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04 agosto 2015

Curso de Contabilidade Básica Despesa com Professor

Este texto nasceu de uma reportagem publicada no jornal Estado de S Paulo com o título “Receita de universidade privada cresce; peso do gasto com professor diminui”. O título é um bom resumo do conteúdo do texto. Um dos parágrafos afirma:

A Kroton, por exemplo, gastou no ano passado 29% da sua receita com professores – em 2010 esse percentual era de 52%

Com base nesta afirmação, nós decidimos verificar a veracidade dos dados. E fomos atrás das demonstrações contábeis da Kroton disponíveis na internet. No início da frase temos que a empresa “gastou”. Isto significa dizer que esta informação estaria disponível na Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), local onde se encontra as entradas e desembolsos da empresa. Entretanto, a DFC da empresa é pelo método indireto. Logo, não é possível obter esta informação. Mas como a imprensa muitas vezes confunde “gasto” com “despesa”, nós vamos observar a Demonstração do Resultado com mais detalhe. Um extrato encontra-se a seguir:
Observe que a informação não detalha o “gasto com professor”, apesar de ter informação sobre despesas gerais de administrativas e custos dos serviços prestados. A nota 32 faz um detalhamento da estrutura de custos e despesas da empresa:

O montante de salários e encargos sociais é de R$1,4 bilhão. Como a receita da empresa foi de 3,8 bilhões, isto representa 37%, um valor bem superior ao informado na reportagem. Mas aqui tem um aspecto importante: estão contemplados nos “salários e encargos sociais” todos os valores, incluindo o de professor. De qualquer forma, esta parcela representa 52% da estrutura dos custos da empresa.

Fomos buscar mais informação mais informação na Demonstração do Valor Adicionado. Esta demonstração apresenta a distribuição da riqueza gerada na empresa, incluindo os salários pagos. Eis um resumo da DVA da empresa:

Ou seja, a empresa “distribuiu” 1,047 bilhão da receita gerada em remuneração direta ao pessoal ou 27%. Novamente, este valor está superestimado já que contempla todas as remunerações de todas as pessoas que trabalham na empresa.

Assim, temos quatro formas de calcular o “gasto com professor” da empresa. Primeira, pela DFC, se a mesma fosse apresentada pelo método direto, o que não é verdadeiro. Segundo, pelas despesas e custos da DRE. Só conseguimos obter esta informação através da nota explicativa da empresa e chegamos a um valor de 37%, percentual este superestimado já que inclui todas as pessoas que trabalham na empresa. Terceiro, pela DVA, com o mesmo problema do método anterior, onde chegamos a 27%.

Como o texto do jornal afirma que o peso do gasto diminuiu, vamos calcular os valores acima para o exercício de 2010:

Método 1 = A DFC é pelo método indireto, que inviabiliza o cálculo
Método 2 = Não é possível calcular, já que a empresa não fez esta evidenciação em 2010. Mas usando os dados de 2011 temos que o valor é de R$328 milhões para uma receita de 711 ou 46%
Método 3 = Usando a DVA temos R$328 milhões por 586 milhões ou 56%.

Conclusão: Não podemos afirmar categoricamente que o “gasto com professor” diminuiu já que os dados não estão segregados desta forma. Mas tudo leva a crer que o texto tem razão já que os valores que mais se aproximam dos calculados pelo texto mostram uma redução nas despesas.

22 julho 2015

Curso de Contabilidade Básica Mudança na Data de Encerramento do Exercício

Em geral a grande maioria das empresas encerra seu exercício social no final do ano. E isto mantém ao longo do tempo. Mas nada impede que uma empresa possa encerrar seu balanço em outra data. Mas é necessário ter um cuidado especial nesta alteração ao se analisar as demonstrações.

