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27 outubro 2012

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Fato da Semana

Fato: A questão não  resolvida da adoção das normas internacionais de contabilidade nos Estados Unidos

Qual a relevância disto? A maior economia do mundo fez em 2002 um acordo com o Iasb para promover a convergência. Nos últimos anos alguns projetos foram desenvolvidos em conjunto, mas os últimos meses tornou evidente que o maior mercado de capitais não irá adotar as IFRS tão cedo. Assim, as três maiores economias do planeta não usam as “normas internacionais”.

Em julho uma equipe da SEC fez um relatório apontando uma série de problemas com estas normas. É importante destacar que é a SEC, a entidade que regula o mercado de capitais estadunidenses, que delega para o Fasb a normatização contábil. Assim, o relatório era uma ducha de água fria nas pretensões do Iasb em ter os Estados Unidos como parceiros. Além disto, a equipe não sinalizou para um cronograma de adoção das normas, que era esperado pelos mais otimistas.

No início da semana ficou claro que os problemas eram inclusive operacionais. A Compliance Week lembrou que até o momento a SEC nãotinha aprovado a taxonomia XBRL das IFRS. Em termos práticos, isto pode inviabilizar que empresas estrangeiras com ações negociadas na bolsa dos Estados Unidos possam usar as IFRS. Esta, por sinal, foi uma grande conquista para o Iasb.

Na metade da semana uma frase da presidente do Fasb parecia sugerir que as coisas voltariam ao normal.
Mas no final de semana saiu um relatório resposta do Iasb para as críticas que foram feitas pela SEC em julho. Mais de três meses depois: parece até que a entidade londrina teve dificuldade de responder as críticas que foram feitas pela SEC.

Este relatório cita o Brasil para afirmar que é possível fazer a convergência desde que se tenha vontade política e que os custos do processo não são tão elevados.

O fato da semana diz respeito a todo processo da convergência internacional.

Positivo ou negativo? – Depende da posição de cada pessoa. Para os defensores da convergência a semana não foi boa no saldo final: aparentemente os Estados Unidos estão ainda muito distantes da convergência. E estão pouco entusiasmados.

Desdobramentos – Teremos que esperar até a finalização do processo eleitoral dos Estados Unidos. 

Teste da Semana


Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão no comentários.

1 – A questão do rodízio das empresas de auditoria, impedindo que um mesmo auditor trabalhe durante muito tempo na empresa, foi discutida esta semana por uma entidade fiscalizadora:

IFRS
IOSCO
PCAOB

2 – Esta entidade registrava na contabilidade a concessão de empréstimos para terceiros e os recursos não eram liberados:

BVA
Cruzeiro do Sul
Panamericano

3 – As empresas Deloitte e KPMG foram notícia esta semana e, pasme positiva.

Consideradas as melhores empresas em termos de salários de executivo
Eleitas empresas com melhores programas de estágio
Estão na lista de empresas inovadoras em termos tecnológicos

4 – Nesta semana a CVM

Assinou um convênio de cooperação com a SEC japonesa
Iniciou processo contra os executivos do Panamericano
Passou a ter oficialmente um novo presidente

5 – Insider trading, gestão fraudulenta, caixa 2, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro são alguns dos crimes atribuídos aos executivos do

BVA
Cruzeiro do Sul
Panamericano

6 – Investimento com rentabilidade muito acima do mercado deveria gerar desconfiança. Os papeis de um fundo chamado V55 rendia a variação da inflação mais 13% ao ano. Apesar de que “quando a esmola é demais, o santo desconfia”, este santo não desconfiou:

Comissão de Valores Mobiliários
Fundos de Pensão Petros
Secretaria do Tesouro Nacional

7 – A empresa está finalmente reconhecendo perdas referentes aos royalties de mineração:

Companhia Siderúrgica Nacional
Petrobras
Vale do Rio Doce

8 – Uma apuração do custo de “produção” da princesa Kate, incluindo vestido, cosmético e bronzeamento, mostrou que

É possível ser tão bonita quanto a  Kate com pouco dinheiro
O maior custo é o da manicure semanal
Somente alguém com muito dinheiro pode gastar o montante estimado

9 – As operações de repasse do Tesouro para o BNDES estão sendo lembradas a algo que existiu até a década de oitenta no Brasil:

Conta movimento do tesouro
Emissão de moeda pelo Banco Central
Operação contábil sem o registro no Siafi

10 – Este escritor famoso foi prefeito no interior do país e chegou a produzir dois relatórios de prestação de contas, lembrados pelo valor literário.

