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27 junho 2014

Rir é o melhor remédio


Como manter o foco...

... em um mundo cheio de distrações.


Clique na imagem para ampliá-la.

GERENCIE SEU ESPAÇO
- Use 10 minutos do seu dia para se livrar do desnecessário. (Papéis que não servem como os de rascunhos ou de propagandas, canetas estragadas, bagunça);
- Deixe em sua mesa só o que for utilizar (não encha de porta canetas e bugigangas, isso atrapalha a concentração mesmo que de forma subconsciente);
- Ao ler tenha somente o livro na sua frente;
- Faça uma coisa de cada vez (especialmente se estiver aprendendo um assunto novo!).

GERENCIE OS E-MAILS
- A não ser que o seu trabalho tenha isso como foco, programe um horário para responder e-mails. Seja disciplinado e tenha o seu horário offline, especialmente se for "apenas" estudante. Isso inclui os aplicativos do celular! Aplicativos como whatsapp te atrasam e tiram o foco. Você renderá muito mais focando a atividade da vez e estando desconectado.
- Existe aplicativo que bloquei a internet do seu celular e a libera por 15 minutos em intervalos de 1h, por exemplo.

Leia mais aqui.

15 junho 2014

Um exemplo a ser seguido: Deme

Demetrio de Macedo Pepice, 1º Colocado Nacional no AFRF/2005. Foram 269 pontos em 300! Isso mesmo, acredite! O Demetrio, 1º colocado nacional no AFRF/2005, conseguiu essa marca histórica: 269 pontos em um total de 300! Um show de bola!

[...].

O meu intuito nesta entrevista é repassar a vocês, visitantes do Ponto, parte da experiência de preparação do Demetrio, que certamente será um incentivo para aqueles que continuarão na árdua luta, rumo à aprovação em um bom concurso.

O Demetrio residia em São Paulo (SP) e era engenheiro mecânico. Começou a estudar no ano de 2003, preparando-se para o concurso de Técnico da Receita Federal - TRF. No meio da preparação, saiu o concurso da Comissão de Valores Mobiliários - CVM. Decidiu estudar as disciplinas específicas do concurso da CVM, e acabou sendo aprovado nos dois concursos. Decidiu, então, abrir mão do concurso de TRF, e sequer fez a matrícula no curso de formação deste concurso, para não tirar uma vaga de outro candidato.

Pois é, tudo certo, não? Não, de jeito nenhum! Em razão de uma ação ajuizada pelo Ministério Público, o desfecho do concurso da CVM foi suspenso por um ano, e o Demetrio ficou, durante todo esse período, sem a CVM e sem TRF! E mais: no final de 2004, decidiu-se pela anulação da prova de redação do concurso da CVM, e o Demetrio teve que fazer nova prova. Moral da história: só foi nomeado para o cargo na CVM no início de 2005!

[...]

[Demétrio] já estudando, diuturnamente, para o concurso de Fiscal de São Paulo, que tem provas previstas para abril de 2006. [...] Bem, atrapalhando um pouco os estudos do Demetrio para o Fiscal de São Paulo, fiz a ele as seguintes perguntas:

Vicente Paulo: Sabe, Demetrio, você um dia, muito antes da divulgação do resultado do AFRF, já foi motivo de conversa na minha casa. Estava em casa tentando animar uma candidata ao AFRF, dizendo a ela que ainda havia chance de ser aprovada (e, de fato, ela acabou sendo aprovada!), e ela estressou-se comigo: “puxa, pára de me enganar, você sabe que eu não tenho chances, olha só, vi num ranking da internet que tem um tal de ‘Deme’ que fez, antes dos recursos, quase 260 pontos; como eu vou passar, com menos de 200 pontos?” Disse a ela, então: “se isso for verdade, ele será o primeiro colocado nacional no concurso, pode ter certeza”. E você, já pensava nesse primeiro lugar nacional antes da divulgação do resultado?

Demetrio: Acho que não. Com certeza eu não esperava esse resultado quando terminei de fazer a última prova. Eu lembro que quando saí do local de prova, enquanto voltava para casa, a única coisa que passava pela minha cabeça era que eu tinha chutado 9 questões de matemática financeira e estatística, todas na mesma alternativa. Não me conformava, achei que tinha sido eliminado justo na matéria em que eu achava que iria melhor. Não estava me sentindo nem um pouco seguro. Pensava assim: “essa prova foi muito maluca, o pessoal da ESAF ficou louco”. Com certeza muita gente também se sentiu assim porque nesse concurso o formato das questões foi muito diferente daquele que a ESAF adotou nas provas anteriores.

No dia seguinte quando conferi o gabarito vi que tinha conseguido acertar exatamente 6 questões de matemática e estatística, ou seja, tinha feito exatamente a nota mínima para não ser eliminado nesta matéria. Isso foi um alívio enorme. Mas eu tive a maior surpresa quando conferi o gabarito das outras matérias: não esperava ir tão bem assim. Fiquei tão contente que comecei a falar para todos os colegas do trabalho, para os amigos, foi a maior festa.

Vicente Paulo: Você me parece uma pessoa extremamente determinada. Intensificou os estudos quando tudo deu errado no concurso da CVM, em 2004. Agora, mal passou para o AFRF, e já está pensando no Fiscal de São Paulo. De onde você tira tanta disciplina?

Demetrio: Na verdade acho que não sou tão disciplinado assim, uma coisa que me ajudou muito foi ter ficado bastante motivado. Uma coisa fundamental nos concursos públicos é a motivação: quando uma pessoa está muito motivada a passar, quando ela sente que a aprovação vai melhorar muito sua vida e a de sua família, ela consegue fazer sacrifícios enormes para atingir esse objetivo. Acho que foi o que aconteceu comigo.

Eu comecei a estudar para concursos em 2003. Durante esses 3 anos de estudo, em diversas ocasiões eu me senti desanimado, pensei em parar e fazer outras coisas. Mas essas fases não duravam muito tempo, logo eu recomeçava a estudar. Acho que isso é muito importante no ramo dos concursos: a pessoa não pode desistir, tem que aprender a ser sempre capaz de recomeçar. Por exemplo, eu tinha alguns amigos que estudavam para o cargo de AFPS. Quando saiu a unificação da Receita com a Previdência, essas pessoas ficaram numa situação horrível pois haviam gasto anos se preparando para uma prova que não iria mais acontecer. Muitos foram perseverantes, não se deixaram abater pelo desânimo. Faltando poucos meses para a prova de AFRF elas tiveram que estudar do zero várias matérias novas (como a famigerada matemática financeira e estatística), além de se adaptar ao estilo de questões da ESAF. No fim muitas dessas pessoas conseguiram ser aprovadas no AFRF.

Esse último concurso de AFRF foi muito atrapalhado, sem dúvida. Faltando menos de 60 dias para a prova o formato do edital mudou completamente, entraram 6 matérias inéditas. As questões da prova foram atípicas e cheias de erros. Por isso muitas pessoas que vinham se preparando para esse concurso há bastante tempo foram muito prejudicadas pelas trapalhadas da ESAF e não conseguiram passar. Para essas pessoas o que eu digo é que não parem de estudar, recomecem o mais rápido possível [...].

Em 2003 eu consegui passar no concurso da CVM, cargo que ocupo hoje. Só que não pude tomar posse porque a prova de redação foi questionada na justiça. E o pior, depois de quase 1 ano de espera o judiciário resolveu anular a prova de redação e chamar todos candidatos para fazê-la novamente. Isso me deixou muito chateado. Mas o importante é que durante todo esse tempo de espera eu consegui me manter estudando, se não fosse por isso hoje eu não teria sido aprovado no concurso de AFRF.

Vicente Paulo: Digo sempre em sala de aula: inteligência não é o maior diferencial em concurso, disciplina é tudo. Você concorda com isso?

Demetrio: Concordo. Durante esse tempo em que me preparei para concursos percebi que o estudo para uma prova desse porte não é semelhante a uma corrida de velocidade, mas sim a uma corrida de resistência. Não adianta nada a pessoa passar dois meses estudando 14 horas por dia, o conhecimento precisa ser adquirido aos poucos em um período longo de tempo para ser bem digerido e assimilado. Quando você pega uma prova da ESAF e percebe que o candidato deve memorizar o texto literal da constituição, do CTN e de uma infinidade de outras leis, dá para perceber que é quase impossível adquirir todo esse conhecimento em apenas alguns meses. É por isso que a maior arma do concurseiro é a disciplina, a capacidade de investir todos os dias um pouco no seu objetivo, de fazer uma preparação de longo prazo.

Além disso acho que o candidato que conta muito com a sua inteligência é justamente aquele que subestima a complexidade das matérias e a importância de estar sempre revisando os principais pontos das disciplinas. Ele é uma vítima do excesso de autoconfiança. É muito importante que a pessoa seja muito humilde no estudo. No meu caso, por exemplo, sou formado em engenharia e por isso estudei na faculdade matérias de cálculo super complicadas, mas na prova de AFRF quase fui eliminado em matemática financeira porque não fui rápido para fazer contas de divisão sem calculadora. Tem muita gente que fez Direito, Economia ou Contabilidade e que acha que só por isso já estão “garantidas” nas matérias que estudaram na faculdade. Mas na realidade o estudo para concursos é totalmente diferente do estudo acadêmico, por isso ainda que o candidato tenha base ele deve sempre começar o estudo de uma matéria de concurso usando um material bem didático, com muita humildade. E depois de atingir um bom nível de conhecimento ele não deve confiar totalmente na sua memória, é importante manter uma rotina de revisões periódicas. Deve-se procurar ficar sempre tendo algum contato com aquela matéria, fazendo e refazendo exercícios, nem que seja só uma vez por semana.

