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31 maio 2014

Fato da Semana

Fato da Semana: Nova norma de reconhecimento da receita. Parece que as duas entidades reguladoras, o Fasb e o Iasb, começam a chegar a um acordo. Esta semana foi aprovada uma norma sobre este assunto.

Qual a Relevância disto?  O Fasb e o Iasb, no passado, decidiram estudar alguns poucos assuntos. Entretanto, as divergências eram tantas que os prazos para finalizar as normas estouraram. Alguns analistas acreditavam que não seria possível chegar a um acordo nestas normas. Mas na quarta as duas entidades divulgaram um novo texto sobre o assunto. Por um lado a norma preenche uma lacuna nas normas do Iasb. Por outro, o Fasb refaz sua norma sobre o assunto.

Positivo ou negativo? Pelo fato da aprovação permitir destravar a agenda de convergência, positivo.

Desdobramentos: Uma grande novidade é que o Fasb “aceitou” uma norma baseada em “princípios”. Esta norma, no entanto, tenderá a produzir uma série de regulamentos específicos, detalhando casos onde já existem normas. 

Brevemente tal norma deverá chegar ao Brasil, através da “adaptação” do CPC.

Finalmente, a norma poderá facilitar a aprovação das outras, como a do leasing.


Outros fatos: Que semana movimentada. Veja o leitor no teste da semana que tínhamos pelo menos mais três outros fatos relevantes: a receita federal, o caixa do banco que não existia e a possibilidade de condenação do político por informação privilegiada. 

24 abril 2014

Postergando a norma de reconhecimento de receita

Como é praxe, o Financial Accounting Standards Board (FASB) anunciou (via aqui) que o calendário da aprovação da norma sobre reconhecimento da receita foi postergado. O prazo é até final de maio e a norma deve entrar em vigor em 2017. A justificativa é que trata-se de um dos padrões mais longos daquela entidade, além de substituir diversas outras normas já emitidas.

Como este é um dos projetos conjuntos Fasb+Iasb tentei verificar a existência de algum comunicado do Iasb. Mas não encontrei na página do Iasb nenhuma aviso sobre o assunto. Por enquanto.

06 fevereiro 2014

Jogos para celulares

Dos dez apps mais baixados para celulares, nove são jogos. Da lista acima, somente Pou não é um jogo. Isto pode ser um sinal de que o modelo tradicional de jogos eletrônicos, usando consoles como Wii.

Outro aspecto importante é o modelo de receita. A relação dos jogos por receita encontra-se a seguir:
Em lugar de cobrarem pelo jogo, o modelo é "freemium": joga-se de graça, mas caso queira um item adicional, pular de fase ou uma facilidade, paga-se. O objetivo de um bom jogo é despertar o interesse do jogador por comprar os itens adicionais. 

Isto traz uma reflexão importante sobre questões contábeis. Quando é feito o reconhecimento da receita dos itens adquiridos pelo modelo freemium? Como seria a amortização, se houver, dos custos de desenvolvimento? Como estimar as receitas futuras em razão do ciclo de vida dos jogos? Como tratar a "criação" de "ativos virtuais"? (Quanto a esta última questão, a mesma está no livro Teoria da Contabilidade, de Niyama e Silva)

Ao escrever esta postagem estava pensando: como a Contabilidade é bela e desafiadora !

07 janeiro 2014

Novas regras para o reconhecimento da receita são necessárias?

Tom Selling debate  as mudanças em andamento nas regras do reconhecimento da receita.

Recapitulando, as duas maiores entidades reguladoras contábeis, o Iasb e o Fasb (este específico dos Estados Unidos, mas com aplicações em outros países) fizeram um acordo de tentar ter algumas normas em comum. Para esta pequena seleção, as entidades reuniram e estão tentando aprovar padrões idênticos. Entre esta seleção encontra-se uma norma para o reconhecimento da receita. Tradicionalmente a receita é reconhecida quando completada o fato gerador. Mas existem algumas operações onde é difícil determinar este fato gerador ou eventos que estão vinculados entre si. Para este conjunto complexo de reconhecimento da receita, Iasb e Fasb fizeram um esboço preliminar.


A crítica de Selling aponta três aspectos. Em primeiro lugar, a discussão sobre uma norma faz sentido quando existem problemas a serem resolvidos. No caso do leasing, o problema era a necessidade de colocar no balanço estas operações. Mas para Selling, não existiria nada a ser consertado com o reconhecimento da receita. Neste aspecto contábil, o número de problemas tem-se reduzido ao longo dos anos. Em segundo lugar, os custos de transição parecem superiores aos benefícios futuros, inclusive para os investidores.  Finalmente,  apesar do trabalho conjunto, Selling não acredita que haverá uma aplicação consistente entre os diversos países. 

22 novembro 2013

Iasb e o reconhecimento da receita

O Iasb, entidade que emite a normas internacionais de contabilidade, indicou, na quarta-feira, sua intenção de aprovar a regra sobre reconhecimento da receita. Isto significa que o comitê deverá colocar em votação brevemente a norma. Anteriormente o Fasb tinha manifestado a mesma intenção.

