Eu escrevi essa postagem para me lembrar de votar porque confesso que ano passado fui deixando para depois e... o depois não ocorreu. Veio sim uma bela multa (porque eu também nem justifiquei, foi o danado do depois) e a demora do Conselho em reconhecer que eu já tinha pago pelo meu erro.
Então vamos lá: preparação para votarmos online por uma contabilidade melhor. Sim! Tudo ajuda a nossa ciência a ser melhor. especialmente quem irá atuar nos conselhos. Não votem em quem tem uma conta no Instagram ou apareceu na sua sala e pediu voto. Entre nos sites de cada CRC, procure mais informações sobre cada chapa. Divulgue entre seus amigos, promovam a conscientização!
Por CRCs que se consolidem em um CFC que não me envie e-mail machistas... ou feministas! Por mais benefícios, cursos e crescimento, menos eventos em cruzeiros e ilhas paradisíacas. Por um grupo de contadores que lute com honra pela nossa profissão, pelo reconhecimento devido de nossas qualidades. Sempre um pouco mais.
Mas para isso o mais importante é não esquecer de votar, né Isabel!? ;) Ao menos fazemos do conforto do nosso lar e não mais temos que enfrentar filas no Mané Garrincha (aqui em Brasília).
19 novembro 2013
18 novembro 2013
História da Contabilidade no Brasil: Reavaliação
Em meados do século XX iniciou-se a mensuração do processo de
inflação no Brasil. A inflação de 1945 chegou a 11%. No ano seguinte chegou a
22%, tendo recuado no ano seguinte. O gráfico a seguir mostra a evolução da
inflação no período, mostrando que a variação de preço era elevada no período,
embora sem atingir 100% no triênio.
A evolução dos preços trouxe preocupação sobre os balanços
das empresas, especialmente as indústrias. É bom lembrar que o Brasil viveu um surto de industrialização durante o governo Vargas.
Em 1942, um artigo publicado no O Observador Econômico e
Financeiro (I), a partir de um estudo realizado pela Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo, analisava a subavaliação das instalações industriais em
razão do caráter familiar das empresas, a acumulação dos lucros e a não
distribuição e a desvalorização da moeda. Com respeito a este último item (II):
A desvalorização da
moeda é um fenômeno internacional, para não dizermos universal; o seu processo
aumentou evidentemente, o valor monetário das instalações, refletindo, por
conseguinte, numa sub-avaliação das instalações em relação ao capital
nominalmente representado [grafia da época].
Mais adiante o texto comenta o efeito deste problema:
(...) com a vigência
da sub-avaliação os fundos destinados à amortização não correspondem às
necessidades, uma vez que é em percentagem menor que à realmente necessária
Como solução possível para este problema tem-se a
reavaliação
Dentre as vantagens
que adviriam de uma reavaliação das instalações e capitais, enumeram-se as
econômicas e as fiscais
É interessante notar que o texto comenta a necessidade de
reavaliação de parte do longo prazo e do capital. Trinta e quatro anos depois,
através da Lei 6.404, foi criado em mecanismo de correção para estas contas.
Em 1945 a Companhia Cervejaria Bohemia, na sua assembleia
extraordinária de final de ano, deliberou sobre o lado “dos peritos, relativo a
reavaliação do ativo social e resultado da subscrição do aumento de capital,
bem como demais atos relativos ao referido aumento” (III).
Em 1947 o legislativo brasileiro analisa a proposição 207,
que criava um imposto sobre a reavaliação do patrimônio imobilizado das
sociedades, para os ativos adquiridos antes de 1942 (IV). Esta discussão era
principalmente de ordem tributária: aumentava-se a arrecadação ao reconhecer os
efeitos da desvalorização da moeda. O senado fez emendas a proposta e a câmara
negou no final de novembro (V). Nas discussões que ocorreram, gostaria de
destacar a seguinte contribuição do senador Roberto Simonsen:
Conhecendo a resolução
de S. Exa de fazer incluir na reforma do imposto de renda um dispositivo
facilitando a reavaliação dos ativos, coloquei-me com convicção ao seu lado.
E que ela traduz uma
legítima aspiração das classes produtoras do Brasil, que aliam, neste momento,
as múltiplas dificuldades que se apresentam ao seu progresso e ao seu
desenvolvimento, o embaraço oferecido pela atual legislação do imposto de
renda, quando, em sua rigidez, não
distingue a constância dos bens patrimoniais das variações da sua expressão
monetária.
Devido à
desvalorização do poder aquisitivo interno da moeda, todos os valores internos
vêm sofrendo acentuada valorização monetária, principalmente a partir de 1942.
Esta circunstância vem
sendo reiteradamente reconhecida pelo Govêrno e pelo Congresso, quando examinam
o reajustamento dos vencimentos dos funcionários públicos, e pela justiça do
trabalho, no exame das questões relacionadas com o reajustamento dos salários.
