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04 agosto 2011

Hans na China VIII: IFRS domina o mundo

As quinhentas maiores empresas listadas na bolsa e as normas utilizadas. Em 2003, as IFRS eram insignificantes. Em 2009 já igualou aos US GAAP. Em 2012, segundo estimativa, 50% das empresas devem adotar estas normas.

Hans na China VII: Brasil

Ao tentar convencer os chineses, HH cita o Brasil como exemplo:

É por esta razão que o Brasil, outro país que está à beira de cumprir todo o seu potencial econômico, decidiu adotar as IFRS plenamente. Na sua estratégia de se tornar líder no mercado regional, o Brasil sabia que precisava de todos os benefícios da franquia IFRS. Investidores em Londres, Nova York, Paris, Frankfurt, Xangai entendem que quando é uma empresa brasileira "as demonstrações financeiras estão rotulados como"em conformidade com as IFRS".

Hans na China VI: China

HH destacou no seu discurso que a diferença entre os resultados obtidos segundo as normas internacionais e as normas chinesas é muito reduzido. Assim, isto significa dizer que a diferença entre as duas normas é muito reduzida. HH conclamou os chineses a participaram mais das agendas de discussão.

Um depoimento colhido por Selling contradiz a afirmação de HH: os padrões chineses são muito mais simples que as IFRS. Para consolidação, os padrões chineses totalizam uma página; hedge  accounting são sete páginas somente.

Além disto, ainda conforme Selling, o representante chinês no Iasb, Wei-Guo, é uma esfinge nas reuniões do conselho. Ou seja, ele não tem nada a acrescentar para as discussões. Ele e HH, afirma Selling.

Hans na China V: O Político

Vimos que HH não possui muita experiência em contabilidade, conforme ele mesmo admitiu. Mas então qual seria sua relevância para o IASB, uma entidade técnica?

 Para Tom Selling sua missão é vender as IFRS para o maior número de países. Neste processo de venda, o discurso se enquadra perfeitamente, segundo Selling: primeiro, as vantagens das IFRS; depois, os prováveis benefícios para a China. Acrescentaria um terceiro item: destacar a importância do país para o processo de convergência.

Para David Albrecht, HH é um político de carreira.

Hans na China IV: Inexperiência

É interessante notar que HH “confessou” que não possui muita experiência em contabilidade ao afirmar que seu interesse na área realmente começou quando participava do Financial Crisis Advisory Group, criado em 2008. Nesta ocasião, HH descobriu que

“a contabilidade não é chata, mas intelectualmente desafiadora. Descobri que na contabilidade o poder do argumento pode unir as pessoas. As pessoas podem convencer as outras de sua opinião (ao contrário, muitas vezes, da política”

Mais adiante ele afirma que não é um contador por formação (é um historiador), mas acredita que seus contatos fora da área da contabilidade podem ajudar o Iasb. O que é isto? Política, que ele renegou anteriormente.

Ao conversar sua inexperiência, HH assume que talvez não esteja preparado tecnicamente para discutir contabilidade.

Hans na China III: sobre os Estados Unidos

HH reconhece que os Estados Unidos possuem o maior mercado de capitais e um sofisticado padrão de contabilidade. Indica que é compreensível a demora da SEC em fazer a transição, assim como a preocupação de alguns sobre os custos. Neste sentido, HH afirma que a convergência dos EUA é diferente da Europa. No caso europeu, não era possível um mercado comum sem uma mesma contabilidade.

Hans na China II

Hans Hoogervorst, o novo presidente do Iasb, fez um discurso na China bastante interessante. Um resumo pode ser encontrado aqui

HH afirmou, de início, que os próximos 12 a 18 meses serão importantes para a direção futura das normas internacionais. Entretanto, através do seu discurso, não é possível entender a razão disto.

Hans na China I

A figura abaixo apresenta as principais palavras do discurso do atual presidente do Iasb na China: Wordle: hans hoogervorst in china

Emoção ao investir


Efeito manada, excesso de otimismo, aversão à perda, autoconfiança exagerada. Esses são alguns sintomas comuns em investidores e que têm sido foco de diversos estudos ao redor do mundo sob o tema das finanças comportamentais.

Despertar a consciência do investidor sobre os sintomas psicológicos que surgem a partir da relação com investimentos e dinheiro é uma maneira de aguçar a razão e evitar que a emoção influencie nas decisões, segundo especialistas.