O reconhecimento da receita é um projeto comum entre as duas entidades (Iasb e Fasb) e representa uma das tentativas de reduzir as diferenças existentes entre a contabilidade praticada em diversos países do mundo e a contabilidade praticada no maior mercado de capitais do mundo. Apesar do esforço de convergência, a existência da definição diferente de "provável" pelas duas entidades irá gerar uma pequena inconsistência.

Sendo aprovada agora, a norma deverá entrar em vigor somente após 1 de janeiro de 2017.

08 novembro 2013

Reconhecimento da receita no Fasb

A norma referente ao reconhecimento da receita, em análise no Fasb e no Iasb, teve um avanço importante nesta quarta-feira. O Fasb indicou que irá aprovar a norma de forma tranquila. A votação acontecerá em dezembro, mas de antemão a norma deverá ter a aprovação por 5 a 1. O Iasb talvez vote ainda em novembro.

A norma deverá ser emitida no primeiro trimestre de 2014, para entrar em vigor após 15 de dezembro de 2016 nos Estados Unidos ou após 1 de janeiro de 2017, para o Iasb.

01 novembro 2013

Convergindo as Receitas

Os dois principais reguladores contábeis do mundo, o Iasb e o Fasb, estão chegando a um consenso sobre a norma sobre reconhecimento de receita, informou a Reuters (New Rule to Ring in Costly accounting chance for telcos, Huw Jones).

Este acordo pode ser importante para os defensores da convergência, em razão da importância do tema. A receita é uma das principais informações financeiras de uma empresa. Em entidades que estão em fase de crescimento, que não geram lucro nem caixa, a receita é um parâmetro fundamental para os analistas financeiros por ajudar a projetar o valor da entidade.

Assim, o acordo entre as duas entidades poderá, segundo os otimistas, ajudar no processo de comparação das empresas e ajudar a reduzir o custo de capital. A regra será publicada em 2014 e deverá entrar em vigor em 2017. Segundo um funcionário da EY, entrevistado pela Reuters, as empresas que usam as normas do Iasb deverão sentir mais as mudanças. E entre as empresas, as de telecomunicações, softwares, de terceirização, ciências da vida e da construção terão mais influencia. Estas empresas são conhecidas pelos chamados "multiple elements arrangements". Uma empresa que "dá" um celular a seu cliente, deverá reconhecer esta "receita" do aparelho. Ou seja, a nova regra irá antecipar o reconhecimento de receitas e aumentar a distância entre a competência e o caixa.

08 junho 2013

Nova norma de reconhecimento da receita

Uma pesquisa do AICPA concluiu que os executivos financeiros estão esperando uma dificuldade reduzida na implantação da nova regra de reconhecimento da receita. A nova regra foi proposta, em conjunto, pelo FASB e IASB.

A nova norma deverá entrar em vigor em 2017.

12 maio 2013

Reconhecimento da Receita

A finalização da regra de reconhecimento da receita, aguardando ser aprovada pelo Financial Accounting Standards Board (Fasb) e pelo International Accounting Standards Board (Iasb), deverá passar por um encontro em maio, segundo Leslie Seidman, do Fasb.

A programação é que em dezembro de 2016 o padrão esteja implementado. E as empresas possam aplicá-lo em 2017. Pelo menos em tese.

A proposta irá resolver algumas inconsistências existentes hoje, reduzindo o número de refazimentos. O padrão simplifica o processo de reconhecimento. Em tese, também. Katherine Gill-Charest, controller da Viacom, afirmou que substituir as regras atuais por princípios poderá gerar critérios diferentes, com inconsistência entre as empresas. Com efeito, em setores onde existem transações complexas, como os estúdios de cinema, é difícil a transição.

08 janeiro 2013

A pressa da HP

(...) Um ex-executivo da HP que trabalhou na empresa na época diz que parecia que Apotheker e o conselho de administração não sabiam o que fazer, e estavam tentando tudo o que conseguiam imaginar. Não era uma estratégia, diz ele. Era o caos.

O tamanho do caos ficou claro quando a HP anunciou, em novembro, que teria uma perda contábil de US$ 8,8 bilhões com o negócio relacionado à Autonomy, em meio a alegações de irregularidades no balanço na companhia de software. A HP diz que informou o problema à Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão de títulos e câmbio americana, e ao Serious Fraud Office, do Reino Unido, e afirma que pretende entrar com suas próprias ações civis. O conselho de administração demitiu Apotheker no fim de 2011, apenas 11 meses após ele assumir o cargo, substituindo-o por Meg Whitman. E o trabalho da nova executiva-chefe ficou ainda mais difícil: a Autonomy está agora avaliada em cerca de 15% do valor pago pela HP.

Um olhar sobre a breve e inglória passagem de Apotheker mostra o quanto a HP se equivocou. Ele entrou para a companhia após uma longa e bem-sucedida carreira na fabricante alemã de softwares SAP. Embora admirado por seu intelecto (ele fala cinco idiomas) e energia, seu estilo autocrático de administrar dificultou muito suas tomadas de decisão, segundo afirmam muitos dos mais de uma dezena de ex-colegas da HP e da SAP entrevistados para este artigo, que pediram para ficar no anonimato por causa dos laços pessoais que têm com ele. Quando Apotheker assumiu, a Autonomy, que faz produtos para organizar as grandes quantidades de dados que inundam as redes de computadores das empresas, estava à venda havia meses e mantinha o banqueiro Frank Quattrone, da Qatalyst Partners, como chamariz de venda.