Veja o caso da Companhia Agrícola Colombo, que fechava seu balanço no dia 31 de dezembro e agora alterou para o dia 31 de março. Eis como a empresa apresentou seu balanço:


O cuidado que o usuário deve ter diz respeito a sazonalidade. Deve-se conhecer o negócio da empresa e verificar se esta sazonalidade influencia em algumas contas, particularmente do capital de giro. O problema maior estaria na DRE e na DFC. Vejamos a DRE:

Ocorreu um aumento na receita operacional, mas o último exercício possui quinze meses e o anterior 12. Uma forma de comparar é calcular a receita mensal:

Receita mensal em 2015 = 414558 / 15 = 27 637
Receita mensal em 2013 = 361 306 / 12 = 30 108

Na realidade a receita reduziu de um período para outro. O mesmo deveria ser feito para as outras contas. Quando se calcula os indicadores isto também deveria ser levado em consideração. Por exemplo, o giro do ativo, que é a relação entre a receita e o ativo da empresa. Neste caso, pode-se anualizar a receita mais recente da seguinte forma:

Receita Anualizada de 2015 = 27 637 x 12 = 331 646.

Com isto, a comparação pode ser feita de maneira menos prejudicial para o usuário.

23 junho 2015

Curso de Contabilidade Básica Evento Zero

E se uma empresa não tiver evento? Deve relatar como? Uma forma é informar isto em nota explicativa; outra na própria demonstração. Particularmente, preferimos na demonstração, onde isto ficaria mais claro.

Veja a demonstração das mutações do patrimônio líquido da Cambui Empreendimentos Imobiliários. As colunas de Reservas de Lucro e Resultados Abrangentes não apresentam valores. A empresa preferiu apresentar cada item com o símbolo “-“ indicando que não ocorreu nenhum evento com esta conta.


O mesmo ocorreu com a Demonstração do Resultado e do Fluxos de Caixa da mesma empresa:

Como a empresa não teve movimentação em 2013, a mesma optou por apresentar a coluna do ano correspondente em branco. Com isto, a informação fica muito clara, além de informar para fins comparativos.

18 junho 2015

Curso de Contabilidade Básica Excesso de Caixa

Uma das preocupações da administração de uma empresa é determinar quanto deve manter de dinheiro em caixa. Isto não é uma tarefa fácil, já que não existem regras que possam ser aplicadas a todos os tipos de empresas.

Nos últimos anos os analistas notaram que as empresas estão deixando cada vez mais dinheiro em caixa. Os dados que iremos apresentar a seguir são de empresas dos Estados Unidos, mas os valores parecem ser válidos para outros países, incluindo o Brasil. Em 2006 as empresas daquele país detinham um caixa que correspondia a menos de 8% do ativo. Em 2014, oito anos depois, este percentual ultrapassou a 10%. Parece pouco, mas em termos de valores isto é igual a mais de 1,8 trilhões de dólar para as empresas não financeiras. Metade deste valor está em 25 empresas, sendo que a Apple tinha 178 milhões em Caixa.

Outro aspecto interessante é que uma grande parte deste dinheiro está no exterior. Veja o gráfico a seguir. Na Apple 89% do dinheiro está no estrangeiro e na Amgen este percentual é de 95%.
Qual a razão para isto? A resposta está na tributação. Se este dinheiro for transferido para os Estados Unidos, as empresas pagarão 35% de imposto. Em razão disto, algumas empresas estão tomando empréstimo para pagar dividendos, já que boa parte dos seus recursos não está na sede.

11 junho 2015

Curso de Contabilidade Básica Sem Fins Lucrativos

Uma entidade sem fins lucrativos pode encontrar na divulgação das demonstrações contábeis uma maneira de comunicar ao doador, atual e/ou potencial, o que tem realizado. Também é uma forma de sinalizar para o público que as “contas estão em dia”, ou seja, a gestão da entidade está dentro da regularidade que se espera deste tipo de entidade.

