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28 novembro 2018

Transparência no BNDES

Um texto da BBC comenta sobre a transparência do BNDES (publicado aqui). Isto coincidiu com uma frase, polêmica, do seu presidente que disse que o banco seria o mais transparente do mundo. No mapa de risco do TCU (via aqui) a instituição aparece bem, com fragilidade de controle de fraude e corrupção próximo da fronteira do “baixa”. (Mas é estranho a escala do poder econômico neste mesmo mapa)

O texto da BBC lembra a polêmica passada do BNDES com o TCU e o fato do banco ter sido um assunto bastante comentado da campanha eleitoral.

A resposta simples é que o banco, de fato, mantinha muitos dados em segredo e se recusava a fornecer informações. Mas isso mudou a partir de 2015, após grande pressão da imprensa e de órgãos de controle. Desde então, o BNDES divulga detalhes sobre seus empréstimos - não só os atuais, mas também os passados, englobando as operações feitas durante os governos do PT.

"O BNDES está sendo muito sincero e transparente sobre o que está acontecendo no banco. Por incrível que pareça, o BNDES está hoje até mais avançado que outros bancos internacionais", explica Sérgio Lazzarini, economista do Insper, que estuda a relação entre os setores público e privado e analisa dados do banco há mais de uma década.

Um exemplo do que o BNDES divulga, e outros bancos públicos de desenvolvimento não costumam revelar, são os próprios contratos de financiamento relacionados a obras no exterior.

O Tribunal de Contas da União (TCU), órgão federal que fiscaliza as contas públicas, diz que passou a receber do banco "todas as informações que lhe foram requisitadas" - diferentemente do que ocorria antes de 2015, quando "diversas informações e documentos solicitados pelo tribunal eram negadas pelo BNDES".

(...) A BBC News Brasil consultou os sites de outros bancos públicos de desenvolvimento, como o CDB, da China, e o KfW, da Alemanha, e não encontrou o volume de dados que está disponível no site do BNDES.

É um artigo interessante, que apresenta alguns aspectos importantes sobre as mudanças recentes. Mas acho que cabe mais discussão sobre o tema.

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

27 novembro 2018

Fim da PPP?

O fracasso chamado Carillion provocou outra baixa, na parceria pública-privada (PPP):

A pedido das empresas sediadas em Londres, o modelo (PPP) foi exportado para todo o mundo. Agora, duas décadas e meia depois, o Reino Unido tornou-se o primeiro país a descartá-lo oficialmente.


Existe um problema contábil neste caso:

O governo britânico tem usado por décadas a fraude financeira para manter muitos dos seus passivos atuais fora do balanço. Em 2011, o Parliamentary Treasury Select Committee solicitou ao Tesouro a trazer a PPP para o balanço, “garantindo que a PPP não seja usada para contornar os limites do orçamento”. Foi ignorado. E, assim como aconteceu com a Enron, ao fazê-lo, o governo poderia estar acumulando sérios custos e problemas de fluxo de caixa para o futuro.

Mapa de Risco no Setor Público

O TCU lançou onde um mapa de exposição a Fraude. Conforme a entidade:

Os dados coletados possibilitaram a construção de mapa de risco, um dos principais produtos desse trabalho. Ele está dividido em quatro áreas, identificadas pelas cores verde (baixa exposição), amarela (média exposição), laranja (alta exposição) e vermelha (altíssima exposição). O posicionamento do órgão ou instituição em uma dada faixa permitirá análises sobre o seu grau de exposição a fraude e corrupção, bem como avaliar quais controles precisam de aprimoramento.


Segundo o TCU:

O mapa não dever ser considerado como ranking entre as instituições e não apresenta indícios de irregularidades, nem ocorrência de casos concretos. O que se apresenta é o grau de exposição ao risco de fraude e corrupção, considerando a metodologia aplicada, sendo diretamente proporcional ao seu poder e a fragilidade dos seus controles preventivos e detectivos. Assim, o Tribunal oferece uma ferramenta para que as instituições possam aprimorar os controles e aperfeiçoar a gestão de risco.


O mapa pode ser encontrado aqui . A seguir o resultado a FUB, minha instituição, para o quesito de auditoria interna:

Segundo o TCU, a FUB tem alta exposição ao risco neste quesito. Observe agora a figura abaixo. É sobre o controle de fraude e corrupção:
No canto superior esquerdo, a Petrobras. Segundo o TCU, a empresa possui alta exposição neste quesito. Preocupante.

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

26 novembro 2018

Workshop: Economia da Informação

Durante o 4o. Congresso da UnB terei a oportunidade de falar sobre Economia da Informação. Minha exposição estará dividida em cinco tópicos:

1) Introdução - Nesta parte irei mostrar as razões para estudar a informação e como tem sido, a Economia da Informação, um campo promissor de pesquisa.

2) Quantidade e Produção da Informação - irei  tratar de aspectos práticos da informação, tratando como um produto como outro qualquer. A questão do custo, da quantidade produzida, da exclusividade, do custo de reprodução serão discutidas aqui. Isto termina por afetar a quantidade de informação produzida no mundo de hoje.