Quattrone e o executivo-chefe da Autonomy, Mike Lynch, primeiro ofereceram a companhia para a Oracle em uma reunião realizada em abril. Eles não mencionaram um preço, mas executivos da Oracle disseram a eles que o valor de mercado de US$ 6 bilhões da Autonomy não parecia ser justificado por suas finanças, segundo pessoas a par da reunião, que também pediram para não ter seus nomes revelados porque o encontro foi sigiloso. Mark Hurd, presidente-adjunto da Oracle (e ex-executivo-chefe da HP), concluiu que o negócio da Autonomy estava crescendo muito lentamente. Segundo essas pessoas, o diretor de fusões e aquisições Doug Kehring colocou em dúvida a elevada margem de lucro da Autonomy. Eles não levaram a proposta da Autonomy a sério, acrescentam as fontes. Em uma conferência telefônica com analistas em setembro, o executivo-chefe da Oracle, Larry Ellison, classificou o preço pedido pela Autonomy de "absurdamente alto".

Apotheker via a Autonomy como a passagem da HP para o mercado de software de altas margens, que na época respondia por menos de 3% das vendas da companhia. O executivo-chefe e seu diretor de estratégia e tecnologia, Shane Robison, contrataram a empresa de contabilidade KPMG para rever uma auditoria feita pela Deloitte na Autonomy em fevereiro. Um porta-voz de Apotheker diz que ele apresentou a aquisição para o conselho em uma reunião de dois dias no fim de julho de 2011. No mês seguinte, ele reagiu às objeções de sua diretora financeira Cathie Lesjak, de que o negócio seria caro demais. Apotheker ganhou a discussão e o negócio acabou seguindo em frente. (Lesjak não quis fazer comentários sobre o assunto.)

A Autonomy, que registrou um lucro operacional de US$ 395 milhões sobre vendas de US$ 931 milhões nos 12 meses antes de ser comprada pela HP, usava táticas contábeis agressivas para inflar seus resultados, segundo um ex-executivo da companhia que pediu para ficar no anonimato porque não quer ser visto como alguém que cospe no prato em que comeu. A Autonomy antecipava e contabilizava grande parte das receitas obtidas com a assinatura de um software chamado Zantaz, um programa baseado na internet que bancos e escritórios de advocacia usam para armazenar arquivos de computador para propósitos de conformidade às regras.

Ao reconhecer os pagamentos de uma só vez, em vez de espaça-los ao longo do tempo, a companhia inflava seus lucros. O tratamento contábil dado pela empresa a um sistema de arquivamento de e-mails e documentos, o Arcpliance, exagerava a verdadeira margem de lucro do produto, que não era amplamente usado, segundo executivos. No negócio dos softwares, o "reconhecimento de receita normalmente é a maneira predominante de se maquiar os balanços", já que as altas margens de lucro tornam mais tentador acelerar as vendas, afirma Dana Basney, diretor de serviços contábeis forenses da CBIZ MHM, empresa de contabilidade de San Diego. "Você consegue um retorno maior."

É difícil fiscalizar as normas contábeis no setor dos softwares por causa da dificuldade em mensurar os bens físicos, diz Michael Cusumano, professor de administração da Sloan School of Management do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Desde 1990, cerca de metade das companhias de softwares de capital aberto tiveram que recalcular suas receitas por erros na classificação das vendas e retornos dos produtos, ou porque lançaram pagamentos em curso por serviços de suporte técnico como vendas de licenças de produtos, segundo afirma Cusumano. "É preciso ser duplamente, triplamente cuidadoso para acreditar no que você vê no papel", diz ele. "Muitas vezes, as empresas de contabilidade não são especialistas em detectar esses tipos de fraudes. Elas podem ser muito bem escondidas."

Somente depois que um delator da Autonomy entrou em cena, no terceiro trimestre, foi que a HP tomou consciência dos problemas na fabricante de softwares. Após a revelação dos problemas na Autonomy, as ações da HP atingiram o menor patamar em dez anos, ampliando uma queda que eliminou mais de US$ 100 bilhões do valor de mercado da companhia em cinco anos. Apotheker e Whitman defendem a verificação feita antes do negócio com a Autonomy. Em um comunicado emitido em novembro, Apotheker chamou os procedimentos realizados na companhia de "meticulosos e completos", e disse que o escândalo contábil foi um "choque".

