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11 março 2019

Ser irracional é muito racional

Decisions always make sense to the decider; when everyone around you appears irrational, maybe you're using an irrational heuristic. ("I just can't understand why somebody would do that...")



CRS e a China


  • O CRS é uma troca de informações tributárias e financeiras entre diversos países do mundo
  • Este instrumento pode ser usado por regimes não democráticos para pressionar os opositores
  • Existe uma estimativa de que chineses possuem 1 trilhão depositados no exterior.


O Padrão Comum de Relatório ou Common Reporting Standard (CRS) é um modelo desenvolvido pela OCDE para troca de informações tributárias e financeiras entre países. Este relatório iniciou com um acordo de 47 países em 2014 para compartilhar informações sobre rendimentos e ativos de maneira automática. Sua finalidade é reduzir a evasão fiscal mútua entre países que aderiram ao modelo. Isto inclui os países da OCDE e, também, o Brasil e a China.

Sobre este último país, o Project Syndicate alerta que o acordo pode ter (está tendo) consequências econômicas ruins. Com o CRS tem-se um banco de dados centralizado que poderá monitorar o comportamento das pessoas, em especial nos regimes não democráticos, como é o caso chinês. O governo teria um controle sobre as pessoas, incluindo aqueles que não agradam mais ao regime.

Empresários chineses sensatos, portanto, consideravam um dever para si mesmos e suas famílias esconder parte de sua riqueza no exterior.

Há uma estimativa de que US$1 trilhão em ativos não declarados de chineses estejam no exterior. Os donos destes ativos podem ser considerados criminosos a partir das informações recebidas de governos ocidentais. Assim, o CRS pode ser um instrumento de repressão, já que ao contrário de outros países a China não permitiu que pessoas declarassem a existência destes ativos ocultos. E nestes países, segundo o Project Syndicate, a principal motivação para esconder o dinheiro no exterior é a diversificação de riscos, sendo a privacidade fundamental para evitar extorsão. Lembram o caso dos milionários sauditas presos em um hotel?

Dica de produtividade

Esta é uma dica que li em algum lugar (acho que no Quora) e resolvi a adotar na minha vida diária. É uma maneira de aumentar a produtividade diária: colocando seu celular no modo preto e branco. Passamos muitas horas no telefone, a um ponto de ser viciante. É muito comum nos dias de hoje você olhar quatro pessoas sentadas em uma mesa, cada um com o seu aparelho. Ou em uma sala de aula, as pessoas com o telefone ligado, sem prestar nenhuma atenção ao conhecimento e as discussões que estão ocorrendo.

Provavelmente você deve passar mais de 15 horas por semana com o seu aparelho. Uma forma de reduzir este tempo é retirando as cores da tela do celular.

a cores LCD estimulam partes do nosso cérebro que herdámos dos ancestrais há muito tempo. Na natureza, as cores brilhantes significam itens de interesse. As muitas cores brilhantes na tela do telefone ssignificam muitos itens de interesse, o tempo todo . Eles fixam nossos cérebros, que ainda são acionados por cores brilhantes. Designers de telefones fazem isso intencionalmente para nos atrair .

Efeito da política ambiental

De que forma a política ambiental pode refletir no combate ao desmatamento? Juliano Assunção (PUC RJ), Joshua Murphy (Natural Resources Canada), Robert McMillan e Eduardo Souza-Rodrigues (ambos da Universidade de Toronto) verificaram a “lista prioritária” de municípios de 2008 feita pelo governo federal brasileiro na Amazônia. Esta lista reduziu o desmatamento e as emissões. Eis o resumo da pesquisa:

This paper sets out an empirically-driven approach for targeting environmental policies optimally in order to combat deforestation. We focus on the Amazon, the world's most extensive rainforest, where Brazil's federal government issued a ‘Priority List’ of municipalities in 2008, to be targeted with more intense environmental monitoring and enforcement. In this setting, we first estimate the causal impact of the Priority List on deforestation using ‘changes-in-changes’ (Athey and Imbens, 2006), a flexible treatment effects estimation method, finding that it reduced deforestation by 40 percent and cut emissions by 39.5 million tons of carbon. Second, we develop a novel framework for computing targeted ex-post optimal blacklists. This involves a procedure for assigning municipalities to a counterfactual list that minimizes total deforestation subject to realistic resource constraints, drawing on the ex-post treatment effect estimates from the first part of the analysis. Accounting for spillovers, we show that the ex-post optimal list resulted in carbon emissions over 7.4 percent lower than the actual list, amounting to savings of more than $900 million, and emissions over 25 percent lower (on average) than a randomly selected list. The approach we propose is relevant for assessing both targeted counterfactual policies to reduce deforestation and quantifying the impacts of policy targeting more generally.

Rir é o melhor remédio

"50 anos, gordo, diabético, na sua frente"

10 março 2019

Pemex


  • As agências de rating começaram a rebaixar a Pemex, a estatal do petróleo do México
  • A empresa possui muitos problemas, inclusive roubo de combustível estimado em 3 bilhões de dólares 
  • O novo governo prometeu um aumento de capital de 4 bilhões para uma empresa que possui dívida de 107 bilhões de dólares

A Pemex é a Petrobras do México. Criada em 1938 é monopolista na exploração dos recursos energéticos no México. Possui receita de 117 bilhões de dólares e mais de 400 bilhões de ativos, além de 138 mil empregados. Ou seja, é uma empresa muito maior que a Petrobras, em uma economia menor que a brasileira.

Assim como a Petrobras, a Pemex é muito mal gerenciada. E muito endividada também. Em razão destes fatores, as agências de crédito começaram um movimento para cortar a nota da empresa. A Se P reclassificou a empresa recentemente em B-, abaixo do grau de investimento. A Fitch reduziu o rating para BBB-, assim como a Moody´s. Havia uma promessa de aumentar o capital da empresa em quase 4 bilhões de dólares, um pouco acima das perdas estimadas que a empresa tem com o roubo anual de petróleo, estimado em 3 bilhões.

Atualmente as dívidas da empresa chegam a 107 bilhões de dólares ou 5% do PIB do México. As obrigações com a previdência, quando somadas com a CFE, corresponde a 9% do PIB. A produção de petróleo da empresa é de 1,62 milhão de barris dia. Para se ter uma ideia, a Petrobras, uma empresa menor, produziu 2 milhões em 2018.

A empresa possui muitos problemas: redução de reservas, má gestão, muitos empregados, falta de investimento, roubo de petróleo, tributos excessivos e ... corrupção. Por enquanto, o novo governo parece confortável na popularidade elevada. Até quando?

Cartonn de 2008, mas ainda atual.

História da Contabilidade: Princípios de Contabilidade

Os princípios de contabilidade começam a aparecer na história brasileira somente no século XX. Já fizemos uma postagem sobre este assunto, mostrando que já na escola técnica de Juiz de Fora existia uma cadeira com este nome. Mostramos obras sobre o assunto, assim como a primeira referência, em um balanço da extinta Vasp, uma companhia aérea do estado de São Paulo.

Achei um curioso discurso, proferido em 1853, pelo presidente da província do Ceará, Joaquim Villela de Castro Tavares, na abertura da legislatura (fonte: Pedro II, 13 set 1853, p 1, ano XIII, n 1271):

É bom por exemplo saber o latim, e deleitar-se com a leitura de Virgilio, e Homero; aprender rhetorica, e apreciar as bellesas de Cicero, de Mirabeau, e Bossuel, mas releva confessar que aproveitaa muito mais ao agricultor saber a botanica descriptiva e applicada, ao negociante os principios de contabilidade e escripturação, o direito commercial e maritimo, e ao artista a geometria applicada ás artes.

Apesar do tempo, sábias palavras.