A AACD é uma entidade que cuida de crianças deficientes. A divulgação do seu resultado é bastante simples, conforme se pode perceber abaixo:
(1) Uma breve apresentação da entidade, informando que existe há 65 anos, é uma entidade sem fins lucrativos e possui uma missão nobre. Isto em destaque.
(2) O balanço patrimonial da entidade, com as principais contas. O interessante é o título: “Balanços Patrimoniais Levantados em 31 de dezembro (...)”. O termo “levantado” é sinônimo para a data do balanço.
(3) A segunda demonstração é a de Déficit do exercício. Do lado esquerdo a receita e do direito a despesa, a exemplo das antigas demonstrações de Lucros e Perdas. Apesar de a entidade ter tido uma receita de 355 milhões, ocorreu um déficit de 14 milhões no período. As despesas administrativas correspondem a 48 milhões no período.
(4) Nome da contadora responsável e seu registro no conselho
(5) A informação que o balanço foi auditado pela PwC, uma grande empresa de auditoria. Isto dá credibilidade aos números apresentados. Além disto, a AACD informa que as demais informações podem ser encontradas no endereço da entidade. Isto é uma boa política, já que a entidade mostra os principais números e informa que os demais estão disponíveis para que desejar.
(6) Apresenta os principais dirigentes e agradece ao jornal que publicou gratuitamente as informações. Além disto, deixa o endereço da entidade e um 0800 para quem desejar ligar (e fazer doações).

09 junho 2015

Curso de Contabilidade Básica: Estoques

Uma empresa comercial possui na conta de Estoques as unidades de mercadorias que serão comercializadas nos próximos meses. Existe todo um procedimento para determinar o valor desta conta, que passa pela determinação do custo das unidades que estão prontas para serem vendidas.

Além das unidades existentes fisicamente na empresa, as quantidades em poder de terceiros ou em trânsito podem ser consideradas. Veja o exemplo da Camil Alimentos, uma empresa que vende nos supermercados arroz, feijão, atum (marca “Coqueiro”), açúcar (“União”) entre outros produtos.
Na conta Estoques estão os produtos que a empresa vende mais as “importações de mercadorias em andamento”, os “estoques em poder de terceiros” e os “estoques em trânsito”. Estes três itens não estavam na empresa na data do encerramento do exercício – que neste caso é 28 de fevereiro, algo raro nas empresas, que geralmente fecham o balanço no final do ano. Isto representava 22% do valor do estoque (91 milhões de 414 milhões) no final de fevereiro de 2015 versus 17% de 28/2/2014.


04 junho 2015

Curso de Contabilidade Básica: Receita e Receita

Receita é igual a Receita, correto? Infelizmente nem sempre. Se o leitor observar as demonstrações contábeis de uma grande empresa irá notar que o termo “receita” aparece em dois lugares distintos, no mínimo. Em primeiro lugar, na Demonstração do Resultado; num segundo, na Demonstração do Valor Adicionado (popularmente DVA).

Veja a seguir um extrato da Demonstração do Resultado da Ambev para o primeiro trimestre de 2015. As receitas consolidadas chegaram a R$10,8 bilhões.

Veja agora o extrato da DVA da mesma empresa para o mesmo período. A receita foi de R$16,5 bilhões, ou 53% a mais do que o resultado anterior.

A diferença pode ser explicada da seguinte forma: Este valor é diferente da receita obtida na demonstração do resultado em razão da inclusão de receita na produção de ativos próprios.


Mas qual seria a receita da Ambev para o primeiro trimestre? O mais adequado seria usar o valor da Demonstração de Resultado por três motivos. Primeiro, a empresa de auditoria geralmente não investiga se a informação da DVA está correta ou não. Segundo motivo é que esta é uma informação muito utilizada em todo o porte de empresa e em diversos países. Não custa lembrar que somente as grandes empresas e em alguns países, entre os quais o Brasil, esta demonstração é publicada. Finalmente, na receita da DVA está incluso os impostos, o que não é o caso da Demonstração do Resultado, divulgada líquida de impostos.