Carlos Drummond de Andrade
Graciliano Ramos
Machado de Assis

Periódicos

O vídeo a seguir discute a questão dos periódicos científicos gratuitos, diante do aumento no preço dos periódicos pagos.

Justiça

Três casos internacionais de fraude no dia de ontem. Um empresário afirmou que era dono de uma parcela significativa do Facebook devido a um acordo realizado em 2003 com o fundador da empresa. As acusações foram consideradas falsas e o empresário foi preso.

O ex-primeiro ministro da Itália (e presidente do clube de futebol Milan), Berlusconi, foi condenado por fraude fiscal na Itália. Apesar da condenação, dificilmente ele será preso pois ainda pode existir recurso contra a decisão.

Finalmente, um ex-vice-chairman da Deloitte foi condenado a 21 meses de prisão por uso de informação privilegiada.

Off-Topic: A melhor resposta

"Para saber quem somos, basta que se observe o que fizemos da nossa vida. Os fatos revelam tudo, as atitudes confirmam. Quem é você? Do que gosta? Em que acredita? O que deseja? Dia e noite somos questionados, e as respostas costumam ser inteligentes, espirituosas e decentes.Tudo para causar a melhor impressão aos nossos inquisidores.

Ora, quem sou eu. Sou do bem, sou honesto, sou perseverante, sou bem-humorado, sou aberto – não costumamos economizar atributos quando se trata da nossa própria descrição. Do que gostamos? De coisas belas. No que acreditamos? Em dias melhores. O que desejamos? A paz universal. Enquanto isso, o demônio dentro de nós revira o estômago e faz cara de nojo. É muita santidade para um pobre-diabo, ninguém é tão imaculado assim.



A despeito do nosso inegável talento como divulgadores de nós mesmos e da nossa falta de modéstia ao descrever nosso perfil no Facebook, a verdade é que o que dizemos não tem tanta importância. Para saber quem somos, basta que se observe o que fizemos da nossa vida. Os fatos revelam tudo, as atitudes confirmam. O que você diz – com todo o respeito – é apenas o que você diz. Entre a data do nosso nascimento e a desconhecida data da nossa morte, acreditamos ainda estar no meio do percurso, então seguimos nos anunciando como bons partidos, incrementamos nossas façanhas, abusamos da retórica como se ela fosse uma espécie de photoshop que pudesse sumir com nossos defeitos. Mas é na reta final que nosso passado nos calará e responderá por nós. Quantos amigos você manteve. Em que consiste sua trajetória amorosa. Como educou seus filhos. Quanto houve de alegria no seu cotidiano.Qual o grau de intimidade e confiança que preservou com seus pais. Se ficou devendo dinheiro. Como lidou com tentativas de corrupção. Em que circunstâncias mentiu. Como tratou empregados, balconistas, porteiros, garçons. Que impressão causou nos outros – não naqueles que o conheceram por cinco dias, mas com quem conviveu por 20 anos ou mais. Quantas pessoas magoou na vida. Quantas vezes pediu perdão. Quem vai sentir sua falta. Pra valer, vamos lá. Podemos maquiar algumas respostas ou podemos silenciar sobre o que não queremos que venha à tona. Inútil. A soma dos nossos dias assinará este inventário. Fará um levantamento honesto. Cazuza já nos cutucava: suas idéias correspondem aos fatos? De novo: o que a gente diz é apenas o que a gente diz. Lá no finalzinho, a vida que construímos é que se revelará o mais eficiente detector de nossas mentiras."

Martha Medeiros

26 outubro 2012

Resposta do Iasb

No passado recente (julho de 2012) uma equipe da SEC preparou um estudo sobre a questão da adoção das normas internacionais de contabilidade nos Estados Unidos. O texto faz uma série de críticas ao processo, assim como apresenta os problemas das normas internacionais. Além disto, o texto não indica uma data para que a convergência ocorra.

O relatório sepultou, pelo menos parcialmente, a possibilidade de que a maior economia do mundo possa adotar as normas internacionais. Agora uma equipe da Fundação IFRS preparou um texto sobre o assunto. Apesar do mesmo não ter sido aprovado pelo Iasb ou pelos trustees da Fundação IFRS, não deixa de ser uma resposta ao texto (e críticas) da SEC.

O relatório afirma que a indecisão da SEC pode representar um risco no esforço da convergência entre o FASB e o Iasb. Isto pode representar um risco de que uma década de esforço no sentido da convergência seja “seguido por um novo período de divergência”. Apesar de reconhecer a complexidade do mercado estadunidense, o texto considera que a experiência de outros países indica que a vontade política adequada pode superar os desafios.

