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09 agosto 2006

Ser neutro com a natureza


Mais uma reportagem do Valor Econômico de hoje sobre o meio-ambiente e, logo a seguir, a crítica ao conceito de carbono neutro:

Empresas brasileiras aderem ao conceito de "carbono neutro"

Bettina Barros
Todo fim de mês, os 23 funcionários da filial brasileira da Interface - uma das maiores fabricantes de carpetes do mundo - anotam minuciosamente os quilômetros rodados de carro e as viagens de avião que fizeram a negócios nos últimos 30 dias. Com base nesses dados, a empresa calcula o equivalente de dióxido de carbônico (CO2) que joga na atmosfera e o converte em plantio de árvores, compensando a poluição que ela mesma gera. Resultado: a Interface salda a sua dívida com a natureza.

Simples? Mas é esse o raciocínio por trás do movimento que tem atraído centenas de empresas e celebridades internacionais - ainda que sob críticas - e que agora chega ao Brasil. A nova bandeira ambientalista atende pelo nome de "neutralização". E os ganhos se traduzem em marketing e vantagem competitiva, em um mundo em que o consumidor está mais atento aos problemas ambientais.

Ao andar de carro, tomar um avião ou consumir energia, por exemplo, empresas e indivíduos produzem o CO2, um dos seis gases que provocam o efeito estufa. Ser "neutro em carbono", portanto, significa compensar a participação humana no aquecimento do planeta por meio do plantio de árvores (que absorvem o CO2 na fotossíntese) ou, em menor escala, em projetos de energia limpa. A grosso modo, cada tonelada de carbono equivale a cinco árvores.

No Brasil, a Interface foi uma das primeiras a colocar em prática a idéia, seguindo a orientação da matriz americana. Desde 2002, quando iniciou o projeto "Trees for Travel", que obriga os funcionários a medir as viagens que fazem, a empresa já plantou 6,5 mil árvores às margens do rio Tietê, na região de Piracicaba (SP). O programa, desenvolvido com a SOS Mata Atlântica e auditado pela PricewaterhouseCoopers, prevê o plantio de até 25 mil mudas na região.

Além disso, a filial brasileira desenvolveu em 2004 um projeto independente da matriz, o "Carpet Free", que reverte a compra de cada 25 m² de carpetes em uma árvore, plantadas em áreas de manancial.

O gasto anual de R$ 200 mil para aplicar os dois projetos não chega a pesar para um faturamento de R$ 20 milhões previsto para 2006. "Não vemos isso como gastar dinheiro, mas como investimentos no meio ambiente", afirma o gerente de marketing Luciano Bonini, repetindo o mantra já comum nos círculos empresariais. "Esse projeto faz parte da filosofia da empresa".

Na área de eventos, a novidade foi trazida pela banda carioca Rappa, que em junho neutralizou um show para seis mil pessoas em São Paulo. O trabalho foi desenvolvido pela CarbonoNeutro®, divisão da consultoria MaxAmbiental, que fez o cálculo da emissão de CO2 a partir de dados como a viagem aérea para São Paulo dos 17 integrantes do grupo, o transporte utilizado pelo público em um raio de 30 quilômetros e o consumo de energia e de lixo gerados pelo evento. Isso tudo representou 7,63 toneladas de carbono equivalente e correspondeu ao plantio de 38 árvores, na região de Resende (RJ).

"É mais uma atitude que uma solução para o meio ambiente. Só que mostra o quanto as pequenas ações contribuem para o todo", diz Eduardo Petit, da MaxAmbiental.

Mas os projetos avançam a um ritmo rápido, na esteira dos debates sobre aquecimento global que tomam as discussões públicas e acadêmicas. Como é um mercado voluntário - reduz o CO2quem quer, sem qualquer obrigatoriedade governamental -, o número de empresas envolvidas é incerto. Fontes do próprio setor, porém, acreditam que não passam de dez os executores dos projetos hoje no país. Mas o número de interessados cresceu significativamente.

A Natura, de cosméticos, e o escritório Pinheiro Neto Advogados são dois exemplos. Uma grande gráfica paulista, que preferiu ainda não ter seu nome divulgado, também está concluindo o projeto para sua linha total de produção.

A iniciativa tem atraído adeptos devido à praticidade do negócio - zerar a conta de emissões de CO2 dispensa mudanças drásticas na cultura organizacional ou na infra-estrutura. Mais que isso: os executivos começaram a enxergar que a neutralização pode ser uma importante ferramenta de marketing empresarial, o que, por sua vez, agrega valor à marca e ao produto.