Vicente Paulo: A preparação para o AFRF foi um tanto quanto tensa, com muitas incertezas e mudanças para os candidatos (unificação do concurso, novas disciplinas, “Super Receita” etc.). Como manter o equilíbrio nesse período que antecede as provas?

Demetrio: Acho que é essencial a pessoa tentar sempre olhar para a sua situação da maneira mais otimista possível. Sempre olhar para as vantagens da posição na qual ela sem encontra. Por exemplo, eu vinha me preparando para o concurso de AFRF na àrea de Auditoria, por isso nunca tinha tido contato com Comércio Internacional. Quando saiu o edital, ao invés de ficar o tempo todo pensando que eu estava em uma posição de desvantagem em relação aos candidatos que já tinham uma bagagem nessa àrea, escolhi ver as coisas da seguinte forma: os meus concorrentes que estudavam para a área de Aduana já estavam há pelo menos um ano sem ter nenhum contato com Comércio Internacional, por isso já tinham esquecido muita coisa. Eu iria estudar aquela matéria a partir daquele momento e chegar no dia da prova com o conhecimento fresco na cabeça. Por isso as nossas chances de ter um bom desempenho na prova se igualavam. Procurei pensar assim em relação a todas as matérias novas. Se não tivesse feito isso acho que teria tido uma crise de nervos...

Outra coisa importante foi ter sempre ter em mente que nos concursos nenhum estudo é perdido: mesmo que, em um primeiro momento, o estudo de uma matéria incerta pareça ser algo muito arriscado, sempre nós aproveitamos o conhecimento de alguma forma. No ano de 2005, antes da publicação do edital, eu cheguei a estudar informática, contabilidade avançada e um pouco de direito previdenciário, mesmo quando havia a possibilidade de essas matérias não serem cobradas na prova. Isso me ajudou bastante depois da publicação do edital, me poupou tempo. Por outro lado acabei estudando duas matérias que não foram cobradas, como Auditoria, Ética e Organização do ministério da fazenda.

Nesses períodos de incerteza acho que o importante tentar manter o equilíbrio emocional, sempre procurar fazer o melhor que possa ser feito com as informações que temos à disposição naquele momento. Parece loucura estudar uma matéria que você nem tem certeza de que será cobrada na prova, mas às vezes é o único modo de ficar em situação de igualdade com seus concorrentes. Uma vez li em um texto do Rodrigo Luz que “estudar para um concurso é como aplicar em ações, deve-se comprar na baixa para vender na alta”, ou seja, procurar sempre que possível estudar a matéria com antecedência, quando não há edital, para depois ficar em uma situação confortável quando o edital for publicado. Muitas pessoas são contra isso, pois o candidato estaria sacrificando um tempo que poderia ser usado para as matérias certas. Mas o problema é que depois de estudar durante muito tempo uma matéria, a pessoa chega em um nível muito alto de conhecimento em que ela já leu todos os livros, fez e refez todas as provas antigas... E aí há o perigo de ela se acomodar, já que não há mais nenhum desafio pela frente... nesse momento eu acho que é válido combinar a revisão das matérias tradicionais com o estudo de matérias novas, tanto matérias certas de outros concursos como matérias incertas do cargo para o qual ela se prepara.

Vicente Paulo: Quais foram os seus maiores acertos, aqueles pontos decisivos, na preparação para o AFRF/2005?

Demetrio: Acho que muitas coisas contribuíram para o meu sucesso nesse concurso. Em primeiro lugar, eu tive a sorte de conhecer diversas pessoas pela internet que, assim como eu, estudavam para esse concurso da Receita Federal. Elas me ajudaram muito a descobrir o material certo para estudar, os melhores professores e principalmente, me deram a motivação necessária para perseguir esse objetivo durante um período de tempo tão longo. Fiz grandes amigos através da Internet, primeiro no Fórum do CorreioWeb, depois no Fórum dos Concurseiros. Eu passei a conviver com outras pessoas que tinham os mesmos objetivos que eu, as mesmas dúvidas, os mesmos problemas. Acho que isso me deu um estímulo muito grande para que eu sempre tentasse superar minhas dificuldades.

Em segundo lugar, também tive a sorte de logo descobrir os livros direcionados para concursos: os livros da Editora Impetus/Campus e da Editora Ferreira. Sem esse material eu teria demorado muito mais tempo para adquirir o conhecimento necessário para fazer uma boa prova. E, por último, foi muito importante eu ter lido uma entrevista do professor Gustavo Barchet em que ele explicava como tinha sido aprovado em diversos concursos estudando através das questões de provas antigas. No ano de 2005 eu procurei incorporar essa metodologia à minha preparação, e com certeza esse foi um fator essencial para o meu bom desempenho na prova de AFRF.

Vicente Paulo: Agora, vamos inverter a pergunta: o que você fez, mas não faria novamente em uma nova preparação para concursos?

Demetrio: Acho que eu não teria feito um curso básico, estilo “pacotão”, com aulas de todas as matérias. Também não teria começado o meu estudo pelas apostilas, mesmo que de boa qualidade. Logo quando comecei a estudar, procurei conversar com pessoas que já tinham passado por essa experiência de concursos. Minha mãe foi aprovada no AFTN de março de 94, então é claro que fui bastante influenciado pela experiência dela. Mas acho que hoje o mundo dos concursos é muito diferente do que era naquela época, pois com a internet e com as editoras especializadas os candidatos têm acesso a um material com qualidade muito superior ao que existia 11 anos atrás. Hoje o nível dos candidatos é altíssimo, é comum ver pessoas gabaritando provas de português, direito tributário e contabilidade. Eu demorei algum tempo para perceber essa realidade, hoje sei que durante o meu primeiro ano de preparação (2003) meu estudo foi muito superficial. Uma pessoa que comece a estudar hoje para um concurso do porte de um AFRF deve ter em mente que será necessário estudar no mínimo de 100 a 200 horas cada matéria básica, pois com certeza é o que seus concorrentes farão.

Vicente Paulo: Você sempre estudou sozinho, ou gostava de estudar com outros colegas?

Demetrio: Eu sempre gostei de estudar sozinho, isso porque eu preciso me concentrar muito quando estou lendo uma matéria pela primeira vez, acho difícil fazer isso junto com outra pessoa. Mas, depois de estudar um assunto, gosto de sentar com outras pessoas para discutir as dúvidas e resolver exercícios difíceis. Eu fiz muito disso através da internet, com meus amigos virtuais do fórum. Eu achava que esse tipo de estudo era muito importante para me manter sempre motivado, principalmente quando não havia notícias do edital de AFRF. Há muitas pessoas que acham que o estudo em grupo é pouco produtivo, mas acho que ele pode ser bastante útil desde que seja complementado com muito estudo individual.

Vicente Paulo: Você faria resumos das disciplinas, ou acha isso perda de tempo? Que dica você daria para os candidatos sobre esse ponto (fazer ou não fazer resumos)?

Demetrio: Quando eu comecei a estudar fazia resumos de todas as matérias. Eu fixava melhor o conhecimento desta maneira. Fazia resumos à mão mesmo, sem computador. Isso porque eu sentia que os conceitos ficavam mais marcados na minha memória quando eu mesmo escrevia os resumos. Eu usava lápis para poder alterá-los depois se fosse necessário. Mas com o tempo fui percebendo que esse era um processo muito demorado, fiz tantos resumos que eu não conseguia mais ler todos eles quando precisava revisar. Quando comecei a trabalhar na CVM ficou impossível continuar assim. Então eu mudei o meu método de estudo. Ao invés de fazer resumos, passei a grifar as partes mais importantes dos livros e a reler esses grifos quando precisava fazer uma revisão. Se por um lado eu não fixava tão bem as informações, acho que meu estudo avançava mais depressa dessa forma.

Acho o seguinte: se a pessoa está estudando uma matéria pela primeira vez, com bastante tempo disponível, fazer um resumo é uma coisa bem legal, com certeza assim ela fixará melhor o conhecimento. Mas se o tempo estiver curto, acho desnecessário fazer resumos. Em algumas matérias de direito, pode-se usar a própria lei como um resumo: por exemplo, em direito tributário, eu fiz um resumo de 50 páginas do livro do João Marcelo Rocha, só que o próprio CTN tinha 50 páginas, então na hora de revisar eu nem lia o meu resumo, lia o próprio CTN. Quando eu lia algum artigo do CTN com redação confusa, lembrava da explicação que já tinha visto no livro. Em contabilidade meu resumo eram algumas provas antigas da ESAF, sempre que eu tinha que revisar eu refazia essas provas mais uma vez, isso era mais eficiente do que ler novamente a teoria.

Vicente Paulo: Você fez muitos exercícios de concursos anteriores, ou dedica-se somente ao estudo da teoria?