 

20 maio 2015

Curso de Contabilidade Básica: Restrição ao Caixa

Em geral uma empresa com dinheiro no caixa e equivalentes é uma empresa “livre”. Com dinheiro no caixa a empresa geralmente não depende de empréstimos bancários, não precisa fazer aumento de capital, pode fazer investimentos no momento considerado mais adequado e é capaz de entrar numa disputa comercial em vantagem sobre seus concorrentes. Mas nem sempre o caixa significa liberdade. Em algumas situações, o dinheiro disponível em caixa e equivalentes sofre algum tipo de restrição que impede que a empresa possa disponibilizá-lo da forma que achar melhor. Neste caso, este ativo deve estar atrelado a um compromisso de investimento. Esta informação é importante para o usuário e deve ser evidenciada, seja numa conta a parte do balanço patrimonial e/ou em nota explicativa.

Veja o caso da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo, Fehosp. O balanço patrimonial mostra que no final de 2014 do ativo de 4,8 milhões, 2,3 estava em “Aplicações Financeiras” e 0,6 milhão em Caixa e Bancos.



Isto é bom, já que o excesso de caixa pode permitir que a Fehosp possa ter uma maior liberdade. Mas a nota explicativa 4 apresentava o seguinte quadro:

Ou seja, a maior parte do Disponível (Caixa, Bancos e Aplicações Financeiras) possui restrição. Ou seja, não pode ser usado livremente por parte da gestão da empresa. Conforme o tipo de restrição, o analista poderia, inclusive, retirar este valor ao calcular os índices de liquidez.

A nota explicativa esclarece que estes valores são termos assinados com a secretaria da saúde daquele estado, com valores transferidos para Fehosp:

14 maio 2015

Curso de Contabilidade Básica: Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa

Quando uma empresa possui contas a receber, muito provavelmente parte destes valores não será recebida. O motivo principal é o fato de que a outra parte pode não efetuar o pagamento devido. Assim, um pedaço do ativo “conta a receber” não pode ser considerado ativo, já que existe esta possibilidade da não entrada de caixa. Em razão disto, procede-se a estimativa da provisão para crédito de liquidação duvidosa (PCLD).

A estimativa da PCLD trata-se de uma hipótese, baseada na experiência histórica da empresa ou nas chances de cada cliente efetuar o pagamento. Neste caso, a estimativa pode (a) ser exatamente o que ocorreu posteriormente; (b) ser maior do que não foi pago; (c) ser menor. A primeira hipótese é rara de acontecer, já que para isto ou a bola de cristal está calibrada ou a empresa possui poucos clientes. Assim, é muito provável que a PCLD não corresponda ao ocorrido, sendo necessários ajustes, para mais ou menos, ao final de cada exercício.

Vamos considerar o caso da Companhia de Jesus, mais conhecida como Jesuítas. Durante o ano de 2014 os Jesuítas apresentam o seguinte detalhamento das contas a receber:

Os jesuítas tiveram, em 2014, uma receita 12,5 milhões, sendo 1,6 milhão referente à reversão de PCLD. Os Jesuítas não explicam, na sua demonstração, esta reversão. Mas tudo leva a crer que se trata do recebimento pela venda de um imóvel e a expectativa do não recebimento. No exercício anterior a entidade foi conservadora. No final de 2014 a entidade resolveu reduzir esta provisão e isto aumentou sua receita, sem afetar o caixa das operações.

12 maio 2015

Curso de Contabilidade Básica: Código da Conta

O Código da Conta refere-se a uma numeração que facilita certas operações repetitivas. Esta numeração pode ser específica de cada empresa ou não. Para os casos de empresas que atuam em certas situações onde existe uma entidade governamental exercendo uma regulação no mercado é comum que o código seja proposto por esta entidade.

O Código da Conta é originário do Plano de Contas e traduz a estrutura de lançamentos e agregações existente na empresa. Para exemplificar como funciona o código da conta iremos utilizar uma empresa de capital aberto, onde a CVM determinou um código da conta para os principais itens que seriam evidenciados pelas empresas. Por exemplo, a conta de Salários a Pagar, do passivo circulante de uma empresa, possui o seguinte código: 2.01.01.02.01. Se você olhar no balanço da Gerdau tem

Já no balanço da Guararapes o mesmo código refere-se a um subitem das obrigações trabalhistas:

A Comissão de Valores Imobiliários adota a seguinte estrutura de codificação:
Grupo 1 – contas do Ativo do Balanço Patrimonial
Grupo 2 – contas do Passivo e Patrimônio Líquido do Balanço Patrimonial
Grupo 3 – contas da Demonstração do Resultado
Grupo 4 – contas da Demonstração do Resultado Abrangente
Grupo 5 – contas da DMPL
Grupo 6 – contas da DFC
Grupo 7 – contas da DVA

Dentro do grupo 1 tem-se a seguinte divisão:
1.01 – Ativo Circulante
1.02 – Ativo não Circulante

Qual a vantagem do código de contas? Ele permite que o analista tome somente certas contas na sua análise, padronizando a classificação de cada empresa.

15 abril 2015

Curso de Contabilidade Básica Aplicações Financeiras

Uma empresa irá destinar seus recursos para as atividades fins. Uma indústria deve alocar seus recursos para máquinas e equipamentos; um comércio, nas instalações e lojas; uma empresa de serviço, em computadores. Mas quando uma empresa deixa de investir no seu objetivo isto merece uma investigação.

Veja o caso da Richard Saigh, uma empresa de moagem de trigo e comercialização de seus derivados. O balanço da empresa encontra-se a seguir:

Observe que a empresa tinha 25 milhões de reais no final de 2014 em aplicações financeiras. Isto significava 31% do ativo da empresa, o segundo maior ativo da empresa. Qual a razão disto? A nota quatro diz que as aplicações estão concentradas em fundo de renda fixa de curto prazo. Mas a empresa não é um banco e sim uma indústria. Na nota 17 informa que a empresa obteve um rendimento com aplicação financeira de R$3,093 milhões em 2014.

Usando estas informações, vamos calcular o retorno da aplicação. Para isto é necessário dividir o rendimento da aplicação pelo valor aplicado. Aqui um aspecto importante: o correto é considerar a aplicação financeira realizada no início do período. No caso da empresa:

Retorno da Aplicação = Retorno / Aplicação = 3,093 / 20,709 = 0,1494

Ou 14,94% de retorno. Bom ou ruim? Para responder a isto é necessário comparar com o retorno dado por um fundo de renda fixa. Hoje um fundo como este produz uma rentabilidade em torno de 10%.

13 abril 2015

Curso de Contabilidade Básica Encerrando as Demonstrações Contábeis

Geralmente as demonstrações contábeis começam com o relatório da diretoria. Os gestores fazem uma saudação e, nas grandes empresas, uma grande descrição da empresa, dos negócios, do ambiente e outras informações relevantes. As demonstrações encerram com a data e assinatura das pessoas responsáveis pelas informações ou com o parecer dos auditores. Sobre as pessoas responsáveis, deve constar o nome e o cargo. E isto inclui o nome do contador/técnico, com seu número do CRC.

Vejamos o encerramento de uma concessionária de automóveis, a Frivel Friburgo Veículos, concessionária da Volkswagen e seu encerramento, que reproduzimos aqui:

Observe que o encerramento da empresa possui uma informação sobre a destinação do lucro, o local e a data e as pessoas responsáveis. Duas observações sobre a imagem acima. Primeiro, observe que o texto está truncado: “0 (um milhão e cem reais)” está sobrando no texto. É naturalmente que na pressa da preparação das demonstrações este tipo de erro pode ocorrer – e ocorre. (Só comete erro quem trabalha) O segundo ponto é da data; consta a data de 31 de dezembro e as informações referem-se ao exercício encerrado nesta data. O normal seria uma data após o encerramento, quando a empresa realmente fechou seu balanço e o diretor “assinou”.

09 abril 2015

Curso de Contabilidade Básica: Lucro e Caixa

De uma maneira geral, o lucro e o caixa de uma empresa andam na mesma direção. Ou seja, os valores do lucro de um período devem ser coerentes com o fluxo de caixa gerado nas atividades operacionais. Mas nas situações práticas isto pode não ocorrer e uma empresa pode ter lucro, mas não está gerando caixa ou ter prejuízo e está gerando caixa. Nestes casos é sempre interessante que o usuário busque a explicação para esta divergência.

