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02 julho 2007

Previsão

A previsão do mercado possui muitas vantagens, em especial sobre os chamados "focus groups". Geralmente a previsão do mercado é realizada através de apostas, que encoraja opiniões diversas entre os participantes. Isto não ocorre com o "focus groups", que são dominados por pessoas mais carismáticas no seu consenso.

Um exemplo do uso do mercado no processo de previsão ocorre com os filmes de Hollywood, no Hollywood Stock Exchange.

Aqui uma reportagem da New Yorker. Aqui um comentário sobre o assunto

27 maio 2007

Cinema hoje e ontem



A figura ao lado mostra o desempenho de dois filmes. De cor mais clara, Indiana Jones, lançado em 1989, que produziu 186 milhões de dólares em nove semanas; de cor mais escura, X-Man, lançado em 2006, que gerou 190 milhões de dólares nas mesmas nove semanas. Ou seja a receita é aproximadamente igual. Entretanto, Indiana Jones levou mais tempo para chegar ao valor, enquanto X-Man teve sua receita concentrada nos primeiros dias.

Existem algumas razões para esta mudança de comportamento, conforme aponta a The Economist (28/04/2007, Endless Summer, de onde foi extraída a figura, p. 73 e 74). A primeira, é o crescimento da capacidade. O número de cinemas cresceu, nos Estados Unidos, de 29.700 para 39.700, entre 1996 e 2006. Outra razão é o crescimento da receita proveniente da tela pequena, incluindo TV, TV a cabo e DVD. Neste caso, os primeiros dias é um preditor das vendas de DVD e TV, além das propagandas acopladas ao filme.

Os grandes filmes tem algumas vantagens, como a concentração de esforços na promoção e grande número de público assistindo os trailers. Entretanto, como alerta a The Economist, a venda para tela pequena tem apontado uma tendência de queda, o que pode significar uma falência no modelo. Outro aspecto, é que os estúdios estão enfrentando uma batalha mais difícil com os artistas, cinemas e outros na divisão do bolo.

A pirataria e a divulgação rápida de informação na internet (inclusive opiniões desfavoráveis) também são fatores importantes. Isto tudo faz com que a chance de um estúdio cometer um erro, investindo num fracasso de público, tenha aumentado.

Clique aqui para ler mais e aqui também

05 abril 2007

Guidance

Guidance, a pratica de divulgar projeções, é objeto de duas reportagens nos jornais de hoje (5/7/2007). Uma na Gazeta e outra no Valor Econômico. Na Gazeta Mercantil:

Guidance cai no gosto das empresas
Gazeta Mercantil

Pesquisa do Ibri aponta que 3/4 das companhias da Bovespa divulga projeções ao mercado. O hábito de divulgar a analistas de mercado as projeções de resultados, o chamado guidance, já é praticado por três quartos das grandes companhias abertas brasileiras. Pelo menos é o que aponta uma enquete do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri). A consulta mostrou que 76% de 40 empresas listadas na Bovespa, todas com valor de mercado superior a R$ 1 bilhão, dão ao mercado algum tipo de orientação sobre expectativas de resultados. A enquete divulgada ontem, em seminário na Bovespa, mostra também que a preferência das companhias que adotaram a prática é dar informações anuais, com 58% do total, ante 42% que o fazem em bases trimestrais.Embora em ascensão, a prática ainda é alvo de controvérsia no Brasil.

Especialmente porque não há uma tendência clara sobre a conveniência e as vantagens desse hábito para as próprias empresas e seus investidores no mercado americano, onde o guidance surgiu. Um levantamento divulgado pela consultoria McKinsey no mesmo evento apontou que 222 empresas dos EUA deixaram de apresentar guidance desde 2003, incluindo gigantes como Coca-Cola, McDonalds e Intel. Em contrapartida, 31% delas voltaram atrás. No geral, as empresas percebem que os benefícios do guidance são maiores do que os riscos", diz William Jones, da McKinsey.

E entre os riscos mencionados na pesquisa do Ibri por empresas brasileiras avessas a divulgar projeções como motivos para não fazê-lo, os principais são a volatilidade do cenário econômico e receio de questionamentos quando não atingir os números apontados. Para Arleu Anhalt, diretor da consultoria Firb, no geral as empresas que dão guidance registram volatilidade menor em bolsa e suas ações ficam mais próximas do preço-justo. "Mas se vier num momento em que a companhia estiver mal posicionada, o guidance pode prejudicar mais que ajudar", diz.

