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30 julho 2019

Ordem dos fatores

Salganik, em Bit by Bit, conta uma história bem curiosa para reforçar que a forma como é feita uma pergunta pode mudar a resposta. No caso, Salganik usa esta história para destacar os riscos de um questionário e de uma pergunta.

Dois padres, um dominicano e um jesuíta, estão discutindo se é pecado fumar e rezar ao mesmo tempo. Como não chegaram a uma conclusão, cada um vai consultar o seu superior. Tempos depois, ao se encontrarem, o dominicano pergunta:

- O que seu superior disse?

O Jesuíta responde:

- Ele disse que está tudo bem.

- Isto é engraçado, diz o dominicano. Meu superior disse que é pecado.

- O que você perguntou?, quer saber o jesuíta

- Eu perguntei se está certo fumar enquanto rezava.

- Oh, eu perguntei se está certo rezar enquanto fuma.

Setor público consolidado tem déficit primário de R$12,7 bilhões

Saiu na Exame:

O setor público consolidado brasileiro registrou um déficit primário de R$ 12,706 bilhões em junho, divulgou o Banco Central nesta segunda-feira, queda de 5,8% sobre igual mês do ano passado, puxada por melhor desempenho do governo central, que teve um déficit melhor que o esperado, de R$ 11,4 bilhões, divulgado na sexta.
(...)

Isso porque junho de 2018 foi marcado por gastos atípicos do governo federal, incluindo 3,6 bilhões de reais em emendas parlamentares e 1,7 bilhão de reais em aumento de capital de empresas estatais, entre as quais a Emgepron, empresa ligada à Marinha brasileira.

Enquanto isso, os governos regionais tiveram um déficit de 55 milhões de reais em junho, enquanto as empresas estatais apresentaram um saldo negativo de 439 milhões de reais.

No acumulado do primeiro semestre, o déficit do setor público consolidado é de 5,740 bilhões de reais, ante rombo de 14,424 bilhões de reais de igual etapa de 2018, melhoria calcada sobretudo nos resultados mostrados até aqui por Estados e municípios.

De janeiro a junho, o superávit dos entes regionais chegou a 19,077 bilhões de reais, alta de 44,4% sobre o mesmo período do ano passado. Apesar disso, a equipe econômica já ressaltou que espera que esse dado se deteriore daqui para frente, calculando que, no ano, haverá uma frustração de 10,3 bilhões de reais em relação à meta estabelecida para Estados e municípios.

O alvo de déficit primário do setor público consolidado para 2019 é de 132 bilhões de reais, composto por rombo de 139 bilhões de reais do governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência), de déficit de 3,5 bilhões de reais das estatais federais e de superávit de 10,5 bilhões de reais de Estados e municípios.

Em 12 meses, o déficit do setor público consolidado alcançou 99,574 bilhões de reais, mostraram dados do BC nesta segunda-feira.

Dívida
No mês, a dívida bruta ficou estável em 78,7% do PIB. Já a dívida líquida subiu a 55,2% do PIB, sobre 54,7% em maio.

Em junho, o dólar acumulou a maior queda para o mês em três anos, de 2,13%, na esteira de maior confiança na aprovação da reforma da Previdência e da expectativa de aumento de liquidez no mundo a partir de cenário de cortes de juros nos Estados Unidos.

Denominadas em dólares, as reservas internacionais passaram a valer menos em reais, aumentando assim a dívida líquida.

Banco Central
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, afirmou nesta segunda-feira, 29, que permanece a tendência de melhoria no resultado primário do governo federal, mas com piora no do INSS.

Rocha afirmou também que a dívida líquida do setor público aumentou em função da apreciação cambial no período, de 2,8%. Segundo ele, o 0,5 ponto porcentual de alta da dívida líquida deve-se a esse impacto do câmbio.

Rocha ponderou ainda que a trajetória de crescimento da dívida líquida – e também da dívida bruta – é uma tendência esperada em função dos déficits primários do setor público.

De acordo com Rocha, permanece no setor público uma trajetória de melhoria do déficit primário. Segundo ele, o déficit primário de R$ 5,740 bilhões no primeiro semestre representa o melhor resultado para o período desde 2015 quando houve superávit de R$ 16,2 bilhões.

