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07 junho 2006

Projeção no Futebol

Segundo notícia do jornal Valor Econômico, enviada por Ricardo Viana, o Brasil é a melhor seleção para o mercado de opções. Outras pesquisas, postadas aqui, também confirmam esse favoritismo. Para quem gosta de futebol...

Brasil é a seleção melhor cotada no mercado de opções

De São Paulo
O favoritismo da seleção brasileira está expresso nas bolsas de apostas que se espalham pela internet e nas mesas de operações nacionais. As opções de Brasil campeão estão entre as mais caras, com ofertas de compra e venda a US$ 26 e US$ 26,2, respectivamente, segundo o site Tradesports.com, ante um preço máximo de US$ 100. Em seguida, os mais bem cotados são Inglaterra, a US$ 11,5 e US$ 11,7; Alemanha (US$ 10 e US$ 10,2); Argentina (US$ 9,5 e US$ 9,8), e, Itália, com um intervalo de US$ 7,9 e US$ 8,2 entre compra e venda. A França, que estaria na final com o Brasil segundo os cálculos do ABN Amro, aparece apenas como a sexta seleção melhor avaliada, com ofertas a US$ 6,8 e US$ 7,00.

No mercado brasileiro, os favoritos mudam de posto, mas as opções de Brasil seguem na liderança, cotadas entre R$ 31 e R$ 33. A Alemanha, anfitriã do campeonato, aparece em segundo lugar, a R$ 14 e R$ 15, seguida pela Inglaterra, a R$ 8 e R$ 10, e pela eterna rival argentina, cotada a R$ 12 e R$ 14 na compra e na venda, respectivamente. Toda essa brincadeira resulta no final em pagamentos que chegam a R$ 200 mil entre as partes.

Não é de hoje que nas mesas de negociações nacionais os operadores apostam em praticamente tudo: em reality shows como Big Brother Brasil e No Limite, passando por opções de Fórmula 1, Jogos Olímpicos, eleições e campeonato brasileiro. As transações com contratos das seleções participantes da Copa de 2006 só não estão mais aquecidas aqui porque há cerca de um ano houve um "default" com opções do campeonato brasileiro, em que a ponta perdedora não teve condições de honrar o total do débito.

As apostas são fechadas na base da confiança e não há um mercado organizado ou legal para centralizar as operações. Nos sites internacionais, as transações podem ser efetuadas até com cartão de crédito e há uma infinidade de variações.

No próprio Tradesports.com há a possibilidade de o investidor negociar índices de Copa do Mundo, arriscar o placar das partidas, os vencedores de cada grupo ou defender posições nos jogos individualmente. Na estréia do Brasil contra a Croácia, no dia 13, por exemplo, a seleção comandada por Parreira aparece com ofertas de compra e venda a US$ 68,0 e US$ 69,0 respectivamente, ante US$ 9,2 e US$ 9,9 do time rival, confirmando a predileção pelo time brasileiro desde a largada. (AC)

06 junho 2006

Conselhos para um orientando

Sempre que posso, leio dicas sobre orientação e metodologia. Preferencialmente algo prático, longe do linguajar acadêmico, que seja efetivamente aplicável. Como admiro muito os trabalhos produzidos pelos norte-americanos, a consulta a textos com conselhos é sempre útil.

Além disso, estamos, nós brasileiros, literalmente mudando nosso estilo científico na pesquisa contábil. Já deixamos de lado a pesquisa bibliográfica e produzimos cada vez mais textos empíricos.

Michael Kremer apresenta algumas sugestões interessantes sobre um trabalho empírico e um trabalho de modelagem. Eis alguns conselhos (adaptado):

Trabalho Empírico

1. Descreva os dados. Quantas observações? De onde vieram?
2. Inclua tabela que mostre a média das variáveis e seus desvios.
3. Como regra, é usualmente melhor mostrar os erros padrões do que a estatística "t".
4. Olhe para um artigo publicado para ver como apresentar uma tabela. Evite linhas horizontais.
5. Inclua informações básicas como o tamanho da amostra e o R.
6. Na medida do possível faça a tabela autoexplicativa, inclusive no título e nas notas.
7. Você deve explicar seu trabalho empírico com detalhes suficientes para que alguém o replique.
8. Se você usa um instrumento, explique as razões pelo qual você pensa que é válido.