Vamos olhar o caso do Centrad ou Concessionário do Centro Administrativo do Distrito Federal. Esta empresa foi constituída em 2009 para fazer a construção, operação e manutenção do Centro Administrativo do Distrito Federal. O prazo de vigência do contrato é de 22 anos e a entidade tem a participação da Odebrecht e Via Engenharia. A empresa apresentou uma demonstração do resultado com um lucro de R$79 milhões:

Mas o fluxo de caixa das atividades operacionais foi negativo em 302 milhões de reais em 2014:

É também importante ressalvar que estes dois itens foram divergentes em 2013. Qual a razão da divergência? Observe que a DFC inicia com o lucro do exercício e que o principal item é o “ativo financeiro”, com valores acima de 100 milhões para o ano de 2014. Assim, o valor do lucro que era positivo em 120 milhões transforma-se num caixa negativo de 302 milhões. Eis o que diz uma nota explicativa da empresa:

Assim, a empresa adquiriu o direito a faturar do contrato com o governo do Distrito Federal que irá implicar em receber, em períodos futuros, quase um bilhão de reais. Este valor só irá entrar no caixa da empresa nos próximos anos, a partir de 2016.

Observe que em 2015 provavelmente ainda haverá um descasamento entre o lucro e o caixa da empresa, já que o ativo circulante é reduzido (31 milhões) e a grande parcela a receber é de longo prazo.

08 abril 2015

Curso de Contabilidade Básica: Imobilizado destinado a Venda

O ativo imobilizado é um “ativo não circulante”, estando localizado no canto esquerdo embaixo no balanço patrimonial. Isto ocorre em razão da baixa liquidez deste ativo. Entretanto, quando a empresa pretende efetuar a venda de um imobilizado brevemente é natural que o mesmo seja reclassificado ou então destacado no balanço. Com isto, a empresa deixa bem claro que aquele ativo não irá participar da geração de caixa operacional nos próximos exercícios.

A empresa Marilan produz e vende biscoitos. Recentemente divulgou seu balanço anual onde aparece a conta “bens destinados a venda”, no valor de R$972 mil, como “ativo ativo não circulante”.


A empresa explica esta classificação:

Representa bem imóvel localizado na cidade de Macapá, Estado do Amapá. Este bem foi recebido como liquidação de transações comerciais e contabilizado pelo valor justo. A classificação da rubrica “Bens destinados à venda” no ativo não circulante deve-se ao fato de não haver a certeza por parte da Administração de alienar estes investimentos no curto prazo.


07 abril 2015

Curso de Contabilidade Básica: Economia de Escala

Os custos podem ser classificados conforme a variação a atividade da empresa. Se os custos variam conforme a atividade eles são denominados de custos variáveis; permanecendo constantes recebem a denominação de custos fixos. Quanto mais uma empresa produzir e vender, os custos fixos por unidade irão reduzir. Este efeito é denominado de economia de escala.

A economia de escala é importante para uma empresa por permitir que a empresa possa, por exemplo, ganhar mercado.

A Eurofarma apresentou o gráfico acima no seu balanço anual do exercício de 2014. Compara o aumento do dissídio - aumento de salário, com o aumento dos preços medido pelo IPCA e o aumento nos preços dos produtos da empresa. Logo a seguir a explicação da empresa:

A combinação destes fatores poderia afetar negativamente as margens da companhia, mas isso só não vem ocorrendo, porque a empresa atingiu um alto crescimento em vendas, o que permitiu a diluição dos custos fixos.

Um exemplo prático e elegante do poder da economia de escala.

31 março 2015

Curso de Contabilidade Básica: Usando Capital para Cobrir Prejuízo

Quem é mais antigo deve-se lembrar de uma empresa chamada Telebrás. Esta empresa detinha o monopólio do setor de telecomunicações no Brasil, antes da privatização realizada na década de noventa. Mas a empresa ainda resiste. E publica seus resultados. Com um ativo de 1,8 bilhão, sendo 1,2 bilhão em imobilizado, a empresa está autorizada a prestar serviço de comunicação multimídia e a implantar banda larga no país. Segundo suas demonstrações,

O ano de 2014 representou um marco na história da Companhia: nunca uma copa do mundo de futebol teve todos os seus jogos transmitidos a partir de uma rede de telecomunicações formada integralmente por fibras ópticas e a Telebras foi a protagonista deste feito.

