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29 outubro 2019

A Arte da Escolha

A escolha é um processo demorado e díficil. Em 2010, Sheena Iyengar escreveu um livro bem interessante sobre o assunto. Desde então, cresceram o número de opções disponíveis e as possibilidades de escolha.

Lembrei do livro de Ivengar ao ler uma estatística impressionante, apresentada no Valor (Quando é muito difícil escolher o quer ver, João Luiz Rosa, 27 de ago 2019, A2).

Um estudo de 2016 mostra que, naquele ano, as pessoas gastavam, em média, 17,8 minutos na Netflix para escolher um filme ou programa. Segundo o levantamento (...) isso era o dobro do tempo médio gasto para escolher o que ver na TV paga. Outro levantamento, do mesmo ano, mostra que o espectador médio americano gastava 23 minutos por dia para escolher o que ver na televisão, o equivalente a quase 18% do total de 129 minutos diários de programação vista. No caso do Netflix, a proporação era de 28 minutos de busca para 91 minutos totais, quase 30%, e no Amazon Video, de 27 minutos para 64 mintuos ao todo, ou 42%. (...) ao longo de 80 anos - o tempo de vida médio do consumidor americano - cerca de 1,3 ano é gasto apenas se escolhendo o que ver

O livro de Iyengar tratava de vários tipos de escolha. Há uma frase famosa do Obama, sobre suas roupas, parecidas. O ex-presidente falava que tinha muitas decisões que precisava tomar e não podia ficar muito tempo pensando sobre qual terno vestir.

Thomas Cook e as Big Four

O grupo Thomas Cook era a maior empresa britânica de viagem. Ele foi criado em 2007, mas sua origem é anterior, com a agência de viagem Airtours. A empresa operava em dois segmentos: como agência de turismo e empresa aérea. Até que em setembro a empresa entrou em liquidação, de forma inevitável. Além do ambiente econômico, a gestão também tinha uma parcela de culpa https://www.bbc.co.uk/news/business-50155096, muito embora esteja recebendo um bônus . A crise também trouxe discussões diversas, inclusive sobre a auditoria.

Sobre este assunto, o parlamento do Reino Unido novamente discutiu a questão da Big Four. Segundo o Financial Times (via “PwC e EY são acusadas em colapso de companhia”, Tabby Kinder, 23/10/19,Valor) os representantes criticaram as auditorias realizadas na empresa por aprovarem as demonstrações contábeis. Um parlamentar disse que a PwC deveria ter questionado, de forma mais incisiva, a empresa sobre o tratamento contábil de itens extraordinários e o tratamento dos ativos intangíveis. Este parlamentar, presidente da comissão especial de negócios da Câmara Baixa do parlamento britânico, falou da possibilidade de uma lei para forçar a separação das Big Four.

Quantas novas falências de empresas, quantos novos exemplos graves de auditoria precisamos para que nosso setor abra os olhos e reconheça que vocês são cúmplices nisso e que vocês precisam realizar uma reforma?

Rir é o melhor remédio

Quando tenho muita coisa para fazer

Finanças do Vaticano

Eis um texto interessante da Forbes sobre as finanças do Vaticano:

O Vaticano rejeitou ontem (22) alegações em um novo livro de que a Santa Sé corre o risco de calote nos próximos anos por causa de queda de doações, má administração financeira e corrupção.

O livro de 350 páginas, “Last Judgement”, é do jornalista italiano Gianluigi Nuzzi e é o mais recente sobre as finanças do Vaticano.

Nuzzi escreve que anos de déficits podem deixar pouca escolha para o Vaticano, a não ser declarar default até 2023.

“Não há ameaça de default aqui. Há apenas a necessidade de uma revisão de gastos. E é isso que estamos fazendo”, disse o arcebispo Nunzio Galantino, chefe da Administração do Patrimônio da Santa Sé, um escritório geral de contabilidade que administra as propriedades imobiliárias em Roma e em outros lugares na Itália, paga salários dos funcionários do Vaticano e atua como um escritório de compras e departamento de recursos humanos.

O arcebispo disse ao jornal católico italiano “Avvenire” que, embora “não haja necessidade de alarmismo”, o Vaticano tem que conter custos.

O menor Estado do mundo não recebe impostos. Suas fontes de renda são investimentos, imóveis, arrecadações de fiéis feitas em todo o mundo, contribuições de dioceses e receitas de seus populares museus.

