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31 agosto 2014

Mestre das Finanças: Entrevista com Paul Samuelson

Testando População na Auditoria

Um alto funcionário da KPMG defendeu, na revista Forbes (The Future of Audit, James Liddy), que as auditorias, que hoje testam pequenas amostras de transações para extrapolar para o universo dos dados, podem, no futuro, examinar 100% das transações:

Today, in many cases we perform procedures over a relatively small sample of transactions – as few as 30 or 40 – and extrapolate conclusions across a much broader set of data. In the future, using high powered analytics, auditors will have the capacity to examine 100 percent of a client’s transactions. We will be able to sort, filter and analyze tens of thousands or millions of transactions to identify anomalies, making it easier to focus in on areas of potential concern and drill down on those items that may have the highest risks.

Realmente uma ideia ousada na auditoria.

O brasileiro é conservador?

O que é aceitável ou não para as pessoas? Isto depende do lugar onde você mora. Uma pesquisa com mais 40 mil pessoas, de 40 países diferentes, incluindo o Brasil, questionou as pessoas sobre temas polêmicos: casos fora do casamento, jogo, homossexualidade, aborto, sexo antes do casamento, consumo de álcool, divórcio e uso de contraceptivos. As respostas variaram de acordo com o país.

O Brasil pode ser considerado, em geral, um país nem conservador nem liberal. Os brasileiros responderam contrários a ter um caso fora do casamento, o jogo, o aborto e o uso de álcool (!); as respostas obtidas nestes itens foram superiores do que a média mundial. Mas foram mais liberais nas restrições a homossexualidade, o sexo antes do casamento, o divórcio e o uso de contraceptivos.

30 agosto 2014

Rir é o melhor remédio



Mistura de capa de revista com pinturas clássicas

Fato da Semana

Fato: A perda de Massayuki Nakagawa

Qual a relevância disto? O professor Massayuki não jogava para plateia, mas foi importante para a contabilidade brasileira em pelo menos dois pontos. Em primeiro lugar, pelo pioneirismo em defender o custeamento por atividades, logo após seu surgimento nos Estados Unidos. Não é preciso dizer que este método de custeio foi a grande inovação dos últimos anos na área de custos. Como presenciei este momento, posso dizer que esta defesa não foi fácil, já que existiam proponentes de sistemas alternativos dominando o pensamento acadêmico de então. Obviamente que este papel o conduziu na liderança da Associação Brasileira de Custos.

Em segundo lugar, pelo papel na comissão de especialistas do MEC, que na década de noventa reformulou o ensino de contabilidade no Brasil.

Pouco a escrever. Muito a lamentar.

30 maiores bilionários do Brasil

A revista americana Forbes divulgou ontem (27/08) uma nova lista com os maiores bilionários do Brasil em 2014. No topo, de novo, está Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do país. O empresário, que possui uma fortuna avaliada em R$ 49,85 bilhões, criou o fundo de private equity 3G Capital.
Em segundo e terceiro lugar estão Joseph Safra, co-fundador do banco que leva seu sobrenome, com uma fortuna avaliada em R$ 35,98 bilhões, e Marcel Herrmann Telles companheiro de Lemann na 3G com R$ 25,58 bilhões.
Apenas quatro mulheres aparecem entre os 30 mais ricos. Maria Helena Moraes Scripilliti (17º) é quem tem a maior fortuna, de R$ 7,33 bilhões. Ela é filha de José Ermírio de Moraes, fundador do Grupo Votorantim, que faleceu na última segunda-feira (25/08). Veja a lista completa aqui:
NomeFortuna
Jorge Paulo LemannR$ 49,85 bilhões
Joseph SafraR$ 35,98 bilhões
Marcel Herrmann TellesR$ 25,58 bilhões
Carlos Alberto SicupiraR$ 22,30 bilhões
Roberto Irineu MarinhoR$ 15,93 bilhões
José Roberto MarinhoR$ 15,86 bilhões
João Roberto MarinhoR$ 15,86 bilhões
Marcelo Bahia Odebrecht & famíliaR$ 14 bilhões
José Batista Sobrinho & famíliaR$ 11,92 bilhões
10ºFrancisco Ivens de Sá Dias BrancoR$ 10,99 bilhões
11ºWalter FariaR$ 9,80 bilhões
12ºAndré EstevesR$ 9,55 bilhões
13ºEduardo SaverinR$ 9,52 bilhões
14ºErmírio Pereira de MoraesR$ 9,15 bilhões
15ºAbilio dos Santos DinizR$ 8,90 bilhões
16ºAloysio de Andrade FariaR$ 7,52 bilhões
17ºMaria Helena Moraes ScripillitiR$ 7,33 bilhões
18ºPedro Moreira SallesR$ 7,17 bilhões
19ºJoão Moreira SallesR$ 7,17 bilhões
20ºFernando Roberto Moreira SallesR$ 7,17 bilhões
21ºWalter Moreira Salles JúniorR$ 7,17 bilhões
22ºDavid Feffer & famíliaR$ 6,93 bilhões
23ºMiguel KrigsnerR$ 6,45 bilhões
24ºRegina de Camargo Pires Oliveira DiasR$ 6,27 bilhões
25ºRosana Camargo de Arruda BotelhoR$ 6,27 bilhões
26ºRenata de Camargo Pires Oliveira DiasR$ 6,27 bilhões
27ºEdson de Godoy BuenoR$ 5,79 bilhões
28ºCesar Beltrão de Almeida & famíliaR$ 5,58 bilhões
29ºNevaldo Rocha & famíliaR$ 5,36 bilhões
30ºAntonio Luiz SeabraR$ 5,05 bilhões

