado, sendo criado três programas, um em cada instituição de ensino.

Para a seleção não será necessário o teste Anpad. As aulas do mestrado serão segunda de tarde e noite e terça de tarde e noite. As aulas do doutorado acontecerão uma vez por mês, durante uma semana completa (de segunda a sexta).

O prazo vai até o final de janeiro.

19 março 2021

Algumas estatísticas sobre o Multi

Conforme postado, ontem foi oficializado o fim do programa Multi. A seguir algumas estatísticas do programa (coletadas por Jorge Katsumi, seu coordenador por vários anos): 

  • Recomendado pela CAPES por meio do OFICIO CAA/CTC/ 59 DE 20 06 2000
  • Proposta Inicial com UnB/UFPB UFRN e UFPE, que se retirou em 2007
  • Na oportunidade, apenas 4 programas de pós graduação em contabilidade existiam no Brasil: USP, PUC, UERJ e UFRJ
  • 313 dissertações defendidas com sucesso, e 3 reprovações. Foram 136 no Núcleo Brasília e 177 no Nordeste:
  • 64 teses de doutorado defendidas com sucesso e 5 desistências
  • Por Linhas de pesquisas: Contabilidade e M.Financeiro, 69 (BSB) e 43(NE) = 112; Cont. para tomada de decisão, 27 (BSB) e 78 (NE) = 105; e Impactos da contabilidade , 40( BSB) e 56(NE) = 96
  • Das 313 dissertações defendidas, 130 resultaram em publicações nos anais de congressos, livros ou periódicos
  • Docentes,em nível de mestrado que mais contribuíram para publicação: Paulo Lustosa, 15 em 23 orientações, ou 64%; Cesar Augusto, 14 em 34 orientaçoes ou 41%; e Jorge Niyama , 12 em 26 orientações, ou 46%.
  • Professores que mais participaram de bancas de mestrado: 1) Cesar Tiburcio , 53 34(ORIENTRADOR), 19 (membro);  2) Jose Dionisio , 44 26 (OR), 18 (membro); 3) Paulo Cavalcante, 43 (16 (OR) e 27 (membro); 4) Jorge Niyama 39 26 (OR) e 13 (membro); 5) Paulo Lustosa 39 23 (OR) e 16 (membro)
  • Professores que mais participaram de bancas de doutorado: 1) Jose Dionisio ,18 6 (OR) e 12 (MEMBRO); 2) Paulo Lustosa, 14 6 (OR) e 8 (M); 3) Cesar Augusto, 13 8 (OR) e 5 (m); 4) Edilson Paulo, 11 7(OR) e 4 (M); 5) Jorge Niyama , 11 7 (OR ) e 4 (m); 6) Otavio R,Medeiros 11, 5 (OR) e 6 (M); 7) Jose Matias P. 10, 6(OR) e 4 (M); 8) Paulo Cavalcante 9 4 (OR) e 5 (M)
  • Professores que mais participaram de bancas de mestrado+doutorado: 1) Cesar Tiburcio , 66 42 (OR) e 24(M); 2) Jose Dionisio , 62 , 32(OR) e 30 (M); 3) Paulo Lustosa , 53 29 (OR) e 24 (M); 4) Paulo Cavalcante, 52, 32 (OR) e 20 (M); 5) Jorge Niyama , 50 33 (OR) 17 (M)

19 dezembro 2022

Avaliação Capes dos Programas de Pós

Saiu hoje o resultado da avaliação quadrienal da pós-graduação brasileira. Os programas que possuem no seu nome o termo "contabilidade" ou derivados apresentaram o seguinte resultado:

Nota 6 

Fucape - Administração e Ciências Contábeis - ME/DO

Universidade de São Paulo - Controladoria e Contabilidade - ME/DO 

Nota 5

FURB - Ciências Contábeis - ME/DO

Universidade Federal de Minas Gerais - Controladoria e Contabilidade - ME/DO 

Universidade Federal da Paraíba - João Pessoa - Ciências Contábeis - ME/DO 

Universidade Federal do Paraná - Contabilidade - ME/DO 

Universidade Federal do Rio de Janeiro - Ciências Contábeis - ME/DO 

Universidade Federal de Santa Catarina - Contabilidade - ME/DO

Universidade de Brasília - Ciências Contábeis - ME/DO

Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto - Controladoria e Contabilidade - ME/DO 

Fucape - Ciências Contábeis e Administração - MP/DP 

UP Mackenzie - Controladoria e Finanças Empresariais - MP/DP

Nota 4

Universidade Federal da Bahia - Contabilidade - ME

Universidade Federal do Ceará - Administração e Controladoria - ME/DO 

Universidade Federal do Espírito Santo - Ciências Contábeis - ME/DO

Universidade Federal de Goiás - Ciências Contábeis - ME

Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Controladoria e Contabilidade - ME

Universidade Federal Rural de Pernambuco - Controladoria - ME 

Universidade Federal de Uberlândia - Ciências Contábeis - ME/DO

Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Contabilidade - ME 

Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Ciências Contábeis - ME/DO 

Universidade  Comunitária da Região de Chapecó - Ciências Contabeis e Administração  - ME 