"Incluir no balanço da empresa a baixa intensidade de emissões de CO2 atribuirá pontos adicionais, por exemplo na hora de disputar licitação pública", diz Giovanni Barontini, sócio da Fábrica Ethica, que presta consultoria à Natura. "É um investimento institucional que não tem preço", concorda Werner Grau Neto, sócio do Pinheiro Neto.

O tempo de elaboração e os custos variam de projeto para projeto, dependendo de quanto se quer neutralizar e por quanto tempo. O primeiro passo é a elaboração de um inventário, isto é, o mapeamento da rotina da empresa sobretudo em termos de uso de combustível e energia. O cliente decide se quer neutralizar apenas as emissões diretas (feitas pela empresa) ou incluir as indiretas (terceirizados). A partir daí, a consultoria usa metodologias diferenciadas para calcular as emissões e suas compensações: a prática mais difundida aqui é a do plantio de árvores, mas é possível também investir em programas de energia limpa. Os projetos são auditados por uma consultoria independente.

"Na Europa esse mercado já funciona bem. Eles conseguiram montar uma estrutura de alívio de culpa", diz Francisco Maciel, sócio da empresa The Green Initiative e responsável pelo desenvolvimento do projeto de neutralização do Pinheiro Neto. "Aqui, há muitas áreas onde a demanda é reprimida, mas isso deve mudar". O Pinheiro Neto será a primeira empresa de prestação de serviços no Brasil a adotar a prática. O projeto terá duração inicial de cinco anos e deverá envolver cerca de 40 hectares para o plantio de mudas em áreas ciliares.

Em 2005, o escritório investiu cerca de R$ 400 mil em programas socioambientais. Segundo Grau Neto, o investimento neste caso não está definido porque depende da definição de algumas variáveis, como o montante de CO2 a ser convertido e o tipo de muda usada.

Já a Natura finaliza a primeira parte de um ambicioso projeto, que prevê neutralizar não apenas a sua produção, mas a cadeia completa de negócios. "Queremos ser neutro em carbono ainda este ano", afirma Marcos Egídio Martins, diretor de sustentabilidade.


Críticos dizem que medida é "alívio de culpa"

De São Paulo
Como toda discussão que envolve o meio ambiente, a neutralização de carbono tem dividido opiniões. Ambientalistas acusam a iniciativa de desviar a atenção do que realmente importa - atacar as causas da mudança climática - usando medidas "fáceis" para um problema maior. É o que chamam de postura 'não-se-preocupe-apenas-plante-algumas-árvores'.

"Essas empresas estão impedindo a solução para o aquecimento do planeta", disse ao Valor Tamra Gilbertson, do Carbon Trading Watch, grupo de combate ao aquecimento global com sede em Amsterdã. "Precisamos de ações construtivas em vez de esquemas questionáveis para compensar nossa poluição, o que só transfere o problema a gerações futuras", afirmou.

Como exemplo de combate real às mudanças climáticas, Gilbertson cita a redução das emissões de combustíveis fósseis, que são poluentes, por fontes limpas de energia, como a solar. Para isso, porém, a empresa teria de abraçar uma mudança organizacional e de infra-estrutura de fundo, o que representaria mais gastos e esforços.

Para Warwick Manfrinato, pesquisador do Departamento de Engenharia Florestal da Esalq, a neutralização é uma "medida para alívio de culpa". "A empresa se posiciona, mas não por inteiro", diz.

O conceito de "neutro em carbono" não é previsto no Tratado de Kyoto, que prevê a redução das emissões de CO2 pelos países poluidores para 5,2% dos níveis de 1990. A neutralização é uma iniciativa voluntária. (BB)

Lá fora, famosos e grandes grupos já abraçaram a causa

De São Paulo
Os famosos já aderiram. As grandes empresas também. Se a neutralização de carbono só agora desponta no Brasil, na Europa ela arrebatou vários setores da indústria e um rol de celebridades.

O movimento, que teve início há cerca de quatro anos, cresceu rapidamente. Embora não se saiba com precisão quantos projetos foram realizados (já que se trata de iniciativa voluntária e sem fiscalização pública), estimativas do mercado falam em "dezenas de milhares" de adeptos no mundo. Os maiores entusiastas do movimento são os europeus.

Uma das primeiras empresas a lidar com o status de "neutro em carbono" no exterior foi a britânica The CarbonNeutral Company (até pouco tempo chamada Future Forests). Sediada em Londres, a empresa auxilia 200 empresas a reduzir ou compensar emissões de poluentes com o plantio de de mudas em 55 áreas de 14 países, além de projetos em energia limpa.

Sua carteira de clientes inclui pesos-pesados como Honda e Avis Europa, astros holywoodianos como Brad Pitt, Cameron Diaz, Leonardo Di Caprio, Bernardo Beertolucci e até bandas internacionais - Coldplay, Foo Fighters e Massive Attack já neutralizaram seus CDS.