Em resposta à crítica da SEC de que o Iasb depende muito da contribuição de alguns países, o texto usa uma relação entre doação e tamanho da economia para mostra que os Estados Unidos contribuíram pouco para o trabalho da Fundação IFRS. Mas que este país possui um quarto dos assentos no organismo internacional, apesar de ter doado menos de 10%.

Sobre o Brasil, eis uma citação interessante:

Finalmente, no Brasil, o Instituto Brasileiro de Relações com Investidores da Deloitte realizou uma pesquisa em 2011 para descrever relações com investidores, após a adoção do IFRS pelas empresas de capital aberto. Embora a pesquisa tenha coletado dados das empresas apenas alguns meses após a publicação pela primeira vez das demonstrações financeiras em IFRS, alguns benefícios já foram percebidos. A maioria dos entrevistados acredita que a IFRS trouxe mais transparência às informações financeiras. O custo de transição foi menos de US $ 1 milhão para 77 por cento dos inquiridos e os principais fatores de custo foram a aquisição de conhecimentos técnicos da IFRS e preparação de informação comparativa.

Leia mais em IFRS Staff Challenges SEC on Adoption Obstacles , Tammy Whitehouse, Compliance Week

Rir é o melhor remédio

Duas sobre economia:

Qual a diferença entre micro e macro? Microeconomia você está errado sobre coisas específicas; macro você está errado sobre coisas em geral.

Quantos economistas são necessários para trocar uma lâmpada? Nenhum. A mão invisível irá trocar.

(Fonte: The Cartoon Introduction to Economics, vol 1: Microeconomics, Grady Klein e Yoram Bauman.

Quase 1 milhão

O leitor deve ter percebido que o blog está quase atingindo 1 milhão de visualizações. Diariamente superamos mais de duas mil, o que é razoável para um blog voltado para um assunto técnico. Grato a todos os leitores.

Pedimos que respondam a enquete no início da página, lado direito: o que você sente falta no Blog? Os itens listados são postagens que chegamos fazer no passado e já não fazemos mais: links; testes (chegamos a mais de 500), resenhas  de livros; artigos técnicos exclusivos (como sobre valor justo) ou material didático (a série sobre índices).

Bunheads

A série Bunheads é sobre Michelle Simms,  uma ex-bailarina de Las Vegas, que aceita a proposta de casamento de um admirador e muda para cidade de Paradise. Logo que chega na cidade, o marido morre num acidente de carro e deixa para Michelle a casa, com uma escola de balé, onde dá aula a sogra de Michele chamada Fanny.

A série foi criada por Amy Sherman-Palladino, a mesma de Gilmore Girls. Bunheads tem muita semelhança com Gilmore Girls: diálogos rápidos, com muitas tiradas e centrada nas mulheres. A professora de Balé Fanny foi atriz de Gilmore Girls. E Michelle, a bailarina, lembra muito Lorelai, até fisicamente.

No quinto episódio da primeira temporada Michelle descobre que a escola de balé é uma bagunça em termos administrativos. E resolve ir procurar um CPA para entender o que está ocorrendo. A cena a seguir, de dois minutos, mostra quando Michelle descobre o que realmente está acontecendo na escola de balé:





Aqui uma tradução rápida

CPA: Embora seja uma contabilidade incomum, não tenho informações necessárias para análise do capital bruto... se pudesse achar os débitos B2C ou B3C.
Fanny: Ei, você me fez vir até aqui.
Michelle: Desculpe, voltei. Continue com o...
CPA: Certo. Com respeito as despesas mais importantes de capital, separei em duas partes. Não podemos ignorar o significado das despesas com os prejuízos líquidos.
Fanny: Quanta classe!
CPA: Não concordam?
Michelle: Perdão.
CPA: Estou falando muito rápido?
Michelle: Não. Como queria que ele falasse mais rápido. Quer dizer, estou entediada. Você não está?
Fanny: Não entendi nenhuma palavra depois do “oi, meu nome é Bob”.
CPA: Eric. Meu nome é Eric.
Fanny: Oh.
CPA: Vamos direto ao ponto. Revisei tudo e seus problemas não são a péssima organização contábil. Seu problema é a receita.
Michelle: O que isto significa?
CPA: vocês precisam ter alguma. Vocês já sentaram e avaliaram como as coisas funcionarão? Certo, vamos começar pela Michele.
Michelle: Espera, como me pôs no problema?
CPA: Seu marido deixou propriedades, dois carros, um funcionando, dois CDs, uma conta bancária que se administrar sabiamente conseguirá manter por um bom tempo, mas não para sempre. Você precisa de alguma receita.
Michelle: A escola de balé ajuda, certo?
CPA: Ajudaria se tivesse algum aluno.
Michelle: Do que está falando? Aquele lugar está cheio, as turmas estão lotadas.
CPA: Perdão, pagantes. Segundo os registros, a maioria não paga.
Michelle: Não pagam? É isto mesmo, Fanny?
Fanny: Acho que sim. Se você nos trouxe a um contador decente.
Michelle: Por que eles não pagam?
Fanny: Existem bolsas de estudos.
Michelle: quantas?
Fanny: Não tenho certeza.
Michelle: São quantos alunos?
CPA: 75
Michelle: E quantos pagam?
CPA: 9
Michelle: 9?
CPA: 9
Michelle: Nove? Nove? Nove?
Fanny: Você parece um alemão
Michelle: Nove?
Fanny: Terminamos?
Michelle: Nove?
Fanny: Vamos
Michelle: Nove!
Fanny: Diga adeus ao adorável contador.
Michelle: Nove? Nove?