Rocha avaliou que a redução das despesas do setor público no primeiro semestre está por trás da melhora do resultado primário. Em meio ao processo de redução de despesas, o governo central (Tesouro, BC e INSS) apresentou déficit de R$ 24,674 bilhões no primeiro semestre, ante R$ 28,718 bilhões de rombo no mesmo período de 2018.

Os governos regionais (Estados e municípios) também contribuíram para o resultado, com superávit primário de R$ 19,077 bilhões no primeiro semestre ante superávit de R$ 13,214 bilhões no mesmo período do ano passado.

Rocha lembrou que no primeiro semestre, tradicionalmente, os resultados dos governos regionais são mais favoráveis. Isso porque as despesas com servidores e aposentadorias e pensões são menores. Além disso, os entes federativos recebem transferências do governo central.

“Os resultados regionais geralmente são melhores no primeiro semestre e piores no segundo semestre”, disse Rocha. “As receitas e despesas não são recebidas nas mesmas proporções em todos os meses do ano. Os gastos com funcionários ou aposentadorias e pensões aumentam no segundo semestre. Do lado das receitas, há concentração de arrecadação no primeiro semestre”, resumiu.

O chefe do Departamento de Estatísticas disse ainda que, de forma geral, ocorre mais contingenciamento de despesas no primeiro semestre, com os governos ajustando os gastos no segundo semestre para cumprir as metas.

Rir é o melhor remédio

Exemplo de correlação espúria

29 julho 2019

Caudas pesadas mantêm a taxa de juros baixos

Resumo:



Riskless interest rates fell in the wake of the financial crisis and have remained low. We explore a
simple explanation: This recession was perceived as an extremely unlikely event before 2007.
Observing such an episode led all agents to re-assess macro risk, in particular, the probability of
tail events. Since changes in beliefs endure long after the event itself has passed, perceived tail
risk remains high, generates a demand for riskless, liquid assets, and continues to depress the
riskless rate. We embed this mechanism in a simple production economy with liquidity
constraints and use observable macro data, along with standard econometric tools, to discipline
beliefs about the distribution of aggregate shocks. When agents observe an extreme, adverse
realization, they re-estimate the distribution and attach a higher probability to such events
recurring. As a result, even transitory shocks have persistent effects because, once observed, the
shock stays forever in the agents' data set. We show that our belief revision mechanism can help
explain the persistent nature of the fall in the risk-free rates
Fonte: The Tail that Keeps the Riskless Rate LowJulian Kozlowski, Laura Veldkamp, and Venky VenkateswaranNBER Working Paper No. 24362February 2018

Economista esperto?

Em Can you Outsmart an Economist?, Steven E. Landsburg, repete os surpreendentes Economista do Sofá e Mais Sexo é Sexo mais Seguro. O texto é parecido: Landsburg traz algumas ideias que parecem absurdas, mas ao explicá-las, ele faz com que o leitor fique com "cara de idiota": como não pensei nisto antes?

Veja o caso dos professores bonitos. Em muitos rankings de avaliação dos docentes, os alunos atribuem uma nota mais elevada para estes professores. Isto faz parecer que os alunos são frívolos ou que não levam em consideração a qualidade real da aula do professor. Landsburg afirma que não, que provavelmente a avaliação é adequada. Eis a lógica desenvolvida por ele: existe um grande número de trabalhos onde a beleza física é uma vantagem (modelo, ator, vendedor etc); aqueles que escolheram a profissão de ensinar são pessoas que são realmente talentosas ou possuem um grande amor por repartir o conhecimento; então, eles devem realmente serem bons no que fazem.

Outra questão interessante: se a medicina é tão boa em aumentar a idade média, qual a razão de não ser boa o suficiente para estender o limite superior? Ou seja, não é muito comum uma pessoa viver mais que 100 anos, apesar da média de idade estar aumentando. A resposta é muito interessante (e os professores de custos deveriam usar o exemplo):

Diz a lenda que a [Henry] Ford despachou uma equipe de engenheiros para um ferro-velho para ver se ainda havia peças em excelentes condições nos carros velhos. Quando identificavam, no ferro velho, uma peça que funcionava perfeitamente em todos os carros, a Ford instruía seus engenheiros a economizar recursos, reduzindo a qualidade da peça excessivamente durável.