Pitt, por exemplo, pagou US$ 10 mil para a empresa criar uma floresta em seu nome no pequeno reino de Butão, nos Himalaias, numa área em processo de recuperação.

A Avis, que iniciou no Reino Unido a experiência, estendeu o programa para toda a sua rede de lojas na Europa. A empresa planta uma árvore para cada carro que aluga - já foram mais de 200 mil desde que iniciou o programa. "Quando se aluga um carro, o cliente recebe a opção de pagar US$ 2,86 extra para ter seu veículo neutralizado. Isso ajuda a cobrir o custo do plantio", diz a empresa.

Com ajuda do Instituto de Ecologia da Universidade de Edimburgo e do Centro para Gerenciamento de Carbono de Edimburgo (ECCM, em inglês), a CarbonNeutral desenvolveu o modelo de cálculo da relação entre as emissões de CO2 e a absorção das árvores. O ECCM é também responsável pelo monitoramento do seqüestro de carbono por hectare plantado.

Em cada caso, a CarbonNeutral calcula as toneladas de carbono gerados e estabelece o custo para o número de mudas necessárias. Ela fica com um percentual, mas diz que a maior parte vai para a compra de mudas e pagamento de serviços. Os projetos são auditados pela PriceWaterhouseCoopers.

Sua principal concorrente, a Climate Care, viu a quantidade de projetos saltar para o equivalente de 99 mil toneladas de carbono no ano passado, comparado com os menos de 20 mil toneladas registrados em 2002. Há alguns anos, fechou contratos com a British Airways e os jornais "The Guardian" e "The Times". O número de consultas ao seu website para cálculos individuais pulou de 100 mil para 200 mil no ano passado.

"A exposição dos problemas climáticos na mídia e o endurecimento de alguns governos quanto ao nível de emissões contribuíram para o resultado", diz Tom Morton, diretor-gerente da Climate Care.

Segundo o grupo, cerca de 20% das emissões anuais de CO2 advêm do desflorestamento e queimadas. Por isso, o plantio de árvores é uma alternativa considerada importante pela Climate Care. "Além disso, o reflorestamento representa um risco menor", diz a empresa, que também desenvolve projetos de investimento em energia limpa.

A própria PricewaterhouseCoopers lançou no ano passado um programa "verde" de viagens no Reino Unido que prevê uma série de medidas de impacto ambiental. A empresa adotou o mote do "trem primeiro", privilegiando viagens ferroviárias no lugar das aéreas e o aumento do uso de videoconferências como alternativa às viagens. Além disso, a consultoria está neutralizando viagens aéreas e terrestres feitas por seus funcionários com a plantação de árvores.

"Isto está se tornando mais e mais o pensamento predominante nas empresas, especialmente nos grandes grupos", declarou à época Mark Avery, diretor da divisão de serviços da Price. "Essa tendência se espalhará por toda a indústria".

Em maio passado, o Credit Suisse anunciou a neutralização total de suas operações mundiais até 2012 - na Suíça, sede da empresa, o objetivo é ser neutro em carbono até o fim deste ano.

Em 2005, o Credit investiu cerca de US$ 120 mil em projetos de energia renovável na Índia, Nova Zelândia, Alemanha e África do Sul equivalentes aos vôos de seus funcionários na Suíça - uma média anual de 320 milhões de milhas por ano. A compensação pelas viagens aéreas é fixada em 3 francos suíços (US$ 2,35) por hora de vôo.

Paralelamente, a empresa também está colocando ênfase no uso de videoconferências como meio de trabalho. "O uso de videoconferência cresceu 14% no ano passado, enquanto que tivemos crescimento zero de milhagem", disse Patrick Burry, vice-presidente para gerenciamento ambiental.

O HSBC seguiu o mesmo caminho. O segundo maior banco do mundo computa todas as milhas percorridas por seus funcionários - e seus correspondentes em emissões de dióxido de carbono - e divulga a informação em seu relatório anual de responsabilidade social. (BB)

Correção de Balanços

Notícia do jornal Valor Econômico informa que o Supremo irá julgar sobre a correção de balanços de 1990 (isto mesmo, não foi erro de digitação). Deve-se fazer um reparo na notícia, quando afirma que as empresas pagariam mais com a BTN: depende da estrutura da empresa. Eis a notícia completa:

Corte julga correção de balanços de empresas

De São Paulo

O Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a analisar na sessão de quinta-feira a Lei nº 8.200, de 1991, considerada constitucional pela corte em 2002. O caso, perdido para os contribuintes, está agora empatado em três a três em um processo da empresa Cerâmica Marbeth. A lei de 1991 autorizou as empresas a atualizarem os balanços de 1990 a partir do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e não pelo índice oficial adotado na época - o Bônus do Tesouro Nacional (BTN). Porém, o uso do IPC - que foi muito superior ao BTN - foi autorizado de forma parcelada, em até seis vezes, e não integralmente.