Exposição

1. A introdução e a revisão não deve tomar mais do que 5 páginas. Depois disso, vá para o modelo.
2. Sempre inclua um resumo.
3. No resumo e na introdução, não somente diga o que você irá examinar, mas também descreva os resultados. (Aqui, uma nota minha: no Brasil não fazemos isso)
4. Não devem ter mais do que 45 páginas. 20 a 30 é o mais apropriado.

Prejuízos da aposentadoria

Já se sabe que a aposentadoria aumenta os gastos públicos uma vez que o Estado assume o compromissos de pagamentos regulares para os aposentados.

Agora, três pesquisadores, Dhaval Dave, Inas Rashad e Jasmina Spasojevic descobriram que a aposentadoria provoca efeitos na saúde física e mental das pessoas. Examinando os efeitos da aposentadoria sobre as doenças e depressão, e utilizando dados em painel, os autores verificaram que a aposentadoria aumenta de 23 a 29% as dificuldades associadas com a mobilidade e atividades diárias. Além disso, reduz em 11% a saúde mental.

Reduzindo Custos nas Cias Aéres 2

A conseqüência da redução dos custos está nos resultados das cias aéreas:

Companhias aéreas recuperam-se nos EUA
June 6, 2006 4:05 a.m.

Por Evan Perez e Melanie Trottman
The Wall Street Journal

Apesar dos altos preços do combustível, as grandes companhias aéreas americanas estão dando sinais de recuperação depois de cinco anos de perdas brutais, algo que muitos analistas e empresas não achavam possível há seis meses.

Os melhores resultados financeiros que sete das dez maiores companhias aéreas dos Estados Unidos apresentaram nos últimos meses refletem uma mudança fundamental de estratégia, que vai além do esforço das empresas mais antigas de arrancar bilhões de dólares em concessões dos trabalhadores. As grandes empresas aéreas, que por décadas insistiram em obter maior fatia de mercado a qualquer custo, agora se concentram com a mesma persistência na lucratividade de cada rota e vôo.

Companhias tradicionais — como a American Airlines e a Delta Air Lines, que arcam com grandes aposentadorias e outras obrigações trabalhistas anteriores à desregulamentação do setor em 1978 — abandonaram muitas das táticas que levaram à sua fraqueza cíclica. Cada vez mais elas se recusam a voar com aviões meio vazios para manter-se competitivas em determinadas rotas só para alimentar suas redes nacionais. Embora a recuperação ainda esteja nos primeiros estágios e possa descarrilar por causa de um aumento maior do petróleo ou de outros fatores, a nova ênfase que elas dão à lucratividade parece estar dando certo.

[airprice]

As seis maiores companhias aéreas tradicionais dos EUA — a American, da AMR Corp., a Continental Airlines, a Delta, a Northwest Airlines, a United Airlines, da UAL Corp, e a US Airways Group — estão pondo no ar bem menos aviões atualmente, esquematizando suas frotas e aumentando o preço das passagens onde podem. Novas estatísticas de 2005 mostram que essas companhias tinham juntas uma frota de 2.747 aviões, 21% a menos que no fim de 2000, segundo a Associação de Transporte Aéreo dos EUA (ATA).

A American, que é a maior empresa áerea do mundo em tráfego de passageiros, decidiu recentemente estacionar 27 MD-80s que ela havia usado durante muitos anos para ajudar a atender à maior demanda do verão americano. Ela concluiu que o custo de operar no resto do ano um avião mais velho e bebedor de combustível tinha um peso maior que o benefício de ter capacidade extra no verão.

Graças à forte economia dos EUA, a demanda pelo número menor de assentos disponíveis se manteve alta. No ano passado, as companhias americanas tiveram ocupação média de 77,6% dos assentos nos vôos domésticos e internacionais, ante 75,5% em 2004 — os índices mais altos desde 1946, segundo a ATA.

Reduzindo Custos nas Cias Aéreas

Uma reportagem do Wall Street Journal mostra como as empresas aéreas adotam pequenas mudanças (redução da água que levam para bordo, número de revistas disponíveis para os passageiros, redução da velocidade dos aviões, utilização de tratores para taxiar com motores desligados, etc) para economizar combustível e sobreviver ao aumento dos preços do petróleo.