A atitude de Ford era bem racional e não prejudicava em nada seus clientes. De que adiantava ter uma peça de excelente qualidade, se o carro não durava tanto. Landsburg usa isto para lembrar que o corpo humano possui várias peças que são essenciais para vida. Se a medicina cria condições para que uma destas peças consiga funcionar bem com mais de 100 anos de uso, isto não resolve o problema de estender a idade máxima das pessoas, pois outra peça só "funciona" cem anos. Assim, para que as pessoas possam viver 120 anos, todas as peças devem funcionar perfeitamente com 120 anos de uso.

A partir daí, Landsburg afirmar que o casamento é bom para os homens, mas não para as mulheres. Os resultados das pesquisas mostram que após um divórcio, o padrão de vida da mulher cai, enquanto o padrão de vida do homem aumenta. Se o casamento continua, isto significa que o homem está disposto a pagar pelo privilégio de estar casado.

São mais de 100 "desafios" para "treinar seu cérebro". Particularmente, achei um pouco irregular o livro. Mas nem por isto uma leitura desagradável. Vale a pena.

Rir é o melhor remédio

Você sabe que é um contador quando usa o excel para organizar as férias

28 julho 2019

Inferência Causal na pesquisa em contabilidade

Resumo:

This paper examines the approaches accounting researchers use to draw causal inferences using observational (or non-experimental) data. The vast majority of accounting research papers draw causal inferences notwithstanding the well-known difficulties in doing so. While some recent papers seek to use quasi-experimental methods to improve causal inferences, these methods also make strong assumptions that are not always fully appreciated. We believe that accounting research would benefit from: more in-depth descriptive research, including a greater focus on the study of causal mechanisms (or causal pathways); increased emphasis on structural modeling of the phenomena of interest. We argue these changes offer a practical path forward for rigorous accounting research.


Gow, Ian D. and Larcker, David F. and Reiss, Peter C., Causal Inference in Accounting Research (May 2016). Journal of Accounting Research, Vol. 54, No. 2, 2016; Rock Center for Corporate Governance at Stanford University Working Paper No. 217; Stanford University Graduate School of Business Research Paper No. 16-16. Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=2729565 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2729565


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Rir é o melhor remédio


27 julho 2019

Lista: Cursos de Idiomas mais Procurados

Para quem fala inglês, os cursos mais procurados no Duolingo são:

Espanhol = 22,7 milhões
Francês = 13,1
Alemão  = 7,48
Japonês = 5,95
Italiano = 5,18
Coreano = 3,61
Chinês = 3,42
Russo = 3,04
Português = 2,22

E são 27 milhões matriculados no curso de inglês, para quem fala espanhol.

To be Fucked

Um curso na Universidade do Oregon, com o professor Sanjay Srivastava foi considerado por Cochrane como o programa mais hilário. O curso chama "Everything is Fucked".

Na introdução, o professor explica o que significa, na ciência, "to be fucked". O curso mostra situações onde algo está errado e que, por isto mesmo, representa um desafio. O conteúdo inclui, por exemplo, "psicologia is fucked".

Rir é o melhor remédio

Não fique triste em um sábado. Espere até segunda. Você tem que chorar em horário comercial. Não deixe o capitalismo vencer.

26 julho 2019

Entrevista com Hoogervorst

O presidente do Iasb, Hans Hoogervorst (foto), concedeu uma entrevista, onde analisou as realizações e o trabalho que ainda está por ser feito. Isto inclui:

a) medidas não GAAP
b) a questão da mudança no clima e seu reflexo na contabilidade
c) um provável estudo sobre o relatório da administração,
d) projeto de demonstrações financeiras primárias

Alguns destes tópicos já foram comentados neste blog. Um ponto importante é que Hoogervorst parece ainda não estar satisfeito com a contabilidade de seguradoras:

‘It has been clear that a lot of investors avoid investing in insurance companies because they cannot understand the accounting’, he says. ‘The existence of the new standard might draw more investors to the business of insurance’. At present he says that ‘it is a bit of a mess’.


Honestamente espero que o projeto do Iasb de se intrometer no Relatório da Administração não siga adiante. É necessário que a administração tenha liberdade para falar o que deseja nesta parte. Sem ter que cumprir "regrinhas" ditadas pelo regulador.