A medida provocou a ida das empresas ao Judiciário, pois, segundo elas, o parcelamento seria uma forma de empréstimo compulsório que só pode ser estabelecido por lei complementar e não por lei ordinária. No julgamento de 2002, porém, o Supremo considerou que a norma oferecia um favor fiscal e que, por isso, era constitucional.

O advogado da Cerâmica Marbeth, Rodrigo Leporace Farret, do Andrade Advogados Associado, afirma que neste processo não é abordada diretamente a Lei nº 8.200, mas a Lei nº 8.088, de 1990. A norma de 1990 substituiu o IPC pelo Índice de Reajuste de Valores Fiscais (IRVF) na atualização do BTN, aplicado na correção dos balanços. Segundo o advogado, o BTN no período foi de 965%. Já a taxa de inflação, medida pelo IPC correspondeu a 1.895%.

O efeito prático da lei foi o pagamento a maior de tributos pelas empresas. Isso porque, com a aplicação de um índice de inflação menor, as empresas registraram um lucro irreal, sobre o qual incidiu imposto de renda e contribuição sobre lucro líquido. Na ação, a empresa pede que a lei seja considerada inconstitucional. Com isso, a Lei nº 8.200 perde também seu efeito, uma vez que está ligada à lei de 1990. "Com a passagem do tempo, essa discussão perdeu o impacto econômico que poderia ter. A decisão interessa para as empresas que já têm ações no Judiciário sobre o assunto", afirma Farret.

A discussão foi retomada pelo Supremo em 2004 pelo ministro Marco Aurélio de Mello ao levar um novo processo ao pleno. Na época, o julgamento foi interrompido por um pedido de vista do ministro Eros Grau. Na quinta-feira, o ministro levou o voto, sendo contrário ao contribuinte. O entendimento contrário foi seguido por Cármen Lúcia e Joaquim Barbosa. Ricardo Lewandowski e Carlos Brito acompanharam Marco Aurélio. O coordenador-geral da representação judicial da Fazenda Nacional, Fabrício Da Soller, defende que a Lei nº 8.200 foi apenas um favor fiscal concedido pelo governo e não um empréstimo compulsório. (ZB)

Lei Benford e Eleição


A Lei de Benford tem sido utilizada para detectar fraudes dos mais diversos tipos, inclusive fraude contábil. Recentemente fiz um pequeno teste com os municípios brasileiros e a lei foi realmente observada.

Terminei de ler um artigo sobre a aplicação da lei em eleições, para tentar identificar fraudes na contagem dos votos. O autor, Walter Mebane Jr, tenta provar que a lei de Benford, mais especificamente, a lei do segundo dígito, pode ser utilizada para esta finalidade. Clique aqui para ter acesso ao artigo

Não fiquei efetivamente convencido disto pois achei que o autor não conseguiu demonstrar isto nas eleições do México deste ano e nas eleições norte-americanas, na Flórida, na eleição de Bush.

Um outra crítica a este artigo foi feita no sítio Statistical Modeling, Causal Inference, and Social Science. Clique aqui para a crítica.

Risco e a CIA

Uma editora brasileira está fazendo propaganda de um relatório da CIA sobre o futuro do mundo nos próximos anos. Mas conforme lembra o sítio Mahalanobis, a CIA falhou ao prever a crise do Líbano, mesmo tendo um orçamento de $26 bilhões de dólares. A CIA também errou o tamanho das economias comunistas e não antecipou diversos eventos mundiais nos últimos anos. Para este sítio, a informação da CIA é "irrelevante e inacurada".

08 agosto 2006

Balanço Social


Artigo na Gazeta Mercantil sobre o balanço social:

Comunicação corporativa e o balanço social

8 de Agosto de 2006 - Desde 1º de janeiro, existem procedimentos para evidenciar as informações de natureza social e ambiental o que, na prática, é a regulamentação do "Balanço Social" que até então era usado mais como ferramenta de comunicação corporativa do que como ferramenta contábil propriamente dita. Estes procedimentos constam da Resolução 1003, de agosto de 2004, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Esta resolução aprovou a NBC T 15 que passou a vigorar em 1º de janeiro deste ano.

De acordo com a norma do CFC, o "Balanço Social" deve ser apresentado na forma da Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental (DINSA). E é nesta demonstração que devem estar evidenciados os dados e as informações de natureza social e ambiental da entidade, extraídos ou não da contabilidade, com o objetivo de demonstrar aos usuários e à sociedade em geral a participação e a responsabilidade social das empresas. Na demonstração deverá constar informações referentes a geração e distribuição de riqueza; recursos humanos; interação da empresa com o ambiente externo; interação com o meio ambiente.