Eis a reportagem completa:

O que a aviação faz para economizar combustível
June 6, 2006 4:05 a.m.

Por Scott McCartney
The Wall Street Journal

O combustível tornou-se um fator maior nos custos de uma companhia aérea que a mão-de-obra, e a maneira com que as empresas se ajustam à alta do petróleo pode determinar vitoriosos e perdedores no setor.

Não por acaso, a aviação civil tem feito esforços dramáticos para conservação de combustível. Nos Estados Unidos, os passageiros podem ver as mudanças em tudo, desde o número de revistas nos aviões até a velocidade deles ou na aparência das asas. Grande parte da economia feita recentemente também vem da maior eficiência nas operações, como taxiar com apenas uma turbina ligada ou alisar pequenos amassados que podem prejudicar a aerodinâmica de um avião.

A pressão do custo do combustível pode acabar forçando mais consolidação entre as companhias aéreas. Mas apesar de muita gente ter previsto, alguns anos atrás, que o setor não poderia funcionar se o preço do petróleo chegasse a US$ 60 por barril, a intensa conservação, a suspensão de vôos deficitários e o aumento generalizado das tarifas podem ajudar algumas até a ter lucro este ano. E isso com o petróleo por volta de US$ 70. (Ver texto ao lado.)

As companhias aéreas americanas aumentaram sua eficiência no uso do combustível em 83% desde o começo dos anos 80, quando medido em receitas por passageiro-milha, segundo a Associação de Transporte Aéreo dos EUA.

A United Airlines, da UAL Corp., diminuiu a velocidade de cruzeiro de alguns de seus aviões para economizar combustível. Várias companhias colocaram coletes salva-vidas em mais aviões para que eles possam fazer mais vôos diretos sobre a água. E algumas compraram grandes tratores para rebocar aviões até os hangares de manutenção, em vez de fazê-los taxiar até lá com os motores ligados.

A Continental Airlines comparou a queima de combustível de cada um de seus aviões e pôs sob severo exame aqueles que eram um pouco menos eficientes. Os mecânicos verificaram a atuação das turbinas, consertaram amassados e certificaram-se de que os flapes ficassem bem alinhados — para que se retraiam completamente quando têm de ser recolhidos, por exemplo.

A Administração Federal de Aviação dos EUA ajudou nessa economia ao reduzir a separação vertical — a distância mínima que os aviões devem manter quando voam acima ou abaixo uns dos outros — de 609 metros para 304 metros em altitudes de cruzeiro. Isso dobra a capacidade, permite mais rotas diretas e permite que mais aviões voem nos melhores níveis de vento.

A maioria das empresas também pôs seus aviões em dieta, para deixá-los mais leves e assim queimar menos combustível. A Alaska Airlines disse que estava economizando US$ 10.000 em combustível por ano ao tirar cinco revistas de cada avião. As companhias também tiraram telefones do encosto dos assentos, já que eles não eram mais usados, e agora carregam menos água a bordo para reduzir peso.

A JetBlue e a America West passaram a ter cabines de comando sem papel para que os pilotos não levem a bordo maletas pesadas com gráficos e mapas. A American Airlines, da AMR Corp., diz que está estudando o uso de "bolsas de vôo eletrônicas", que pesariam menos que as maletas de 18 quilos que os pilotos carregam hoje.

Ao todo, as empresas aéreas americanas queimaram 52,2 bilhões de litros de combustível em rotas domésticas, 4% menos do que em 1999, segundo o Escritório de Estatísticas de Transporte dos EUA.

05 junho 2006

Uso da Web e o Custo dos Bancos

Reportagem da Folha de São Paulo de hoje fala sobre o uso da internet e o impacto sobre o custos nos bancos.