Com 1,8 bilhão de ativo, a empresa gerou em 2014 uma receita de R$31 milhões. O cálculo do giro do ativo mostra que este valor da receita é pouco expressivo. O “custos dos serviços prestados” foi de R$171 milhões, indicando ser uma empresa com prejuízo. Com efeito, em 2014 a empresa teve um prejuízo de 117 milhões de reais. Este resultado é maior que o prejuízo de R$146 milhões do ano anterior.

Mas vamos olhar de perto a DMPL. Geralmente os usuários não analisam de perto esta demonstração, mas no caso da Telebrás a informação é interessante. Inicialmente a movimentação do patrimônio líquido em 2014:

(Clique na figura para ver melhor) Observe que a empresa terminou o ano com um PL praticamente igual a zero. Os prejuízos acumulados foram “usados” para reduzir o capital social integralizado, cujo saldo final é praticamente igual aos prejuízos acumulados em 31 de dezembro. Parece que a empresa fez um “grande esforço” para manter o PL positivo. (outras contas, como reserva de lucros ou outros resultados abrangentes não são expressivos).

A seguir a DMPL do período anterior. É possível notar que a empresa está absorvendo os prejuízos persistentes com seu capital.

A pergunta é se o acionista conseguirá absorver esta situação da empresa. Numa nota da empresa é informado que durante 2014 “foram aportados recursos da ordem de R$329 milhões pelo Acionista Controlador para futuras incorporações ao capital social”. Quem é este acionista? 58% das ações ordinárias são da União e 33% da Finep. Ou seja, somos nós, contribuintes, que aportamos recursos na empresa. E este volume aportado em 2014 significa menos de dois reais por pessoa.

26 março 2015

Curso de Contabilidade Básica: Numeração de notas explicativas

Quem já olhou uma demonstração contábil de uma empresa deve ter visto a seguinte frase: “as notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras individuais”. E geralmente estas notas representam grande parte destas demonstrações. Em geral as empresas numeram estas notas explicativas da seguinte forma: as primeiras notas (duas ou três primeiras) são de caráter geral e apresentam a empresa, indicam algumas características gerais da sua elaboração e principais práticas contábeis; a seguir as notas fazem vínculo com a ordem do balanço patrimonial, seguido da demonstração do resultado.

Observe, a seguir, o balanço patrimonial da CarePlus http://www.valor.com.br/sites/default/files/upload_element/24-03_care_plus_balanco_dupla_c_asura.pdf
As três primeiras notas são de caráter geral. A seguir apresenta-se uma nota sobre as aplicações financeiras (nota 4), a contraprestação pecuniária a receber (nota 5), bens e títulos a receber (nota 6) e imobilizado (nota 7). Veja que está seguindo a ordem do ativo do balanço patrimonial.

Mas nem sempre esta ordem acontece. A nota 8 é sobre “Prêmios e emolumentos recebidos”, que por sua vez está inserido dentro da nota 12. Ou seja, a empresa confundiu um pouco o leitor.


P.S. A Editora Atlas está encaminhando o original e o relatório de dúvidas. Estamos aguardando que a edição fique pronta logo. 

12 março 2015

Curso de Contabilidade Básica: Empréstimo, Fluxo de Caixa e Despesa Financeira

Quando uma empresa possui empréstimo, isto irá gerar despesa financeira. Esta decisão de captar recursos de terceiros irá aparecer no balanço patrimonial, na demonstração do resultado e na demonstração dos fluxos de caixa.