A geração e a distribuição de riqueza deve ser apresentada com base nos critérios determinados na Resolução 1010/05, que aprovou a NBC T 3.7 – Valor Adicionado. Sobre os recursos humanos devem constar dados referentes à remuneração, benefícios concedidos, composição do corpo funcional e as contingências e os passivos trabalhistas da empresa.

Quanto à interação da empresa com o ambiente externo é preciso constar dados sobre o relacionamento com a comunidade na qual a entidade está inserida, com os clientes e com os fornecedores, inclusive incentivos decorrentes dessa interação. Já na interação com o meio ambiente, é de extrema importância deixar claro os investimentos e gastos com manutenção nos processos ope-racionais para a sua melhoria; com a preservação e ou recuperação de ambientes degradados; com a educação ambiental para empregados, terceirizados, autônomos, administradores da entidade e para a comunidade, além de outros projetos ambientais. Deve constar, também, a quantidade de processos ambientais, administrativos e judiciais movidos contra a entidade; o valor das multas e das indenizações relativas à matéria ambiental, determinadas administrativa e/ou judicialmente, e os passivos e contingências ambientais.

A vigência da NBC T 15 não significa que as empresas sejam obrigadas a elaborar e divulgar o "Balanço Social", embora o ideal é que todas divulguem. A obrigação e a responsabilidade do CFC é disciplinar sobre o assunto. Entretanto, cabe ressaltar que quando uma empresa, voluntariamente, elaborar e divulgar a Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental, mais conhecida como "Balanço Social", deverá observar que seu conteúdo necessita, no mínimo, contemplar os requisitos estabelecidos na norma; que as informações contábeis são de responsabilidade técnica de contabilista registrado em Conselho Regional de Contabilidade; que devem ser indicados os dados extraídos de fontes não-contábeis, evidenciando o critério e o controle utilizados para garantir a integridade da informação.

Na divulgação, a responsabilidade por informações não-contábeis podem ser compartilhadas com especialistas e o "Balanço Social" deve ser objeto de revisão por auditor independente e ser publicado com o relatório do mesmo -quando a entidade for submetida a esse procedimento. Deve também ser tratado como informação complementar às demonstrações contábeis, não se confundindo com as notas explicativas. Além disso, todas as informações devem ser apresentadas, para efeito de comparação, com as informações do exercício atual e do anterior.

Assim, é importante que as empresas se estruturem ou aprimorem seus controles internos para que tenham condições de apresentar o "Balanço Social" conforme as normas vigentes. O primeiro passo é rever os controles e políticas internas com o objetivo de identificar, mensurar e divulgar adequada e oportunamente seus ativos, passivos e contingências ambientais.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 18)(Geraldo Carlos Silvestre - Diretor da Boucinhas & Campos + Soteconti Auditores.)

Mais uma explicação para os juros altos


Um relato descrito no jornal valor econômico de hoje mostra uma nova hipótese para justificar os juros elevados praticados no País: os custos operacionais dos bancos, ou seja, a diferença entre o que o banco paga ao captar os recursos e o valor que cobra, quando empresta. É isto mesmo.

Veja a seguir a reportagem completa:

Alto custo operacional dos bancos eleva spread no Brasil

Assis Moreira
Os bancos no Brasil têm os mais elevados custos operacionais entre economias emergentes, depois da Venezuela. Uma das implicações disso é o fato de o país ser campeão mundial de spread bancário, que é a diferença entre o custo do dinheiro quando o banco capta recursos e o valor que cobra quando o empresta.

Quem mostra essa situação é o Banco Internacional de Compensações (BIS), o banco dos bancos centrais, em estudo sobre a evolução do sistema bancário nas economias emergentes publicado ontem na Basiléia (Suíça). Para o BIS, de maneira geral os custos operacionais elevados podem indicar ineficiências significativas no sistema bancário e rígida estrutura de empréstimos, reduzindo o acesso a quem potencialmente precisa de financiamento.

Nas economias emergentes, esse custo ficou na média em 3,5% dos ativos totais dos bancos em 2003-2005, mais alto do que 1% no sistema bancário do Japão e da Alemanha e de 3% nos Estados Unidos. No Brasil, essa despesa é ainda maior: representava 6,1% dos ativos totais das instituições bancárias em 2004, só superado pela Venezuela (6,3%), num grupo de 22 maiores economias emergentes.

Isso ajuda a explicar a persistência de alta margem na intermediação. Economistas do banco se referem ao "caso talvez mais extremo de altos spreads" , para citar percentual de 40% no Brasil, enquanto em várias outros emergentes são mais baixos e comparáveis a taxa de nações desenvolvidas.