Ora, o proprietário de
uma parte de capitais imobilizados em empreendimentos agrícolas comerciais e
industriais, não têm a sua participação no patrimônio da emprêsa aumentada pela
simples reavaliação desta em signos monetários, no balanço da emprêsa. A sua
participação continua a mesma. No entanto, pela legislação do impôsto de renda,
antes da Lei Vidigal, simples majorações de caráter meramente contabilístico –
porque os bens patrimoniais continuavam os mesmos – eram considerados como
rendimentos reais e como tais tributadas. Em consequência, as empresas não efetuavam,
em geral, a reavaliação dos seus ativos, com serios inconvenientes para a
economia nacional. (VI)
No final de novembro foi aprovada a lei 154, sancionada pelo
presidente da República (VII), com a derrota da visão de Roberto Simonsen. Afinal,
o problema não foi resolvido, como atesta o seguinte trecho (VIII):
A desvalorização da
moeda (...) tem feito com que o capital de quase tôdas as sociedades comerciais
esteja em desproporção completa com o seu valor real e atual. Prédios e
fábricas, adquiridos em anos passados, por preços então razoáveis, representam,
na moeda atual, quantias muito superiores àquelas que foram escrituradas nos
livros na ocasião de sua aquisição e que até hoje continuam na mesma base.
A causa principal da
falta de atualização dêsses valores tem sido o dispositivo do regulamento do
impôsto de renda, que tributa, como se renda fôsse, a diferença de cifras
apuradas na reavaliação. Disposição espúria (...) que taxa como renda aquilo
que na realidade é capital, porque, com o correr dos anos, a fábrica não se
alterou; ela é sempre a mesma.
Assim, apesar de existir na legislação brasileira da época a
possibilidade de reavaliação, a tributação do valor corrigido era um inibidor
poderoso. A Lei 1474, de 1951, permitia que os aumentos de capital das
sociedades comerciais realizados por meio da reavaliação dos ativos
imobilizados, constituídos até fins de 1946, ficariam isentos de tributação
(IX). Isto provocou um grande aumento nas emissões de capital (X) naquele
período.
É muito difícil dizer se o procedimento de reavaliação era
algo comum naqueles dias. Encontrei diversos casos de empresas que fizeram a
reavaliação dos seus ativos: Indústria Sul Americana de Metais (XI),
Metalúrgica São Francisco (XII) e Eternit (XIII).
(I) Sub-avaliação das Instalções industriais. O Observador
Econômico e Financeiro, ed 79, p. 188, 1942.
(II) Este trecho e os demais logo a seguir são originários
de Sub-avaliação das Instalções industriais. O Observador Econômico e
Financeiro, ed 79, p. 188, 1942.
(III) Ata publicada no Correio da Manhã, 26 de março de
1946, ed 15764, p. 8. O laudo foi realizado por dois engenheiros civis e um
topógrafo e foi aprovado.
(IV) Correio da Manhã, 13 de novembro de 1947, ed 16267, p
3. Nesta data o senado fez emendas a proposta.
(V) Correio da Manhã, 25 de novembro de 1947, ed 16277, p.
14.
(VI) Correio da Manhã, 27 de novembro de 1947, ed 16279, p.
3. Grifo nosso.
(VII) O Estado de S Paulo, 29 de novembro de 1947, ed.
22251, p. 7.
(VIII) Homens de Empresas contra o Legislativo e o
Executivo. O Observador Econômico e Financeiro, ed 187, 1951, p. 105. Grafia da
época.
(XI) O Observador Econômico e Financeiro, ed 206, 1953, p.
107.
(X) O Observador Econômico e Financeiro, ed 207, 1953, p.
93. Diversas mudanças na legislação do imposto de renda aconteceram no período,
incluindo a Lei 2862 de 1956.
(XI) O Estado de S Paulo, 25 de junho de 1948, ed. 22425, p.
14.
(XII) O Estado de S Paulo, 25 de janeiro de 1947, ed. 21990,
p. 11.
(XIII) O Estado de S Paulo, 20 de novembro de 1956. Ed.
25016, p. 30.
História da Contabilidade: bancos que não existem
Nas minhas pesquisas, encontrei esta notícia interessante:
O escândalo dos depósitos das instituições de previdência em bancos e casas bancaria, por injunções políticas volta a baila. A “Tribuna da Imprensa” divulga hoje que nada menos de 52 milhões de cruzeiros, arrecadados dos contribuintes do IAPETEC foram criminosamente depositados em bancos falidos, alguns já em período de liquidação extrajudicial. E o que é mais grave, tais depósitos foram “realizados” até em bancos fictícios, cujos nomes passaram a figurar na contabilidade daquele instituto apenas para o efeito de encobrir o rombo de administrações inescrupulosas.
O Estado de S Paulo, 4 de julho de 1956, ed. 24898, p. 2
O IAPETEC era o antigo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas, criado pelo Decreto-Lei n° 651, de 26 de agosto de 1938, que posteriormente deu origem ao Instituto Nacional de Previdência Social.
O escândalo dos depósitos das instituições de previdência em bancos e casas bancaria, por injunções políticas volta a baila. A “Tribuna da Imprensa” divulga hoje que nada menos de 52 milhões de cruzeiros, arrecadados dos contribuintes do IAPETEC foram criminosamente depositados em bancos falidos, alguns já em período de liquidação extrajudicial. E o que é mais grave, tais depósitos foram “realizados” até em bancos fictícios, cujos nomes passaram a figurar na contabilidade daquele instituto apenas para o efeito de encobrir o rombo de administrações inescrupulosas.
O Estado de S Paulo, 4 de julho de 1956, ed. 24898, p. 2
O IAPETEC era o antigo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas, criado pelo Decreto-Lei n° 651, de 26 de agosto de 1938, que posteriormente deu origem ao Instituto Nacional de Previdência Social.