Nuzzi disse que as contribuições dos fiéis caíram acentuadamente nos últimos anos, principalmente em países como os Estados Unidos, atingidas por escândalos de abuso sexual.

Em uma entrevista coletiva na qual apresentou o livro, Nuzzi afirmou ser um grande admirador do Papa Francisco e queria destacar a suposta má gestão que o impede de aprovar uma reforma duradoura.

27 outubro 2019

Two-Sided Matching no mercado de Auditoria

Resumo:

We estimate a two-sided matching model of IPO firms to auditors. Doing so allows us to separate the effects of sorting and influence in this audit market, and identify the effect that each has on observed audit quality. We find evidence that sorting on inherent quality of the client exists at the time auditors and clients match with each other. However, even after controlling for the effects of sorting, Big 4 auditors exert positive influence on audit quality; the probability of a restatement is significantly lower, all else equal, for clients of Big 4 auditors.

Fonte: Li, Ken and McNichols, Maureen F. and Raghunandan, Aneesh, A Two-Sided Matching Model of the Audit Market for IPO Firms (February 4, 2018). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3117828 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3117828

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24 outubro 2019

Exxon e o futuro da contabilidade

No início da século XX, a polícia não conseguia processar Al Capone, o mais perigoso. Apelando para fraude fiscal, o criminoso foi condenado por sonegação fiscal.

Quase cem anos depois, a empresa Exxon teima em financiar lobby e entidades que defendem a política energética tradicional, baseada na extração e processamento de petróleo. Como colocar a empresa nos eixos, reduzindo seu impeto pela destruição do ambiente. Novamente a contabilidade foi convocada para ajudar a resolver os problemas que a justiça não consegue resolver.

Um processo na cidade de Nova Iorque esta julgando se a Exxon enganou seus acionistas sobre os riscos relacionados com às mudanças climáticas. Após anos de investigação, iniciou-se as audiências do julgamento. Entre os envolvidos, Tillerson, que foi presidente da empresa desde 2006 até ir para o governo Trump em janeiro de 2017.

Para divulgar suas demonstrações, a empresa deve fazer projeções sobre a viabilidade dos seus ativos, o que inclui as reservas. Se existe dúvidas sobre os efeitos ambientais na utilização de petróleo no futuro, o valor reconhecido no ativo deve ser menor; afinal, o mundo deverá usar menos petróleo. A questão é que a empresa foi muito mais otimista nesta projeção, indicando que o petróleo ainda será o principal item da matriz energética mundial no futuro.

O problema é que a promotoria considera que isto é uma enganação com os investidores. Se os investidores foram enganados, cabe uma reparação. O valor estaria entre 0,5 a 1,2 bilhão. A empresa nega a intenção de enganar os investidores, pois forneceu previsões diferentes. O julgamento deverá durar três semanas. Ambientalistas estão torcendo para que a empresa pague multas pesadas.

O julgamento é muito importante para a contabilidade. Há anos, os reguladores decidiram abandonar o custo como base de valor, enfatizando a necessidade de que a empresa fornecesse sua visão - neutra e fidedigna - da realidade. Na contabilidade da Exxon há uma grande quantidade de julgamento. Ou seja, análise subjetiva. Se a empresa for condenada, isto significa que qualquer julgamento pode ser questionado juridicamente. Se a meta dos reguladores - Fasb e Iasb - era promover uma demonstração contábil mais próxima do valor da empresa, a opinião do preparador deveria ser a base de avaliação. Um tribunal pode dizer que a “opinião como base de valor” deixa de ser a regra contábil. Como isto afetará esta guinada, que abandonou o custo como base de valor?

Leia sobre o julgamento aqui, aqui e aqui

Quem guarda mais fotos no celular?

Uma pesquisa com 3 bilhões de fotografias e 6 milhões de usuários em diversos países do mundo mostrou que guarda mais imagens no celular.

 As mulheres tem uma média de mil fotografias salvas, enquanto os homens teriam 850. Aqueles com idade entre 25 a 44 anos guardam uma média de 1050 fotos, contra um pouco acima de 800 dos mais jovens.
 Por país, os coreanos, malaios e suíços lideram. Em 45 países, os brasileiros são 17o., com uma média de 911 fotos.

