Translate

25 agosto 2011

Odebrecht


Sobre a questão do valor das ações da família Gradin no grupo Odebrecht, o Valor Econômico (Quanto vale o grupo Odebrecht?,  Cristine Prestes e Mônica Scaramuzzo) apresenta uma reportagem interessante sobre a discordância no processo de avaliação.

A discussão diz respeito a 20,6% das ações. Isto por si só já é passível de polêmica, pois se trata de negociação de ações minoritárias, não o controle da empresa.

O lado da família controladora pretende pagar 1,5 bilhão de dólar pelas ações. O valor foi obtido a partir da avaliação feita pelo Credit Suisse, com base nas demonstrações de 31 de dezembro de 2009 e eventos até 24 de maio de 2010.

Os critérios utilizados para a avaliação do valor da Odbinv estão previstos no acordo de acionistas da companhia, assinado em 2001 entre a controladora Kieppe e os minoritários. O anexo do acordo estabelece que o preço de cada ação será fixado a partir do cálculo do valor da Odbinv, feito anualmente através de uma avaliação independente, a ser realizada pelo Credit Suisse ou outro banco de investimentos de primeira linha aprovado pelo presidente do Conselho de Administração. O documento ainda prevê que a avaliação deve ser concluída até 31 de maio de cada ano e que valerá até maio do ano seguinte, quando uma nova avaliação é concluída.


Ainda segundo o anexo do acordo de acionistas da Odbinv, a avaliação da companhia será feita pelo critério de soma das partes (1) - soma do valor atribuído às empresas que compõem o grupo - e utilizará metodologias adequadas a cada empresa. O documento não lista todos os critérios (2), mas exemplifica que, no caso das empresas do setor químico e petroquímico, será feita "pela análise de empresas comparáveis negociadas em mercados de ações" (3) e que, no caso das empresas de engenharia e construção, será feita "pelo método de projeção e desconto de fluxos de caixa".

Eis algumas observações ao texto acima:
(1) Isto significa que não será considerado a sinergia entre as empresas. Em geral isto tende a aumentar o valor das ações.
(2) A ausência de critérios no documento dá margem para discussões. Além disto, os exemplos apresentados a seguir mostram que os métodos podem apresentar valores diferentes.
(3) Os setores de atuação do grupo tornam inviável e muito subjetivo este método

O texto continua:

Segundo Carvalhosa [Modesto, advogado dos minoritários], a avaliação feita pelo Credit Suisse conferiu à Odbinv um valor cerca de US$ 16 bilhões menor do que a companhia realmente valeria. "O laudo do Credit Suisse é constituído de números, dados e critérios fraudados", diz. O advogado sustenta que, enquanto o Credit Suisse calcula o valor do grupo na ordem de US$ 9,8 bilhões, seu valor real seria de ao menos US$ 25,4 bilhões, número encontrado a partir da análise de operações fechadas no período e com base em laudos públicos.

A afirmação de Carvalhosa é extremamente infeliz e espera-se que seja somente um jogo de cena. Num processo de avaliação, um aspecto é as suposições assumidas, que podemos concordar ou não; mas daí afirmar que existiu fraude, é uma distância longa.

Assim, nas contas da família Odebrecht, a participação dos Gradin valeria US$ 1,5 bilhão - ou seja, US$ 2 bilhões referentes à parcela de 20,6% sobre os US$ 9,8 bilhões resultantes da avaliação do Credit Suisse, subtraídos de 25%, desconto previsto no acordo de acionistas para a negociação de participações minoritárias ilíquidas. Mas, nas contas da família Gradin, suas ações valeriam pelo menos o dobro - além de basearem-se em uma avaliação diversa, os Gradin discordam do desconto de 25%, que, segundo eles, valeria apenas se eles tivessem exercido a opção de venda de suas ações, e não o contrário.


(Foto: Flickr)

Construtoras 1


Sobre a apuração de resultado numa construtora, o valor de 23 de agosto traz duas reportagens interessantes sobre o assunto. Eis trechos da primeira:

A Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI) surpreendeu o mercado na semana passada ao divulgar que sua margem bruta, que equivale a quanto sobra da receita após descontados os custos de construção, ficou negativa em 21% no segundo trimestre.