Whitman, que não teve autorização da HP para dar entrevista, disse a analistas, durante a conferência telefônica em que divulgou os resultados do quarto trimestre da HP, que o conselho fiou-se nas finanças auditadas pela Deloitte e a KPMG. A Deloitte não quis fazer comentários; a KPMG disse que sua única função foi fornecer uma série limitada de serviços não relacionados à auditoria. A Deloitte "obviamente não detectou esses problemas na época", diz o consultor jurídico geral da HP, John Schultz. "Teria sido muito difícil, ou mesmo impossível, para a HP detectá-los." Schultz diz que a Autonomy declarou de forma errada mais de US$ 200 milhões em receitas - incluindo a contabilização de vendas de PCs e mouses de computador como softwares. Lynch disse à agência "Bloomberg News" que seus métodos estão dentro dos padrões de contabilidade europeus e que a HP fez suas acusações para ocultar a má administração da unidade. "Isso não faz sentido", diz ele. "A HP está procurando um bode expiatório e não serei eu." (...)  (Tradução de Mário Zamarian)

Como a pressa em mudar pôs a HP em apuro - 7 de Janeiro de 2013 - Valor Econômico - Aaron Ricadela | Bloomberg Businessweek

08 novembro 2012

Receitas de contratos com clientes

Em 2010 o International Accounting Standards Board (IASB) e o Financial Accounting Standards Board (FASB), publicaram o Exposure Draft ED/2010/6 que discute o tratamento das receitas de contratos com clientes. O projeto surgiu da necessidade de harmonizar os critérios de reconhecimento de receitas e fornecer melhores informações aos usuários. Quando se trata de um evento de longo prazo, o reconhecimento da receita deve ser analisado de forma mais criteriosa, para refletir, adequadamente, a transferência do bem ou serviço entre as partes. Para tanto o Exposure Draft propõe que as receitas sejam reconhecidas quando satisfeitas as respectivas obrigações de desempenho. Uma das atividades que será afetada diretamente pela aprovação desta norma é a da construção imobiliária. Diante desse fato, buscou-se responder o seguinte questionamento: qual o efeito provocado pela aprovação do Exposure Draft sobre o reconhecimento de receitas no setor da construção imobiliária? A análise crítica, baseado em um exemplo ilustrativo, evidencia que a proposta provocará significativas alterações no fluxo de receitas das entidades do setor imobiliário e, consequentemente na distribuição de dividendos, visto que o reconhecimento de receitas não mais acompanhará os custos incorridos com o contrato. Esse fato pode afetar a avaliação de desempenho da firma, influenciando no seu valor de mercado e no custo de capital.

RECONHECIMENTO DE RECEITAS NOS CONTRATOS DE CONSTRUÇÃO IMOBILIÁRIA: UM ESTUDO DO EXPOSURE DRAFT ED/2010/6 - RECEITA DE CONTRATOS COM CLIENTES
Renato Henrique Gurgel Mota, Saulo José de Barros Campos, Jorge Katsumi Niyama, Edilson Paulo
Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ, v. 17, n. 2, 2012.

17 maio 2012

Auditor ou cliente?

Recentemente postamos sobre o fato de que grandes empresas de auditoria estavam sendo contratadas para fazer a função de lobistas para seus clientes. Isto configurava, a princípio, uma fronteira perigosa ultrapassada pelo auditor, que passa a defender os interesses da empresa onde realizava seu trabalho de auditoria.

Um texto da Forbes (How Zynga, Facebook and Groupon's Go-To Auditor Rewrites Accounting Rules, Francine McKenna, 23 de abril de 2012) mostrava que algo mais estava acontecendo: as empresas de auditoria estavam ditando a forma como as auditadas deveriam contabilizar suas receitas. Mais especificamente, a Ernest & Young chegou a escrever um texto com regras para reconhecimento da receita para produtos virtuais.

Uma empresa como a Zynga possui parte de suas receitas provenientes das vendas de produtos virtuais. Quando um dos participantes dos seus jogos, como o Farmville por exemplo, decide comprar um trator virtual, isto representa uma receita para a empresa. Na realidade, a maior parte da receita da Zynga. Este tipo de receita, apesar de já ser conhecido da teoria (vide o livro Teoria da Contabilidade, de Niyama e Silva, capítulo 5, exercício 10), ainda não foi regulado pelo Fasb ou Iasb. A Sarbox restringiu a prestação de consultoria por parte do auditor.

McKenna informa que a E&Y propõe que uma empresa de comércio virtual, como a Zynga, vende um "trator" o reconhecimento da receita possa ser feito de três formas: (a) ao longo da vida no jogo (o que depende de várias estimativas); (b) baseado no usuário, que geralmente é mais rápido que a primeira alternativa; (c) assim que recebe os recursos. A flexibilidade das alternativas e a diferença dos resultados chama a atenção e, logicamente, permite que a empresa possa "escolher" a receita que achar conveniente.

17 novembro 2011

Reconhecimento da Receita

Sobre o reconhecimento da receita (vide também postagem de ontem deste blog), o Valor Econômico também publicou um texto sobre o assunto:

O princípio básico da norma é que a receita deve ser reconhecida quando um bem ou serviço é transferido para o comprador, com a possibilidade de isso ocorrer em um único momento ou ao longo do tempo.

"Não tenho dúvida de que a nova redação resolve a questão das incorporadoras, de que há transferência continuada nos contratos usados no Brasil. A leitura da norma não permite outra interpretação" disse Alexsandro Broedel, diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ele já entendia que a regra atual provocava o mesmo entendimento, mas admitia que "o texto era ruim", o que permitia interpretações distintas.