Uso da web dispara e reduz custo de banco

Em 2005, correntistas fizeram 5,8 bilhões de operações usando a internet contra só 3,7 bilhões realizadas nos caixas. Mudança turbina os lucros pois o custo na rede é de R$ 0,10, enquanto no caixa chega a R$ 1,10, segundo sindicato dos bancários

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A internet ganha cada vez mais a preferência dos clientes de bancos. Em 2005, as transações pela rede bateram de longe as realizadas pessoalmente no caixa, ampliando a vantagem constatada já em 2004. Comodidade e rapidez são os principais tópicos apontados para explicar o fenômeno.
Em 2005, as operações bancárias feitas pela internet totalizaram 5,85 bilhões. As feitas no caixa somaram apenas 3,72 bilhões. Há muito pouco tempo, em 2003, a realidade era bem diferente: naquele ano, as transações via internet chegaram a 2,63 bilhões, enquanto as no caixa bateram os 4,45 bilhões. Os dados pertencem a estudo feito pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
"A internet trouxe várias comodidades para o cliente. Ele não tem mais que sair de casa para fazer suas operações bancárias. As pessoas podem agora até agendar pagamentos de contas, além de poder cuidar de suas contas mesmo viajando", diz Luís Marques de Azevedo, consultor da Febraban.
Um rápido crescimento no número de pessoas com acesso ao internet banking também ocorreu nos últimos anos. De um universo de 8,3 milhões de pessoas em 2000, chegou-se ao número de 26,3 milhões no fim de 2005 -ano que registrou um aumento de 45,3% em relação a 2004.
As operações de pessoa física e jurídica feitas em 2000 via internet representaram 3,7% do total das transações bancárias. No ano passado, já haviam alcançado 17% do total.
Além da explosão do uso da internet, os postos de auto-atendimento também têm ganhado considerável terreno nos últimos anos. Em 2000, foram contabilizadas 6,16 bilhões de operações por esse meio. Em 2005, somaram 10,79 bilhões.
Para os bancos, essa informatização dos clientes é bastante vantajosa, com queda em seus custos operacionais.
"As instituições financeiras só têm a comemorar essa mudança no perfil de seus clientes. Caem os custos operacionais e se reduz a necessidade de ampliar o quadro de funcionários. Esse movimento se refletiu também na diminuição no volume de cheques compensados, que eram mais onerosos para os bancos", afirma Edson Carminatti, analista financeiro do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração).
O número de cheques compensados em 2005 caiu 7,93% se comparado a 2004. No ano passado, foram 1,94 bilhão de cheques compensados. Em 2000, foram 2,64 bilhões.
E isso tem ocorrido em um período em que cada vez mais pessoas têm acesso aos serviços bancários -a bancarização. De 2000 para 2005, o número de contas-correntes saltou de 63,7 milhões para 95,1 milhões.
Segundo informação do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o custo médio para os bancos em um operação feita no caixa é de R$ 1,10. Quando a operação é feita por um meio eletrônico (internet ou caixa eletrônico), esse custo cai drasticamente, para R$ 0,10.
"O canal internet representou um benefício excepcional para os dois lados. O cliente passou a poder fazer suas operações a qualquer momento e em qualquer lugar. E, para os bancos, o sistema é um filé mignon, explicando parte dos crescentes ganhos das instituições", afirma Azevedo.
"É indiscutível que os bancos tiveram grandes benefícios com essa mudança no perfil das operações. Além de custos menores, não tiveram de ampliar expressivamente o número de agências e funcionários para acomodar o crescimento da bancarização no país", diz Carminatti.

Modismo em Investimentos

Modismo pode dar prejuízo

Aplicações - Investimentos que ganham fama

repentina nem sempre são indicados para o longo prazo

YUKI YOKOI
DO JORNAL DO COMMERCIO

Os investimentos financeiros também estão sujeitos aos modismos. São aqueles períodos em que determinadas aplicações ganham maior visibilidade e parecem ser, sem dúvidas, a alternativa mais atraente do mercado. Os ativos rurais já foram moda e, recentemente, ganharam novamente as manchetes dos jornais. Casos como Boi Gordo e Avestruz Master traumatizaram muitos investidores. No entanto, nem tudo que está na moda é prejudicial ao investidor. Pelo contrário. Aplicações como previdência privada e fundos multimercados ganharam fama e continuam a conquistar espaço no mercado, com produtos cada vez mais diversificados. Evidenciam de que nem tudo que é moda tem caráter efêmero, como diz a definição semântica.

Em dezembro de 2000, o patrimônio dos fundos multimercados representava 4,16% de todo o setor de fundos de investimentos. Um ano depois, a aplicação já era responsável por 22,46% dos recursos aplicados no segmento, o que representa um aumento de 439% em 12 meses. Atualmente, os multimercados representam 18,35% do patrimônio líquido total de R$ 805,4 milhões. Parte do crescimento e do desenvolvimento destes produtos deve-se ao aumento do número de gestores independentes e à estabilidade econômica dos últimos anos.