Isso quer dizer que, antes de considerar as despesas administrativas e de vendas, a empresa já estava no prejuízo no período.


O motivo para esse resultado - bastante incomum em qualquer setor da economia - foi o reconhecimento de estouros de orçamentos de obras lançadas em 2007 e 2008.


Longe de ser um caso isolado da CCDI, a divulgação de revisões de estimativas de custos de empreendimentos imobiliários tem deixado com frio na barriga os investidores que carregam em suas carteiras ações de incorporadoras. A sensação é que a cada temporada de balanços mais surpresas podem aparecer nos demonstrativos financeiros.


Qualquer pessoa que já fez uma reforma em casa sabe que os gastos quase sempre superam o orçamento. O que chama atenção é que algumas das maiores construtoras do país, especialistas no assunto, também tenham sido pegas de surpresa. (...)


Segundo Idésio Coelho, diretor técnico do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), para quem a área de reconhecimento de receitas e custos é a mais sensível no segmento imobiliário, os "ajustes, maiores ou menores, sempre acontecerão", já que o preço de venda é fixo (embora corrigido pelo Índice Nacional do Custo da Construção - INCC) e os custos variam durante a construção, que costuma levar de dois a quatros anos. "Se a empresa demora muito tempo para fazer essa revisão, tem mais impacto. Assim, o ideal é que ela faça esse controle ao menos trimestralmente e principalmente em função de uma evolução importante do projeto", afirma Coelho.


O que aparentemente ocorreu em muitos casos foi que os desvios só foram mensurados pela administração e reconhecidos no resultado com atraso. Quando isso acontece, há o risco de o acionista atual de uma empresa pagar sozinho uma conta (com um dividendo menor) que deveria ter sido dividida com o investidor que tinha os papéis no passado.


"Não tem uma regra obrigando a fazer a revisão de orçamento com determinada frequência. O IFRS diz que tem que fazer de forma tempestiva e sempre que tiver variações das premissas", diz Coelho. De acordo com ele, o auditor avalia se a revisão feita pela companhia é adequada e faz testes para acompanhar as mudanças de estimativas, principalmente quando faz a auditoria completa, do balanço anual.


Constatado desvio em relação ao orçamento, é preciso avaliar se houve erro relevante nos balanços anteriores, o que exigiria a republicação dos mesmos, ou apenas uma mudança de estimativa, com o ajuste sendo reconhecido no trimestre e dali por diante. Nos casos recentes citados, os desvios foram tratados como mudança de estimativa.


Para Fernando Caio Galdi, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras, existe sim discricionariedade da administração das companhias sobre o momento de revisão de orçamento e que ao auditor cabe avaliar "como estão sendo feitas essas mudanças, se elas são feitas no período adequado e se as estimativas são realistas". "Tem empresa que tenta adiar o máximo possível a notícia ruim", reconhece ele.


Construtoras 2


"A apuração definitiva (1) dos orçamentos de empreendimentos só é possível com a aproximação da entrega das unidades", diz a Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI), ao explicar por que o ajuste de custo R$ 141 milhões, principalmente de projetos lançados entre 2007 e 2008, só foi reconhecido no segundo trimestre deste ano.


"É somente nesse estágio que as construtoras, neste caso terceirizadas, conseguem concluir os levantamentos e identificar custos adicionais", afirmou a CCDI, em resposta por e-mail, destacando que a expansão forte do setor nos últimos anos provocou alta nos custos e escassez de mão de obra e equipamentos.


(...) Marcelo Borges, que assumiu como diretor-presidente da Rodobens Negócios Imobiliários no início deste ano, conta que a empresa contratou um novo responsável para a área de controladoria (2), para acompanhar mais de perto as obras. Para ele, o risco de haver desvios é "inerente" ao setor, por conta das variáveis a que se está exposto. "Mas também não quer dizer que temos que aprender a conviver com isso", diz ele, para quem um controle mensal das obras permite não apenas identificar o valor do desvio, mas tambem corrigir aumentos de gastos. (...)