Sebastião Salgado

Fotografias de Sebastião Salgado: Gênesis








29 agosto 2014

Massayuki Nakagawa


Massayuki Nakagawa foi meu professor durante o doutorado. Recordo bem quando, após uma apresentação de um trabalho para sua disciplina, nos aconselhou a aproveitar devidamente o tempo disponível - ainda faltavam dez minutos. O trabalho apresentado deveria ter duas horas de apresentação.

Depois fomos colegas na comissão de especialistas do Ministério da Educação (MEC) responsável pela mudança na estrutura curricular, incluindo a obrigatoriedade da disciplina de Teoria da Contabilidade. Ele convidou doutores jovens para compor esta comissão e permitia uma discussão livre e inclusiva dos assuntos. O incentivo a participação de todos era estimulante.

Minha admiração por sua trajetória cresceu em razão das suas posições firmes: quando todos na sua universidade eram partidários xiitas de certo sistema de custo, Massayuki ousou defender o ABC. Formou-se em Contabilidade pela Fecap em 1952, tendo concluído o mestrado em 1976 e o doutorado em 1987. Foi chefe de Departamento de Contabilidade da USP.

Quando montamos o curso com a UFRN e UFPB, Massayuki sempre esteve presente nos convites de banca. Jovem, eternamente jovem.



Pena.


Massayuki Nakagawa 1928-2014

Rir é o melhor remédio





Zoey e Jasper

Curso de Contabilidade Básica: O lado direito

Quando a contabilidade prepara as demonstrações contábeis, o usuário pode fazer destas informações “o que bem entender”. Ou seja, o usuário pode, por exemplo, mudar as contas de lugar. Vamos mostrar como isto ocorre com o capital de terceiros. Parte deste passivo é proveniente das operações da empresa. É o caso dos fornecedores, de salários a pagar, de impostos a pagar, entre outras contas. E existem os empréstimos e financiamentos, que irão gerar despesas financeiras, e dizem respeito a decisão de captação de recursos. Assim, alguns analistas consideram adequado considerar no lado direito do “seu” balanço somente os empréstimos e financiamentos. E o que é feito das outras contas do passivo? Estes analistas “reclassificam” como se fosse uma subtração do ativo.

Veja o balanço patrimonial da Marcopolo, uma empresa que atua na área de transportes. Destacamos na figura os empréstimos e financiamentos, de curto e de longo prazo.  Os demais valores seriam “transferidos” para o ativo com o sinal negativo.

Com isto, o lado direito ficaria da seguinte forma:

Empréstimos e Financiamentos de Curto Prazo = 382.831
Empréstimos e Financiamentos de Longo Prazo = 1.490.414
Patrimônio Líquido = 1.481.624
Participação dos não controladores = 18.408
Total = 3.373.277


Ou seja, reduziu o lado direito em 680.803. O valor do ativo seria subtraído também neste valor. Observe que esta alteração no balanço para fins de análise modifica uma série de índices, como o endividamento. Mas ideia aqui é considerar no passivo somente aquilo que gera despesa financeira.  Pode parecer estranho, mas quanto mais usamos um instrumento, maior a chance de querermos customizá-lo. 