Existe uma grande polêmica quanto ao tratamento deste fato nas demonstrações contábeis. Na demonstração do resultado, a classificação da despesa financeira deveria ser após o lucro operacional. Nos últimos anos as empresas brasileiras estão considerando o lucro antes e depois do resultado financeiro, por indução das autoridades reguladoras. E o fluxo de caixa com esta operação na DFC é mais contraditório ainda: o pagamento dos juros é classificado como operacional e o pagamento do principal é financeiro.

A figura a seguir é o balanço da Tracbel, uma distribuidora de máquinas agrícolas.
O volume de empréstimo no final de 2014 aumentou de 28,5 milhões para 38,6 milhões. Isto tem reflexo no resultado da empresa:

No resultado financeiro da empresa tem-se que as despesas financeiras reduziram de 7,8 milhões para 6,7 milhões. O efeito dos empréstimos e financiamentos na DFC estão a seguir:


Na parte “operacional” têm-se os encargos financeiros sobre financiamentos, que somados a despesas financeiras irão compor o fluxo de caixa com o pagamento de juros. Na parte do financiamento, a empresa informa o volume captado e o volume pago com este item.

10 março 2015

Curso de Contabilidade Básica: Taxa de Depreciação

A estimativa da depreciação de um imobilizado deveria ser objeto de um estudo técnico, onde para cada ativo a empresa teria um valor depreciado. Entretanto, o custo de produzir esta informação ultrapassa em muito o benefício de uma informação mais correta. Por este motivo geralmente a empresa estabelece que para determinado tipo de ativo, um computador, por exemplo, a depreciação seria uma taxa anual fixa.

No passado o fisco determinava o valor máximo de depreciação que poderia ser usado nas demonstrações contábeis para fins fiscais. O que era “valor máximo” tornou-se “o valor” e “fins fiscais”, “societário”. Com a adoção das normas internacionais de contabilidade esperava-se que as empresas tivessem liberdade de usar uma taxa mais conveniente, que expressasse melhor a realidade. Mas será que isto ocorreu?

Somente uma investigação mais profunda, numa grande quantidade de balanços, que será possível nós respondermos a esta questão. Entretanto, tudo leva a crer que as velhas taxas fiscais continuam sendo usadas pelas empresas.

Vamos usar o caso a Alpargatas. Esta empresa está associada às marcas Havaianas, Topper, Rainha, Mizuno, entre outras. Ou seja, é uma grande empresa. Usando suas demonstrações contábeis, encontramos as taxas usadas pela empresa:
Para Edifícios e Construções e Móveis e Utensílios a empresa manteve a taxa adotada pelo fisco no passado. Os itens do grupo “Máquinas e Equipamentos” são depreciados a 8% ao ano, o que levaria a uma estimativa de vida útil de 12,5 anos. Veículos sofrem uma depreciação anual de 15%, o que levaria a quase sete anos de vida útil.

06 março 2015

Curso de Contabilidade Básica: Análise de Sensibilidade

O desempenho de uma empresa está condicionado a diversas situações futuras do ambiente econômico. A variação neste ambiente certamente poderá afetar o resultado da empresa. Em razão deste fato, uma boa gestão financeira da empresa faz estudos no sentido de verificar os efeitos desta mudança.

Por exemplo considere as demonstrações da Stell do Brasil referente ao terceiro trimestre de 2014. A empresa analisou o efeito da variação do câmbio no montante de empréstimos em dólar. Se a taxa de câmbio apontar uma desvalorização do real, isto irá influenciar o valor dos empréstimos constantes do balanço da empresa. A figura a seguir é o resumo preparado pela empresa da análise de sensibilidade.

Pela figura tem-se que se ocorrer uma desvalorização de 1% na taxa de câmbio o valor do empréstimo irá aumentar R$145 mil; no caso extremo analisado pela empresa, se a taxa de câmbio tiver uma desvalorização de 50% o empréstimo terá um aumento de 7,2 milhões.

Este tipo de análise é útil para usuário para verificar como a empresa está preparada para uma variação no ambiente externo. A informação acima foi divulgada em novembro e desde então ocorreu uma desvalorização cambial. Isto certamente irá afetar o resultado da empresa no quarto trimestre, além de aumentar seu endividamento.