História da Contabilidade - O Instituto Commercial - 2

Apesar da estrutura do Instituto Commercial, de ter o apoio financeiro da Corte, o mesmo não representou uma democratização no conhecimento contábil no Brasil. Lembrando que em 1860 o Brasil possuía em torno de 8,5 milhões de habitantes. A cidade do Rio de Janeiro deveria ter 250 mil habitantes.

E no início de 1857, o Instituto Commercial iniciava seu ano letivo com 11 novos alunos, todos do sexo masculino. Todos com nomes de origem portuguesa. (Fonte: Correio Mercantil, 1 março de 1857, ed 59, p2):
O professor de Contabilidade era Francisco José dos Santos Rodrigues (Fonte: 1857, Correio Mercantil, ed 46, 15 fevereiro, p. 1)

História da Contabilidade: O Instituto Commercial - 1

Quando queremos conhecer o passado da contabilidade brasileira percebemos uma grande quantidade de pontos obscuros. Diversos temas possuem assuntos que não foram devidamente tratados. Um deles é o que aconteceu com as Aula de Commercio, que foram instituídas pelo rei português em 1808.

Antes da chegada da corte, Portugal tratou muito mal o nosso país. Além de proibir qualquer tentativa de industrialização, também impedia a imprensa. Isto significou um grande atraso no desenvolvimento do nosso país. Quando a corte foi expulsa por Napoleão, uma das primeiras medidas foi replicar algumas das instituições que existia em Lisboa. Uma delas era a Aula de Commércio, que tardiamente introduziu as partidas dobradas na vida portuguesa.

Sabemos que foram criadas várias Aulas, em diferentes cidades do Brasil. Mas depois parece que perdemos um pouco da história do que ocorreu com estas Aulas. Uma destas Aulas de Comércio, a do Rio de Janeiro, a capital do Brasil, continuou existindo até meados do século XIX, quando foi transformado em Instituto Commercial. Este Instituto Commercial funcionava no Colégio Dom Pedro e usava a estrutura das Aulas. Tinha o apoio financeiro do governo, já que quem assinou a norma de criação do Instituto Commercial foi Luiz Pedreira do Couto Ferraz, então ministro dos Negócios do Império, através do Decreto 1.763/1856.

Este decreto já informa logo de início:

Capítulo I
Da reorganisação da Aula do Commercio, e do Curso de estudos
Art. 1º A Aula do Commercio desta Côrte formará hum Curso de estudos, com a denominação de - Instituto Commercial do Rio de Janeiro

O diretor do Instituto estava subordinado ao Ministro dos Negócios do Imperio e seu curso tinha a duração de dois anos. No primeiro ano, o aluno aprendia Contabilidade e Escrituração Mercantil (Cadeira 1) e Geografia e Estatística Comercial (Cadeira 2). No segundo ano mais duas cadeiras: Direito Mercantil e “Economia politica com applicação especial ao commercio e á industria”.

Além disto, haveria aula de caligrafia e desenho linear.

O artigo sexto do decreto apresentava o conteúdo do curso de Contabilidade:

O Professor de contabilidade e de escripturação mercantil principiará o seu Curso fazendo recordar a seus alumnos todos os calculos arithmeticos applicaveis ao commercio: dar-lhes-ha noções elementares do calculo de probabilidades e depois de explicar-lhes desenvolvidamente a Metrologia nacional, comparando-a com os systemas de pesos e medidas dos Paizes commerciaes, com applicação ás questões mais usuaes da stereometria, passará a ensinar-lhes a contabilidade e escripturação mercantil, o systema de cambios, as leis que determinão suas variações, a escripturação por partidas dobradas, os saques de praça a praça, a arrumação de livros, e as principaes operações do commercio.
O mesmo Professor deverá no ensino pratico simular entre seus alumnos a direcção e escripturação de huma casa commercial, fazendo com que elles escripturem os respectivos livros, que serão apresentados quando tiverem de ser julgados nos exames do fim do anno.
A escripturação de cada dia deverá ser feita na aula, á vista do Professor, em livros rubricados por elle, que a examinará, e corrigirá no dia seguinte, notando aos alumnos os erros, que tiver encontrado.