Empresas reduzem terceirização e reforçam controles - Valor Econômico - 23 Ago 2011 (foto: Flickr)

(1) Definitiva não seria orçamento, e sim realizado. Mas uma boa estimativa é possível antes do término da obra.
(2) A controladoria foi responsável. Observe que na empresa anterior a responsabilidade era do ambiente econômico.

IPO do Manchester

Por Pedro Correia

O Manchester United irá realizar IPO em Singapura para captar 1 bilhão de dólares.Por que um time de futebol quer realizar um IPO? De acordo com o Financial Times, os proprietários da equipe,a família americana Glazer,irão utilizar os recursos do IPO para pagar as dívidas do clube, num total de 849 milhões dólares.

Por que Singapura? Qual é a razão para não abrir capital em Londres ou Hong Kong?Londres não foi escolhida , pois há desconfianças locais quanto ao modelo de negócios de clubes de futebol. Em relação à cidade chinesa, o clube inglês está apto a realizar o IPO na bolsa local, no entanto ,as exigências e os custos de uma oferta inicial são maiores que em Singapura. Segundo Kevin Brown, é uma estratégia para evitar um exame minucioso, por parte dos órgão reguladores de Hong Kong, da situação econômico-financeira do Manchester . Ademais, o clube quer evitar uma identificação excessiva com os chineses, já que diversos fãs estão espalhados por outros locais do sudeste asiático. A seguir a opinião de Kevin Brown:

"The club's opaque finances are seen by sceptics as a key reason why Manchester United decided to locate its IPO in Asia rather than in London, where there is scepticism about the business models of football clubs whose revenues largely disappear in ever-inflating player salaries and transfer fees,'' Brown writes."The air of mystery has been compounded by the club's surprise choice of Singapore for its IPO, rather than Hong Kong, as had been widely expected – a decision described as "hard to explain" by one banker involved in early discussions on the listing. People with knowledge of the proposals say the driving force was a desire to avoid over-identification with China, and to tap the very large fan base among the 600m people of relatively well-developed South-East Asia, for whom Singapore is a natural financial hub. However, the financial sector in Hong Kong is awash with rumours that the switch is somehow designed to allow the secretive Glazers to avoid close scrunity of Manchester's United's finances, including the relationship between the club's debts and their own."

Esferas





Esferas

Eletrobras 3

Eis outro ponto engraçado da entrevista:

Figueira: (...) Vamos separar uma questão: balanço, quando ele fecha os números, quando ele dá lá a receita bruta, ele não tem dúvida da receita bruta. Agora, o que ele quer dizer? Existe uma necessidade de controles internos que me garantam que aquele número foi gerado com confiabilidade, não teve chance de erro, e aí é que entra a SOX. Nessa questão da SOX, ele levantou seis pontos de advertência. O que a lei fala é a necessidade de você ter controles internos e processos chaves da sua organização que você garanta a confiabilidade dos seus números. 

Entenderam? Ele disse que não existe dúvida sobre a receita; mas que a SOX tem questionamentos sobre a  confiabilidade do número. Ou seja, existe dúvida sobre a receita.

(Foto: Flickr)

Eletrobras 2

Ainda sobre a empresa, o Valor fez uma entrevista com seus gestores. Eis um trecho interessante:


Valor: Por que estão atrasando tanto esses balanços?
Figueira É uma pergunta para o financeiro, mas é que houve essa mudança do padrão contábil.
Valor: Mas a mudança foi para todas as empresas...
Figueira: Já viu o número de participações que a Eletrobras tem?
Valor: A Petrobras tem muito mais, e não atrasou.
Figueira: Muitas empresas já adotavam o padrão IFRS, as nossas não. Adotamos o padrão IFRS neste ano, tivemos uma série de motivos para isso. Eu preferia endereçar essa questão...
Valor: Para o presidente (risos). [Figueira é Coordenador Geral da Presidência]
Figueira: É. Para o diretor financeiro, para as pessoas que entendem desse assunto. Eu não me sinto nem confortável para tocar nesse assunto.