3) Usuário - Como consequência da estrutura de custo e dos aspectos produtivos, a elevada quantidade de informação gera uma sobrecarga de informação.

4) Sinalização, Seleção Adversa e Risco Moral - aqui irei tratar dos aspectos típicos de uma disciplina de Economia da Informação. Estes três conceitos, além da triagem, ajudam a explicar muitos aspectos importantes na contabilidade. Também abordarei o princípio da dissimulação custosa e da evidenciação plena.

5) Tecnologia - a tecnologia tem exercido um profundo impacto sobre a vida atual. Isto inclui aspectos como economia da atenção, Dunning-Kruger, aversão à informação, sociedade do conhecimento etc.

Para quem estiver no Congresso, será um boa oportunidade de trocar algumas ideias sobre estes temas.

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Enquanto isto na internet

25 novembro 2018

Emprego no setor contábil

Neste final de semana, o MTE disponibilizou as informações sobre o mercado de trabalho formal de outubro no Brasil. Usando estes dados, o blog coletou a informação sobre o que ocorreu com os escriturários, os técnicos em contabilidade, os contadores e os auditores. Em outubro, foram contratados 9.145 profissionais e demitidos 9.439. Isto significa uma redução na quantidade de vagas de 294. Em termos acumulados, no ano foram criados 2.109 novas vagas, por conta do desempenho de janeiro, março e julho. Nos demais meses, o número de demitidos foram superiores aos de admitidos. Considerando janeiro de 2014 como base, o número de demitidos superou em 40.574 o de admitidos.

O gráfico acima compara o histórico recente do emprego na economia como um todo (dividido por cem) e do setor contábil. É nítido a crise econômica até 2017; a partir daí, o mercado formal de empregos no Brasil começou a recuperar, gerando 537 mil novas vagas. É a linha vermelha do gráfico. Mas parece que a crise continuou no setor contábil, a linha azul do gráfico, já que no mesmo período foram 8.785 vagas destruídas.

Em outubro, as demissões foram maiores entre as mulheres, quem tinha o curso médio e escriturários. Somente entre aqueles com curso superior o saldo de movimentação foi positivo: 261. Por sinal, desde janeiro de 2017, o saldo para aqueles com melhor educação (curso superior completo) foi 3.196 positivo.

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Dica: Ducineli (e também do grupo dos blogueiros contábeis)

24 novembro 2018

E a abertura de capital da Aramco?

Há meses fizemos diversas postagens sobre a possibilidade de venda de parte do capital da Aramco. Para quem não sabe, a Aramco é a empresa de petróleo estatal da Arábia Saudita, totalmente controlada pelo seu governo. O governo do país anunciou a intenção de vender 5% das ações da empresa com dois objetivos: garantir recursos para financiar projetos de desenvolvimento do país no futuro e, talvez, modernizar a empresa.

A venda das ações enfrenta vários desafios. A necessidade de informar aos investidores sobre o desempenho da empresa. Atualmente a contabilidade desta empresa não está disponível e a evidenciação é necessária para que os analistas possam estudar quanto vale a parcela que será vendida. Como consequência, a empresa deve escolher a base de mensuração, se o US GAAP ou IFRS. Na realidade esta escolha dependerá em que bolsa as ações serão comercializadas. Outro ponto importante é resolver a questão fiscal: atualmente a carga tributária da empresa é muito alta e o governo deve alterar as normas tributárias.

Mas nos últimos meses, parece ter reduzido a possibilidade de abertura do capital da empresa. Alguns fatores podem explicar isto:

a) O preço do petróleo aumentou, o que reduz a necessidade de captar recursos por parte do governo saudita
b) A morte do jornalista saudita na Turquia, provavelmente a mando de bin Salman, fez aumentar a percepção do país e do herdeiro, principal incentivador da abertura do capital
c) O fato de que os analistas parecem não concordar com a avaliação de 2 trilhões da empresa, o que significa que o volume a ser captado será menor que o imaginado pelo regime saudita
d) Talvez dificuldades internas, normais em uma empresa estatal.

A Bloomberg publicou recentemente um texto sobre as dificuldades da oferta de ações. WolStreet comentou, anteriormente, sobre o assunto, dizendo que a IPO está destinada ao fracasso.

Leia também: quanto vale a Aramco, confusões sobre a IPO, governança e valor de mercado, o perigo da evidenciação, a IPO será cancelada?

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

23 novembro 2018

Concentração no mercado de auditoria

Os gráficos mostram a participação das grandes empresas de auditoria nos principais mercados de valores da Europa.Em quase todos eles a participação é acima de 70%. E este percentual tem se alterado muito pouco nos últimos anos. Veja o caso do mercado escandinavo, onde mais de 80% das empresas são auditadas pelas Big Four.
A França parece ser uma exceção, já que a participação das Big Four é de 50% e parece estar diminuindo. Pelo menos duas outras grandes empresas são atuantes neste mercado: Mazar e Grant. Isto pode ser em razão de uma questão cultural, mas as regras de atuação no setor também ajudam.
A seguir o mercado italiano, alemão e londrino.