Radiologistas x Inteligência Artificial

Radiologistas não foram susbtituídos e não serão substituídos por máquinas.

Three years ago, artificial intelligence pioneer Geoffrey Hinton said, “We should stop training radiologists now. It’s just completely obvious that within five years, deep learning is going to do better than radiologists.”

Today, hundreds of startup companies around the world are trying to apply deep learning to radiology. Yet the number of radiologists who have been replaced by AI is approximately zero. (In fact, there is a worldwide shortage of them.)

At least for the short term, that number is likely to remain unchanged. Radiology has proven harder to automate than Hinton — and many others — imagined. For medicine in general, this is no less true. There are many proofs of concept, such as automated diagnosis of pneumonia from chest X-rays, but surprisingly few cases in which deep learning (a machine learning technique that is currently the most dominant approach to AI) has achieved the transformations and improvements so often promised.

Why not?

[..]

Fonte: aqui

chest xray

Rir é o melhor remédio


Teste de personalidade. Infantil, nervoso, paranoico, racista, bebe? É contador? Adaptado

23 outubro 2019

Como a mulher deve se portar (em uma empresa contábil)

Um grande empresa de contabilidade contrata uma palestrante para um workshop para suas mulheres. A data do evento foi junho de 2018, auge do movimento #MeToo. O nome do workshop é “liderança e empoderamento”, por Marsha Clark.

Mais de um ano depois, um site obtém cópia das transparências. E descobre que um monte de besteiras foram ditas no evento. A empresa tem responsabilidade? E se a empresa de contabilidade não fez nada sobre o conteúdo?

A palestrante falou coisas como:

O cérebro das mulheres é como panqueca e elas possuem dificuldade de concentração, ao contrário dos homens. E cérebro das mulheres é menor que os homens.
As mulheres não devem exibir o corpo, para não mexer nas mentes dos colegas. Devem ter um bom corte de cabelo, unhas feitas, roupas bem cortadas
Não confronte diretamente os homens nas reuniões
Se você estiver conversando com um homem, cruze as pernas. Não fale com um homem cara a cara. Os homens consideram isso como ameaçador

Esta história é real. A palestrante é Marsha Clark, ex-executiva da EDS, nas décadas de 80 e 90. O site Huffington Post teve acesso ao material. E constatou que as afirmações de Clark era pouco científicas.

A empresa de contabilidade alega que as afirmações estão fora de contexto.

Ah, o nome da empresa: Ernst Young.

Fonte: Aqui e aqui

Rir é o melhor remédio

Fonte: Nature

Melhores cursos de Economia do Brasil

O Brasil possui poucos cursos de Economia com excelência. 98% dos cursos são bem fracos em comparação com o nível internacional. Fiz uma lista com os melhores cursos do Brasil baseado na qualidade do corpo docente, grade curricular e quantidade de matérias quantitativas. Economia é um curso de matemática aplicada, mas no Brasil o que predomina na maioria das faculdades é a tradição heterodoxa, que não é aceita nas principais universidades do mundo. Os melhores cursos ortodoxos são estes:

1-FGV-Rio
2-PUC- Rio
3-FGV-SP
4-Insper
5-USP
6-UnB



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Panorama das IFRS

Do Zimbabué à Guiné Equatorial, passando por Singapura aos Estados Unidos, são 144 as jurisdições que atualmente aplicam as Normas Internacionais de Relato Financeiro (IFRS) emanadas pelo International Accounting Standards (IAS) Board, o órgão da Fundação da IFRS. Há ainda mais 12 que permitem a sua utilização, perfanzendo um total de 166 jurisdições que utilizam as IRFS.

Em Portugal, por ser um Estado membro da União Europeia, as IFRS são aplicadas para as empresas cujas ações são transacionáveis no mercado regulado.

Em 2018, à exceção de dez jurísdições – Albânia, Belize, Bermudas, Ilhas Caimão, Egito, Macau, Paraguai, Suriname, Suiça e Vietnam – todas (146) comprometeram-se publicamente em apoiar um único conjunto de normativos globais de contabilidade.

De acordo com os dados da World Federation of Exchanges, a Fundação IFRS estima que as 166 jurisdições contabilizem 84 biliões de dólares e são 48.913 as empresas domésticas cotadas em bolsa nestas jurisdições que aplicam, ou permitem a aplicação, as IFRS.