Eletrobras


A auditoria externa da Eletrobras apontou deficiências nos controles usados para garantir a qualidade das informações usadas na elaboração dasdemonstrações financeiras da companhia, a holding estatal do setor elétrico. (...)


O auditor da Eletrobras emitiu um parecer, com seis ressalvas, que consta de um documento enviado em julho, com atraso, ao órgão regulador do mercado de capitais americano (SEC, na sigla em inglês).


O chamado Formulário 20-F é uma espécie de balanço anual que as empresas estrangeiras com ações negociadas nos Estados Unidos têm que apresentar à SEC.


O documento, referente ao exercício de 2009, foi entregue com atraso de mais de um ano (o prazo regulamentar é de seis meses depois do fim do exercício).


O relatório de 2010 ainda não foi divulgado, mas a Eletrobras incluiu as considerações do auditor no Formulário de Referência, conjunto amplo deinformações que passou a ser exigido pela Comissão da Valores Mobiliários (CVM), fiscal do mercado brasileiro, a partir de 2010.


Nesse documento, cuja primeira versão foi enviada à CVM no fim de maio com os dados de 2010, foi excluída uma das ressalvas, referente aos controles da usina de Itaipu.


Os problemas identificadas pela auditoria independente da empresa, a PricewaterhouseCoopers (PwC), vão desde a falta de controles eficazes para "prevenir e detectar distorções relevantes nas demonstrações financeiras" até "equipe interna com número insuficiente de pessoas com um nível satisfatório de conhecimentos contábeis [sobre as regras contábeis americanas]".


"As ressalvas do auditor não estão relacionadas aos números do balanço, mas aos controles internos e processos-chaves que garantem a confiabilidade dos números", diz Luiz Augusto Figueira, coordenador geral da presidência da Eletrobras.


"Ele identificou pontos de fraqueza que precisam ser aprimorados, mas nem por isso deu negativa de opinião ou deixou de auditar os números. Ele garante que aqueles números estão certos", afirmou Augusto Figueira. "[A mensagem do auditor foi] melhore alguns pontos de controle interno para garantir que o acionista tenha mais certeza desse investimento."


Fernando Macedo, gerente da divisão de controles internos do departamento de gestão de riscos da empresa, diz que em 2009 a empresa não tinha uma área de controle de gestão de riscos implementada. "Em 2010 criamos a área e estabelecemos a política de gestão de riscos, para acabar com esse problema." Mas, ele ressalta que a "atualização dos controles internos com a maturidade necessária tem um tempo mesmo".


Como parte de um projeto ambicioso de se tornar a "Petrobras do setor elétrico", a Eletrobras começou um processo de reestruturação para ganhar mais controles sobre suas coligadas, o que incluiu a adoção de uma sistema de gestão e de auditor únicos para todas as empresas do grupo.


José da Costa Carvalho Neto, presidente da Eletrobras, avalia que já houve um progresso "bom" e que a empresa está dando prioridade à questão da tecnologia, que inclui a adoção do software de gestão da alemã SAP.


"Vamos fazer um trabalho muito interessante sobre essas ferramentas de informática para dotar a Eletrobras de todos os recursos, não só nas empresas de geração e transmissão, mas também de distribuição", disse. "A integração para nós é fundamental, tem que começar com a parte deinformática."


Contudo, ele admite que nem todas as empresas do grupo Eletrobras adotaram o sistema. Além da holding, Furnas, Eletronorte, Eletronuclear usam o SAP, as outras não. "Temos um sistema satisfatório na Chesf e na Eletrosul, mas não é o SAP. Não queremos que seja necessariamente o SAP. Queremos que os sistemas falem entre si, que sejam integrados. Tem diversas alternativas que analisamos e chegamos à conclusão das alternativas que são viáveis. Mas em todos os casos em que a alternativa é viável, tem um requisito: a integração", disse Carvalho Neto.