Estratégias variadas e possibilidade de investimento em ativos diversos seduziram muitos investidores que, recentemente aderiram a outra moda: os multimercados com estratégia long/short. Este tipo de aplicação é também chamada de não-direcional, já que não acompanha a evolução de um mercado específico ao buscar ganhos com a movimentação relativa dos preços.

Acompanhamos cerca de 27 fundos long/short. No ano passado, a captação líquida dessa mostra de aplicações somou R$ 1,3 milhão e patrimônio de R$ 3,7 bilhões. É um movimento tão recente que não temos dados anteriores. Neste ano, a captação soma R$ 719 milhões e o patrimônio, R$ 4,7 bilhões disse Marcelo Mazironi, sócio da Hedging Griffo Corretora.

O especialista destacou ainda a onda de saques que dominou o segmento a partir do final de 2004. Até então, os multimercados haviam passado apenas por momentos positivos e, com o aumento da volatilidade, cerca de R$ 3 bilhões da mostra de fundos acompanhada pela Hedging Griffo saíram da aplicação. "Em 2004, os cerca de 66 multimercados que acompanhamos registram ingresso de apenas R$ 470 milhões e patrimônio de R$ 17 bilhões". Mazironi afirma ainda que a participação dos multimercados continuará crescente. "Mas será em uma velocidade menor", afirmou.

Os títulos públicos indexados à inflação, como as NTN-B, também viraram moda nos últimos meses. Prêmios atrativos e incentivo fiscal para estrangeiros que comprassem os papéis elevaram a procura pelos títulos. Atualmente, as NTN-B voltaram a ter preços atrativos, após a realização de lucros do mês de maio. No entanto, segundo um especialista, não há compradores devido à elevada procura anterior.

Em 2000, os papéis preferenciais da Net chegaram a valer R$ 30,18. Na época, investidores de todo o mundo apostavam em massa nas companhias do setor tecnológico, principalmente Internet. No Brasil, a empresa que mais se assemelhava ao modelo da moda era Net, o que provocou uma elevação exagerada dos preços. Para muitos aplicadores e profissionais do mercado, a empresa de TV a cabo seria a transmissora, no País, de toda a tecnologia de ponta que estava para chegar.

No entanto, o período que ficou conhecido como a bolha da Internet estourou. Os atentados de 11 de setembro de 2001 também ajudaram a impor maior pessimismo aos aplicadores. Em 14 de fevereiro de 2003, Net PN chegou à mínima de R$ 0,14. A perda acumulada em relação à máxima foi de exatos 99,53%. Atualmente, os papéis preferenciais da empresa valem cerca de R$ 1,13 e, nos primeiros cinco meses do ano, acumulam alta de 5,6%.

Lucio Graccho, do HSBC Investments, lembra que os fundos diferenciados de ações já foram moda. "Em 2002 e 2003 surgiram muitos fundos focados em dividendos. Anteriormente, as atenções estavam voltadas para os setoriais. Todos esses produtos continuam no mercado, mas sempre há uma empolgação maior por parte dos investidores enquanto o produto é novidade", disse.

Outro tipo de modismo é quando o movimento é baseado em oportunidades de mercado. Foi o que aconteceu em 2002, quando a disputa presidencial provocou forte pessimismo. Na época, o dólar assumiu trajetória ascendente em relação ao real e chegou a quase R$ 4 em outubro. "Este foi um modismo que teve explicação. Estava associado à instabilidade política e perdeu muitos cotistas quando o mercado se acalmou", lembrou Alan Gandelman, da Ágora Senior Corretora.

Evitar alocações excessivas em investimentos, mesmo os que estão na moda, é fundamental. De acordo com especialistas, cada aplicador deve analisar claramente se os recursos investidos estão de acordo com suas expectativas. Nesta hora, risco da aplicação e metas de retorno são características que não podem ficar esquecidas.