Fundada em 1973 pelas organizações profissionais de contabilidade que formam o Comité da IAS – Austrália, Canadá, França, Alemanha, Japão, México, Holanda, Reino Unido, Irlanda e Estados Unidos – a Fundação tem, ao longo de 46 anos, promovido os três pilares de atuação que a caracterizam: transparência na comparação internacional entre os normativos contabilísticos e na qualidade da informação financeira; reforço da responsabilidade (accountability) através do aumento de canais de informação entre as empresas e investidores; e contribuição para a eficiência económica, auxiliando os investidores a identificarem riscos e oportunidades no mundo, melhorando a alocação de capital.

As normas internacionais de relato financeiro foram adotadas não apenas por governos, mas também pelo G20 e outras organizações internacionais, como o Banco Mundial, associações empresariais, investidores e profissionais da contabilidade, com o objetivo de estabelecer normativos contabílisticos comuns, globais, e de elevada qualidade.

Segundo a Fundação IFRS, “mais de um terço de todas as transações financeiras são transfronteiriças” e antecipa que esse número cresça. Este ponto ilustra a importância atual das IFRS porque, no passado, “estas atividades entre fronteiras eram complexas porque os diversos países mantinham normativos de contabilidade próprios”. Consequentemente, o custo, complexidade e risco das transações transfronteiriças aumentavam.

Nas palavras da Comissão Europeia, “as IFRS tiveram êxito ao criarem uma linguagem de contabilidade comum para os mercados de capitais”. Os benefícios da utilização das IFRS são vários, desde logo a redução do custo de financiamento para as empresas, e ainda o incremento das possibilidades de investimento nourtas jurisdições que utilizem as normas internacional de relato financeiro. E, por exemplo, ao nível do relato financeiro interno, as empresas também têm colhido benefícios porque as IFRS lhes permite comparar diversos departamentos que atuam em diferentes jurisdições, “reduzindo o número de sistemas de reporte”.


Fonte: Jornal EconômicoCerca de 49 mil empresas no mundo utilizam as IFRS - António Vasconcelos Moreira

22 outubro 2019

Como surgiu o radicalismo

Como surgiu o radicalismo 

Algoritmos podem deixar pessoas encurraladas em um canto do espectro ideológico

Fernando Reinach*, O Estado de S.Paulo
12 de outubro de 2019

Stuart Russell é um dos principais cientistas da área de Inteligência Artificial (IA). Seu livro sobre o tema é usado na maior parte das universidades. Enquanto todos se preocupam com o risco de os sistemas de IA substituírem seres humanos, ele aponta um muito maior: perdermos o controle sobre esses sistemas. E discute um exemplo real, dos algoritmos de IA que estão causando polarização política.



Enquanto programas de computação clássicos são uma sequência de instruções que chegam a um resultado, sempre com o mesmo procedimento, sistemas modernos de IA são poderosos porque não seguem procedimentos rígidos. Você determina o objetivo e o computador descobre a melhor maneira de atingi-lo.



Imagine um robô programado de forma clássica. Você pede a ele que te traga uma cerveja. Ele estará programado para abrir a geladeira, pegar a cerveja e te trazer. Se não encontrar, vai provavelmente te avisar que não tem cerveja na geladeira. Um hipotético robô contendo sistema de IA sofisticado não está programado para ir à geladeira, mas para resolver o problema - no caso, te conseguir uma cerveja - de forma independente. Ele vai à geladeira e não encontra a cerveja. Então, descobre um local onde pode encontrá-la, o bar da esquina. De maneira independente, se dirige ao bar. Ele tomou a decisão usando o que descobriu sobre o funcionamento do mercado de cerveja.

Mas imagine que acontece algo inesperado: o cartão de crédito que levou é recusado. Há duas possibilidades. O sistema de IA é suficientemente sofisticado para entender que esse é um obstáculo intransponível e volta sem a cerveja ou, por não ter acesso a leis e códigos morais da sociedade, decide que a melhor solução é matar o dono do bar e levar a cerveja. Como nenhuma dessas ações estava previamente programada, o fabricante só vai descobrir a besteira quando a polícia bater à porta.