História da Contabilidade: Livro Revoluciona as Partidas Dobradas
Um anúncio publicado em 1955 indicava o lançamento do livro
Contabilidade Brasileira. Como o anúncio afirma, “um problema milenar
solucionado em São Paulo”, escrito por Alvaro Mottola. Apesar de longo, o
anúncio indica pouco sobre o conteúdo da obra. Seria uma solução matemática do
método das partidas dobradas.
Tentei encontrar este livro na rede e não consegui. Algum
leitor deste blog teria acesso a esta obra?
Toque de Midas brasileiro
Glover Teixeira, estrela em ascensão no mundo das artes marciais mistas (MMA), foi embora do Brasil para treinar nos Estados Unidos. Quando perguntado por uma repórter sobre o porquê da mudança, ele disse que precisava de um pneu de trator, para treinar, que custa R$ 2 mil no Brasil. Nos Estados Unidos, o mesmo pneu custa cento e poucos dólares, e rapidamente estava à disposição dele para treinos.
Todo mundo sabe que tudo custa muito caro no Brasil, muito mais caro que no resto do mundo. Mas o que a história do Glover deixa claro é o custo social de se viver num país com essa condição. Imagine a quantidade de atletas que param de treinar ou não tornam competitivos porque os equipamentos são caros demais; a de meninos que não viram grandes pianistas, porque piano no Brasil custa três vezes o preço cobrado no resto do mundo; a de Airton Sennas que não passam de promessas, porque, no Brasil, um kart e seus custos de manutenção são 2,5 vezes maiores, e por aí vai.
Mas esse custo social invisível não se restringe a isso, há também um efeito toque de Midas muito ruim para a produtividade do país: quando alguém consegue fazer um produto entrar nas fronteiras do país, ele, instantaneamente, tem o valor de mercado duplicado ou triplicado. O contrabando torna-se extremamente lucrativo, e uma larga parcela da população deixa de usar seu potencial criativo e produtivo na produção de bens e serviços para tentar achar brechas no curral imposto pela Receita Federal, e lucrar com o efeito toque de Midas. Quem conhece a Feira dos Importados em Brasília sabe do que eu estou falando.
O fato é que não é por acaso que tudo no Brasil custa muito caro. Há toda uma arquitetura econômica deliberadamente construída que é responsável por isso. Do sistema tributário ao tamanho do setor público, da falta de concorrência em muitos setores à herança de uma mentalidade pró-substituição de importações (em que importar é intrinsecamente errado, e quem insistir no erro deve ser punido), tudo contribui para que o Brasil seja um país muito caro.
O Brasil tem quase que por tradição um imenso setor público, e uma pretensão de ter um Estado de bem-estar social à la países nórdicos, com saúde pública e educação universais, larga rede de proteção social etc. Tudo isso custa caro e tem que ser pago com impostos.
Com uma razão arrecadação/PNB se aproximando dos 40%, o Brasil fica bem acima de países como Chile (18,4%), México (17,4%) e Estados Unidos (24,1%) e bem próximo das vedetes mundiais de proteção social, como Noruega (42,9%) e Suécia (46,7%).
Mas, diferentemente desses países, que concentram a tributação em impostos diretos, sobretudo no Imposto de Renda, nosso sistema tributário ainda é típico de país terceiro-mundista, com altíssimo percentual de impostos indiretos no total da arrecadação. No Brasil, 48,4% do total arrecadado vem na forma de impostos indiretos, contra 27,5% na Noruega.
Mas se os impostos indiretos, como o IPI ou o ICMS, são exatamente aqueles que fazem os bens ficarem mais caros, e se há um enorme custo social no convívio com preços tão altos, por que, então, o Brasil não faz como o mundo desenvolvido e tributa mais a renda e menos os bens? Porque tributar os consumo de bens é muito mais fácil do que tributar a renda.
No Brasil, quase a metade do mercado de trabalho é informal. Uma maior tributação sobre a renda seguramente levaria a uma informalidade ainda maior. Mas, além disso, boa parte da metade que é formal não paga um único centavo de Imposto de Renda, porque cai na faixa de isenção, que vai de zero a aproximadamente R$ 1.600 mensais. Como esse é também o valor de nossa renda per capita, o indivíduo mediano simplesmente não paga IR no Brasil.
De um grupo selecionado de 100 países com alguma estrutura tributária civilizada, 45 não têm faixa de isenção alguma do Imposto de Renda. Dos 55 que têm isenção, o Brasil é um dos mais generosos, com uma razão limite de isenção do IR/renda per capita de 100%. Para efeito de comparação, na Noruega essa razão fica em torno de 6%; ou seja, quem ganha 6% da renda per capita já começa a pagar Imposto de Renda.
Então, como é possível sustentar um governo que gasta quase 40% do PNB, com uma arrecadação de tributos diretos insuficiente? Basta enfiar impostos indiretos nos bens que a população compra. Mas que fique tudo nebuloso, porque se ela souber o quanto paga de impostos quando vai às compras, seria capaz de sair às ruas revoltada em passeatas de protesto.
Enquanto isso, o efeito toque de Midas corre solto. Um borracheiro estava me dizendo que quem tem carros grandes, como picapes Hilux, S10 etc., tem ido até o Paraguai na hora de trocar os pneus. Um jogo custa R$ 4 mil no Brasil, contra R$ 1,7 mil no Paraguai. “Mas tem que cortar os cabelinhos do pneu, doutor, senão a Receita descobre que o pneu é novo e aí já era.”