Armadilhas que escondem as aplicações da moda

Estar na moda não significa ser um mau negócio. Os produtos ganham visibilidade no mercado quando somam características positivas, como projeção favorável e risco compatível. No entanto, podem ser também uma armadilha para os investidores mais afoitos. De acordo com a consultora Lilian Gallagher, da LMG Consultores Associados, os principais erros cometidos pelos seguidores de modismos do mercado são desconhecimento do produto e perfil inadequado à aplicação. Para evitar problemas, a especialista recomenda:


1 - Buscar informações sobre o produto em questão. O investidor deve ter noção de como a aplicação reagirá diante de cenários positivos e negativos e relacionar estes dados à sua expectativa de retorno. 2 - Conhecer o próprio perfil e sua adequação ao investimento desejado. Cada investidor tem um grau diferente de tolerância ao risco. 3 - Analisar o prazo da aplicação, a liquidez e a volatilidade. A dica é aplicar somente os recursos que são adequados a estas características, evitando saques em momentos inadequados.

ALGUNS MODISMOS DO MERCADO

NET - Em 2000, as ações preferenciais chegaram a valer R$ 30,18. Na época, o mercado americano passava pelo boom das empresas ligadas à tecnologia, principalmente Internet. No Brasil, a companhia que mais se aproximava era a Net. O aumento da demanda provocou uma alta exagerada dos preços. Na mínima desde o início do Plano Real, Net PN chegou a R$ 0,14, em fevereiro de 2003. Neste ano, a alta é de XX%.

BOI GORDO - Em outubro de 2001, a Fazenda Reunidas Boi Gordo entrou com pedido de concordata. A empresa de capital aberto emitia Contratos de Investimentos Coletivos (CICs) e foi o caso mais famoso de investidores insatisfeitos após aplicação em ativos rurais. Com a promessa de ganhos de até 40% ao ano, atraiu cerca de 35 mil credores, entre eles atores e jogadores de futebol, além de pequenos investidores. A falência foi decretada em abril de 2004.

PREVIDÊNCIA PRIVADA - De 2002 ao final de 2004, a participação do patrimônio dos fundos de previdência aumentou mais de 100%. Segundo profissionais, resultado da estabilidade econômica, que permitiu aos investidores buscar aplicações de longo prazo. A tendência é o segmento continuar a crescer, principalmente após a implantação da tabela regressiva do Imposto de Renda.

FUNDOS CAMBIAIS - Tiveram seu auge em 2002, às vésperas da eleição presidencial, quando o dólar chegou a valer cerca de R$ 4. É um típico de exemplo de modismo baseado em oportunidade de mercado. Na época, a tensão política gerou forte procura pela moeda. Ao final de 2002, a classe de fundos representava 1,73% de todo o patrimônio líquido do setor. Hoje, a participação é de 0,21%.

AVESTRUZ MASTER - É mais um caso de investidores lesados após serem atraídos por ganhos acima da média com aplicações em ativos rurais. Boatos sobre as dificuldades financeiras da empresa e uma possível falência surgiram com força no mercado em novembro de 2005. A companhia, sem registro na CVM para distribuição de valores mobiliários, chegou a prometer ganhos de 11% ao mês. O caso ainda está sendo analisado pela Justiça.

FUNDOS MULTIMERCADOS E COM ESTRATÉGIA LONG/SHORT - De dezembro de 2000 até dezembro de 2001, o patrimônio dos multimercados no setor de fundos aumentou 439%. Já os fundos com estratégia long/short surgiram mais tarde e tendem a ganhar cada vez mais espaço. São também chamados de não-direcionais porque buscam ganhos com a movimentação relativa dos preços. A Anbid ainda não tem uma classificação específica para este tipo de fundo.

AÇÕES ESTREANTES - As ações que estréiam na Bovespa, em geral, têm pouca cobertura dos analistas do mercado, mas muita procura por parte dos investidores. Natura ON foi a primeira da série de IPOs bem sucedidos, realizados desde 2004. O histórico recente de lucros acima da média atrai cada vez mais aplicadores e pode ser uma armadilha. Nada garante ao investidor que a maré de sucesso continuará.