Aqui também. Eis o resumo do vídeo: Q1: Climate Change and financial risks. Q2: Climate-related financial disclosures. Q3: The Management Commentary Practice Statement. Q4: The potential impact of IBOR. Q5: The likely Changes to IFRS17. Q6: The benefits of the Primary Financial Statements project. Q7: The evolution of IFRS. Q8: Plans for the remaining years of Hoogervorst’s Chairmanship.

Precificação de ativos via Deep Learning

Resumo:

We propose a novel approach to estimate asset pricing models for individual stock returns that takes advantage of the vast amount of conditioning information, while keeping a fully flexible form and accounting for time-variation. Our general non-linear asset pricing model is estimated with deep neural networks applied to all U.S. equity data combined with a substantial set of macroeconomic and firm-specific information. We estimate the stochastic discount factor that explains all asset returns from the conditional moment constraints implied by no-arbitrage. Our asset pricing model outperforms out-of-sample all other benchmark approaches in terms of Sharpe ratio, explained variation and pricing errors. We trace its superior performance to including the no-arbitrage constraint in the estimation and to accounting for macroeconomic conditions and non-linear interactions between firm-specific characteristics. Our generative adversarial network enforces no-arbitrage by identifying the portfolio strategies with the most pricing information. Our recurrent Long-Short-Term-Memory network finds a small set of hidden economic state processes. A feedforward network captures the non-linear effects of the conditioning variables. Our model allows us to identify the key factors that drive asset prices and generate profitable investment strategies.

Fonte: Deep Learning in Asset Pricing (with L. Chen and J. Zhu)

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Investidores não pensam em retorno percentual

Can the Market Multiply and Divide? Non-Proportional Thinking in Financial Markets
Kelly Shue e Richard Townsend, R&R Journal of Finance

First Prize AQR Insight Awards, 2019

Abstract: Nominal stock prices are arbitrary. Therefore, when evaluating how a piece of news should affect the price of a stock, rational investors should think in percentage rather than dollar terms. However, dollar price changes are ubiquitously reported and discussed. This may both cause and reflect a tendency of investors to think about the impact of news in dollar terms, leading to more extreme return responses to news for lower-priced stocks. We find a number of results consistent with such non-proportional thinking. First, lower-priced stocks have higher total volatility, idiosyncratic volatility, and market betas, after controlling flexibly for size. To identify a causal effect of price, we show that volatility increases sharply following pre-announced stock splits and drops following reverse stock splits. The returns of lower-priced stocks also respond more strongly to firm-specific news events, all else equal. The economic magnitudes are large: a doubling in a stock's nominal price is associated with a 20-30% decline in its volatility, beta, and return response to firm-specific news. These patterns are not exclusive to small, illiquid stocks; they hold even among the largest stocks. Non-proportional thinking can explain a variety of asset pricing anomalies such as long-run and short-run reversals, as well as the negative relation between past returns and volatility (i.e., the leverage effect). Our analysis also shows that the well-documented negative relation between risk (volatility or beta) and size is actually driven by nominal prices rather than fundamentals.


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Registro de encontros com partes interessadas

Como resolver uma situação quando um membro de uma entidade tem algum envolvimento com uma parte interessada? Uma primeira solução é evidenciar claramente esta relação. Parece que é isto que a Fundação IFRS, que cuida das normas internacionais de contabilidade, pretende fazer a partir do final de 2019. A Fundação anunciou que haverá um registro público do envolvimento dos membros do Iasb com partes interessadas. Isto deve aumentar a transparência e a "demonstrar a independência dos membros do Board".

O registro incluirá somente encontros com duração superior a 30 minutos, com informações sobre a data, nome da organização, localização e finalidade. A iniciativa decorreu de um relatório da Comissão Européia (copia aqui) que constatou que quando um membro da Fundação tinha encontros com stakeholders nenhum registro formal era mantido. É interessante que este documento "lembrava",  no seu apêndice 2, que a Comissão Europeia era o segundo maior financiador da Fundação IFRS (após as Big Four).

É inocente supor que a mera divulgação dos encontros seja suficiente para impedir conflitos de interesse. Existe um velho ditado que diz "A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta".

Imagem: Pompeia, a mulher de César.