Demetrio: Depende da fase do estudo. Quando eu estava estudando as matérias básicas pela primeira vez eu passava 70% do meu tempo estudando a teoria e 30% fazendo exercícios. Mas conforme eu fui avançando no estudo dessas matérias, fui deixando cada vez mais a teoria de lado e passei a dedicar 100% do tempo aos exercícios. Eu procurava estudar através das questões de prova, seguindo o método do professor Gustavo Barchet (vi esse método na entrevista dele no vemconcursos e na aula zero de administrativo que estava disponível no site do ponto): lia a questão e procurava comentá-la mentalmente, fundamentando todas as respostas no material que eu tinha estudado. Se a questão copiava algum artigo de lei, eu pegava essa lei e dava uma lida rápida no artigo para refrescar a memória. Esse era o tipo de estudo que eu considerava mais importante para a prova: eu já não tinha mais como objetivo aprender novos conceitos, o que eu queria era automatizar o conhecimento que tinha adquirido, dar agilidade ao raciocínio.

Isso é o que considero mais importante na hora da prova: ter muita velocidade, agilidade para resolver os testes e ter feito infinitas vezes exercícios parecidos com as questões que forem cobradas. Só para mostrar como esse tipo de estudo foi importante: quando fiz a prova de direito administrativo de AFRF, lembro que eu tive a sensação de que já sabia a resposta de várias questões sem nem precisar ler as perguntas até o final. Depois, quando cheguei em casa, comparei essa prova de AFRF com as provas antigas da ESAF que eu tinha feito e vi que, daquelas 20 questões, 16 delas tinham sido copiadas de provas antigas, de forma literal. E eu acertei todas, pois como já tinha feito essas provas várias vezes eu sabia exatamente quais eram as respostas.

Vicente Paulo: Você fez cursinhos com vários professores, até me citou aqueles que, segundo você, fizeram a diferença na hora da prova. Como aproveitar melhor as aulas dos cursinhos? Eu sempre estudava previamente a disciplina, antes de freqüentar o cursinho. Você acha que esse é um bom caminho para aproveitar melhor as aulas?

Demetrio: Eu acho que a melhor maneira de aproveitar as aulas é tentar, na medida do possível, estudar o básico daquela matéria antes de freqüentar o cursinho. Isso porque quando assistimos uma aula mais aprofundada, em que o professor entra bastante nos detalhes, é quase impossível absorver tudo se não temos uma base anterior naquela matéria. Além disso, se o aluno já tem alguma noção da matéria ele consegue perceber com mais facilidade se aquela aula realmente vale a pena ou se o professor só está “enrolando”. Em 2004 eu tive muita sorte pois logo após ter terminado a leitura dos livros básicos eu tive a chance de fazer vários cursos excelentes aqui em São Paulo, justo dessas matérias que tinha acabado de estudar sozinho. Então o aproveitamento das aulas foi total.

Mas se não for possível estudar a matéria com antecedência, uma coisa bastante interessante a se fazer é gravar a aula para ouvir depois. Eu fiz isso com a aula de previdenciário do professor Fábio Zambitte: em 2004 fiz o curso teórico com ele porque também pensava em prestar o AFPS. Como esse concurso não era meu objetivo principal, acabei deixando essa matéria de lado, e por isso meu aproveitamento nesse curso foi muito baixo. Mas em 2005, quando tive que estudar direito previdenciário para o AFRF, logo após de estudar essa matéria pelos livros eu ouvi novamente a gravação do curso que havia feito, aí sim tive uma boa assimilação.

Outra coisa importante é o candidato sempre ter em mente que para cada hora de aula que ele assiste será necessário que ele estude sozinho mais 3 ou 4 horas para assimilar aquelas informações. Por mais que a aula no cursinho seja importante, com certeza o que faz a pessoa passar é o estudo individual, as horas de bunda na cadeira... Vi muita gente nos cursinhos passavam o dia todo só fazendo aulas, pois achavam que as aulas iam fazer com que fossem aprovados. Na realidade eu acho que o curso só é responsável por 10% da aprovação, o resto depende do próprio candidato.

Acho que só vale a pena assistir aulas se a pessoa tiver tempo de se dedicar sozinha em casa por pelo menos 3 vezes o tempo que gastará naquele curso. Quando saiu o edital de AFRF-2005, eu lembro de que como eu trabalhava e não poderia tirar férias, escolhi fazer um curso apenas: Comércio Internacional com o professor Rodrigo Luz. Eu já sabia que ele era um professor excelente e que seria difícil estudar essa matéria sozinho, já que quase não havia material direcionado para concursos. Decidi não fazer nenhum curso das outras matérias novas, pois sabia que não teria tempo para assistir aulas e estudar em casa também. Preferi estudar economia, finanças públicas, e direito internacional apenas por livros.

Vicente Paulo: Que tipo de cursinho você aconselharia no início e no término de uma preparação?

Demetrio: Quando eu comecei a estudar fiz um curso básico, estilo “pacotão”, com todas as matérias. Mas não aconselho ninguém a fazer o mesmo. Hoje acho que o ideal é o candidato começar a sua preparação estudando sozinho, com um material de boa qualidade e direcionado para concursos. E, logo em seguida, após ter uma noção básica das matérias, ele pode procurar se informar com outros concurseiros quais são os melhores professores de cada matéria e fazer um curso em módulos, em que ele só fará as disciplinas que quiser e com os professores que escolher. Sempre é bom se informar com os outros concurseiros sobre quais são os cursos que valem a pena, tentar assistir uma aula gratuita para ver se o professor é bom mesmo, e ,se for possível, gravar as aulas para ouvi-las novamente depois de ter estudado a matéria com profundidade. No término de uma preparação o ideal é fazer somente as aulas estritamente necessárias, como por exemplo as das matérias que são novidades e para as quais não existe um material de boa qualidade para o estudo autodidata.

Vicente Paulo: Se em vez de estudar para o concurso de Fiscal de São Paulo, você recebesse hoje a incumbência de orientar os estudos de um candidato que está iniciando os estudos na área fiscal, quais seriam as suas orientações? (fique à vontade para escrever, pode escrever quantas linhas/páginas quiser, acho essa pergunta uma das mais importantes desta entrevista)

Demetrio: Bem, antes de tudo eu aconselharia o candidato a ler o livro “como passar em provas e concursos” do Willian Douglas. Essa foi a primeira coisa que eu fiz quando comecei a estudar, e com certeza fui bastante influenciado por algumas idéias que li neste livro. Algumas das dicas não serviram para mim, mas a maior parte do que li acabou sendo incorporado de alguma forma à minha rotina de preparação.

Eu montei um quadro com todas as matérias que eu planejava estudar, com uma meta de horas de estudo de cada uma, assim como um espaço para preencher com as horas que tinha efetivamente conseguido estudar. Sempre estudava com um relógio digital ao lado, marcava a hora exata em que tinha começado e terminado, descontava os minutos que tinha perdido indo ao banheiro, atendendo telefone e com outras distrações. Só registrava naquele quadro as horas “líquidas” de estudo de cada matéria. Isso era bom porque me mostrava a realidade: às vezes eu tinha ficado “estudando” das 8:00 às 22:00, mas só tinha realmente estudado umas 6 horas. Com isso passei a me policiar mais para aproveitar melhor o tempo. Ao mesmo tempo, com esse quadro eu sabia exatamente quanto eu tinha me dedicado para cada matéria, se tinha deixado alguma de lado, etc...

Sempre procurei estudar mais de uma matéria de cada vez. Criava um ciclo com 5 ou 6 matérias e estudava 1:30h cada uma, procurando fazer um intervalo de 10 a 15 minutos entre uma matéria e outra. Há pessoas que preferem estudar somente uma matéria por vez, mas eu não conseguia ficar muitas horas estudando a mesma coisa com concentração total. Com certeza essa é uma forma de chegar mais rápido no final do livro, mas isso não quer dizer que a pessoa assimilou tudo. Alternando as matérias eu conseguia ficar estudando com alta concentração por até 13 horas seguidas.

Hoje eu percebo claramente como a preparação para a área fiscal envolve várias fases diferentes. Num primeiro momento, o objetivo do candidato é aprender as 5 matérias básicas: direito constitucional, administrativo, tributário, português e contabilidade geral. Nessa fase o estudo é muito mais teórico e voltado para a parte conceitual das matérias. É quando ele irá fazer os resumos, as aulas nos cursos preparatórios. Essa é a fase mais demorada e que consome 50% do tempo de toda a preparação, pois essas são as matérias mais complexas da prova e com conteúdo muito amplo. Além disso, é preciso que o candidato estude essas 5 matérias como se ele tivesse querendo gabaritar as provas, pois hoje a maioria dos candidatos aprovados acerta de 70 a 80% nessas disciplinas, então é preciso garantir ao menos essa pontuação.

A segunda fase é aquela em que o candidato já tem uma boa base nas 5 matérias básicas, então seu estudo dessas matérias passa a ser muito menos conceitual e muito mais decorativo, voltado para fazer as questões de provas e leitura da lei seca. É um estudo de revisão e aprofundamento, que ocupa cerca de 30% do seu tempo. Nos outros 70% ele irá estudar as matérias específicas (inglês, matemática financeira, estatística, informática, economia, previdenciário, DIP), que são matérias de menor complexidade e com menos peso na prova. Nessas matérias ele não precisa se preocupar em gabaritar, porque não são elas que decidem a aprovação. Apenas é preciso ter um desempenho razoável para passar (60 a 70% de acertos em cada).

