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29 julho 2019

Economista esperto?

Em Can you Outsmart an Economist?, Steven E. Landsburg, repete os surpreendentes Economista do Sofá e Mais Sexo é Sexo mais Seguro. O texto é parecido: Landsburg traz algumas ideias que parecem absurdas, mas ao explicá-las, ele faz com que o leitor fique com "cara de idiota": como não pensei nisto antes?

Veja o caso dos professores bonitos. Em muitos rankings de avaliação dos docentes, os alunos atribuem uma nota mais elevada para estes professores. Isto faz parecer que os alunos são frívolos ou que não levam em consideração a qualidade real da aula do professor. Landsburg afirma que não, que provavelmente a avaliação é adequada. Eis a lógica desenvolvida por ele: existe um grande número de trabalhos onde a beleza física é uma vantagem (modelo, ator, vendedor etc); aqueles que escolheram a profissão de ensinar são pessoas que são realmente talentosas ou possuem um grande amor por repartir o conhecimento; então, eles devem realmente serem bons no que fazem.

Outra questão interessante: se a medicina é tão boa em aumentar a idade média, qual a razão de não ser boa o suficiente para estender o limite superior? Ou seja, não é muito comum uma pessoa viver mais que 100 anos, apesar da média de idade estar aumentando. A resposta é muito interessante (e os professores de custos deveriam usar o exemplo):

Diz a lenda que a [Henry] Ford despachou uma equipe de engenheiros para um ferro-velho para ver se ainda havia peças em excelentes condições nos carros velhos. Quando identificavam, no ferro velho, uma peça que funcionava perfeitamente em todos os carros, a Ford instruía seus engenheiros a economizar recursos, reduzindo a qualidade da peça excessivamente durável.

A atitude de Ford era bem racional e não prejudicava em nada seus clientes. De que adiantava ter uma peça de excelente qualidade, se o carro não durava tanto. Landsburg usa isto para lembrar que o corpo humano possui várias peças que são essenciais para vida. Se a medicina cria condições para que uma destas peças consiga funcionar bem com mais de 100 anos de uso, isto não resolve o problema de estender a idade máxima das pessoas, pois outra peça só "funciona" cem anos. Assim, para que as pessoas possam viver 120 anos, todas as peças devem funcionar perfeitamente com 120 anos de uso.

A partir daí, Landsburg afirmar que o casamento é bom para os homens, mas não para as mulheres. Os resultados das pesquisas mostram que após um divórcio, o padrão de vida da mulher cai, enquanto o padrão de vida do homem aumenta. Se o casamento continua, isto significa que o homem está disposto a pagar pelo privilégio de estar casado.

São mais de 100 "desafios" para "treinar seu cérebro". Particularmente, achei um pouco irregular o livro. Mas nem por isto uma leitura desagradável. Vale a pena.

Rir é o melhor remédio

Você sabe que é um contador quando usa o excel para organizar as férias

28 julho 2019

Inferência Causal na pesquisa em contabilidade

Resumo:

This paper examines the approaches accounting researchers use to draw causal inferences using observational (or non-experimental) data. The vast majority of accounting research papers draw causal inferences notwithstanding the well-known difficulties in doing so. While some recent papers seek to use quasi-experimental methods to improve causal inferences, these methods also make strong assumptions that are not always fully appreciated. We believe that accounting research would benefit from: more in-depth descriptive research, including a greater focus on the study of causal mechanisms (or causal pathways); increased emphasis on structural modeling of the phenomena of interest. We argue these changes offer a practical path forward for rigorous accounting research.


Gow, Ian D. and Larcker, David F. and Reiss, Peter C., Causal Inference in Accounting Research (May 2016). Journal of Accounting Research, Vol. 54, No. 2, 2016; Rock Center for Corporate Governance at Stanford University Working Paper No. 217; Stanford University Graduate School of Business Research Paper No. 16-16. Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=2729565 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2729565


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Rir é o melhor remédio


27 julho 2019

Lista: Cursos de Idiomas mais Procurados

Para quem fala inglês, os cursos mais procurados no Duolingo são:

Espanhol = 22,7 milhões
Francês = 13,1
Alemão  = 7,48
Japonês = 5,95
Italiano = 5,18
Coreano = 3,61
Chinês = 3,42
Russo = 3,04
Português = 2,22

E são 27 milhões matriculados no curso de inglês, para quem fala espanhol.

To be Fucked

Um curso na Universidade do Oregon, com o professor Sanjay Srivastava foi considerado por Cochrane como o programa mais hilário. O curso chama "Everything is Fucked".

Na introdução, o professor explica o que significa, na ciência, "to be fucked". O curso mostra situações onde algo está errado e que, por isto mesmo, representa um desafio. O conteúdo inclui, por exemplo, "psicologia is fucked".

Rir é o melhor remédio

Não fique triste em um sábado. Espere até segunda. Você tem que chorar em horário comercial. Não deixe o capitalismo vencer.