Fonte: aqui
Todo mundo sabe que tudo custa muito caro no Brasil, muito mais caro que no resto do mundo. Mas o que a história do Glover deixa claro é o custo social de se viver num país com essa condição. Imagine a quantidade de atletas que param de treinar ou não tornam competitivos porque os equipamentos são caros demais; a de meninos que não viram grandes pianistas, porque piano no Brasil custa três vezes o preço cobrado no resto do mundo; a de Airton Sennas que não passam de promessas, porque, no Brasil, um kart e seus custos de manutenção são 2,5 vezes maiores, e por aí vai.
Mas esse custo social invisível não se restringe a isso, há também um efeito toque de Midas muito ruim para a produtividade do país: quando alguém consegue fazer um produto entrar nas fronteiras do país, ele, instantaneamente, tem o valor de mercado duplicado ou triplicado. O contrabando torna-se extremamente lucrativo, e uma larga parcela da população deixa de usar seu potencial criativo e produtivo na produção de bens e serviços para tentar achar brechas no curral imposto pela Receita Federal, e lucrar com o efeito toque de Midas. Quem conhece a Feira dos Importados em Brasília sabe do que eu estou falando.
O fato é que não é por acaso que tudo no Brasil custa muito caro. Há toda uma arquitetura econômica deliberadamente construída que é responsável por isso. Do sistema tributário ao tamanho do setor público, da falta de concorrência em muitos setores à herança de uma mentalidade pró-substituição de importações (em que importar é intrinsecamente errado, e quem insistir no erro deve ser punido), tudo contribui para que o Brasil seja um país muito caro.
O Brasil tem quase que por tradição um imenso setor público, e uma pretensão de ter um Estado de bem-estar social à la países nórdicos, com saúde pública e educação universais, larga rede de proteção social etc. Tudo isso custa caro e tem que ser pago com impostos.
Com uma razão arrecadação/PNB se aproximando dos 40%, o Brasil fica bem acima de países como Chile (18,4%), México (17,4%) e Estados Unidos (24,1%) e bem próximo das vedetes mundiais de proteção social, como Noruega (42,9%) e Suécia (46,7%).
Mas, diferentemente desses países, que concentram a tributação em impostos diretos, sobretudo no Imposto de Renda, nosso sistema tributário ainda é típico de país terceiro-mundista, com altíssimo percentual de impostos indiretos no total da arrecadação. No Brasil, 48,4% do total arrecadado vem na forma de impostos indiretos, contra 27,5% na Noruega.
Mas se os impostos indiretos, como o IPI ou o ICMS, são exatamente aqueles que fazem os bens ficarem mais caros, e se há um enorme custo social no convívio com preços tão altos, por que, então, o Brasil não faz como o mundo desenvolvido e tributa mais a renda e menos os bens? Porque tributar os consumo de bens é muito mais fácil do que tributar a renda.
No Brasil, quase a metade do mercado de trabalho é informal. Uma maior tributação sobre a renda seguramente levaria a uma informalidade ainda maior. Mas, além disso, boa parte da metade que é formal não paga um único centavo de Imposto de Renda, porque cai na faixa de isenção, que vai de zero a aproximadamente R$ 1.600 mensais. Como esse é também o valor de nossa renda per capita, o indivíduo mediano simplesmente não paga IR no Brasil.
De um grupo selecionado de 100 países com alguma estrutura tributária civilizada, 45 não têm faixa de isenção alguma do Imposto de Renda. Dos 55 que têm isenção, o Brasil é um dos mais generosos, com uma razão limite de isenção do IR/renda per capita de 100%. Para efeito de comparação, na Noruega essa razão fica em torno de 6%; ou seja, quem ganha 6% da renda per capita já começa a pagar Imposto de Renda.
Então, como é possível sustentar um governo que gasta quase 40% do PNB, com uma arrecadação de tributos diretos insuficiente? Basta enfiar impostos indiretos nos bens que a população compra. Mas que fique tudo nebuloso, porque se ela souber o quanto paga de impostos quando vai às compras, seria capaz de sair às ruas revoltada em passeatas de protesto.
Enquanto isso, o efeito toque de Midas corre solto. Um borracheiro estava me dizendo que quem tem carros grandes, como picapes Hilux, S10 etc., tem ido até o Paraguai na hora de trocar os pneus. Um jogo custa R$ 4 mil no Brasil, contra R$ 1,7 mil no Paraguai. “Mas tem que cortar os cabelinhos do pneu, doutor, senão a Receita descobre que o pneu é novo e aí já era.”
Fonte: aqui
Debatendo a adoção das normas contábeis
Quando a legislação brasileira impôs a adoção das normas internacionais de contabilidade não tivemos no nosso país um debate sobre as vantagens e desvantagens. Pelo contrário, surgiu de um fato acabado.
Isto parece não estar ocorrendo no Japão (conforme já comentamos anteriormente) e nos Estados Unidos. Os dois maiores mercados mundiais admitem, em certas situações restritas, que algumas empresas usem as normas internacionais. Mas consideram que a decisão deve ser muito mais lenta pelo grau de importância.
Um texto publicado no blog Grumpy Old Accountants se posiciona contrário a adoção das normas internacionais, considerando um escândalo contábil a tentativa das grandes empresas de auditoria em forçar a adoção das IFRS nos Estados Unidos. Isto incluiria convencer a comunidade de que as normas eram relevantes e existia um apoio de empresas para sua adoção.