Na terceira fase o candidato terminou de estudar todas as matérias (as básicas e as específicas), então deve procurar concentrar 100% do tempo para resolver questões de provas e decorar a legislação. Nesse ponto aquilo que era a maior dificuldade no início dos estudos, a parte conceitual, deixa de ser um problema. Dificilmente o concurseiro erra uma questão porque não sabe um conceito. É mais fácil ele errar uma questão que pede um artigo totalmente inútil da lei do SIMPLES ou da lei de licitações, por exemplo. Ou alguma coisa que está na parte final da Constituição Federal. Então o que ele deve procurar fazer é resolver todas as provas antigas de concurso, anotando todas as pegadinhas que ele for encontrando, prestando atenção de onde a ESAF tira as perguntas (se é do texto de alguma lei, se é de súmula, etc...). Nessa terceira fase o candidato não aprende mais nada de novo, o que ele faz é automatizar o conhecimento que ele já adquiriu: ele se torna uma máquina de resolver testes, consegue fazer uma prova complicada de português ou contabilidade na metade do tempo que levaria na fase dois. E dificilmente ele erra uma questão que transcreve alguma legislação de forma literal, mesmo que seja um artigo inútil. Essa é a parte mais gostosa do estudo, em que o concurseiro começa a ver o resultado de tudo o que fez até então, começa acertar 80%, 90% das provas. Ele percebe que mesmo que tiver azar no dia da prova (caso a prova seja atípica, ele fique nervoso, com dor de barriga, etc...) ele vai conseguir ser aprovado. Isso porque ele atingiu um nível de conhecimento tão alto que, mesmo que seja prejudicado por esses fatores aleatórios, é impossível que ele não passe.

Essas são as minhas impressões mais genéricas sobre a preparação para a área fiscal. Isso se aplica a qualquer prova de concurso de múltipla escolha, de qualquer banca examinadora, e por isso mesmo já está comentado em vários livros de técnicas de estudo. Mas eu também gostaria de transmitir para aqueles que estão começando a estudar alguma coisa mais específica, isto é, quais são os melhores livros para estudar, quais são as manhas para estudar cada uma das matérias que compõem o programa de AFRF, a que pontos se deve dar mais importância, etc... Isso é algo que só quem estudou recentemente para esse concurso pode dizer, e é claro que envolve um lado muito subjetivo, provavelmente alguns livros que agradam muito algumas pessoas são odiados por outras...

[...]

Vicente Paulo: Deme (falaram-me que você é conhecido na web assim!), foi uma grande satisfação ter mantido esse contato contigo. Considero-me uma pessoa razoavelmente disciplinada, determinada, e tenho uma grande admiração por pessoas como você, jovem, que pensa grande, que não se acomoda, que vai à luta, na concretização de sonhos. Muito obrigado por esta entrevista, pelo respeito dispensado ao meu trabalho (e ao de outros professores do site). Tenho certeza de que suas palavras “viajarão” pelas mentes de muitos concursandos desse imenso País, de norte a sul, como um grande incentivo para continuarem na luta, para não se entregarem ao desânimo. Muitas realizações, a você e a todos os seus próximos, que têm a felicidade de conviver com uma pessoa tão positiva! É isso, Deme, pessoas como você merecem ir longe, e eu tenho certeza de que você irá, sei que ainda ouvirei falar muito nesse tal “Deme” por aí...

Infelizmente o Deme faleceu em 2011.

14 junho 2014

Rir é o melhor remédio



Essa vai especialmente para a minha amiga de desespero, Lu Miyuki. *.* Somos a prova viva: quando o mestrado acabar, você esperará alguns anos e depois conseguirá rir um pouquinho de todo o aperto que passou! ;) Então engole o choro e vai estudar!

11 junho 2014

Falta concentração nos estudos?

Tormento para a maioria dos candidatos, a falta de concentração quase nunca é um problema real, que dependa de tratamento. Em geral, a dificuldade é decorrente de questões simples e, felizmente, de fácil solução. O desafio de se concentrar pode ser ainda maior na preparação para concursos, por se tratar de um projeto de médio/longo prazo que, por isso, requer muita disciplina.

três fatores que atrapalham bastante a capacidade de manter o foco no estudo. O primeiro deles são necessidades fisiológicas não satisfeitas: fome, sede, sono, calor etc. De nada adianta iniciar o estudo com outras demandas desviando o foco. O ideal é criar uma organização para que esteja tudo em ordem no horário estabelecido para estudar, mas, em casos imprevistos, é preferível fazer uma pausa, resolver o desconforto e retornar com mais qualidade.

Como encontrar tempo para estudar
Outro fato que costuma comprometer o estudo é a dificuldade de afastar o pensamento de outras tarefas do dia a dia, ou seja, convencer o cérebro de qual é a prioridade do momento. Isso costuma ser solucionado a partir da definição precisa dos horários de estudo (com início e fim) e a distribuição de matérias que serão estudadas a cada dia. É muito útil elaborar um quadro/calendário do mês e ali colocar horários e tarefas de cada dia, não só referentes ao estudo, mas também às outras obrigações, os intervalos, o dia livre.

A partir disso, o candidato pode distribuir as disciplinas a serem estudadas, reservando mais tempo para as mais difíceis e menos para aquelas em que tem mais domínio. O planejamento mensal permite traçar metas de médio prazo – equilibradas e possíveis - e observar o aprofundamento do conhecimento em relação a cada conteúdo/disciplina. A cada mês, o candidato deve reexaminar sua situação diante dos conteúdos a serem estudados e ajustar a programação para o mês seguinte.

Dinamize o estudo
Por fim, um dos principais vilões da concentração, não só no estudo, é a monotonia. Já percebeu como uma conversa arrastada, em que a pessoa fala sempre no mesmo tom de voz, sem gesticular, faz com que a gente imediatamente comece a pensar em outras coisas? O mesmo acontece com o estudo. Se o candidato se limita a ler anotações ou livros, a tendência é que o sono apareça ou, no mínimo, os pensamentos ganhem “vida própria”.

O estudo torna-se bem mais interessante e produtivo quando se adota uma postura ativa diante da tarefa. A leitura da teoria seguida – a cada novo ponto – da resolução de exercícios didáticos com consulta àquele assunto facilita a compreensão e a fixação gradativa dos conteúdos, por causa do manuseio das informações.

É importante lembrar que a memorização ocorre a partir da repetição; então, no caso dos concursos, o candidato deverá retornar ao início de cada matéria diversas vezes, sempre que chegar ao fim dos conteúdos, até a sua aprovação. Assim, naturalmente, as informações ficarão guardadas na memória. Escrever fichas-resumo pode ser uma ajuda para revisões futuras.

Por Lia Salgado

09 junho 2014

Trabalho tem que dar trabalho

Como todo semestre, solicito aos meus alunos um artigo. Neste semestre não foi diferente. Aprendo muito lendo estes trabalhos, com seus acertos e erros. Em geral os alunos acreditam que as notas dos trabalhos devam ter uma distribuição assimétrica à direita. Mas numa avaliação honesta, as notas de artigos deve ter uma distribuição mais próxima a normal: algumas poucas notas boas, a maioria mediana (entre 4 e 6) e alguns trabalhos ruins.

Um dos aspectos que um avaliador se leva em consideração é se o trabalho “deu trabalho”. Se um artigo usou o exemplo de uma empresa, calculando cinco índices, entre dois anos provavelmente o artigo não “deu trabalho”. Agora imagine um texto que usou muitas empresas, com mais anos, este artigo certamente “deu trabalho”.  É bem verdade que existem artigos onde os autores deixam de valorizar o trabalho que tiveram na pesquisa.

Talvez por este motivo o estudo de caso seja uma opção inadequada em muitos casos. Um estudo de caso deve ser bem escrito e aprofundado. Parece fácil, mas não é. E para que isto seja possível é preciso muito suor.


Voltando a questão dos artigos que estou terminando de corrigir, as minhas notas refletem um pouco a vontade de ler bons trabalhos. Ou a frustação de ler trabalhos não bons. Talvez isto explique por que não sou chamado para participar de comissões examinadoras de trabalhos de conclusão de curso. Menos mal: antes ser conhecido por ler cuidadosamente os trabalhos e valorizar os melhores do que ser o “queridinho” do TCC. 

04 abril 2014

Como estudar Contabilidade Financeira

Recebi a seguinte mensagem do leitor Pedro Silva

Tenho lido recentemente seu blog de Contabilidade Financeira e decidi fazer esta pergunta que penso que seja interessante e atrativo para os leitores que chegam pela primeira vez: como estudar contabilidade financeira se você for um aluno universitário? Quais são os métodos e meios mais eficazes?

É muito difícil de responder a esta pergunta. Já li muitas obras, com diversas abordagens. Numa delas, o autor ensina contabilidade a partir da venda de limonada por um grupo de crianças. Isto ajuda a ter uma ideia sobre a criatividade de alguns autores.