Desvendando o lucro do BNDES

O real resultado do BNDES
Sérgio Lazzarini *
O Estado de S.Paulo, 27 de agosto de 2014

O BNDES reportou um lucro recorde de R$ 5,4 bilhões referente ao primeiro semestre deste ano, valor 67,8% superior ao obtido em 2013. Ao cidadão sem tempo para entrar nos detalhes do que gerou esse resultado, a impressão que fica é de um banco público de extraordinário desempenho e que refuta, com seus resultados, as críticas à acelerada expansão das suas operações nos últimos anos. Ao cidadão que decide investigar os números, entretanto, a realidade é outra.

"A transparência é um dos princípios que o BNDES preza no seu relacionamento com a sociedade", diz um trecho da sua página de internet. De fato, na seção denominada relação com investidores, o cidadão pode ver detalhes das demonstrações financeiras e diversas explicações sobre os resultados.

Especificamente sobre o resultado do primeiro semestre de 2014, o banco atribuiu o lucro recorde, entre outros fatores, à melhoria no desempenho do seu braço de investimentos, o BNDESPAR, que aplica sua carteira em participações societárias de empresas, muitas delas negociadas em Bolsa, e outros ativos financeiros.

Na página, o banco conclui ressaltando "a boa gestão das operações da carteira da BNDESPAR". A afirmação, contudo, merece ressalvas, uma vez que no primeiro semestre de 2013 o próprio relatório do BNDESPAR reportou perda de valor de sua carteira, que impactou negativamente o resultado naquele período. Essa mesma provisão para perda já havia ocorrido ao longo de 2012. Ao comentar o mau resultado daquele ano, o banco pôs a culpa no mercado, dizendo que sua carteira é "sensível a mudanças na situação econômica do País e do mundo".

E o que o fez o resultado do último semestre melhorar? A resposta está no próprio mercado: enquanto a Bolsa despencou ao longo do primeiro semestre de 2013, o inverso ocorreu este ano, permitindo ao banco reduzir as provisões para perda de valor dos seus ativos. Ou seja: quando sua carteira vai mal, o BNDES põe a culpa no mercado; quando vai bem, o mérito é da sua "boa gestão"! Ironicamente, o que acabou animando o mercado acionário neste ano foi justamente a queda de popularidade do atual governo, controlador do BNDES, aumentando as chances de segundo turno nas eleições.

Ainda seguindo com a sua explicação sobre o resultado do semestre, o BNDES diz que "outro fator que influenciou positivamente o lucro de junho foi o aumento de 19,3% do resultado de intermediação financeira". Essa rubrica engloba os repasses de crédito do BNDES e o resultado de rendimentos dos seus ativos. Porém, do total de receitas consolidadas com intermediação financeira no período, R$ 8,4 bilhões vieram não das operações de repasse de crédito em si (a atividade central do banco), mas de aplicações em títulos e rendas com operações vinculadas ao Tesouro. Esses itens representaram nada menos que 43% das receitas com intermediação do banco.

O que são essas operações? Como todo banco, o BNDES tem ativos e pode aplicá-los no mercado, rendendo juros. Não menos importante, como já detectado por especialistas em contas públicas como Mansueto Almeida e José Roberto Afonso, parte dos títulos do BNDES é de transferências do próprio governo, que se tem endividado para capitalizar o banco. Ocorre que o governo empresta ao BNDES dinheiro atrelado a uma taxa subsidiada, a TJLP, atualmente em 5% ao ano, muito inferior às taxas de mercado. E o contexto foi mais uma vez favorável: a taxa de referência do mercado, a Selic, saltou de 7,25% para 11% ao ano do começo de 2013 para cá.

Com isso, o governo se endivida e repassa ao BNDES ativos que rendem muito mais que a taxa subsidiada do governo. Ao aumentar o lucro da sua controlada, o governo pode, então, usar parte desse lucro como dividendos e inflar o seu superávit. Convenhamos: com tantas manobras, fica difícil de acreditar que a atual gestão do BNDES e o seu controlador realmente tenham transparência como um de seus pilares.

*Sérgio Lazzarini é professor titular do Insper, autor de 'Capitalismo de Laços' e de 'Reinventing State Capitalism'. Email: sergiogl1@insper.edu.br -

Frase

"evitar que se escondam informações relevantes [à sociedade]".

Vânia Borgerth, assessora em Contabilidade e Transparência do Mercado do BNDES, sobre a metodologia proposta pelo relato integrado, ao Valor Econômico. O BNDES está sendo obrigado a divulgar informações sobre empréstimos realizados.