Rir é o melhor remédio


25 julho 2019

Como aumentar o rating no Xadrez: método Carlsen

Enquanto uns conseguem aumentar o desempenho usando as regras ou por trapaça, veja a evolução do rating de Magnus Carlsen:
Depois de atingir um bom desempenho em 2015, o campeão norueguês teve uma redução no rating, chegando perto dos 2820 e bem abaixo do seu máximo. Mas o ano de 2019 tem sido glorioso para ele. Recentemente ele venceu um torneio de Zagreb, com seis empates e cinco vitórias. Em 190 dias, ele ganhou 54 partidas, empatou 55 e perdeu somente três. Os últimos oito torneios que participou, ele venceu ... oito.

Cowen, do blog Marginal Revolution, economista e ex-jogador de xadrez, afirmou que Carlsen está melhor nas aberturas que seus oponentes pela primeira vez na carreira.  Mas a estratégia dele é surpreendente:

Outros grandes mestres preparam a abertura na esperança de conseguir uma vantagem antecipada sobre seus oponentes. A preparação de Magnus, em contraste, é direcionada para alcançar uma desvantagem inicial no jogo, talvez disposta a tolerar até -0,5 ou -0,6 pelos padrões do computador ... No entanto, essas são posições "fora do livro" onde Magnus, no entanto, sente que pode superar seu oponente

Ou seja, ele busca o desconhecido. É bem verdade que a opinião de Cowen não é unânime.

Mas o próprio Carlsen cita que busca a inspiração no AlphaZero, um programa desenvolvimento originalmente para jogar Go e que foi adaptado para jogar xadrez também.

Como aumentar o rating no Xadrez: lição de Rausis

A figura acima mostra a incrível evolução no rating de xadrez de Igors Rausis. Até meados de 2013 seu rating era em torno de 2500. Desde então, seu desempenho aumentou consideravelmente, chegando perto da barreira dos grandes jogadores, os 2.700 pontos. É bem verdade que o rating de xadrez rápido e blitz, onde o jogador tem menos tempo para jogar, não mudou muito nos últimos anos.

O surpreendente é que Rausis tem 58 anos de idade. Nesta idade, poucos jogadores possuem um desempenho tão expressivo. Entre os jogadores com mais de 2700 pontos, o ex-campeão Anand é o mais velho, com 49 anos. Qual o segredo de Rausis?

Duas respostas possíveis. A primeira é que ele aproveitou uma regra do xadrez para fazer pontos. Quando um jogador de melhor nível joga com um muito ruim, a regra da confederação de xadrez manda contar como se a diferença entre os jogadores fosse de 400 pontos. Se um jogador de 2500 joga com outro de 1700 (um rating de um diletante, como eu), provavelmente o jogador de 2500 irá ganhar. Só que se calcula como se a partida estivesse sendo jogada entre um jogador de 2500 versus 2100. Parece que Rausis disputou muitos torneios fracos e usou esta regra para aumentar seu rating.

A segunda explicação também ajuda a entender o bom desempenho no xadrez normal contra o xadrez mais rápido: Rausis foi pego usando um celular no banheiro. Ou seja, trapaceando. Eis uma imagem de Rausis:
Depois da notícia, um jogador chegou a afirmar nas redes sociais que não estava surpreso.

Mais um mês decepcionante no mercado de trabalho

O Ministério do Trabalho divulgou os dados do mercado de trabalho formal no Brasil para junho. Enquanto a economia teve um desempenho positivo, criando mais vagas que existiam no mês anterior, o setor contábil, que inclui os profissionais que trabalham como técnico, escriturário, contador e auditor, aconteceu o inverso. O gráfico mostra em azul o comportamento ao longo do tempo do setor contábil. Em vermelho, para fins comparativos, o desempenho da economia como um todo.
Enquanto a economia encontra-se em um processo de lenta recuperação da maior recessão da nossa história, o mesmo parece não ocorrer com a contabilidade. A distância entre as linhas está aumentando cada vez mais. Assim, a recessão continua castigando a área contábil. Mas será que é só a recessão?

A tabela mostra o comparativo entre junho de 2019 e o ano anterior. É possível perceber que nenhuma das classificações apresentadas ficaram isentas do desempenho ruim de junho.

Viés de publicação