Baseado nestas leituras, na evolução da tecnologia e na minha experiência a minha resposta é: depende. Se seu interesse de estudo é como usuário, sendo você um aluno do curso de administração, por exemplo, não vejo motivos para perder muito tempo com o fechamento de um balanço ou lançamentos de eventos contábeis. O principal método é observar o resultado produzido pela contabilidade, ou seja, as demonstrações contábeis. É bem verdade que é importante conhecer como se chega a um balanço, tendo uma noção do débito e crédito. Mas o restante deixe com o contador (e o computador). Neste tipo de interesse, é muito mais relevante a apresentação dos índices de análise de balanço, por exemplo, do que o ajuste de um seguro antecipado.

Se você é um aluno de contabilidade o entendimento do método e fechamento do balanço ainda é importante. Mas neste caso o método mais eficaz é começar do final. Ou seja, estudando as demonstrações contábeis e entendendo para sua utilidade. Além disto, o estudo do usuário e alguns conceitos básicos são relevantes. Depois disto, a escrituração, incluindo ajustes. O estudo deveria concluir com o uso da análise, que na verdade deveria acompanhar todo o processo. Assim, para o melhor aprendizado, é importante que a cada passo exista um vinculo com o uso para decisão. Esta é o método dos livros estrangeiros mais recentes. Mas infelizmente não tem sido esta a abordagem utilizada pelos professores e autores no nosso país.

Por acreditar neste método é que escrevi, em parceria com o professor Tristão, o livro de Contabilidade Básica. Atualmente terminei de revisar um livro de contabilidade geral para o curso de Administração Pública do PNAP. E estou juntamente com a professora Fernanda, terminando um livro de contabilidade básica, que esperamos publicar brevemente.

Atualização: O livro foi publicado e você pode, ainda, acompanhar algumas postagens neste link.

03 abril 2014

Pesquisa: O Outlier é relevante?

Quando fazemos pesquisas com dados é comum encontrarmos alguma informação bastante diferente das demais. Chamamos de valores extremos ou outliers. Existem várias técnicas para identificar cientificamente um outlier, que o leitor pode encontrar num livro de estatística, como por exemplo, o teste de Mahalanobis.

A grande dúvida para o pesquisador é se deve-se retirar ou não este dado. Ao retirar, os resultados estatísticos geralmente ficam melhores. Isto é um ponto positivo interessante a ser considerado. Mas o conforto pode ser punido por desprezar uma informação que pode ser útil. Os pesquisadores financeiros devem lembrar os valores extremos do comportamento do mercado acionário. Estes valores serviram de alerta para Nassim Taleb, que em lugar de ver “outliers” enxergou um comportamento que poderia levar a decisões ruins.

Além disto, o outlier pode ser a base de uma pesquisa. No passado fiz uma pesquisa com uma orientanda sobre o impacto do trânsito no mercado acionário de São Paulo. Depois de investigar a lentidão do trânsito na cidade de São Paulo, selecionamos os dias onde a informação era outlier. Ou seja, os dias de “muito caos” no trânsito. Com esta informação de outlier, comparamos com os dias de “caos”, ou seja, os dias normais no trânsito de São Paulo. Neste caso, a escolha do outlier era a essência da pesquisa. Sua determinação servia de propósito para verificar os efeitos na situação extrema.

Concluindo, o outlier pode ser uma importante informação para uma pesquisa. Antes de eliminar, verifique se você realmente não consegue aprender um pouco mais com este valor extremo.

08 março 2014

A prática leva à perfeição?

Learning Rewires Our Brains

When we learn a new skill, whether it’s programming in Ruby on Rails, providing customer support over the phone, playing chess, or doing a cartwheel, we're changing how our brain is wired on a deep level. Science has shown us that the brain is incredibly plastic–meaning it does not “harden” at age 25 and stay solid for the rest of our lives. While certain things, especially language, are more easily learned by children than adults, we have plenty of evidence that even older adults can see real transformations in their neurocircuitry.

But how does that really work? Well, in order to perform any kind of task, we have to activate various portions of our brain. We've talked about this before in the context of language learning, experiencing happiness, and exercising and food. Our brains coordinate a complex set of actions involving motor function, visual and audio processing, verbal language skills, and more. At first, the new skill might feel stiff and awkward. But as we practice, it gets smoother and feels more natural and comfortable. What practice is actually doing is helping the brain optimize for this set of coordinated activities, through a process called myelination.


How Nerve Signals Work

A little neuroscience 101 here: neurons are the basic cellular building blocks of the brain. An neuron is made up of dendrites, which receives signals from other neurons; the cell body, which processes those signals; and the axon, a long “cable” that reaches out and interacts with other neurons' dendrites. When different parts of the brain communicate and coordinate with each other, they send nerve impulses, which are electrical charges that travel down the axon of a neuron, eventually reaching the next neuron in the chain.


Imagine a row of dominos stacked closely together: when a neuron fires, it's like knocking down the first domino in a long chain. This process repeats from neuron to neuron, until the nerve signals reach their destination. These firings happen at incredibly fast speeds.

How Myelination Affects Nerve Impulses

We sometimes refer to our brains as “grey matter” because from the outside, the brain looks mostly grey. That’s what color our neuron cell bodies appear as. But there is also a lot of “white matter” that fills nearly 50% of our brains. That white stuff is myelin, a fatty tissue that covers much of the long axons that extend out of our neurons. Scientists have found that myelination increases the speed and strength of the nerve impulses by forcing the electrical charge to jump across the myelin sheath to the next open spot on the axon.



In other words, myelin turns the electrical signal into the brain version of Nightcrawler, the teleporting X-Man. Instead of traveling in a straight line down the axon, the charge is BAMF-ing down at much faster speeds.

Increased Neural Activity Causes the Growth of Myelin

Ok, so how do we get myelin onto our nerve axons?

First off, a lot of myelination happens naturally—much of it during childhood. Kids are like myelin generating machines, soaking up information about the world and themselves. As we get older, we can continue to generate more myelin onto our axons, but it happens at a slower rate and requires more effort.

Scientists believe that two non-neuron (or “glial”) cells that exist in the brain play a role in creating new myelin. The first is a glial cell called an astrocyte. Astrocytes monitor neuron axons for activity, and lots of repeat signals from a particular axon triggers the astrocyte to release chemicals that stimulate the second cell (known as an oligodendrocyte) to produce myelin, which wraps around the axon.

So as we practice, whether by writing every week, hitting jumpshots on the basketball court, or playing Call of Duty, we trigger a pattern of electrical signals through our neurons. Over time, that triggers the glial cell duo to myelinate those axons, increasing the speed and strength of the signal. It's like going from dial-up to broadband. 

Myelinated Neurons Perform Better

There’s one final point to make here–how do we know myelin improves performance?

Well, that’s tough to prove definitively. We can tell for sure that it increases the speed and strength of the nerve impulse–which seems helpful for learning, but not conclusive. However, we can’t just cut into people’s brains and look for myelin directly without running afoul a whole bunch of ethical and legal issues.

One compelling piece of evidence comes from brain scans of expert musicians. There’s been a lot of research done on how musician brains differ from the brains of ordinary people. One specific study used a particular brain scan called Diffusion MRI, which gives us information about tissues and fibers inside the scan region in an non-invasive way. The study suggested that the estimated amount of practice an expert piano player did in childhood and adolescence was correlated with the white matter density in regions of the brain related to finger motor skills, visual and auditory processing centers, and others. Most significantly, there was a direct correlation between how many hours they practiced and how dense their white/myelin matter was.



Another strong point in favor of myelin’s performance-enhancing abilities is what happens when it's missing. Demyelination is a known factor in multiple sclerosis and certain other neurodegenerative diseases which cause symptoms such as loss of dexterity, blurry vision, loss of bowel control, and general weakness and fatigue. This suggests that myelin is an important factor in allowing us make the most of our brain and bodily functions.

Practice Makes Myelin, So Practice Carefully

Understanding the role of myelin means not only understanding why quantity of practice is important to improving your skill (as it takes repetition of the same nerve impulses again and again to activate the two glial cells that myelinate axons), but also the quality of practice. Similar to how the science of creativity speaks about idle time and not crushing through one task after the other, practicing with a focus on quality is equally important.

As a young gymnast, my coach put a spin on the old phrase and would always say: “Perfect practice makes perfect." If we practice poorly and don't correct our mistakes, we will myelinate those axons, increasing the speed and strength of those signals–which does us no good.

The takeaway: practicing skills over time causes those neural pathways to work better in unison via myelination. To improve your performance, you need to practice frequently, and get lots of feedback so you practice correctly.

Jason Shen is a startup founder, blogger, and fitness enthusiast. His blog, The Art of Ass-Kicking, has been featured in Lifehacker, Outside Magazine, and Mashable. His new book, Winning Isn't Normal, an illustrated collection of his best articles on entrepreneurship, fitness, and personal development, comes out later this year.

04 março 2014

Estudando no carnaval?