O bom a cena é que o contador passa uma imagem de eficiência: descobriu rapidamente o que estava ocorrendo na empresa. Mas as mulheres ficam entediadas com o palavreado do CPA.

Cruzeiro do Sul

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) marcou para 13 de novembro, às 15 horas, o julgamento do ex-presidente do banco Cruzeiro do Sul Luis Octavio Indio da Costa preso em São Paulo na segunda-feira. O advogado de defesa será o ex-presidente da autarquia Marcelo Trindade.

O julgamento de Luis Octavio Indio da Costa na CVM tratará da não divulgação de fato relevante referente a negociações para uma possível compra do banco Prosper. (CVM julgará sócio do Cruzeiro do Sul - 25 de Outubro de 2012 - Valor Econômico  - Luciana Bruno)

O processo é anterior aos problemas financeiros da instituição e sua liquidação, que ocorreu em setembro. Ao mesmo tempo, a Polícia Federal indiciou o banqueiro em sete crimes, com possibilidade de 50 anos de prisão.

A PF geralmente atribui a empresários e controladores de instituições financeiros esses crimes. Para Índio da Costa, no entanto, a PF reservou uma surpresa ao indiciá-lo também como incurso no artigo 27 C da Lei 6.385/76 - operações simuladas e manobras fraudulentas com ações na Bolsa de Valores por meio de "interpostas pessoas" com a finalidade de lucro indevido, pena de 1 a 8 anos. A PF e a Procuradoria da República estão impressionadas com o drama de centenas de clientes do Cruzeiro do Sul que foram lesados. Perderam economias de uma vida inteira e criaram uma associação das vítimas do banco.

O rosário de ilícitos imputados ao banqueiro alcança quatro artigos da Lei 7.492/86 (Colarinho Branco). Foi indiciado no artigo 1.º (gestão fraudulenta de instituição financeira, pena de 3 a 12 anos), artigo 6.º (manter em erro sócio ou investidor com informações falsas, 2 a 6 anos), artigo 11 (caixa 2 de banco com movimentação paralela de recursos, pena de 1 a 5 anos de prisão) e artigo 17 (mútuos vedados, reclusão de 2 a 6 anos).

A PF atribui quadrilha a Índio da Costa - artigo 288 do Código Penal, 1 a 3 anos, combinado com o Decreto 5.015 (organização criminosa). E o enquadrou por lavagem de dinheiro (3 a 10 anos de cadeia), crime financeiro como ação antecedente. (Índio da Costa é indiciado em sete crimes - 25 de Outubro de 2012 - O Estado de São Paulo - Fausto Macedo)

Fundos de Estatais

Onde têm um grande escândalo contábil no Brasil tem um fundo de pensão de uma estatal envolvido, para azar dos seus funcionários. No caso do BVA isto parece que não foi exceção:

A Petros investiu R$ 51 milhões em cédulas de crédito bancário (CCB) emitidas pela V55 Empreendimentos, uma das empresas criadas pelos principais sócios do BVA - José Augusto Ferreira dos Santos e Benedito Ivo Lodo - para injetar recursos no banco. O saldo a ser pago dessa CCB, que vence em junho de 2013, é estimado em pouco mais de R$ 20 milhões. Com a intervenção no BVA, os bens dos acionistas, incluindo a V55, ficaram indisponíveis. (Petros financiou sócios do BVA, 25 de Outubro de 2012, Vinícius Pinheiro)


Talvez uma das razões seja a ganância:

O investimento nos papéis da V55 rendia para a Petros o equivalente à variação do IPCA mais 13% ao ano, bem acima da meta atuarial de 6% da fundação. A posição na V55 representava 5,5% do total de CCBs detidos diretamente pelo fundo de pensão.


Ou a falta de conhecimento de finanças, mais especificamente, diversificação.