O relatório da SEC comentando a adoção foi um retrocesso no plano destas empresas, segundo o Grumpy Old Accountants.
O certo é que em nenhum momento tivemos uma estimativa dos custos e benefícios do uso das IFRS. Será que os estadunidenses estão sendo prudentes em excesso ao rejeitar as normas internacionais?
Isto parece não estar ocorrendo no Japão (conforme já comentamos anteriormente) e nos Estados Unidos. Os dois maiores mercados mundiais admitem, em certas situações restritas, que algumas empresas usem as normas internacionais. Mas consideram que a decisão deve ser muito mais lenta pelo grau de importância.
Um texto publicado no blog Grumpy Old Accountants se posiciona contrário a adoção das normas internacionais, considerando um escândalo contábil a tentativa das grandes empresas de auditoria em forçar a adoção das IFRS nos Estados Unidos. Isto incluiria convencer a comunidade de que as normas eram relevantes e existia um apoio de empresas para sua adoção.
O relatório da SEC comentando a adoção foi um retrocesso no plano destas empresas, segundo o Grumpy Old Accountants.
O certo é que em nenhum momento tivemos uma estimativa dos custos e benefícios do uso das IFRS. Será que os estadunidenses estão sendo prudentes em excesso ao rejeitar as normas internacionais?
John Wooden sobre a diferença entre vencer e o sucesso
Com uma profunda simplicidade, o treinador John Wooden redefine o sucesso e nos incita a buscar o melhor dentro de cada um de nós. Neste discurso inspirador, ele compartilha o conselho que deu aos seus jogadores na UCLA, cita poesia e lembra da sabedoria de seu pai.
17 novembro 2013
Fatos sobre Bitcoin
O gráfico mostra a relação entre o ouro e a moeda digital (fonte: aqui). Percebe-se desde o início do ano a valorização da moeda digital.
Apesar disto, ainda existe muita volatilidade na cotação da moeda. No dia 9 de novembro cada Bitcoin valia 400 dólares; no dia seguinte, $300 dólares (fonte: aqui).
Weisenthal revela um lado interessante da valorização recente da moeda: se você acredita na moeda, não use numa transação. Ele considera o seguinte caso: se você comprou uma pizza de 25 dólares há anos com Bitcoin, hoje a moeda que você usou valeria 3 milhões de dólares. Ou seja, você fez um péssimo negócio. Assim, prevalece a proposição inicial de Weisenthal: não use, se acredita no Bitcoin.
Apesar de parte da cotação da moeda ser especulativa, Liam Halligan, no The Telegraph, defende que a condução da política econômica por parte da comunidade europeia também faz a sua parte. Halligan lembra que está aumentando o número de transações reais com a moeda digital, o que indicaria um grau maior de aceitação, além da transação não envolver despesas bancárias ou taxas de cartão. E que talvez este seja o futuro da moeda para os bancos centrais. “Não ria”, diz Halligan no título do seu artigo.
Mas uma das principais vantagens da moeda digital talvez esteja desaparecendo. Segundo Wile, o New York Department of Financial Services anunciou que pretende discutir a questão da moeda digital nos próximos meses. Mas uma das grandes razões da popularidade do Bitcoin é o fato de não ter o “governo” regulando.
Apesar disto, ainda existe muita volatilidade na cotação da moeda. No dia 9 de novembro cada Bitcoin valia 400 dólares; no dia seguinte, $300 dólares (fonte: aqui).
Weisenthal revela um lado interessante da valorização recente da moeda: se você acredita na moeda, não use numa transação. Ele considera o seguinte caso: se você comprou uma pizza de 25 dólares há anos com Bitcoin, hoje a moeda que você usou valeria 3 milhões de dólares. Ou seja, você fez um péssimo negócio. Assim, prevalece a proposição inicial de Weisenthal: não use, se acredita no Bitcoin.
Apesar de parte da cotação da moeda ser especulativa, Liam Halligan, no The Telegraph, defende que a condução da política econômica por parte da comunidade europeia também faz a sua parte. Halligan lembra que está aumentando o número de transações reais com a moeda digital, o que indicaria um grau maior de aceitação, além da transação não envolver despesas bancárias ou taxas de cartão. E que talvez este seja o futuro da moeda para os bancos centrais. “Não ria”, diz Halligan no título do seu artigo.
Mas uma das principais vantagens da moeda digital talvez esteja desaparecendo. Segundo Wile, o New York Department of Financial Services anunciou que pretende discutir a questão da moeda digital nos próximos meses. Mas uma das grandes razões da popularidade do Bitcoin é o fato de não ter o “governo” regulando.
Declínio da Wikipedia
Com este título, a MIT Technology Review faz uma análise da Wikipedia. Com uma filosofia de tentar incorporar o conhecimento do mundo através da participação dos voluntários que trabalham de forma anônima, a Wikipedia tornou-se a enciclopédia preferida da internet, uma das páginas mais visitadas do mundo.
Entretanto, a ambição da Wikipedia sobre alguns graves problemas. Segundo o texto da MIT Technology Review, a redução do número de voluntários, a dificuldade de defesa contra vandalismo, fraudes e manipulação, a cobertura enviesada (compare os verbetes sobre Pokemon e dos países da África), a burocracia que impede a participação de novos autores são alguns fatos que implicariam na perda de relevância da Wikipedia.