Muitos por aqui estão se preparando para o Exame de Suficiência, estudando para concursos (ou para o vestibular, por que não!?), se preparando para oportunidades na carreira. Enquanto o Brasil pula carnaval, o samba por aqui é no ritmo dos livros e apostilas. Para tentar apoiá-los, acompanha-los e inspira-los, seguem algumas frases do CPA Exam Club, Goodreads, Pinterest, Instagram, BrainyQuote e afins:

** Seja mais forte que as suas desculpas **



Eu errei mais de 9.000 lances na minha carreira. Perdi cerca de 300 jogos. Em 26 vezes foi confiada a mim a oportunidade do arremesso que traria a vitória da partida e eu falhei. Eu falhei e falhei de novo por toda a minha vida. E é por isso que eu tenho sucesso.
Michael Jordan

A força não provém da capacidade física. Provém de uma vontade indomável.
Mahatma Gandhi

Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos.
Friedrich Nietzsche



Paciência, persistência e transpiração são ingredientes imbatíveis para o sucesso.
Napolean Hill


Eu odiava cada minuto de treinamento. Mas falava para mim: “Não desista. Sofra agora e viva o resto da sua vida como um campeão”.
Muhammad Ali


Claro que é difícil. Se fosse fácil, qualquer um faria. É a dificuldade que o torna grande.
Tom Hanks, A League of Their Own


O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar de novo com mais inteligência.
Henry Ford


Se fracassar, ao menos que fracasse ousando grandes feitos, de modo que a sua postura não seja nunca a dessas almas frias e tímidas que não conhecem nem a vitória nem a derrota.
Theodore Roosevelt

23 fevereiro 2014

Entrevista: Ednilto Pereira Tavares Júnior - Parte II

No dia da defesa da dissertação de Ednilto.
Da esquerda para a direita: o membro interno da banca examinadora, Prof. Dr. Rodrigo de Souza Gonçalves seguido pelo membro externo, Prof. Dr. Moisés Ferreira da Cunha; depois o nosso entrevistado, atual professor e mestre, Ednilto Tavares Pereira Júnior; e, à direita, o orientador e professor Dr. César Augusto Tibúrcio Siva.
No outro domingo começamos a conversar com o Ednilto que tem uma história engraçada, interessante e envolvente para contar. Hoje a entrevista no mostra a trajetória dele entre o mestrado e o doutorado.

Blog_CF: Ednilto, você então entrou na 19ª turma de mestrado do Programa Multi-Institucional e Inter-Regional de Ciências Contábeis da UnB, UFPB e UFRN com o auxílio de um recurso. Claro que sempre haverá alguém para criticar, mas como foi a reação da sua turma? Como era o relacionamento entre vocês?
Ednilto:
Antes de iniciarmos o curso somos convocados para uma reunião na qual nos explicam mais sobre o programa. A minha aconteceu em dezembro de 2009. Antes mesmo dos professores chegarem expliquei para todos que estavam na sala a minha situação. Havia quem nem notou que a lista final apresentou um nome a mais, devida a empolgação com o curso. Fui sincero desde o início e acredito que fui bem recebido. Ninguém mostrou descontentamento. Na reunião os professores também explicaram, mas já estavam todos cientes então acredito não ter havido nenhum tipo de preconceito.

Como comentei antes, Deus sabe o que faz. Cai em uma turma muito especial da qual me orgulho fazer parte. Superamos tudo juntos, nos apoiamos e, assim, íamos compensando as fraquezas individuais. Isso porque em uma turma há quem seja ótimo em contabilidade societária, mas não sabe sobre custos e gerencial, por exemplo. Havia também a questão do inglês que é essencial para o desenvolvimento de trabalhos, apresentações e seminário. Mas a minha turma se tornou um organismo único e fomos enfrentando a batalha com muito fervor. Hoje considero que tenho irmãos. A intensidade de tudo o que vivemos, nos liga por toda a vida.

Blog_CF: Você terminou bem o mestrado. Não precisou de novos prazos, passou em todas as matérias, foi aprovado na defesa da dissertação. Foi esse sucesso que te motivou a ir além e, assim, buscar o doutorado?
Ednilto:
Com o mestrado eu tive a confirmação que a vida acadêmica não era apenas uma obrigação, ou profissão. Eu encontrei a minha paixão. Não achei que seria sequer aprovado em um mestrado e alcancei o meu sonho. Foi algo natural ir além disso, além dos meus sonhos. Foi assustador pensar em passar por todo o processo de rejeição e preparação novamente, independente de como foi o meu mestrado. Mas fui em frente.

Na primeira vez que tentei, não cheguei a conseguir participar do processo por ter enviado uma cópia não autenticada do meu título de eleitor (era uma exigência). Claro que entrei com o famoso recurso, mas infelizmente não deu certo. Mas novamente eu já estava decidido. Eu queria cursar o doutorado ali, no lugar em que me tornei mestre. Eu criei um vínculo de admiração e vontade de crescer junto com a UnB. Era ali que eu queria então, novamente, aguardei mais um ano e procurei ir melhorando o meu currículo naquele meio tempo. Ainda bem que meu sofrimento não durou muito e fui aprovado no último processo seletivo do Programa. Minhas aulas terão início este ano, em 2014. Agora inicio uma nova jornada, ainda por ser escrita.

Blog_CF: O que é o doutorado para você?
Ednilto: Acho que para alguns o doutorado seja relacionado a obtenção de um título. Não digo que a minha nobreza não fará com que eu não me sinta melhor no dia em que for o Doutor Ednilto! Mas a minha motivação, e aqui vou usar o mesmo discurso que prego aos meus alunos, é ser um professor melhor e, assim, conseguir ajudar mais os meus alunos, impactar vida, colaborar para o conhecimento e formação dos meus discentes da melhor forma que eu puder. Quando fui aprovado, comemorei esse sucesso também com os meus alunos e afirmei “se faço isso não é só por mim, mas também por vocês”. Tenho certeza que não sou um ótimo professor, mas quero ser um dia. Por isso busco a autossuperação. Ser melhor que o meu eu de ontem, ser melhor a cada dia.

Blog_CF: Não vou te perguntar como foi ser reprovado em um processo seletivo porque claramente houve frustração e tristeza. Mas como foi o seu processo para seguir em frente e ser admitido? 

Ednilto: Bom... eu sou meio nerd ...se é que existe essa de meio nerd (ou se é ou não), então vai aqui uma resposta geek. 

Hal Jordan, o segundo lanterna verde, ao ser escolhido sofreu bullying da tropa dos lanternas verdes (para eles os terráqueos são seres inferiores). Aí, em um desses universos da DC Comics [Lanterna Verde – Renascimento], Hal vai enfrentar Parallax, uma entidade cósmica que se alimenta do medo que espalha em todos os seres vivos... em resumo... Hal Jordan luta, vence Parallax e fala algo que me marcou. 

Ter medo não nos faz fracos, pois do medo vem a coragem para sermos fortes. O que isso tem a ver com a pergunta sobre a reprovação? Já fui reprovado no processo seletivo para o mestrado e para o doutorado, entre outras reprovações na vida. Ser reprovado nunca me fez ser fraco, mas sim me deu força e coragem para ser forte. 

A propaganda do sabão Omo já dizia, “não há aprendizado sem manchas”. Risos. Sempre penso nisso, independente do que eu esteja fazendo. Ora, se não deu daquela vez, vamos tentar novamente. Se não der na segunda, haverá uma terceira, e se não der na terceira, teremos uma outra vez para tentar. Ou ganharemos sabedoria e maturidade para enxergar uma outra opção e seguir por ali. Em suma, o que aconteceu não foi em vão. Não foi tempo perdido, mas o tempo necessário.

Como você se comporta frente a derrota é o que fará você ser um eterno perdedor ou um próximo vencedor. Acho que o NÃO sempre me incentivou mais do que o SIM, o “você NÃO consegue”, “isso NÃO é para você”, “você NÃO pode fazer isso”. As pessoas e motivam por milhares de incentivos diferentes e sempre brinco que quando ouço palavras negativas, meu subconsciente ativa que aquilo é um desafio e que desafios são feitos e colocados para que possamos vencê-los. Se não fosse assim, que graça teria a vida?

Blog_CF: A sua história é rica e cheia de exemplos motivacionais. Mas que dica você dá para os que pretendem futuramente cursar o mestrado? E quem já foi recusado em processos seletivos, como motivá-los a continuar tentando?
Ednilto: Dica? Difícil dizer porque "cada caso é um caso". Eu arriscaria dizer que a primeira coisa é "saber". Se você decidir fazer algo, no caso o mestrado, tem que ter certeza ser aquilo o que você realmente quer. (Tem quem faça por não ter outra coisa para fazer naquele momento, por pressão da família, pra melhorar o salário, por n razões distintas). Você está fazendo por você e é o que você sinceramente deseja? Se sim, pronto, sua meta e o seu objetivo foram traçados. Agora é só seguir. Não olhe para os lados e nem para trás. Siga em frente. Confie. Não pare porque obstáculos vão surgir - sempre surgem - mas se você tem em mente o que você quer, não deixe nada ser tão grande a ponto de fazer você desistir. Você vai querer desistir! Mas não desista.

Blog_CF: Você pode compartilhar mais uma das suas histórias de - sim - superação?
Ednilto:
 (rindo) Se você diz que são histórias de superação, tudo bem. Vou contar algo que aconteceu comigo.... Mais risos. 