Universidade de São Paulo - Controladoria e Contabilidade - ME/DO 

Faculdade Fipecafi - Controladoria e Finanças - MP 

Fucape RJ - Ciências Contábeis e Administração - MP 

PUC São Paulo - Ciências Contabeis, Controladoria e Finanças - MP 

Universidade Federal do Ceará - Administração e Controladoria - MP 

Nota 3

Fucape-MA - Contabilidade e Administração - ME

Furg - Contabilidade

Universidade Estadual de Maringá - Ciências Contábeis - ME

Universidade Federal do Mato Grosso do Sul Ciências Contábeis - ME

Universidade Federal de Pernambuco - Ciências Contábeis - ME/DO 

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Ciências Contábeis - ME 

Universidade Federal de Santa Maria - Ciências Contábeis - ME 

Centro Universitário Fecap - CiÊncias Contábeis - ME

Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Ciências Contábeis - ME

Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Controladoria e Gestão Pública - MP

Nota 2

Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Ciências Contábeis - ME

Meus comentários:

1. Os programas de mestrados com nota 4 serão sérios candidatos a pleitear a abertura de curso de doutorado. Ou seja, a médio prazo poderemos ter mais 9 cursos de doutorado no país. Muito? Provavelmente sim. 

2. Os programas de mestrado/doutorado com nota 3 estão sob observação. Isto inclui o programa da UFPE.

3. A grande surpresa foi a confirmação de um boato de que a USP da capital tinha levado uma nota baixa. O programa da USP, que já foi 6, teve uma nota 4 agora na avaliação. O interessante é que a USP Ribeirão, sua co-irmã, recebeu nota 5. Mas a USP entrou com recurso e a nota final ficou 6. 

4. A UERJ de Contábeis, que já contribuiu substancialmente para evolução da área no Brasil, recebeu nota 2. A crise financeira deve ter sido um dos motivos para esta nota reduzida. Mas com o recurso, o curso subiu para 3

5. No total, 35 programas de pós na nossa área. Nada mal. 

6. Na primeira postagem cometi dois enganos. Grato Sandro pela correção. 

27 março 2018

Pós-graduação e saúde mental

Nos últimos anos foram publicadas diversas pesquisas que alertam sobre o estado de saúde mental dos alunos de doutorado. Um exemplo recente é o trabalho que acaba de sair na Nature Biotechnology, apontando que os doutorandos são seis vezes mais propensos a desenvolverem ansiedade e depressão em comparação com a população geral. Segundo esse trabalho, dirigido pelo pesquisador Nathan Vanderford, da Universidade de Kentucky (EUA), isto significa que 39% dos candidatos a doutor sofrem de depressão moderada ou severa, frente a 6% da população geral.

Poderíamos pensar que esses resultados se devem a cortes nas condições de trabalho, ou que sejam algo intrínseco a empregos altamente competitivos, sejam ou não doutorados; entretanto, outro estudo, este realizado pela Universidade de Gent (Flandres, Bélgica), conclui que os doutorandos, em comparação com outros grupos profissionais com alta formação, sofrem com maior frequência sintomas de deterioração na sua saúde mental. “Esta é uma publicação muito importante, porque progressivamente estamos compreendendo que existem problemas de saúde mental entre os doutorandos, e estudos como este nos ajudam a entender melhor suas causas”, afirma Vanderford.

Para aprofundar esse tema, Katia Levecque, pesquisadora da Universidade de Gent e primeira autora do estudo belga, reuniu uma amostra de 3.659 doutorandos de universidades flamengas, que seguem um programa muito similar ao do resto da Europa e Estados Unidos, e quantificou a frequência com que os alunos afirmaram ter experimentado nas últimas semanas algum entre 12 sinais associados ao estresse e, potencialmente, a problemas psiquiátricos (especialmente a depressão). Entre essas características estão sentir-se infeliz ou deprimido, sob pressão constante, perda de autoconfiança ou insônia devido às preocupações.

Os resultados foram que 41% dos doutorandos se sentiam sob pressão constante, 30% deprimidos ou infelizes, e 16% se sentiam inúteis. Além disso, metade deles relatavam conviver com pelo menos 2 dos 12 sinais avaliados no teste.

[...]

O estudo também examina se entre os doutorandos existem condições que aumentem as possibilidades de ter ou desenvolver um problema psiquiátrico. Levecque conclui, por exemplo, que o desenvolvimento desses sintomas é independente da disciplina do doutorado, sejam ciências, ciências sociais, humanidades, ciências aplicadas ou ciências biomédicas. Não ocorre o mesmo quanto ao gênero, já que as mulheres que fazem doutorado têm 27% mais possibilidades de sofrerem problemas psiquiátricos que os homens.

Outro fator que pode influir na saúde do estudante, nesse caso tanto negativa quanto positivamente, é o tipo de orientador: a saúde mental dos doutorandos era melhor do que o normal quando tinham um mentor cuja liderança lhes inspirava. Pelo contrário, outros estilos de liderança eram neutras, ou no caso dos orientadores que se abstinham de dirigir ou guiar o doutorando — um tipo de liderança laissez-faire — seus orientandos tinham 8% mais chances de desenvolverem sofrimento psicológico. “Mas, além do estilo de liderança, há outros fatores importantes, como o nível de pressão no ambiente profissional, o próprio controle sobre o ritmo de trabalho ou quando fazer pausas, que também estão relacionadas com o orientador. Por isso o orientador é relevante tanto direta como indiretamente para a saúde mental dos doutorandos”, detalha a pesquisadora.

Leia a reportagem completa: aqui.

Enviado pelo professor Cláudio Moreira, a quem agradecemos.