(Valor Econômico, 23 Ago 2011,Eletrobras faz revisão de seus controles internos; Nelson Niero, Cláudia Schüffner e Rafael Rosas  Foto: Aqui

24 agosto 2011

Rir é o melhor remédio




Guerra contra o Androide (da Google), que arrota Motorola e suas patentes.

Por que reduzir a corrupção aumenta o valor da empresas brasileiras?



A visão do mercado financeiro sobre um determinado país pode ser expressa através da nota da sua dívida externa. Esta nota é dada por empresas de ratings, sendo a mais famosa a S&P. Quando um país tem um bom desempenho, sua nota melhora; se aumenta o risco de não pagar suas dívidas, sua nota piora.

Já foi observado, no entanto, que as notas dos países possuem uma grande correlação com o Índice de Percepção da Corrupção (Corruption Perceptions Index). Isto significa dizer que países mais corruptos geralmente são aqueles que recebem as piores notas.

Se o Brasil melhorar o combate à corrupção isto poderá ter efeitos benéficos sobre sua nota externa. Uma melhoria na nota do nosso país produz efeitos sobre o custo do empréstimo do governo e das empresas brasileiras. Cai, portanto, o custo do capital.

O custo do capital é usado para descontar a riqueza que será gerada por cada empresa, sendo um dos parâmetros básicos para cálculo do valor. Pelas fórmulas de cálculo do valor das empresas, quanto menor o custo do capital maior o valor da empresa. Assim, redução da corrupção pode aumentar o valor das empresas brasileiras.

Leia mais em: The difference between S&P and Moody’s

Mensuração de credit rating

Por Pedro Correia



Felix Salmon mostra a diferença da mensuração do risco de inadimplemento realizada pela Standard and Poor's e a Moody's. A nota de rating de ambas as agências, é dada em função de diferentes critérios de mensuração. A S&P calcula a probabilidade de default (calote), enquanto a Moody's calcula a expectativa (possibilidade)de perda para o investidor.

Amidst all the downgrade talk, one crucial point has been largely missing: there’s a very good reason why it was S&P, and not Moody’s, which downgraded the US. It’s this: the two companies don’t measure the same thing with their credit ratings.

An S&P ratings seeks to measure only the probability of default. Nothing else matters — not the time that the issuer is likely to remain in default, not the expected way in which the default will be resolved. Most importantly, S&P simply doesn’t care what the recovery value is — the amount of money that investors end up with after the issuer has defaulted.

Moody’s, by contrast, is interested not in default probability per se, but rather expected losses. Default probability is part of the total expected loss — but then you have to also take into account what’s likely to happen if and when a default occurs.

The difference, as it applies to the US sovereign credit rating, is enormous. No one doubts America’s ability to pay its debts, and if the US should ever find itself in a position where it’s forced by law to default on a bond payment, that default is certain to be only temporary. Bondholders would get all of their money, in full, within a couple of weeks, and probably within a few days.

(...)Moody’s, by contrast, appreciates that bonds are investment instruments, and tries to build into its ratings the likelihood that investors will end up getting all their money back at the end of the day, rather than simply measuring how likely it is that there might be a default.

(...)Sovereign defaults are always political, rather than economic: if you looked only at macroeconomic ratios, then Ecuador should be investment grade, as would just about any other country which has recently defaulted and wiped out most of its debt. A sovereign credit rating is therefore primarily a function of a country’s willingness to pay, rather than its ability to pay.

Eletrobras faz revisão de seus controles internos

A auditoria externa da Eletrobras apontou deficiências nos controles usados para garantir a qualidade das informações usadas na elaboração das demonstrações financeiras da companhia, a holding estatal do setor elétrico. As falhas foram descobertas durante o processo de preparação da empresa para ter registro na Bolsa de Nova York (Nyse), obtido em outubro de 2008.

As empresas com papéis negociados no mercado americano são obrigadas a ter seus controles internos testados pelo auditor independente para prevenir possíveis erros e fraudes. Das 31 empresas brasileiras negociadas nos EUA, só Eletrobras e TAM tiveram ressalvas sobre os controles em 2009. A empresa aérea corrigiu o problema no ano seguinte.