Com o aval da CVM e do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), as incorporadoras brasileiras vêm fazendo a contabilização conforme o andamento das obras e dizendo que isso está de acordo com o IFRS, adotado de forma obrigatória no Brasil em 2010.


Mas os auditores dessas empresas pensam de outra forma e, para não ser obrigados a dizer simplesmente que os balanços estão incorretos, vinham afirmando que as informações estavam de acordo com o "IFRS brasileiro". Eles mencionam ainda, em um parágrafo de ênfase, que o Comitê de Interpretações do IFRS (Ifric) está analisando a questão e que, a depender da solução encontrada, as companhias podem ter que rever o método de reconhecimento de receita.

Para as principais firmas de auditoria brasileiras, dentro do padrão internacional de contabilidade conforme ele existe hoje, a receita de venda de um imóvel só seria registrada no momento da entrega das chaves. (...)

A nova norma divide os ativos em dois tipos, um mais parecido com um produto de prateleira e outro com uma encomenda específica, ou seja, que o vendedor não pode vender facilmente para outro cliente, sem ter outros custos.


No primeiro caso entra, por exemplo, um veículo. O comprador escolhe a marca, o modelo e os acessórios, mas a loja não tem a obrigação de entregar um carro com determinado chassi. Se o comprador desiste do negócio, ele pode facilmente ser vendido a outro cliente.


No caso de imóveis no Brasil, o mais comum é que o comprador escolha um apartamento específico, de um determinado bloco e andar. Por exemplo, a unidade 112 do bloco B. A incorporadora não pode entregar um apartamento de outro andar ou bloco ao cliente, mesmo que do mesmo tamanho e com as mesmas características.


Nessa segunda categoria, a proposta de norma diz que é preciso se cumprir apenas uma de três condições para que o reconhecimento da receita seja feito ao longo do tempo: que haja transferência dos benefícios ao comprador ao longo do tempo; que no caso de outra empresa ter que concluir o contrato a partir de determinado ponto ela não tenha que refazer o trabalho da primeira desde o início; que a empresa tenha direito de receber pelo serviço prestado até determinado momento.

Segundo Broedel, há consenso de que as duas primeiras condições existem no Brasil, ainda que bastasse que uma delas fosse atingida. Ao falar do benefício transferido, ele destaca que o comprador de um imóvel no Brasil pode vendê-lo durante a fase da construção e ficar com o lucro, caso ele exista.

16 novembro 2011

Reconhecimento da Receita

O Iasb (International Accounting Standards Board) e o Fasb (Financial Accounting Standards Board) divulgaram um rascunho sobre as normas internacionais (e dos Estados Unidos) para receita. Segundo o comunicado, o rascunho procura dar uma maior robustez no reconhecimento da receita, eliminar incoerências, melhorar a comparabilidade, melhorar as informações apresentadas aos usuários e simplificar o volume de normas contábeis.

Segundo o comunicado conjunto, o rascunho segue a mesma proposta apresentada em 2010: a entidade deve reconhecer a receita de contratos com clientes quando transfere os bens.

Desde 2010 estas duas entidades receberam mais de mil sugestões e observações, sendo que o projeto original foi alterado, simplificando as questões sobre garantias e a determinação do preço de transação, incluindo o valor do dinheiro no tempo.

O rascunho apresentado pode ser discutido até 13 de março de 2012 e não deve entrar em vigor antes de 2015.

A KPMG, através de um dos seus executivos, afirmou que para algumas empresas a proposta não representa nenhuma novidade. Mas para alguns setores, como telecomunicações, software e engenharia, poderão sofrer alterações, sendo difícil precisar se o reconhecimento da receita será antecipado ou não.

A proposta possui 221 páginas e 26 exemplos.

02 setembro 2011

IPO do Zynga

Por Pedro Correia


O Zynga, empresa que produz os aplicativos mais populares do Facebook ( Farmville, CityVille , Empires & Alliese e Zynga Poker ) , entrou com pedido para levantar US $ 1 bilhão em um IPO.A companhia afirma que os recursos serão utilizados para a o desenvolvimento de jogos, atividades de marketing, e novas aquisições. A empresa informou que opera em 166 países e vende 38 mil itens virtuais a cada segundo. Ela possui 62 milhões de usuários ativos por dia e 232 milhões de usuários ativos mensais. Surpreendentemente, as pessoas jogam dois bilhões de minutos por dia.

A empresa foi fundada, em 2007, por Mark Pincus,é um fenômeno de rápido crescimento e sucesso nas redes sociais. Recentemente, fechou contrato de 5 anos com o Facebook, que proporciona a utilização dos créditos da maior rede social do mundo para a compra de bens virtuais por parte de seus jogadores.Os itens dos jogos são comprados diretamente no Facebook ou através de cartões de presente comprado em lojas.O Zynga também ganha dinheiro com publicidade e jogos para celular, mas essas receitas são bem menores.

O Zynga será a primeira empresa americana a realizar a abertura de capital , com sua riqueza oriunda da venda de bens digitais. Este IPO irá criar uma série de novos problemas para os reguladores, pois existem diversas dificuldades no reconhecimento da receita da venda de bens digitais. A SEC e outros órgãos ainda não chegaram a definir um método legal para o registro contábil da venda de bens virtuais. Isso faz com que as empresas contabilizem da forma com que acham que seja mais adequado.