O exemplo parece estapafúrdio, mas Russell, em um debate em Londres no lançamento do seu livro, explicou o que aconteceu com sistemas de IA do Google (YouTube) e Facebook. É uma história real. Algoritmos de IA dessas empresas foram construídos para aumentar o número de vezes que o usuário clica em outro link após ler o anterior - as empresas ganham mais quanto maior o número de visualizações.

Os programadores imaginavam que o sistema de IA descobriria o que a pessoa gostava de ler e apresentaria mais exemplos desse assunto. Mas o que aconteceu na prática não foi o previsto. O sistema de IA descobriu que a melhor maneira de aumentar a probabilidade de você clicar no próximo filme (ou post) não é sugerir o que aparentemente você gosta, mas aos poucos modificar sua preferência de modo a focar sua preferência em um ou poucos assuntos. O sistema de IA chegou sozinho a essa descoberta e, à medida que ela funcionou, aumentando o número de cliques, o algoritmo passou a adotar e refinar essa estratégia.

No caso de assuntos de política, se uma pessoa é de centro, pode preferir clicar em algo mais à esquerda ou à direita de sua posição, o que diminuía a probabilidade de a pessoa clicar novamente. Mas, se o algoritmo aos poucos levá-la aos extremos (esquerda ou direita), ao longo do tempo ela acaba encurralada em um dos cantos do espectro ideológico e então a probabilidade de clicar em algo parecido aumenta.

Russell contou que esse efeito foi descoberto por seus alunos (são eles que trabalham nessas empresas), mas a armadilha já estava montada. Voltar atrás diminuiria o número de cliques. Marqueteiros políticos também descobriram isso e passaram a produzir conteúdos que auxiliavam o algoritmo a segregar as pessoas em extremos. Exemplos citados na palestra são Estados Unidos, Inglaterra e Brasil.

É uma história impressionante. Russell sugere que isso é o início da perda de controle sobre sistemas de IA. E está ocorrendo com sistemas relativamente simples. A preocupação é o que pode ocorrer quando se tornarem mais poderosos, superando a inteligência humana. Mas isso é só o começo do livro. A maior parte descreve formas de garantir que mesmo usando sistemas mais inteligentes não venhamos a perder o controle sobre as máquinas. Vale a pena ler.

MAIS INFORMAÇÕES: HUMAN COMPATIBLE. AI AND THE PROBLEM OF CONTROL. STUART RUSSELL ED. ALLEN LANE PRESS (2019)

21 outubro 2019

Sogra deve pagar dívida de genro

Segundo notícia do Valor Econômico, o TJ-SP condenou uma sogra a pagar dívida do ex-marido da filha.

O aspecto importante da questão é que o TJ-SP reconheceu que a informação declarada no imposto de renda tem valor legal. O genro tinha incluído na declaração de imposto de renda que existia este empréstimo e que não estava quitado.

Como não foram apresentadas provas do pagamento, os desembargadores, sem encontrar outros bens do devedor [o genro], responsabilizaram a sogra diretamente pela dívida dele (...)

Na decisão, o magistrado considerou que a devedora reconheceu expressamente no outro processo de execução, a existência dos empréstimos e que, apesar de afirmar que já efetuou os pagamentos, não possui comprovantes.

Mercado de trabalho em setembro

Este blog acompanha, mensalmente, os dados oficiais do governo sobre emprego formal. Interessa a posição dos profissionais em contabilidade. Para isto, consideramos os contadores e auditores, os escriturários e os técnicos em contabilidade. Mensalmente as empresas encaminham para o governo, anteriormente para o antigo Ministério do Trabalho e agora para o Ministério da Economia, a informação dos empregados, que inclui salário, gênero, idade, tempo de emprego etc

No final da semana passada foi disponibilizado o dado de setembro de 2019. Pela informação divulgada e considerando somente os profissionais contábeis, foram admitidos, no Brasil, 9.761 novos empregados. No mesmo período, foram demitidos 9.559. A diferença corresponde a criação ou destruição de vagas. Em setembro foram criadas 202 vagas, que corresponde a uma inversão dos quatro meses anteriores, onde ocorreram uma “destruição” de vagas.

O valor acumulado, de janeiro de 2014 a setembro de 2019, mostra que foram destruídas 43.727 vagas, segundo os dados do Caged. Como é praxe, o salário dos demitidos foi superior ao dos admitidos. Em setembro, o salário médio dos demitidos foi de R$2854,01 e dos admitidos foi de R$2420,74, uma diferença de 18%. Aqueles que foram demitidos tinham, em média, um tempo de emprego de 35,5 meses. Os admitidos tinha uma idade média de 30,89 anos, enquanto os demitidos apresentavam uma idade média de 32,98 anos.