Entretanto, a ambição da Wikipedia sobre alguns graves problemas. Segundo o texto da MIT Technology Review, a redução do número de voluntários, a dificuldade de defesa contra vandalismo, fraudes e manipulação, a cobertura enviesada (compare os verbetes sobre Pokemon e dos países da África), a burocracia que impede a participação de novos autores são alguns fatos que implicariam na perda de relevância da Wikipedia.
16 novembro 2013
Fato da Semana
Fato: A edição da
medida provisória 627, por parte do governo federal, que esclarece de vez
algumas questões tributárias importantes, entre as quais a adoção das normas
internacionais. Saiu até no Jornal Nacional (tudo bem, isto não é lá grandes
coisas...)
Qual a relevância
disto? A Receita decidiu, há algumas semanas, “jogar verde para colher
maduro”. E anunciou que não iria mais aceitar as normas internacionais para
fins fiscais. Mais ainda, que cobraria retroativo. O descalabro era tamanho que
conseguiu unir contadores, empresários, auditores e outros. A Receita cedeu,
mas emitiu uma medida provisória num texto longo onde existia 177 vezes a
palavra caput, 142 “incisos”, 42 vezes a lei “6404”, mas somente 6 vezes
contabilidade e nenhuma IFRS. Com 10 capítulos e 100 artigos, além de uma
retificação já publicada no dia seguinte, a medida possui 14 artigos que já
estão valendo e 86 que passam a valer em janeiro de 2014. Pouco tempo para que
as empresas possam se adequar e entender o que está no texto. E tentar as
inevitáveis armadilhas (ou erros de redação) que existem no texto.
Positivo ou Negativo?
Negativo. O problema é resolvido com uma
medida provisória, que nunca deveria ter este nome. O governo deixa claro que
não está nem um pouco preocupado com o contribuinte, mesmo que seja uma grande
empresa.
Desdobramentos: Daqui
alguns dias surgirão polêmicas sobre o texto, questões não resolvidas ou
lacunas relevantes.
Outros eventos
relevantes da semana: a discussão sobre a convergência, incluindo o discurso de
Prada em Tóquio, e a recuperação judicial de mais uma empresa do grupo X.
Teste da Semana
Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão ao final.
1 – Na área pública, o legislativo brasileira está discutindo uma mudança na forma de fazer o orçamento público através da aprovação
Do Orçamento impositivo
Do Orçamento participativo
Do regime de competência
2 – Esta instituição financeira tradicional foi condenada a pagar 860 milhões de dólares pelo escândalo das hipotecas:
Bank of America
RBS
Santander
3 – O referido escândalo e a cobrança ocorreu
Na Espanha
Na Inglaterra
Nos EUA
4 – Mais uma empresa do grupo Eike Batista pediu recuperação judicial. Trata-se da
EBX
OGX
OSX
5 –Na lista dos devedores desta empresa tem-se o governo (ou seja, os contribuintes). O valor da dívida é
Acima de 1 bilhão de reais e abaixo de 10 bilhões
Acima de 10 bilhões de reais
Acima de 100 milhões de reais e abaixo de 1 bilhão
6 - Um conjunto de três quatros deste pintor foi arrematado por 142 milhões de dólares. O nome do pintor faz referência a uma comida pouco saudável:
Carl Hamburguer
Francis Bacon
John Fries
7 – A tentativa do presidente francês de aumentar a carga tributária dos ricos do seu país enfrenta a oposição do seguinte setor
Cinema
Futebol
Jornais
8 – Este membro do Iasb fez uma importante palestra em Tóquio, defendendo as normas internacionais. Seu nome lembra uma grife famosa
Channel
Guicci
Prada
9 – O membro do Iasb citado anteriormente criou uma expressão interessante para designar os países que escolhem qual norma irão adotar
Endosso prudencial
Escolha interesseira
IFRS à la carte
10 – Este bloco econômico quer aumentar sua participação na normatização contábil e critica a ênfase excessiva do Iasb na convergência com os Estados Unidos. Sua posição é respaldada pela grande contribuição financeira
América Latina, através do Glass
Asia, incluindo China e Japão
Comunidade Europeia
Acertando 9 ou 10 questões = medalha de ouro; 7 ou 8 = prata; 5 ou 6 = bronze
Respostas: (1) orçamento impositivo; (2) Bank of America; (3) EUA; (4) OSX; (5) Acima de 1 bilhão de reais e abaixo de 10 bilhões; (6) Francis Bacon; (7) Futebol; (8) Prada; (9) IFRS à la carte; (10) Comunidade Europeia
1 – Na área pública, o legislativo brasileira está discutindo uma mudança na forma de fazer o orçamento público através da aprovação
Do Orçamento impositivo
Do Orçamento participativo
Do regime de competência
2 – Esta instituição financeira tradicional foi condenada a pagar 860 milhões de dólares pelo escândalo das hipotecas:
Bank of America
RBS
Santander
3 – O referido escândalo e a cobrança ocorreu
Na Espanha
Na Inglaterra
Nos EUA
4 – Mais uma empresa do grupo Eike Batista pediu recuperação judicial. Trata-se da
EBX
OGX
OSX
5 –Na lista dos devedores desta empresa tem-se o governo (ou seja, os contribuintes). O valor da dívida é
Acima de 1 bilhão de reais e abaixo de 10 bilhões
Acima de 10 bilhões de reais
Acima de 100 milhões de reais e abaixo de 1 bilhão
6 - Um conjunto de três quatros deste pintor foi arrematado por 142 milhões de dólares. O nome do pintor faz referência a uma comida pouco saudável:
Carl Hamburguer
Francis Bacon
John Fries
7 – A tentativa do presidente francês de aumentar a carga tributária dos ricos do seu país enfrenta a oposição do seguinte setor
Cinema
Futebol
Jornais