De acordo com dados levantados pelo banco Santander, 40% dos clientes que fizeram cursos ou participaram de palestras sobre finanças comportamentais obtêm melhores rentabilidades nos investimentos.

"Isso ocorre porque o investidor percebe que é preciso raciocinar antes de tomar a decisão e não simplesmente fazer porque os outros fizeram", analisa Vera Rita de Mello Ferreira, psicanalista especializada em psicologia econômica e autora de dois livros sobre o tema.

Aquiles Mosca, estrategista de Investimentos Pessoais do Santander, cita um estudo da Universidade de Cambridge para comprovar a falta de racionalidade que há na relação com os investimentos. "O maior medo do ser humano é falar em público. Em segundo lugar está a morte. E a terceira aflição é o futuro financeiro. Se há esse medo, há emoção em excesso."

Aconselhamento. Um levantamento da Infomoney feito com centenas de brasileiros mostra que somente 4,75% dos investidores tomam decisões com base na opinião de profissionais especializados; 30,71% decidem unicamente por sua própria análise; 22,57% são pouco influenciados pela soma de análises próprias e profissionais; e 41,97% ponderam as opiniões de conhecidos e as percepções próprias.

Para Bernardo Nunes, que está desenvolvendo uma tese de doutorado sobre finanças na Nova School of Business Economics de Lisboa, o investidor que passa a conhecer "os vieses e desvios da racionalidade mais comuns pode evitar uma boa parte das perdas e passa a lidar com o assunto finanças de uma forma mais eficaz".

Institucional. Os estudiosos do assunto afirmam que já há uma incorporação do tema nos escopos mais tradicionais da economia, apesar de ainda haver preconceito dos economistas mais antigos. "Depois da crise financeira de 2008, certamente as finanças comportamentais ganharam ainda mais relevância", diz Vera Rita.

O próprio Santander é um exemplo de incorporação do tema. Há pouco mais de dois anos, as finanças comportamentais são tema de cursos e palestras do banco. "Há benefícios ao banco. Por exemplo, 12% dos clientes que participam desses cursos e palestras tornam-se mais promotores do banco", conta Mosca.

Nunes conta que Áustria, Inglaterra, Holanda e Suécia são os países mais avançados nesse processo em termos acadêmicos. "Na psicologia econômica como um todo", diz.

Especificamente sobre as finanças comportamentais, que são um braço da psicologia econômica, os Estados Unidos lideram a incorporação, tanto no meio acadêmico quanto no prático, de acordo com Nunes.

"Nos Estados Unidos, as certificações profissionais de finanças, como a CFA, incorporam questões de finanças comportamentais nas provas", explica. "No Brasil, o assunto também já é tratado na certificação CGA, da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais)", exemplifica.

Conhecimento ajuda a domar a emoção ao investir - Roberta Scrivano - O Estado de S.Paulo - 4 de out de 2010


03 agosto 2011

Rir é o melhor remédio

Serviço Público
Fonte: Aqui

Termômetro de Insolvência I


Termômetro de Insolvência

Por Alexandre Alcantara da Silva

Visitando o Blog de Stephen Kanitz, achei um texto do mesmo comentando sobre seu termômetro de insolvência: Os Próximos 20 Anos Serão de Ouro II. Neste post Kanitiz destaca o contexto que o motivou a criar o seu conhecido Termômetro de Insolvência:

Estudei em Harvard uma matéria que me encantou: Management of Lending - Administração de Carteiras de Empréstimos.

Era uma matéria difícil que exigia conhecimentos de psicologia, negociação, análise de balanços, análise setorial, lei societária, lei do crédito, crédito e cobrança, lei das falências, enfim uma área em que eu teria poucos concorrentes.

A primeira coisa que fiz ao retornar foi criar o famoso Termômetro de Insolvência, também conhecido como o Termômetro de Kanitz, uma das primeiras experiências de credit scoring no Brasil.

No mesmo post ele cita a divulgação do artigo "Como prever falências de empresas", publicado na Revista Exame, edição de dezembro de 1974. Como bem ele destaca, este exemplar da Revista Exame é uma raridade, vide ao final link para a íntegra do artigo.

De acordo com SILVA (2010, p. 173)

O estado de insolvência de uma empresa pode ser definido como a incapacidade para pagar as suas obrigações financeiras na data de seu vencimento, bem como quando seus ativos forem inferiores ao valor dos seus passivos.