É interessante observar a nota de rodapé referente ao reconhcimento da receita do Zynga:

“We derive revenue from the sale of virtual goods associated with our online games and the sale of advertising within our games… We operate our games as live services that allow players to play for free. Within these games, players can purchase virtual currency to obtain virtual goods to enhance their game-playing experience.”
Outra parte curiosa:

“The proceeds from the sale of virtual goods are initially recorded in deferred revenue. We categorize our virtual goods as either consumable or durable. Consumable virtual goods represent goods that can be consumed by a specific player action. For the sale of consumable virtual goods, we recognize revenue as the goods are consumed, which approximates one month. Durable virtual goods represent virtual goods that are accessible to the player over an extended period of time. We recognize revenue from the sale of durable virtual goods ratably over the estimated average playing period of paying players for the applicable game, which represents our best estimate of the estimated average life of durable virtual goods.”
Um pouco mais detalhado em 11 de agosto de 2011:

“We recognize revenue from the sale of durable virtual goods ratably over the estimated average playing period of paying players for the applicable game, which represents our best estimate of the average life of our durable virtual goods. If we do not have the ability to differentiate revenue attributable to durable virtual goods from consumable virtual goods for a specific game, we recognize revenue from the sale of durable and consumable virtual goods for that game ratably over the estimated average period that paying players typically play our games. We determine our estimated average playing period of paying players for each significant game beginning with the time a player first purchases a virtual good. For the three months ended March 31, 2011, the estimated average playing period of paying players for our games ranged from ten to 25 months.”
Em suma,a correlação entre o mundo de fantasia dos jogadores do Zynga e o desempenho da receita é totalmente espúria. Provavelmente, a empresa está subestimando suas receitas para evitar potencias problemas de competição.

Em 2010, as receitas da empresa totalizaram 597,5 milhões de dólares americanos, em comparação com 121,5 milhões dólares em 2009. Nos três primeiros meses de 2011, a receita totalizou 235,4 milhões dólares americanos.Em 2010, os lucros totalizaram US $ 27,9 milhões, revertendo uma perda de 2009 de US $ 52,8 milhões.

O EBITDA ajustado aumentou de US $ 4,5 milhões em 2009, para 392,7 milhões dólares, em 2010. Segundo o Zynga, o EBITDA ajustado, é calculado desconsiderando-se a partir do lucro operacional não só os juros, impostos, depreciação e amortização, mas também prejuízos jurídicos, remuneração baseada em ações, e as mudança na receita diferida. Quase sempre, as empresas que exaltam os números do EBITDA, o fazem, porque seu lucro não é atraente e seus fluxos de caixa são negativos. O Zynga é uma exceção. Como o EBITDA é uma medida de desempenho operacional questionável, é mais adeaquado verificar o fluxo de caixa. Ademais, é estranho pensar que juros, impostos, as perdas legais, remuneração baseada em ações, e as mudanças na receita diferida não têm implicações no fluxo de caixa.

Joseph Menn no Financial Times aponta para alguns riscos do modelo de negócio do Zynga. A empresa, por exemplo, é vulnerável a hackers,e seu CEO Mark Pincus poussui partes de uma classe especial de ação, que lhe daria o controle da empresa. Christopher Zinsli no The Wall Street Journal ,aponta para outros riscos,além da total dependência do Facebook.

Em conclusão, é preciso levar em conta todos esses fatores no momento de precificar a ação do Zynga.

Mais informações : aqui, aqui, aqui, aqui

25 agosto 2011

Construtoras 1


Sobre a apuração de resultado numa construtora, o valor de 23 de agosto traz duas reportagens interessantes sobre o assunto. Eis trechos da primeira:

A Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI) surpreendeu o mercado na semana passada ao divulgar que sua margem bruta, que equivale a quanto sobra da receita após descontados os custos de construção, ficou negativa em 21% no segundo trimestre.


Isso quer dizer que, antes de considerar as despesas administrativas e de vendas, a empresa já estava no prejuízo no período.


O motivo para esse resultado - bastante incomum em qualquer setor da economia - foi o reconhecimento de estouros de orçamentos de obras lançadas em 2007 e 2008.


Longe de ser um caso isolado da CCDI, a divulgação de revisões de estimativas de custos de empreendimentos imobiliários tem deixado com frio na barriga os investidores que carregam em suas carteiras ações de incorporadoras. A sensação é que a cada temporada de balanços mais surpresas podem aparecer nos demonstrativos financeiros.


Qualquer pessoa que já fez uma reforma em casa sabe que os gastos quase sempre superam o orçamento. O que chama atenção é que algumas das maiores construtoras do país, especialistas no assunto, também tenham sido pegas de surpresa. (...)


Segundo Idésio Coelho, diretor técnico do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), para quem a área de reconhecimento de receitas e custos é a mais sensível no segmento imobiliário, os "ajustes, maiores ou menores, sempre acontecerão", já que o preço de venda é fixo (embora corrigido pelo Índice Nacional do Custo da Construção - INCC) e os custos variam durante a construção, que costuma levar de dois a quatros anos. "Se a empresa demora muito tempo para fazer essa revisão, tem mais impacto. Assim, o ideal é que ela faça esse controle ao menos trimestralmente e principalmente em função de uma evolução importante do projeto", afirma Coelho.