Para fazer o mestrado saí de um cargo concursado. Foi uma escolha que tive que fazer e assumir, já que eu não tinha como conciliar o aquele trabalho com os estudos. Aquilo foi um golpe dolorido já que parei de receber um salário razoável para virar bolsista da Capes. Agradeço eternamente a oportunidade, mas o valor é vergonhoso, sabe? Eu recebia R$ 1.200,00! Como comprar livros (geralmente internacionais), me sustentar e estudar em paz? Tinha quem falasse que com aquilo dava até para pagar prestação de carro, pode? 

Aproveito para me manifestar: Brasil, governantes, responsáveis: a bolsa não é nada. Né? Pagar isso TUDO para a pessoa ficar por conta dos estudar? 

No meu caso, eu era solteiro e ainda tinha os meus pais para me ajudarem, fico pensando como um pai de família renuncia seu emprego para fazer um mestrado com uma bolsa dessas? 

Acho que a primeira dificuldade que eu tive no mestrado foi a financeira. Muitas vezes eu olhava para os meus colegas do antigo concurso, ou para colegas de universidade, que estavam indo “bem” na vida... e eu ali, ganhando R$ 1.200,00 “só para estudar”. Isso me fazia me perguntar todos os dias o por quê deu estar lá. Não foi fácil. O dinheiro não era a minha motivação, mas a falta dele me abalou. Sempre que eu ficava na dúvida, reforçava comigo "já estou aqui mesmo então não vou desistir". 

A segunda dificuldade é quanto ao conteúdo de cada matéria. Nossa, não teve uma disciplina sequer que eu possa falar que foi “de boa”. Até a disciplina de prática de ensino foi pesada! E olha que envolvia apenas “dar aula” e era dar mesmo, porque era um docente voluntário. Na verdade eu recebia os créditos da disciplina, como todos os demais. Mas eu ia de Goiânia para Brasília, lecionava e voltava para casa. Isso acrescentava um peso emocional que complicou, claro, mas fui em frente. Sempre em frente. 


Quando se tratava da dificuldade nas disciplinas, sempre pude contar com meus amigos. Nunca aquela frase fez tanto sentido “ninguém é tão grande que não possa aprender nem tão pequeno que não possa ensinar”. Lembro-me que meus amigos que me ajudaram a superar muitas dificuldades, inúmeras vezes. Fui para a casa deles estudar, nos encontrávamos na biblioteca.  

A dificuldade é inerente ao processo, #nopain #nogain, mas ninguém disse que precisamos suportar essa “dor” sozinhos, então acho que durante essa batalha (mestrado ou doutorado) umas vezes seremos carregados, outra teremos que carregar, o importante é que nenhum soldado fique só no campo de batalha. Seja compreensivo e companheiro, é a dica que deixo. Isso fez toda a diferença na minha vida.

Blog_CF: Ednilto, agradecemos imensamente a sua participação e te desejamos uma ótima jornada no doutorado. Parabéns!


Ednilto:
Obrigado por me convidarem para essa entrevista, não sei se sou a melhor pessoa para isso, mas espero poder incentivar alguém, mais uma vez obrigado e vamos que vamos que o doutorado nos espera.


Para acessar outras entrevistas, clique aqui.

19 fevereiro 2014

Com quem você discute pesquisa?

Por Posgraduando.com
 

As contribuições mais valiosas para as minhas pesquisas científicas foram realizadas por pesquisadores de áreas completamente diferentes do objeto de estudo.

Por isso, ao longo da minha vida acadêmica criei o hábito de discutir minhas pesquisas com outros pesquisadores e professores, sobretudo de disciplinas básicas, em todas as etapas de execução: planejamento, coleta de dados, análise dos resultados e redação do artigo.

Como resultado, os projetos se tornaram mais ricos, com respostas mais consistentes e, definitivamente, mais interessantes e úteis. Uma pessoa “de fora”, com outra “visão”, com outra experiência profissional, pode fornecer uma nova perspectiva para um mesmo trabalho.

Nem os mais consagrados gênios da história, como Einstein, Galileu ou Newton, dispensavam a ajuda de outras mentes. Cada um a seu jeito, aproveitavam as ideias dos outros para elaborar as teses que construiriam nosso conhecimento.

Entre os principais pensadores da humanidade, a maioria fez parte de alguma escola, movimento ou “panelinha” de amigos, com quem compartilhava o interesse em entender a vida e o Universo.

Albert Einstein, o cientista mais popular do século XX e que mudou nossas noções sobre tempo e energia, reunia-se semanalmente com Conrad Habith e Maurice Solovine para discutir filosofia e física. As teses de Einstein foram abastecidas por longas discussões destes encontros e por um desafio intelectual com um rival à altura, Niels Bohr, um especialista em átomos e elétrons que ganharia, em 1922, o Nobel de Física. Einstein e Bohr costumavam discutir suas teses por cartas e chegaram a ter debates públicos, que acabariam contribuindo para a obra dos dois.

Isaac Newton foi membro fundador da Sociedade Real de Londres para o Progresso do Conhecimento da Natureza, uma espécie de incubadora de cientistas, onde trocava ideias com outros estudiosos, como o químico Robert Boyle e o astrônomo Edmund Halley. Destas conversas, Newton descreveu a lei universal da gravitação, além de outras leis da física que por três séculos valeriam como descrição do Universo.

Galileu revolucionou o conhecimento do homem sobre o céu e a Terra. Ele descobriu que Júpiter tinha satélites, que a Lua tinha crateras, que Vênus tinha fases (como as lunares) e que a Terra não era o centro do Universo, como já havia dito Copérnico. Para chegar a estas conclusões, entretanto, Galileu teve grande ajuda de um dos maiores astrônomos da história, Kepler, que dedicou sua vida ao estudo da mecânica dos planetas.

Sigmund Freud, considerado o “pai da psicanálise”, se encontrava todas as quartas-feiras com três colegas estudiosos da mente humana para discutir psicanálise. Com o tempo, o número de membros aumentou e este pessoal que alimentava as discussões à base de strudel se tornaria a Sociedade Psicanalítica de Viena, hoje Associação Psicanalítica Internacional, órgão regulador da psicanálise no mundo.

Nos dias atuais, esta oportunidade de realizar encontros pessoais, discutir ideias, criar teorias e debater resultados, deveria ser praticada, sobretudo, nos grupos de pesquisas. Entretanto, em meio a tantas aulas, relatórios, cargos administrativos e pressão por publicações, as contribuições nestes grupos, quando acontecem, muitas vezes se limitam a colaborações com a análise estatística ou com a redação dos artigos.

Raros são os grupos que se reúnem para apenas discutir conceitos, hipóteses e resultados de pesquisas. Muitos são os grupos que, ao invés de grupo de pesquisa, tornaram-se grupos de publicação, onde a interação entre os membros se resume à troca de nomes nas publicações e à troca de citações em artigos.

Uma pena. Pois a máxima “Quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado, com certeza vai mais longe” cai como uma luva na pesquisa científica. Einstein que o diga.

13 fevereiro 2014

Bibliografia

Por Ticiano D’Amore* via PosGraduando

No meio de uma aula de Teoria da Pesquisa, disciplina obrigatória do Doutorado em Administração da UFRN, uma colega de sala comentou que na nossa área às vezes temos a oportunidade de conhecer pessoalmente autores que estamos pesquisando. A professora complementou comentando uma ocasião em que dançou com a “bibliografia”. A expressão “dancei com a bibliografia” ficou me martelando o resto do dia até que no fim da tarde, quando terminei de dar minhas aulas na Escola de Música da UFRN a qual sou lotado, me veio a inspiração para essa canção…

[...]

Para cantar junto:



CONHECI A BIBLIOGRAFIA
Ticiano D’Amore

Pesquisava lá no meu quartinho uma autora em particular
Meu artigo estava no caminho, minha tese para terminar
Esta fonte era o que faltava pra amarrar de vez a minha ideia
No seu livro a solução estava, era o fim de tanta cefaleia
Um amigo me comentou: “tem uma festa no departamento.
Quem chamou foi o orientador!”
E eu fui lá pra relaxar por um momento e não acreditei!
Lá estava a bibliografia, a autora que eu tanto lia
Lá estava a bibliografia, falar com ela é tudo que eu queria
Respirei e não perdi tempo, fui elogiar sua pesquisa
Era tanto conhecimento, era tanta informação precisa
Ela pareceu encantada e eu não quis mais lhe incomodar
Fui batendo em retirada,
Só que ela me puxou, me convidou para dançar e eu fui
Eu dancei com a bibliografia, a autora que eu tanto lia
Eu dancei com a bibliografia, falar com ela é só o que eu queria
Eu dancei com a bibliografia, tudo o que eu dizia ela ria
Eu dancei com a bibliografia, nem notei o quanto ela bebia
“Já pensou que loucura? Você numa festa, e de repente você encontra a sua bibliografia! Sim, a autora que você está pesquisando, essa é pra pensar!“
Cada dose que ela tomava, mais ela grudava em mim
Voltar pra minha tese precisava, vi que não seria fácil assim
Expliquei todo o meu aperreio pois o prazo estava terminando
Quando vi que já não tinha meio
Chamei ela pra estudar no meu quartinho, ela topou então
Eu deitei com a bibliografia, a autora que eu tanto lia
Eu deitei com a bibliografia, estudei até raiar o dia
Eu deitei com a bibliografia, como eu gosto da academia!
Eu deitei com a bibliografia, nem o Popper me falsearia, não!
Eu deitei com a bibliografia, a autora que eu tanto lia
Eu deitei com a bibliografia, estudei até raiar o dia
Eu deitei com a bibliografia, minha pesquisa enfim acabei
Eu deitei com a bibliografia, foi assim que eu depositei

_______________________________________
*Ticiano D’Amore é músico, humorista, doutorando em Administração pela URFN e professor da Escola de Música da UFRN. Para conhecer mais sobre o seu trabalho acesse: www.ticianodamore.com.