Buscando subsidiar as decisões de concessões de crédito ou mesmo subsidiar decisões estratégicas, alguns modelos têm sido desenvolvidos, e quando associados a outras técnicas de análise tornam-se instrumentos valiosos para permitir a caracterização da situação econômico-financeira das empresas.

Estes modelos têm por objetivo identificar, mediante procedimentos estatísticos (em especial a análise discriminante), a relação funcional entre os índices financeiros e o estado de solvência (lucros, fluxos de caixa, rentabilidade), ou de insolvência (falência, incapacidade de cumprir com as obrigações) de uma organização. Por ter como base a utilização de índices de solvência, rentabilidade e lucratividade, devem ser adequados às características de organizações de um mesmo setor.

Termômetro de Insolvência II


Termômetro de Insolvência

Por Alexandre Alcantara da Silva
(continuação)


Quando escrevi nosso livro de Análise de Balanço (SILVA, 2010) inseri um capítulo por título “Modelos estatísticos de previsão de insolvência”, para o qual obtive boas informações no artigo e na tese de livre docência de KANITZ: "Indicadores Contábeis e Financeiros de previsão de insolvência: a experiência da pequena e média empresa brasileira" (curiosidade: a tese, defendida em 1976, foi toda datilografada. É possível obter uma fotocópia junto a USP, pois é um excelente material para pesquisa). Posteriormente consegui o seu livro "Como prever falências", editado em 1978, onde o tema é apresentado de forma mais simplificada como o seu modelo foi desenvolvido.

No que pese a existência de vários modelos estatísticos para previsão de insolvência, uma coisa é certa e deve ser ponderada: a contabilidade brasileira padece de qualidade em seus balanços, em decorrência de alguns fatores, conforme já era citado por KANITZ (1976, p. 10-12):

a) sistema contábil ineficiente para captar de forma adequada as informações passíveis de escrituração;
b) falta de consciência quanto a princípios contábeis no Brasil, pois não havia à época um órgão que efetuasse pesquisas neste sentido;
c) a adulteração de balanços; e
d) a prática do window dressing (contabilidade criativa).

O cenário não mudou muito desde 1976, grande parte do empresariado brasileiro ainda não vislumbra a contabilidade como ferramenta de gestão, especialmente entre os pequenos e médios empresários. Esperamos que muito em breve nos livremos do jeitinho brasileiro de, na hora da necessidade, elaborar um “balanço perguntado” para satisfazer as necessidades dos analistas de crédito (vide artigo indicado sobre este tema). Alguns afirmam que com a convergência do Brasil às normas internacionais de contabilidade e de auditoria a qualidade das demonstrações contábeis irá melhorar. Esta é outra história, ainda precisa de muita pesquisa para revelar-se verdadeira.

Quando da leitura da tese de livre docência e do livro de KANITZ observei que em ambos, na referência bibliográfica, consta referenciado um livro de Lopes Sá: "Curso Superior de Análise de Balanço". Achei interessante que em uma tese defendida na USP constar uma referência à obra de Lopes Sá (dentre outros autores brasileiros também referenciados como: Arnaldo REIS, Aulos FRANCO, R. M. TREUHERZ, e N.H TUNG).  Intrigado com isto, em uma das conversas que mantive por telefone com o saudoso Prof. Lopes Sá o mesmo me relatou que havia participado anteriormente, em 1973, da banca de Doutorado de Kanitz, ou seja, antes do que ele chamava de conversão da USP ao modelo "estadunidense".

Movido pela curiosidade, eu fui dar uma lida no livro de SÁ sobre Análise de Balanço, onde verifiquei que o mesmo, quando mais jovem foi pioneiro no Brasil na análise de grande volume de balanço de empresas (7.100 balanços entre 1953 a 1957)  com vistas a identificar o perfil ideal de equilíbrio da empresas brasileiras (SÁ, 1977, p. 24-28; SILVA, 2010, p. 18-19 - vide tópico 2.2.1).

Em sua obra SÁ (1977, p. 25 – a primeira edição é de 1953) faz menção aos estudos realizados no início do Séc. XX pelo alemão SCHAMALENBACH, que tentava avaliar o impacto da inflação e do tempo sobre a análise de balanço, declarando a ineficácia das análises das situações estáticas, em contraposição à teoria dualista de SCHMIDT. Os trabalhos destes autores alemães são posteriormente citados por TINOCO (1992) em seu trabalho sobre avaliação patrimonial.