O que aparentemente ocorreu em muitos casos foi que os desvios só foram mensurados pela administração e reconhecidos no resultado com atraso. Quando isso acontece, há o risco de o acionista atual de uma empresa pagar sozinho uma conta (com um dividendo menor) que deveria ter sido dividida com o investidor que tinha os papéis no passado.


"Não tem uma regra obrigando a fazer a revisão de orçamento com determinada frequência. O IFRS diz que tem que fazer de forma tempestiva e sempre que tiver variações das premissas", diz Coelho. De acordo com ele, o auditor avalia se a revisão feita pela companhia é adequada e faz testes para acompanhar as mudanças de estimativas, principalmente quando faz a auditoria completa, do balanço anual.


Constatado desvio em relação ao orçamento, é preciso avaliar se houve erro relevante nos balanços anteriores, o que exigiria a republicação dos mesmos, ou apenas uma mudança de estimativa, com o ajuste sendo reconhecido no trimestre e dali por diante. Nos casos recentes citados, os desvios foram tratados como mudança de estimativa.


Para Fernando Caio Galdi, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras, existe sim discricionariedade da administração das companhias sobre o momento de revisão de orçamento e que ao auditor cabe avaliar "como estão sendo feitas essas mudanças, se elas são feitas no período adequado e se as estimativas são realistas". "Tem empresa que tenta adiar o máximo possível a notícia ruim", reconhece ele.


Construtoras 2


"A apuração definitiva (1) dos orçamentos de empreendimentos só é possível com a aproximação da entrega das unidades", diz a Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI), ao explicar por que o ajuste de custo R$ 141 milhões, principalmente de projetos lançados entre 2007 e 2008, só foi reconhecido no segundo trimestre deste ano.


"É somente nesse estágio que as construtoras, neste caso terceirizadas, conseguem concluir os levantamentos e identificar custos adicionais", afirmou a CCDI, em resposta por e-mail, destacando que a expansão forte do setor nos últimos anos provocou alta nos custos e escassez de mão de obra e equipamentos.


(...) Marcelo Borges, que assumiu como diretor-presidente da Rodobens Negócios Imobiliários no início deste ano, conta que a empresa contratou um novo responsável para a área de controladoria (2), para acompanhar mais de perto as obras. Para ele, o risco de haver desvios é "inerente" ao setor, por conta das variáveis a que se está exposto. "Mas também não quer dizer que temos que aprender a conviver com isso", diz ele, para quem um controle mensal das obras permite não apenas identificar o valor do desvio, mas tambem corrigir aumentos de gastos. (...)

Empresas reduzem terceirização e reforçam controles - Valor Econômico - 23 Ago 2011 (foto: Flickr)

(1) Definitiva não seria orçamento, e sim realizado. Mas uma boa estimativa é possível antes do término da obra.
(2) A controladoria foi responsável. Observe que na empresa anterior a responsabilidade era do ambiente econômico.

22 junho 2011

Reconhecimento da receita

Quatro anos atrás, inspetores da principal agência reguladora do setor de auditoria dos Estados Unidos descobriram que a KPMG havia permitido à Motorola registrar uma receita recorde no terceiro trimestre de 2006, graças a uma transação com a Qualcomm, muito embora o contrato só tenha sido assinado no começo do quarto trimestre. Isso não é uma pequena questão técnica. Sem o negócio, a Motorola não teria atingido a meta de lucros do terceiro trimestre.


Posteriormente, a autoridade reguladora, o Conselho de Supervisão de Contabilidade das Companhias Abertas (PCAOB, na sigla em inglês), criticou a KPMG por permitira à Motorola contabilizar a receita no momento em que fez isso. A KPMG discutiu a tempestividade da transação com a Motorola e a Qualcomm, mas o PCAOB disse que a firma "falhou ao não obter evidências convincentes de um acerto para propósito de reconhecimento de receita no terceiro trimestre". Em outras palavras, a KPMG não teve um bom motivo para acreditar que o negócio não deveria ter sido registrado no quarto trimestre.


No entanto, o conselho supervisor não revelou ao público que isso ocorreu na Motorola. A fabricante de equipamentos de comunicação sem fio, hoje conhecida como Motorola Solutions, não reformulou os lucros para o período em questão. E não há sinais de que a Securities and Exchange Commission (SEC) fez uma investigação da contabilidade da Motorola, muito embora supervisione o conselho e tenha acesso às suas constatações.


Tudo isso é rotina para os policiais dos números da América. Desde a criação do PCAOB pela lei Sarbanes-Oxley em 2002, seus inspetores constataram falhas de auditoria por grandes firmas de contabilidade em centenas de companhias abertas dos Estados Unidos. Mesmo assim, sua política é manter em segredo as identidades desses clientes. (...)