8 – Este membro do Iasb fez uma importante palestra em Tóquio, defendendo as normas internacionais. Seu nome lembra uma grife famosa
Channel
Guicci
Prada
9 – O membro do Iasb citado anteriormente criou uma expressão interessante para designar os países que escolhem qual norma irão adotar
Endosso prudencial
Escolha interesseira
IFRS à la carte
10 – Este bloco econômico quer aumentar sua participação na normatização contábil e critica a ênfase excessiva do Iasb na convergência com os Estados Unidos. Sua posição é respaldada pela grande contribuição financeira
América Latina, através do Glass
Asia, incluindo China e Japão
Comunidade Europeia
Acertando 9 ou 10 questões = medalha de ouro; 7 ou 8 = prata; 5 ou 6 = bronze
Respostas: (1) orçamento impositivo; (2) Bank of America; (3) EUA; (4) OSX; (5) Acima de 1 bilhão de reais e abaixo de 10 bilhões; (6) Francis Bacon; (7) Futebol; (8) Prada; (9) IFRS à la carte; (10) Comunidade Europeia
Orçamento impositivo
A discussão sobre o orçamento impositivo fez com que a Folha de S. Paulo prontificasse em fazer um texto "didático" sobre as vantagens e desvantagens da proposta. A figura a seguir mostra um resumo dos aspectos considerados pelo jornal
Na visão do jornal, com o orçamento impositivo, os congressistas cuidariam dos interesses paroquiais. Como geralmente isto significa propostas de pequenas obras locais, isto traria mais recursos para os municípios e para a saúde. A desvantagem seria recursos pulverizados em obras paroquiais. Mas será ruim obras paroquiais? Ou seria melhor o governo federal pegar uma grande quantidade de recurso e despejar num projeto questionável, como é o caso do trem-bala?
Outro argumento apresentado considera que haverá um aumento do risco de corrupção. Parece que o Brasil está entre os países menos corruptos do mundo e que a alteração irá fazer com que nossa realidade piore. Afirmar que deixar poder no legislativo aumenta o risco de corrupção é acreditar que não existem corruptos no executivo. Esta transferência é muito mais interessante, já que o processo de distribuição de recursos é mais transparente do que a mesa de um burocrata do governo federal.
Finalmente, contra o orçamento estaria a questão de dificuldade de previsão da receita. Novamente, parece que isto não ocorre nos dias de hoje, onde o executivo, continuamente, faz projeções incorretas da receita.
Em resumo, os argumentos apresentados são falhos e favorecem a posição pró orçamento impositivo.
Na visão do jornal, com o orçamento impositivo, os congressistas cuidariam dos interesses paroquiais. Como geralmente isto significa propostas de pequenas obras locais, isto traria mais recursos para os municípios e para a saúde. A desvantagem seria recursos pulverizados em obras paroquiais. Mas será ruim obras paroquiais? Ou seria melhor o governo federal pegar uma grande quantidade de recurso e despejar num projeto questionável, como é o caso do trem-bala?
Outro argumento apresentado considera que haverá um aumento do risco de corrupção. Parece que o Brasil está entre os países menos corruptos do mundo e que a alteração irá fazer com que nossa realidade piore. Afirmar que deixar poder no legislativo aumenta o risco de corrupção é acreditar que não existem corruptos no executivo. Esta transferência é muito mais interessante, já que o processo de distribuição de recursos é mais transparente do que a mesa de um burocrata do governo federal.
Finalmente, contra o orçamento estaria a questão de dificuldade de previsão da receita. Novamente, parece que isto não ocorre nos dias de hoje, onde o executivo, continuamente, faz projeções incorretas da receita.
Em resumo, os argumentos apresentados são falhos e favorecem a posição pró orçamento impositivo.
Prejuízo de não estar na Copa
Uma estimativa da Escola de Marketing IPAM calculou que o prejuízo da não classificação para Copa do Mundo no Brasil seria de 200 milhões de euros, no mínimo. Caso Portugal vença a Copa do Mundo, a economia terá um acréscimo de 600 milhões de euros, segundo a mesma fonte.
Para o México a perdas seria de 600 milhões de dólares. Mas o primeiro jogo praticamente garantiu a presença deste país na Copa.
O interessante é que a desclassificação de uma seleção como a mexicana teria efeitos em outras economias. Em razão dos patrocinadores serem multinacionais e da grande venda de camisas desta seleção em outros países, a desclassificação mexicana traria um prejuízo de 100 milhões de libras somente na Inglaterra.
Para o México a perdas seria de 600 milhões de dólares. Mas o primeiro jogo praticamente garantiu a presença deste país na Copa.
O interessante é que a desclassificação de uma seleção como a mexicana teria efeitos em outras economias. Em razão dos patrocinadores serem multinacionais e da grande venda de camisas desta seleção em outros países, a desclassificação mexicana traria um prejuízo de 100 milhões de libras somente na Inglaterra.
15 novembro 2013
Europa tenta aumentar a influencia sobre as IFRS
Segundo Huw Jones, da Reuters, a Comunidade Européia está procurando aumentar sua influência sobre as normas contábeis internacionais promulgadas pelo International Accounting Standards Board (IASB). Estas normas tornaram-se politizadas após a crise financeira e a suspeita de que tenha aumentado os problemas mundiais.