Em setembro, as contratações premiaram os homens (saldo de +207, versus um saldo de -5 para as mulheres), os trabalhadores com ensino superior, completo ou incompleto. Entre aqueles que só possuíam o ensino médio, o saldo foi negativo em 296. De janeiro de 2014 até setembro de 2019 o saldo para aqueles com menor ensino formal foi de -21.595. Ou seja, o problema de emprego no setor parece ter atingido em especial aqueles com menor grau de instrução. Veja que neste longo período de tempo, aqueles com ensino superior tiveram um saldo positivo de 3.028.

Os valores de setembro só não foram melhores pois a economia teve um bom desempenho. E isto tem ocorrido nos períodos anteriores. O gráfico abaixo mostra a série histórica da economia e do setor contábil.

Rir é o melhor remédio


19 outubro 2019

Valor dos serviços grátis da internet

Eis um texto um pouco confuso em alguns termos, mas que apresenta alguns pontos interessantes:

Quando perguntam “qual o valor da internet?”, muitos pensam no custo de conexão e quanto pagam à operadora pelo acesso. O Federal Reserve, Banco Central americano, quer ir além: o que cada site custa [1] para você, especificamente? 

A questão surge por conta da dicotomia na relação entre internet e a economia. Enquanto a conexão banda larga se expande de forma exponencial, o crescimento econômico no mesmo período se mantém tímido.

Segundo o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, a questão está em como esse crescimento é contabilizado. O Produto Interno Bruto de um país é calculado pelo valor de serviços e produtos vendidos e comprados no lugar. Mas boa parte dos maiores produtos na internet, em especial redes sociais, são gratuitos e não dependem de uma transação cliente-provedor de um comércio normal [2].

Alguns estudos tentam quantificar o valor real do serviço de um site gratuito para seu consumidor. No MIT, Erik Brynjolfsson, Avinash Collis e Felix Jeggers estudaram o valor monetário de Facebook, YouTube e outros serviços.

Segundo a pesquisa, um usuário médio do Facebook precisaria de US$48 para abdicar do serviço por mês (US$ 576 por ano) [3]. O YouTube é mais valorizado, valendo US$1.173 por ano. Mas nada é mais valioso que ferramentas de pesquisa como o Google: US$17.530 a cada ano.

Na Europa, uma pesquisa menor foi conduzida. O WhatsApp, pouco usado nos Estados Unidos, foi destaque: 536 euros.

Redes sociais não fazem mal, desde que não substituam atividades mais saudáveis, diz estudo

“Ao longo do tempo, estamos gastando cada vez mais de nosso tempo interagindo na internet ou usando serviços nos nossos smartphones,” disse Brynjolfsson à CNBC. “Uma grande parcela de nossa economia está sendo ignorada pelo PIB.”

O estudo do cientista do MIT afirma que o PIB deveria ser medido pensando nos benefícios de um serviço e não necessariamente do valor de troca. “Queremos saber do benefício que você recebeu, e não o quanto você pagou,” disse Brynjolfsson.

Powell também citou um estudo publicado pela própria Federal Reserve. Usando velocidade de conexão e quantidade de dados transferidos, a pesquisa acredita que o PIB norte-americano seria 0,5% maior em relação à década passada se o valor das redes digitais [4] tivesse sido incluído.

“Boas decisões necessitam de bons dados,” Powell disse. “Mas os dados que temos não tão bons quanto gostaríamos.”

[1] Há uma confusão entre o custo, preço e valor. O termo mais adequado aqui seria valor.

[2] Esta frase é controversa. Quando o Facebook não cobra nada para que as pessoas usem a rede social, a empresa consegue obter receita de outra forma. Por exemplo, através da venda de informações. Assim, o valor está aparecendo em outra transação: a venda de informação do Facebook para um cliente.

[3] É uma forma criativa de medir valor. Há uma pesquisa anterior a esta, de Corrigan et al, "How much is social media worth? Estimating the value of Facebook by paying users to stop using it" que apareceu no PLOS One em julho de 2018.

[4] Aqui o termo é redes digitais, que não é a mesma coisa que redes sociais.