Jonathan Weil - Bloomberg News – Publicado no Valor Econômico – 20 jun 2011 (via aqui) (Imagem, aqui)

10 junho 2011

Reconhecimento da Receita nas Construtoras

As incorporadoras imobiliárias estão aguardando o órgão errado. Mas até o fim do ano devem ter uma resposta sobre como fazer o reconhecimento de receita da venda de imóveis vendidos na planta dentro do padrão contábil IFRS - se durante as obras de construção ou apenas na entrega das chaves.


Os auditores têm destacado, em seus pareceres sobre as demonstrações financeiras das empresas desse setor, que o assunto está sendo discutido pelo Ifric, que é o comitê de interpretações das normas internacionais de contabilidade. 


 Mas o mais provável é que a definição sobre qual modelo seguir venha do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês), responsável pelo IFRS, que deve editar até o fim deste ano um novo pronunciamento sobre reconhecimento de receita [1], que está sendo discutido com o Fasb, conselho que emite as normas americanas, conhecidas pelo termo US Gaap. 


Segundo Amaro Gomes, único brasileiro entre os 15 membros do conselho do Iasb, a nova norma deve incorporar os dois pronunciamentos que tratam hoje desse tema dentro do IFRS e também a interpretação específica chamada de Ifric 15. "O objetivo é consolidar as regras, sem precisar de uma nova interpretação. Quanto menor o número de interpretações, melhor", afirmou Gomes, que vive em Londres, mas esteve ontem em São Paulo, na Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria, em comemoração aos 40 anos do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon). 


Por enquanto, as companhias brasileiras continuam a fazer o reconhecimento da receita conforme o andamento da obra, seguindo entendimento do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre os contratos usados no país. Eles consideram que há transferência contínua dos riscos e benefícios ao comprador ao longo da construção do empreendimento. 


 Os auditores ligados ao Ibracon, no entanto, acreditam que as normas emitidas pelo Iasb exigiriam que o registro fosse feito somente na entrega das chaves - como é feito na União Europeia -, uma vez que a incorporadora não entrega o controle do imóvel ao comprador antes disso. [2] 


 A dúvida sobre a correta aplicação da norma atual se verificou não apenas no Brasil, mas também em países da Ásia, o que levou o caso para o Ifric, órgão associado ao Iasb, que emite interpretações sobre as normas com o intuito de alinhar as práticas no mundo [3]. 


O tema foi discutido nas reuniões do Ifric em março e em maio, mas a decisão final foi que será aguardada a publicação do novo pronunciamento sobre reconhecimento de receitas do Iasb. Os membros do Ifric entenderam que não faria sentido encontrar uma solução provisória para as dúvidas, correndo o risco de ter o entendimento alterado pelo Iasb meses depois. 


 Segundo Gomes, como de costume, o novo pronunciamento não terá aplicação obrigatória imediata. "Mas se o conteúdo for conflituoso com o existente na interpretação, ela deixa de valer", diz ele, acrescentando que não há data prevista para uso mandatório. 


O sistema do Iasb para elaboração de normas não permite que se faça ajustes pontuais após a edição das normas nem alterações específicas em cada país. 


Ao comentar isso, Gomes ressalta a importância de que os brasileiros participem da discussão das novas regras quando elas ainda estiverem em consulta pública. Segundo ele, o CPC tem mandado sugestões com mais frequência para o Iasb e grandes empresas como Petrobras, Vale e Embraer também começaram a tomar parte nas discussões. "Na medida em que o país começa a utilizar o IFRS, percebe-se a importância de se participar da audiência pública", afirma. 

(Resposta para construtoras deve sair até o fim deste ano - Fernando Torres, Valor Econômico - 8 jun 2011, via aqui)

[1] Conforme já dizemos aqui, a ideia é simplificar o processo de reconhecimento da receita.

[2] Isto teria um forte efeito sobre as demonstrações contábeis destas empresas.

[3] Na realidade não existe dúvida, mas sim pressão das construtoras para mudanças nas regras. É importante notar que este mecanismo (de reconhecimento ao longo da planta) tem sua origem na indústria de armas dos Estados Unidos. Isto permitia que o resultado foi "gerenciado" (um nome mais delicado para embonecamento). Quando questiona sobre a aplicação da norma não deixa de ser uma pressão disfarçada para mudar a norma. Observe que a mesma já tinha sido aplicada em outros países, conforme afirma a própria reportagem.

Foto: aqui

28 dezembro 2010

Reconhecimento da Receita

O Comitê executivo do AICPA (FinREC ou Financial Reporting Executive Committee, antigo Accounting Standards Executive Committee) enviou um comentário referente ao projeto das normas sobre o reconhecimento de receita. Ao final do texto, o FinREC afirma que tendo por base o que foi apresentado, o Fasb deveria deliberar novamente e reapresentar uma nova norma.

Isto representou um ponto negativo para o processo de convergência das normas internacionais de contabilidade. A sugestão do FinREC deve-se ao grande número de comentários e as controvérsias da proposta.

Isto representa um balde de água fria, pois o projeto de reconhecimento da receita já possui oito anos de elaboração. Para os opositores da convergência nos Estados Unidos, representou uma oportunidade para atacar o processo, indagando sobre a qualidade das IFRS.

Leia mais em Is Revenue Recognition the Death Knell for IFRS Adoption? - The Accounting Onion