09 fevereiro 2014

Entrevista: Ednilto Pereira Tavares Júnior - Parte I

Todos nós temos sonhos. Poucos têm coragem para conquistá-los. Enquanto alguns culpam o passado, o destino, ou simplesmente se acomodam, outros vão atrás e conseguem o que querem, inspirando tantas outras pessoas a serem mais perseverantes e determinadas. Nós já falamos sobre o Ednilto Pereira Tavares Júnior na postagem “Venha Competir no Programa Multi UnB, UFPB, UFRN”. Isso foi quando ele defendeu a dissertação para completar o mestrado em Ciências Contábeis. Mês que vem nosso protagonista começará as aulas para se tornar doutor em contabilidade e, após persegui-lo incessantemente, conseguimos uma entrevista para o blog. Eu sempre me emociono com as histórias dele. Esse goiano engraçado e brincalhão, quando fala sobre contabilidade, consegue emocionar os mais desatentos e inspirar os mais desnorteados. Que tal invadir um pouco a vida dele conosco!? Vamos lá!

Blog_CF: Ednilto, nos conte um pouco sobre a sua história. Como foi a sua formação em contabilidade? Em que momento você decidiu se tornar professor?
Ednilto:
Minha história com a contabilidade não é algo muito romântico ou amoroso. Não daria um filme ou uma cena de novela. Eu geralmente brinco que fui criado dentro de um escritório de contabilidade, pois meu pai era técnico. No ano em que nasci ele conquistou o título de bacharel. Então comecei desde muito cedo trabalhar no escritório, junto a meu pai. Lembro-me que eu fazia diversos serviços de “badeco”, como preencher folhas e cartões de ponto, datilografia (essa geração atual não acredita que já se fazia uma ela contabilidade antes de existirem os computadores).

Com o passar do tempo fui conhecendo o que era realmente a contabilidade e as obrigações acessórias do contador. Dizem que filho de peixe, peixinho é, então comecei a ver a contabilidade como sendo aquilo que eu deveria fazer, como se fosse continuar o legado do meu pai. Foi simplesmente por esse motivo que decidi que cursaria ciências contábeis.

Agora a parte engraçada começa: eu sabia exatamente que curso fazer, mas a maior certeza era que eu não queria ser o tradicional contador. Parece incoerente, não? Alguém decide cursar contabilidade e não quer ser contador. Sei que, especialmente os com pouco contato com as ciências contábeis, devem me achar louco ou desajustado. Ou ainda alguém com problemas psicológicos e uma necessidade incalculável de agradar o pai. Risos.

Mas vejam só... No primeiro dia de aula da graduação – lembro-me como se fosse hoje – o professor Ricardo Borges de Rezende (que futuramente se tornaria mestre pelo mesmo programa que eu) perguntou o que cada aluno desejaria ser. Como sempre, havia o grupo dos contadores, dos auditores, dos aficionado por concursos e carreiras públicas, e eu. Não, eu não estava “sem grupo”, apesar de ter parecido naquele momento. Eu entrei na quota dos sonhadores: ser professor. Naquele tempo eu não sabia ao certo porque afirmei querer ser professor. Talvez fosse algo mais forte que eu se manifestando ali. Mas então respondi, e fui o único.

Blog_CF: Foi ali que você decidiu que faria, também, o mestrado?
Ednilto: Depois daquilo, depois de entender e aceitar o meu destino, comecei a traçar minha meta de vida: terminar a graduação, cursar uma especialização e, dali, começar a lecionar. Talvez, com alguns anos de experiência, cursar o mestrado. Já pensou? Mestre Ednilto. O detalhe é: sempre achei o mestrado ser algo inatingível. Pensava assim porque sempre ouvia as pessoas dizerem que aquilo não era para mim (então o que era para mim?).

Fiz lá a minha graduação e no último ano um professor me incentivou a prestar o processo seletivo para o mestrado do Programa Multi-Institucional e Inter-Regional de Pós Graduação em Ciências Contábeis da Universidade de Brasília, Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Esse professor, naquela época, também prestaria o mesmo processo seletivo. Devo muito a ele, o hoje professor da Universidade Federal de Goiás e mestre Ednei Morais Pereira.

Lá fui eu atrás das informações para a turma que começaria em 2009. O teste Anpad dava pontos a mais, então o fiz. Passei na prova aplicada pelo Programa Multi e não fui eliminado. Meu desempenho na prova de inglês foi sofrível! Mas a minha história ainda não havia acabado. Fui para a fase seguinte que consistia em uma entrevista que também envolvia análise de currículo. Esse foi um momento marcante de tão duro. Foi então que percebi claramente como eu era fraco. Obviamente eu reprovei, mas ao relembrar, a minha reação natural é rir.

Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas, mas, na verdade, Ele escreve certo em linhas certíssimas. Somos nós os analfabetos que não conseguem ler.

A decisão então ficou marcada na minha alma. Eu faria o mestrado. Alguém acreditou em mim e eu passei a acreditar também. A partir dali comecei a me preparar para o processo seletivo que ocorreria no ano seguinte, para a turma de 2010, a 19ª. Preparei-me durante todo aquele ano, me submeti a situações não muito comuns para sobreviver e, ao mesmo tempo, me aperfeiçoar. Fiz o meu dia parecer ter mais que 24h. Foi um ano difícil e demorado, até que o momento para o qual vinha me organizando chegou.

Lá estava eu, mais uma vez participando do processo do Programa Multi. Fui sendo aprovado, novamente até a bendita entrevista. Não foi simples. Contar histórias não é fácil, relembrar o passado e encontrar as palavras certas para exprimir os nossos sentimentos é algo complicado e provavelmente infiel. É impossível repassar nesta entrevista tudo o que senti desde o dia que decidi me tornar professor até ali, naquele momento. Pessoas na mesma situação não sentem a mesma coisa, o ser humano é complexo e as emoções são tantas que não há palavras o suficiente para expressá-las.

Ali, em 2009, fui novamente reprovado. Você pensou que esta seria uma história de superação? Mas na verdade não foi bem assim. Não a meu ver. O resultado divulgado pela coordenação me considerava reprovado. O detalhe? Descobri que eu havia ficado em décimo segundo lugar. Originalmente havia 12 vagas para aquele ano, mas eu não alcancei a nota mínima. Por pouco. Mas não a alcancei.

Blog_CF: Eu sei o fim da história, nossos leitores também. Mas faltam peças no meio para que a figura se torne visível. O que aconteceu depois dali?

Ednilto: Bom, o que aconteceu é fácil de se explicar, mas intenso de se viver. Sei que o normal seria sentar e chorar. Depois enxugar as lágrimas e partir para outra ou me preparar por mais um ano. Porém, resolvi conversar com a comissão de seleção. Moro em Goiânia, mas parti imediatamente para Brasília. Decidido. Obstinado. A conversa, que durou menos que 30 minutos, não resolveu nada. Falaram-me: entre com um recurso formal. Claro que fui embora, novamente no trajeto Brasília-Goiânia, chateado e derrotista. Todavia, ao chegar a minha casa segui o conselho e fui pesquisar para entrar com o tal recurso. No máximo eu receberia um “não”. Outro para a coleção.

Li e reli o edital, escrevi o recurso, entreguei a Deus (e à Comissão) e fiquei com o coração na mão. Não tive que procurar meu nome na lista. Ligaram-me – me ligaram! – e falaram: você foi aprovado. Quem do programa já recebeu uma ligação para informar a aprovação? Só eu. Acho que sou especial. Risos. 

Claro que algumas pessoas me criticaram por aquilo, como se não houvesse mérito. Farão isso com você. Não é fácil ir atrás dos sonhos. O fácil é desistir. Desistir depois de uma ou duas recusas. Desistir depois que o seu coração é partido. Desistir porque as pessoas acharão algo ruim e te julgarão. Mas eu fui em frente e hoje sou mestre. Cresci e aprendi muito. Conheci pessoas incríveis que acrescentaram à minha vida e sei que acrescentei às delas. Não tenho palavras para exprimir como vale a pena lutar pelos seus sonhos. Lutar de verdade! Com a sua alma, com garra. As recusas não são pessoais. Elas fazem parte do processo.

Blog_CF: Ednilto, sei que ainda há muito nessa história e deixaremos para o próximo domingo. Agradecemos imensamente o seu tempo e as suas palavras.

O Ednilto pediu desculpas pelas respostas longas, mas é totalmente desnecessário já que a história de vida dele é enriquecedora. E eu adoro iografias. *.* Nos vemos domingo que vem para saber a trajetória dele como professor e como ele chegou ao doutorado!

[... continua]

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