Desde 2002, Brasil Telecom, Braskem, CSN, Embraer, Gol, Pão de Açúcar, Sabesp e Oi (Telemar) tiveram em algum momento problemas com controle relatadas pelos seus auditores.O auditor da Eletrobras emitiu um parecer, com seis ressalvas, que consta de um documento enviado em julho, com atraso, ao órgão regulador do mercado de capitais americano (SEC, na sigla em inglês).

O chamado Formulário 20-F é uma espécie de balanço anual que as empresas estrangeiras com ações negociadas nos Estados Unidos têm que apresentar à SEC. O documento, referente ao exercício de 2009, foi entregue com atraso de mais de um ano (o prazo regulamentar é de seis meses depois do fim do exercício).O relatório de 2010 ainda não foi divulgado, mas a Eletrobras incluiu as considerações do auditor no Formulário de Referência, conjunto amplo de informações que passou a ser exigido pela Comissão da Valores Mobiliários (CVM), fiscal do mercado brasileiro, a partir de 2010.

Nesse documento, cuja primeira versão foi enviada à CVM no fim de maio com os dados de 2010, foi excluída uma das ressalvas, referente aos controles da usina de Itaipu. Os problemas identificadas pela auditoria independente da empresa, a PricewaterhouseCoopers (PwC), vão desde a falta de controles eficazes para “prevenir e detectar distorções relevantes nas demonstrações financeiras” até “equipe interna com número insuficiente de pessoas com um nível satisfatório de conhecimentos contábeis [sobre as regras contábeis americanas]“.

“As ressalvas do auditor não estão relacionadas aos números do balanço, mas aos controles internos e processos-chaves que garantem a confiabilidade dos números”, diz Luiz Augusto Figueira, coordenador geral da presidência da Eletrobras. “Ele identificou pontos de fraqueza que precisam ser aprimorados, mas nem por isso deu negativa de opinião ou deixou de auditar os números. Ele garante que aqueles números estão certos”, afirmou Augusto Figueira. “[A mensagem do auditor foi] melhor em alguns pontos de controle interno para garantir que o acionista tenha mais certeza desse investimento.”

Fernando Macedo, gerente da divisão de controles internos do departamento de gestão de riscos da empresa, diz que em 2009 a empresa não tinha uma área de controle de gestão de riscos implementada. “Em 2010 criamos a área e estabelecemos a política de gestão de riscos, para acabar com esse problema.” Mas, ele ressalta que a “atualização dos controles internos com a maturidade necessária tem um tempo mesmo”.

Como parte de um projeto ambicioso de se tornar a “Petrobras do setor elétrico”, a Eletrobras começou um processo de reestruturação para ganhar mais controles sobre suas coligadas, o que incluiu a adoção de uma sistema de gestão e de auditor únicos para todas as empresas do grupo.

José da Costa Carvalho Neto, presidente da Eletrobras, avalia que já houve um progresso “bom” e que a empresa está dando prioridade à questão da tecnologia, que inclui a adoção do software de gestão da alemã SAP. “Vamos fazer um trabalho muito interessante sobre essas ferramentas de informática para dotar a Eletrobras de todos os recursos, não só nas empresas de geração e transmissão, mas também de distribuição”, disse. “A integração para nós é fundamental, tem que começar com a parte de informática.”

Contudo, ele admite que nem todas as empresas do grupo Eletrobras adotaram o sistema. Além da holding, Furnas, Eletronorte, Eletronuclear usam o SAP, as outras não. “Temos um sistema satisfatório na Chesf e na Eletrosul, mas não é o SAP. Não queremos que seja necessariamente o SAP. Queremos que os sistemas falem entre si, que sejam integrados. Tem diversas alternativas que analisamos e chegamos à conclusão das alternativas que são viáveis. Mas em todos os casos em que a alternativa é viável, tem um requisito: a integração”, disse Carvalho Neto.

Leia a seguir a entrevista dada ao Valor por Fernando Macedo, gerente da divisão de controles internos do departamento de gestão de riscos da Eletrobras, e Luiz Augusto Figueira, coordenador geral da presidência.