Para ser admitido no Instituto, o aluno deveria ter no mínimo 16 anos e ter conhecimento de português, inglês e francês, aritmética, álgebra até equações do segundo grau, geometria plana e espacial e trigonometria. No final do ano, o aluno seria avaliado através de arguição oral.

O artigo 36 do decreto mostra que os melhores alunos teriam emprego garantido na burocracia pública:

Os alumnos que obtiverem esta Carta poderão ser despachados para os lugares de 5os Ecripturarios do Thesouro Nacional, e para os de 4os escripturarios das Thesourarias, independentemente de concurso, e terão a preferencia para os empregos deste Instituto, das Alfandegas, dos Consulados, e das Repartições que não exigirem outras habilitações especiaes que elles não tenhão.

Este ponto depois será retomado na criação do curso técnico da Fecap, em São Paulo. Um aspecto curioso do Instituto: o professor ganhava mais do que o diretor!

(Ministério do Império, Relatório da Repartição dos Negócios do Império (RJ), 1857, ed 1, p 117.

Rir é o melhor remédio


09 março 2019

Elsevier e Universidade da Califórnia

Postamos que a Universidade da Califórnia rompeu sua assinatura com a editora Elsevier. Segundo o Conversation, as ações da empresa caíram 7% em razão do anúncio. Para este site, o confronto UC x Elsevier é mais uma rachadura no sistema de compartilhamento de pesquisas acadêmicas.

Conforme comentamos, as universidades assinam os periódicos, nos dias atuais de forma on-line. Estes contratos são negociados em um pacote único, com valores de milhões de dólares. Se o contrato acabar, as universidades não possuem mais acesso. Caso queira ler um artigo, é possível comprar pagando em torno de 35 a 40 dólares por texto.

Para o pesquisador, isto é bom, desde que ele esteja associado a uma instituição que aceite pagar. Para a editora, o sistema atual é interessante, já que o custo do acesso on-line é baixo. Além disto, há pouca concorrência. As editoras recebem os artigos gratuitamente, mas muitas pesquisas foram financiadas com dinheiro público. Os revisores atuam gratuitamente.

Segundo a bibliotecária da UC

A grande promessa da internet era que tornaria o conhecimento mais livre e facilmente acessível . No mundo da pesquisa acadêmica - onde novas descobertas são feitas e novos conhecimentos nascem - a esperança de 20 anos atrás era que o advento das plataformas online tornaria os artigos de pesquisa universalmente disponíveis. Isso também reduziria o custo da publicação de periódicos acadêmicos e, conseqüentemente, reduziria os custos de assinatura multimilionários suportados pelas universidades e outras instituições de pesquisa.

Em vez disso, os artigos não estão prontamente disponíveis para todos, os custos de assinatura continuaram aumentando e os direitos dos assinantes foram corroídos, incluindo o que eles podem fazer com os artigos que compram e sua capacidade de fornecer acesso de longo prazo a eles.

Mulheres

Um texto do Estadão mostra que "Nenhuma das 62 empresas do Ibovespa é presidida por uma mulher". É óbvio que esta discussão merece mais do que um texto de jornal, mas o texto é feliz em fazer a constatação: "Pesquisa Women In Business 2019, realizada pela consultoria Grant Thornton com mais de 3.500 empresários em 35 países, revela que apenas 15% das companhias têm mulheres no topo". Mais ainda:

Na pesquisa da Grant Thornton, em empresas que não possuem mulheres na liderança, só 32% delas dizem ter o objetivo de chegar ao topo. Porém, quando a companhia tem exemplos femininos nos cargos de gestão, o índice sobe 17 pontos porcentuais, para 49%

Uma explicação para este fato, de certa forma "diferente" (para não dizer "polêmica") das usuais, pode ser encontrada no livro Lo que Importa es el porqué, de Uri Gneezy. (É uma tradução de uma obra em língua inglesa, mas é a versão que tenho no Kindle).