O BIS se apóia em estimativas de Ilan Goldfajn, ex-diretor do Banco Central do Brasil, para destrinchar o spread nacional: 45% do total representava em 2004 a percepção de risco pelos bancos - mas outros 40% se referiam a custos administrativos e taxas. Essas despesas podem representar também maior concentração no sistema bancário brasileiro, segundo outro autor citado pelo banco.

Os custos operacionais no Brasil já foram ainda maiores: chegaram a 7,4% do total dos ativos em 1999, comparado a 10,2% na Venezuela. Embora essas despesas tenham caído nos últimos cinco anos, continuaram mais elevadas na América Latina do que na Ásia. Na China, representam 1,1% dos ativos e na Índia, 2,3%.

O estudo examina a disposição dos bancos para emprestarem com base em dois pontos adicionais. O primeiro é o índice de capitalização média do sistema bancário nos emergentes, que excedeu 14% em 2004 comparado a 13% cinco anos antes. No Brasil, passou de 15,5% para 18,2% no período. A conclusão é que a baixa expansão dos créditos até recentemente não era por causa de baixa base de capital dos bancos.

O outro ponto examinado pelo estudo foi o total do calote sofrido pelos bancos. Os dados recolhidos pelos economistas do BIS mostram que o calote caiu em vários países nos últimos cinco anos. Não cita dados de 1999 do Brasil, que em 2004 representava 2,7% do total financiado, comparado a 12,7 nas Filipinas, 6% na China, 8,5% na Tailândia e 18,9% na Argentina.

Wal Mart sai da Alemanha


Em 2003 a Universidade de Bremen publicou um estudo perguntando a razão pela qual a Wal-Mart não deu certo na Alemanha.

Agora, em 2006, a empresa comunica oficialmente que está deixando a Alemanha, vendendo suas operações para uma rede local. Encerra-se uma enorme quantidade de erros que poderia estar num livro texto sob o título de "como não fazer".

Segundo a revista The Economist, de 5 de Agosto (p. 54), a empresa cometeu diversos erros como colocar um chefe que não fala alemão. Além disto a empresa insistiu que seus administradores falassem em inglês. Outro problema foi o alto custo, já que a empresa não conseguiu economia de escala com suas operações.

iShares e o triunfo no Tour de France


O sítio da empresa iShares informa que "existem riscos envolvidos com investimentos, inclusive perdas do principal." Sendo um fundo da empresa Barclays, a iShare sabe que desempenho é importante. Tanto é assim que recentemente colocou na sua página a seguinte mensagem:

"iShares está associada com desempenho inesquecíveis. Congratulações, Floyd (...)"

A empresa estava parabenizando o ciclista Floyd Landis, que vencia o Tour de France, a mais famosa competição ciclística do mundo, onde o desempenho de Landis foi excepcional. Tão excepcional que gerou desconfiança, confirmada pelo exame de doping positivo. E agora, iShares? O risco de associar o nome do fundo com um esportista que utiliza substância proibida compensou? E resolver patrocinar um atleta do ciclismo, onde existe uma grande desconfiança de que os grandes vencedores utilizam sistematicamente substancias proibidas para melhorar o desempenho?

O link para a foto acima já foi retirado do sítio da empresa, mas um link para o apoio ao ciclismo não. Clique aqui e veja. O sítio informa que a empresa está apoiando a equipe
Phonak Cycling. Esta equipe, baseada na Suiça, possui competidores como o já citado Landis e, conforme informa o sítio "the team is aiming for another successful season and has its sights set on winning the magnificent Tour de France."

A foto acima foi retirado sítio Nakedshorts.

Menor Volatilidade nas crises


Uma reportagem do Jornal do Commercio informa que o risco diminuiu


Menor volatilidade nas crises

Investimentos - "Nervômetro" da RiskControl Serviços constata que País está menos exposto às crises

YUKI YOKOI
DO JORNAL DO COMMERCIO

A qualidade dos ativos brasileiros melhorou significativamente nos últimos anos, o que pode ser comprovado pela menor volatilidade das ações e dos títulos públicos em períodos de crise. De 10 de maio até 29 de junho, período que compreende duas reuniões do Federal Reserve e foi marcado pelo forte realocação de ativos, o Ibovespa registrou volatilidade realizada de 1,3072%. A variação segue a metodologia da RiskControl Serviços que, através de 85 medições diárias, calcula o real nervosismo do mercado ao longo dos pregões, em um índice denominado "nervômetro". As 85 medições diárias são feitas de 10 em 10 minutos, das 10 às 17 horas e são denominadas tecnicamente como Índice Brasileiro de Volatilidade do Mercado (IBVM).

