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02 maio 2008

Contabilidade de partidos


PT e PSDB têm superávit nas contas de 2007, mas dinheiro pagará dívidas
O Globo - 1/5/2008

Contabilidade foi apresentada ao TSE, que vai checar origem dos recursos
Alan Gripp

BRASÍLIA. Depois de sucessivos prejuízos, PT e PSDB declararam ontem à Justiça Eleitoral que encerram o ano pré-eleitoral de 2007 com superávit de R$2,8 milhões e R$5,7 milhões, respectivamente. O resultado positivo, contudo, serve apenas para pagar uma pequena parte de dívidas acumuladas, que, somadas, representam um rombo de mais de R$50 milhões.

Há seis anos o PT não fechava o ano com resultado positivo, mas não tem muito a comemorar. Em 2007, o partido declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter arrecadado R$40,2 milhões e gasto R$37,4 milhões. Mas a sobra de R$2,8 milhões representa apenas 7% da dívida total da legenda, que gira em torno de R$40 milhões. O rombo tem origem em compromissos não honrados em campanhas eleitorais e na dívida herdada do mensalão. Em 2008, ano de eleições municipais, o partido tem poucas esperanças de sair do vermelho.

— A tendência é termos mais dívidas, mas encerraremos compromissos importantes — disse o tesoureiro do PT, Paulo Ferreira. — O PT não parou, mas cortamos gastos com pessoal (cerca de 30%) e revisamos contratos.

Dívida tucana cresceu com campanha de Alckmin

O PSDB fechou 2007 com receitas de R$25,4 milhões e despesas de R$19,6 milhões. O resultado ajuda a tapar apenas um quarto do buraco nos cofres do partido, de R$13 milhões. A dívida tem origem principalmente na campanha derrotada de Geraldo Alckmin, em 2006. O partido assumiu todas as dívidas da campanha e fechou suas contas com déficit de R$17,7 milhões.

— Apertamos o cintos em todas as áreas, mas o superávit de 2007 é meramente contábil. Apenas economizamos para pagar dívida — afirmou o vice-presidente executivo Eduardo Jorge, tesoureiro do partido.

Dois dos 25 partidos registrados no TSE não entregaram a prestação de conta anual até às 18h de ontem, fim do prazo da Justiça Eleitoral. Os técnicos vão analisar as contas e verificar inclusive se os recursos arrecadados tiveram origem legal. Também vão checar se há irregularidades nos gastos. Em 2006, o PT usou recursos do fundo partidário (dinheiro público) para pagar bebidas e cigarros para a festa de seu aniversário, como mostrou O GLOBO, e, por isso, pode ter as contas rejeitadas.

O PT declarou ter gasto R$8 milhões só na rubrica “despesas com fins eleitorais”. Outros R$6 milhões foram gastos com o pagamento de salários. Chamou a atenção dos técnicos o gasto declarado de R$4,6 milhões com as “depreciações”, o que significa o valor perdido com a defasagem de parte do patrimônio. O maior gasto do PSDB foi com transferências aos diretórios estaduais: R$7,2 milhões. As despesas com fins eleitorais somaram R$5,7 milhões.


Grifo meu.

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