A Europa é o principal contribuinte financeiro para o Iasb, sendo um terço. Mas o velho continente para não estar satisfeito. O processo de endosso das normas pode mudar. E existem resistências a algumas normas. E a ênfase excessiva do Iasb na convergência com as normas dos Estados Unidos, já que sabe-se que este país não irá adotar estas normas num futuro próximo e previsível.
O Iasb aparentemente reagiu através de Michel Prada (vide postagem sobre este assunto), que alertou sobre o perigo da adoção "à la carte".
A Europa é o principal contribuinte financeiro para o Iasb, sendo um terço. Mas o velho continente para não estar satisfeito. O processo de endosso das normas pode mudar. E existem resistências a algumas normas. E a ênfase excessiva do Iasb na convergência com as normas dos Estados Unidos, já que sabe-se que este país não irá adotar estas normas num futuro próximo e previsível.
O Iasb aparentemente reagiu através de Michel Prada (vide postagem sobre este assunto), que alertou sobre o perigo da adoção "à la carte".
Crime na América Latina
O gráfico mostra a evolução da taxa de homicídio por cem mil habitantes para diferentes países da América Latina, de 2005 a 2012. Os valores e a figura foram obtidos de um relatório da ONU. Esta entidade estimou que o crime representa 8,70% da economia do Paraguai e 10,54% de Honduras. O crime reduz em dez meses a expectativa de vida da população brasileira.
Mas voltando ao gráfico. Eis um exemplo de como não fazer um gráfico. Observe o leitor que existe um país onde da taxa de homicídio cresceu substancialmente nos últimos anos; que país é este? É impossível concluir algo com este gráfico.
Mas voltando ao gráfico. Eis um exemplo de como não fazer um gráfico. Observe o leitor que existe um país onde da taxa de homicídio cresceu substancialmente nos últimos anos; que país é este? É impossível concluir algo com este gráfico.
IFRS a la carte
Michel Prada, que preside a IFRS Foundation Board of Trustees, responsável pela supervisão do trabalho do Iasb, entidade responsável pelas normas contábeis internacionais, cunhou um termo interessante: IFRS à la carte.
Pradra fez um discurso na terça em Tóquio e lembrou a história do IASC, o antecessor do IASB, que permitia que os países usassem as normas internacionais como uma "referência". Assim, cada país poderia escolher a norma que achasse conveniente e propor alternativas para aquelas que discordasse da abordagem internacional.
Esta opção poderia levar ao dilema da ação coletiva, lembrou Prada. Neste tipo de situação, se todos fazem sua parte, todos estariam em melhor situação. Mas se alguns não fazem sua parte "todos perdem". Prada referia-se ao esforço realizado pelo Iasb para ter um conjunto de normas coerente, mas existem países que recusam a adotá-las. Assim, "todos" perderiam neste raciocínio. (Mas será que este seria um caso de dilema da ação coletiva?)
A crítica do Iasb está direcionada para os Estados Unidos e o Japão. Mas analisando detalhadamente, também poderia se aplicar ao Brasil, que adota a convergência à la carte. Devemos aqui lembrar que o Banco Central ainda não adotou todas as normas já promulgadas pelo CPC e que esta própria entidade tem feito mais do que "traduzir" as normas do Iasb. Ao contrário que ocorreu com a Europa em 2005, que adotou as normas de contabilidade internacional por atacado. (Uma observação importante é que Prada cita o Brasil como um exemplo de país que tem exigido as IFRS para a totalidade ou maioria das empresas com ações na bolsa)
Leia Mais: IFRS Honcho Castigates Countries for Taking “A La Carte” Approach to Accounting Standards - MICHAEL COHN - 13 de novembro de 2013
Pradra fez um discurso na terça em Tóquio e lembrou a história do IASC, o antecessor do IASB, que permitia que os países usassem as normas internacionais como uma "referência". Assim, cada país poderia escolher a norma que achasse conveniente e propor alternativas para aquelas que discordasse da abordagem internacional.
Esta opção poderia levar ao dilema da ação coletiva, lembrou Prada. Neste tipo de situação, se todos fazem sua parte, todos estariam em melhor situação. Mas se alguns não fazem sua parte "todos perdem". Prada referia-se ao esforço realizado pelo Iasb para ter um conjunto de normas coerente, mas existem países que recusam a adotá-las. Assim, "todos" perderiam neste raciocínio. (Mas será que este seria um caso de dilema da ação coletiva?)
A crítica do Iasb está direcionada para os Estados Unidos e o Japão. Mas analisando detalhadamente, também poderia se aplicar ao Brasil, que adota a convergência à la carte. Devemos aqui lembrar que o Banco Central ainda não adotou todas as normas já promulgadas pelo CPC e que esta própria entidade tem feito mais do que "traduzir" as normas do Iasb. Ao contrário que ocorreu com a Europa em 2005, que adotou as normas de contabilidade internacional por atacado. (Uma observação importante é que Prada cita o Brasil como um exemplo de país que tem exigido as IFRS para a totalidade ou maioria das empresas com ações na bolsa)
Leia Mais: IFRS Honcho Castigates Countries for Taking “A La Carte” Approach to Accounting Standards - MICHAEL COHN - 13 de novembro de 2013
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