Pelo método tradicional, seriam confrontados apenas os fechamentos de cada sessão, o que resultaria em oscilação média já modulada de 1,3313%. Do início de junho de 2005 até 19 de agosto do ano passado, período mais crítico das denúncias do mensalão na administração petista, a Bovespa registrou volatilidade realizada de 1,3449%. Isso significa que o mercado de ações variou cerca de 2,8% menos neste ano do que durante a instabilidade política. O indicador de volatilidade realizada do mercado de renda fixa, com carteira 100% prefixada, registrou variação de 0,0974% em maio e junho.

Durante os meses mais conturbados do mensalão, o Ibovespa atingiu volatilidade realizada máxima de 3,19% em apenas um dia. Na realocação de recursos registrada em maio e junho deste ano, a variação máxima registrada pelo método da RiskControl foi de 2,332%. "Medimos a volatilidade ao longo de todo o pregão, mais precisamente a cada 10 minutos. De acordo com o histórico do índice Bovespa, a oscilação diária dos meses de maio e junho foi menor do que em outros períodos de incertezas. Isso evidencia que os ativos brasileiros têm hoje mais qualidade, apesar de ainda ser muito suscetível ao noticiário e à divulgação de dados econômicos", explica Edson Daniel Lopes Gonçalves, consultor da empresa responsável pelo cálculo da volatilidade realizada.

Para Solange Srour, economista da Mellon Global Investments, a realocação de ativos durante maio e junho, desencadeada pelas incertezas em relação à política monetária americana, deixou evidente a melhoria dos ativos brasileiros. Segundo ela, a qualidade é uma conseqüência dos fundamentos econômicos mais sólidos. Atualmente, de zero a dez, Solange daria nota seis para os ativos brasileiros e dez para os títulos do tesouro americano, papel sem risco. Elevar a avaliação brasileira dependeria de uma reforma fiscal de qualidade, na opinião da economista.

Nossos fundamentos macroeconômicos estão melhores em relação a um passado recente e também frente a outros países emergentes. Durante o último período de instabilidade, o Brasil reagiu como as demais nações em desenvolvimento em um primeiro momento. Em seguida, houve uma diferenciação afirma Solange. Para este semestre, a expectativa dos investidores também é positiva, apesar das eleições. Os dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas são considerados pró-mercado, o que resultará em um governo de continuidade nos próximos anos.

A classificação de grau de investimento para o Brasil é também um ponto crucial para alavancar o mercado local. Com a avaliação, os ativos do País passariam a ser recomendados por grandes instituições e registrariam maior ingresso de capital estrangeiro. A conseqüência seria a melhoria das perspectivas dos ativos nacionais juntamente com a maior atratividade para os pequenos investidores.

Somente em julho, a participação dos aplicadores pessoa física passou de 22,88% para 27,68%, atrás apenas da movimentação financeira dos investidores estrangeiros. A elevação pode ter sido resultado da pressão vendedora que tomou conta do mercado durante o período, mas o aumento da participação geral também evidencia que o pequeno aplicador tem uma visão mais positiva do mercado.

Fatores, locais e externos são os responsáveis pela maior resistência dos ativos brasileiros aos momentos de incerteza. Flávio Serrano, economista da López Léon, também atesta a maior qualidade dos ativos brasileiros. "A magnitude da última crise foi pequena. Qualitativamente nossa economia também está melhor", diz.

Fraudes em seguros


Uma reportagem interessante da Gazeta Mercantil (07/ago) relata casos de fraudes contra seguradoras.

Contra fraude, as seguradoras recorrem a ações criminais

São Paulo, 7 de Agosto de 2006 - A impunidade dos que cometem fraudes contra seguradoras está fazendo com que as empresas comecem a recorrer a processos criminais contra essas pessoas. Não há, no Brasil, estatísticas sobre essas fraudes, mas, de acordo com a Federação Nacional de Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg), "a estimava é que as comprovadas e não comprovadas alcancem entre 10% e 15% dos sinistros pagos, com prejuízos de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões em 2005".

As seguradoras ainda têm receio em mover processo criminal, porque, se a fraude não for comprovada, podem ser obrigadas a pagar indenização.

Os tipos de fraude são variados e vão desde a mutilação do próprio corpo e atear fogo na empresa até a compra de cadáver para simular a morte do segurado. "A maioria dos processos é no âmbito civil e a pessoa só perde a indenização", diz o advogado Gerardo Nogueira Gama. "Poucos casos resultaram em prisão, mas as seguradoras já começam a contratar advogados para abrir processo criminal contra fraudadores", afirma a advogada Daniella Guarnieri, do escritório Chaffin, Goldber e Vainboim. A prisão foi o destino de um grupo de pessoas que tentava fraudar o seguro de vida no Maranhão.
A-12(Gazeta Mercantil/1ª Página - Pág. 1)(Gilmara Santos)
Contra fraude, as seguradoras...