26 julho 2019

Entrevista com Hoogervorst

O presidente do Iasb, Hans Hoogervorst (foto), concedeu uma entrevista, onde analisou as realizações e o trabalho que ainda está por ser feito. Isto inclui:

a) medidas não GAAP
b) a questão da mudança no clima e seu reflexo na contabilidade
c) um provável estudo sobre o relatório da administração,
d) projeto de demonstrações financeiras primárias

Alguns destes tópicos já foram comentados neste blog. Um ponto importante é que Hoogervorst parece ainda não estar satisfeito com a contabilidade de seguradoras:

‘It has been clear that a lot of investors avoid investing in insurance companies because they cannot understand the accounting’, he says. ‘The existence of the new standard might draw more investors to the business of insurance’. At present he says that ‘it is a bit of a mess’.


Honestamente espero que o projeto do Iasb de se intrometer no Relatório da Administração não siga adiante. É necessário que a administração tenha liberdade para falar o que deseja nesta parte. Sem ter que cumprir "regrinhas" ditadas pelo regulador.

Aqui também. Eis o resumo do vídeo: Q1: Climate Change and financial risks. Q2: Climate-related financial disclosures. Q3: The Management Commentary Practice Statement. Q4: The potential impact of IBOR. Q5: The likely Changes to IFRS17. Q6: The benefits of the Primary Financial Statements project. Q7: The evolution of IFRS. Q8: Plans for the remaining years of Hoogervorst’s Chairmanship.

Precificação de ativos via Deep Learning

Resumo:

We propose a novel approach to estimate asset pricing models for individual stock returns that takes advantage of the vast amount of conditioning information, while keeping a fully flexible form and accounting for time-variation. Our general non-linear asset pricing model is estimated with deep neural networks applied to all U.S. equity data combined with a substantial set of macroeconomic and firm-specific information. We estimate the stochastic discount factor that explains all asset returns from the conditional moment constraints implied by no-arbitrage. Our asset pricing model outperforms out-of-sample all other benchmark approaches in terms of Sharpe ratio, explained variation and pricing errors. We trace its superior performance to including the no-arbitrage constraint in the estimation and to accounting for macroeconomic conditions and non-linear interactions between firm-specific characteristics. Our generative adversarial network enforces no-arbitrage by identifying the portfolio strategies with the most pricing information. Our recurrent Long-Short-Term-Memory network finds a small set of hidden economic state processes. A feedforward network captures the non-linear effects of the conditioning variables. Our model allows us to identify the key factors that drive asset prices and generate profitable investment strategies.

Fonte: Deep Learning in Asset Pricing (with L. Chen and J. Zhu)

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Investidores não pensam em retorno percentual

Can the Market Multiply and Divide? Non-Proportional Thinking in Financial Markets
Kelly Shue e Richard Townsend, R&R Journal of Finance

First Prize AQR Insight Awards, 2019

Abstract: Nominal stock prices are arbitrary. Therefore, when evaluating how a piece of news should affect the price of a stock, rational investors should think in percentage rather than dollar terms. However, dollar price changes are ubiquitously reported and discussed. This may both cause and reflect a tendency of investors to think about the impact of news in dollar terms, leading to more extreme return responses to news for lower-priced stocks. We find a number of results consistent with such non-proportional thinking. First, lower-priced stocks have higher total volatility, idiosyncratic volatility, and market betas, after controlling flexibly for size. To identify a causal effect of price, we show that volatility increases sharply following pre-announced stock splits and drops following reverse stock splits. The returns of lower-priced stocks also respond more strongly to firm-specific news events, all else equal. The economic magnitudes are large: a doubling in a stock's nominal price is associated with a 20-30% decline in its volatility, beta, and return response to firm-specific news. These patterns are not exclusive to small, illiquid stocks; they hold even among the largest stocks. Non-proportional thinking can explain a variety of asset pricing anomalies such as long-run and short-run reversals, as well as the negative relation between past returns and volatility (i.e., the leverage effect). Our analysis also shows that the well-documented negative relation between risk (volatility or beta) and size is actually driven by nominal prices rather than fundamentals.


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Registro de encontros com partes interessadas

Como resolver uma situação quando um membro de uma entidade tem algum envolvimento com uma parte interessada? Uma primeira solução é evidenciar claramente esta relação. Parece que é isto que a Fundação IFRS, que cuida das normas internacionais de contabilidade, pretende fazer a partir do final de 2019. A Fundação anunciou que haverá um registro público do envolvimento dos membros do Iasb com partes interessadas. Isto deve aumentar a transparência e a "demonstrar a independência dos membros do Board".

O registro incluirá somente encontros com duração superior a 30 minutos, com informações sobre a data, nome da organização, localização e finalidade. A iniciativa decorreu de um relatório da Comissão Européia (copia aqui) que constatou que quando um membro da Fundação tinha encontros com stakeholders nenhum registro formal era mantido. É interessante que este documento "lembrava",  no seu apêndice 2, que a Comissão Europeia era o segundo maior financiador da Fundação IFRS (após as Big Four).

É inocente supor que a mera divulgação dos encontros seja suficiente para impedir conflitos de interesse. Existe um velho ditado que diz "A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta".

Imagem: Pompeia, a mulher de César.

Rir é o melhor remédio