Foi mais ou menos isso o que aconteceu com a Votorantim Celulose e Papel (VCP), que começou a divulgar projeções trimestrais de resultado desde março de 2006. No final do ano, ao apresentar perspectivas para o quarto trimestre bem menores do que as divulgadas anteriormente, as ações da companhia desabaram. Ainda assim, o diretor de relações com investidores da companhia, Alfredo Villares, considera a prática positiva. "Se não divulgássemos o guidance, o resultado teria sido pior", diz.

Outra defensora da prática, a elétrica mineira Cemig, também sofreu um revés recente, quando apresentou resultado trimestral em que a receita ficou R$ 230 milhões abaixo do que previu antes, o que levou a queda de quase 10% das ações. "Descobrimos que tínhamos errado nas nossas projeções", admite Agostinho Cardoso, superintendente de relações com investidores da Cemig. Em vez de desistir da prática, a companhia decidiu melhorá-la. "Criamos um comitê específico para divulgação financeira e decidimos mudar nosso processo de elaboração dos relatórios de projeções", diz Cardoso.

Mas há companhias que tomaram outros rumos, como também indica a enquete do Ibri, segundo a qual 18% das empresas que divulgam guidance pensam em desistir da prática. Um desses casos é a Guararapes, dona da rede Riachuelo, que abandonou o guidance no início de 2007.


No Valor:

Projeção de resultados cresce no mercado

A divulgação de projeções de resultados pelas empresas, o chamado "guidance", ganha espaço nas companhias brasileiras em meio à melhora da governança corporativa das companhias. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), apresentado ontem durante o seminário "Guidance e Criação de Valor", promovido pela entidade, de um universo de 40 empresas consultadas no fim do ano passado, a maioria (76%) dá algum tipo de projeção para o mercado periodicamente.

A informação mais comum é o volume de vendas, em 76% das empresas, seguida do valor do investimento previsto (50%) e dos custos e despesas (40%). A informação menos abordada nas projeções é o lucro (16%), justamente o item mais divulgado nos Estados Unidos. A maioria (66%) usa intervalos de valor e não números fechados para as projeções e faz as estimativas anualmente (58%). Dos 24% de empresas que dizem não divulgar "guidance", quase a metade, 42%, afirma estar estudando adotar essa política.

A divulgação de projeções é polêmica e encontra opositores ilustres, como o megainvestidor Warren Buffet. No exterior, o "guidance" passou a ser mais utilizado a partir de 1995, quando a Securities and Exchange Comission (SEC) regulamentou a divulgação, reduzindo o risco de processos contra os administradores caso as projeções não se realizassem, lembrou o ex-presidente da CVM e sócio do escritório Motta, Fernandes Rocha Advogados, Luiz Leonardo Cantidiano. Mesmo assim, companhias importantes, como Coca Cola, Dell, AT&T, Google, Ford, Citigroup e Motorola decidiram não divulgar mais projeções ao mercado. Outras, que divulgavam "guidance" trimestral, passaram a fazer apenas projeções anuais, alegando que isso evitava que os executivos e investidores pensassem apenas no curto prazo e relaxassem as estratégias de longo prazo.

No Brasil, o "guidance" é muito mais difícil de ser feito, avalia Willian Jones, diretor da McKinsey. "Pelo cenário econômico mais incerto e crises freqüentes.". Mesmo assim, ele destaca os benefícios, como aumentar o número de analistas que acompanham as empresas e reduzir as diferenças entre as projeções de preços das ações e aumentar o contato com analistas e investidores. "Hoje os preços das ações brasileiras seguem mais fatores gerais do mercado do que fatores individuais e um aumento do número de analistas acompanhando os papéis poderia reduzir essa correlação entre a ação e o Ibovespa". Ele lembra que, nos Estados Unidos, 66% das empresas que compõem o índice S&P 500 fornecem "guidance". "E esse número vem crescendo desde 1994".


Ambas as reportagens usam a pesquisa do Ibri, com enfoques diferentes. O percentual de adoção do guidance deve ser considerado com cuidado uma vez que existe uma restrição da amostra da pesquisa - só as grandes empresas abertas participaram. As razões da baixa utilização podem incluir o conservadorismo, a falta de experiência histórica do nosso mercado (temos só doze anos de mercado com baixa inflação) e o fato de que o guidance não é um assunto passível de certeza no exterior.