São Paulo, 7 de Agosto de 2006 - Advogados afirmam que está aumentando o número de empresas que movem processos criminais. A fraude no Maranhão foi descoberta pelo Grupo Negrini. O grupo explica que os fraudadores afogaram uma pessoa em um rio da cidade de Bacabal, no Maranhão, e colocaram nos bolsos do cadáver documentos de um segurado da Companhia Roma. Os criminosos queriam receber um seguro de R$ 280 mil. Segundo Daniel Carvalho, coordenador do grupo, a Justiça chegou a determinar a penhora de bens da seguradora para o pagamento da indenização à fraudadora. Por fim, a fraude foi esclarecida e a polícia prendeu quatro pessoas.

Comprovação de fraudeComprovar uma fraude, no entanto, é difícil. Daniella Guarnieri explica que a maioria das seguradoras tem departamentos para avaliar a questão. "A fiscalização aumentou e sinistros que têm questão duvidosa o setor averigua", diz a advogada lembrando que não cabe à empresa realizar investigações. "A investigação fica a cargo da polícia. A seguradora, quando tem comunicação substanciosa, leva às autoridades e pede a abertura de inquérito policial para que seja feito uma investigação e depois é aberto um processo criminal."

De acordo com ela, essa medida preventiva (mover processo criminal contra fraudadores) ainda é nova. "Começou há uns três ou quatro anos e ainda são poucos casos de prisão", diz. "Embora não tenha dados oficiais, como nos Estados Unidos que controla tudo estatisticamente, percebo que (a punição) continua firme e crescente", diz o advogado Sérgio Mello, do Pellon & Associados. "Quando combate e pune os fraudadores inibe fraudes futuras", complementa.

Ele concorda que comprovar fraude é bastante difícil. "É necessário ter cuidado com a preservação do segurado e qualquer coisa que afete isso pode gerar indenização por danos por parte da seguradora", afirma o advogado. "A impunidade é um grande problema porque estimula. Ainda são poucos os casos de prisão", diz Gerardo Gama.

Tentativas frustradas

A evolução da tecnologia também tem sido uma grande aliada das seguradoras. Gerardo Gama comenta que incêndios criminosos com a destruição do bem para receber seguro têm diminuído. "Hoje as pessoas têm mais receio de praticar esse crime porque a tecnologia evoluiu", diz. Ele lembra o caso de uma loja no sul do País que o dono aumentou o estoque, a loja pegou fogo e a perícia comprovou que a mercadoria não estava no local. "Ele perdeu o direito a toda indenização", comenta o advogado. Tem também o caso de um empresário que com o objetivo de receber o seguro, colocou um chumaço em ratos e incendiou a empresa. A tentativa teria sido vitoriosa se um dos peritos, ao encontrar o esqueleto de um dos roedores, não tivesse achado estranho e resolvido investigar melhor. O resultado foi a descoberta da fraude.

Fraudes mais comuns

Para Gerardo Gama, os crimes estão mais sofisticados. Ele conta que uma indústria que produz coalho para queijo teve um sinistro rodoviário e a empresa afirmou que tinha muito mais mercadoria do que estava no local. Fraudes relacionadas a automóveis são as mais comuns. A advogada Daniella Guarnieri conta o caso de um segurado que fez sinistro de furto de veículo e o carro estava num desmanche em que ele mesmo era proprietário. "A mulher dele fez a mesma coisa. Ela está presa e ele foragido", conta a advogada.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(Gilmara Santos)

07 agosto 2006

100 empresas de países emergentes


O relatório The New Global Challengers, feito pela Boston Consulting Group, aponta cem empresas das economias emergentes que estão mudando o mundo. O relatório foi produzido em maio deste ano e escolheu empresas com receitas anuais acima de $bilhão de dólares, com taxa de crescimento de 24% ao ano.

Estas empresas atuam em mercados com grande potencial de crescimento, possuem baixo custo, são altamente capazes na sua gestão e estão entrando no mercado global.

Das cem empresas selecionadas, a China e a Índia prevaleceu sobre o total. Mas o Brasil teve 12 empresas citadas: Braskem, Vale do Rio Doce, Coteminas, Embraco, Embraer, Gerdau, Natura, Pewtrobrás, Perdigão, Sadia, Votorantim e WEG.

O relatório pode ser encontrado clicando aqui.

03 agosto 2006

Livro de Graça

O último livro do William Sharpe, Nobel de Economia, está disponível gratuitamente na internet.