04 junho 2006

A conta da natureza

No Estadão de hoje uma reportagem sobre a remuneração do meio-ambiente. Como coordenador de subárea do Enanpad, na área de contabilidade para usuários externos, notei um grande crescimento de artigos nessa área. Eis a reportagem:

A natureza cobra a sua conta

Cresce no mundo um movimento pelo pagamento por serviços ecológicos como incentivo à conservação

Herton Escobar

Quanto vale um hectare de floresta intocada? Normalmente, esse valor seria calculado com base apenas nos produtos que podem ser extraídos e comercializados diretamente, como madeira, frutos e resinas. Mas e quanto à água captada da chuva, o carbono absorvido da atmosfera, o controle de temperatura, a manutenção da biodiversidade e o apelo turístico da paisagem? Esses serviços não deveriam ser contabilizados também?

Se a natureza cobrasse por todos os serviços que presta ao homem, a conta seria gigantesca. Segundo um estudo publicado na revista Nature em 1997, o valor total dos serviços ambientas fornecidos pelos principais biomas do planeta chega a US$ 33 trilhões, incluindo fatores como regulação climática, produção de alimentos e reciclagem de água.

O cálculo já é antigo, mas o assunto está mais quente do que nunca. Cada vez mais, autoridades ambientais, e até mesmo empresariais, defendem o pagamento por serviços ecológicos como uma opção econômica de incentivo à conservação. Dessa forma, o mesmo fazendeiro que derruba a floresta para vender a madeira e fazer uma plantação poderia, em vez disso, receber dinheiro para manter a floresta em pé, em troca dos serviços ecológicos prestados à sociedade.

"Queremos criar a figura do produtor de serviços ambientais", diz a coordenadora do Projeto de Recuperação de Mata Ciliar da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Helena Carrascosa von Glehn. Com cerca de 1 milhão de hectares para serem reflorestados no Estado, a idéia é aplicar a remuneração desses serviços como incentivo à recuperação de matas degradadas, assim como à manutenção daquelas que ainda estão preservadas.

"Quando um produtor polui a água, ele não prejudica só a fazenda dele, mas todos os usuários do rio. Da mesma forma, aquele que preserva suas matas e não polui o rio beneficia toda a sociedade", explica Helena.

Os ecossistemas florestais - em especial, as matas ciliares - são essenciais para a manutenção da qualidade e da quantidade dos recursos hídricos, além de evitar a erosão e o assoreamento dos cursos d'água. A cobertura vegetal absorve e segura a água da chuva, como uma esponja, impedindo que ela corra diretamente para o rios - arrastando terra, areia, lixo e outros sedimentos pelo caminho. Serviços que, segundo os especialistas, valem muito mais para a sociedade do que uma tora de madeira, um pé de alface ou uma vaca no pasto.

"Se reconhecemos isso como algo que deve ser remunerado, oferecemos uma alternativa econômica para o produtor com a conservação", defende Helena.

SERVIÇO OBRIGATÓRIO?

A preservação das matas ciliares é uma obrigação estabelecida em lei pelo Código Florestal. Com relação a áreas já desmatadas, entretanto, a legislação diz que o proprietário da terra não pode impedir a regeneração da vegetação, mas não o obriga a fazer o reflorestamento.

"A lei parte da premissa de que a regeneração natural é sempre possível, mas na prática não é assim", diz Helena. "Em muitos casos o ecossistema foi tão alterado que não tem condições de se recuperar sozinho. Se deixarmos isso intocado, a situação só vai piorar." É nesses casos, segundo ela, que o pagamento por serviços ambientais poderia estimular o reflorestamento.

"É um incentivo para que as pessoas façam mais", diz o especialista Michael Jenkins, diretor executivo da Forest Trends, organização com sede em Washington que trabalha com a valorização comercial de serviços ambientais. "É exatamente isso o que queremos: que o desenvolvimento econômico promova a conservação."

Vários projetos e mercados já estão tomando forma ao redor do mundo. Na França, segundo Jenkins, a empresa de água Perrier-Vitel paga US$ 230 por hectare/ano a fazendeiros das proximidades para que mantenham suas nascentes protegidas com vegetação. No México, o governo federal paga comunidades e proprietários de terras para que preservem suas florestas em áreas de mananciais.

Na Costa Rica, impostos cobrados sobre água e gasolina são revertidos para proprietários de florestas em troca da preservação dos recursos hídricos e do seqüestro de carbono da atmosfera feito pela vegetação. Cada "fornecedor" recebe cerca de US$ 80 por hectare/ano de mata preservada, segundo Carlos Manuel Rodríguez, ex-ministro de Meio Ambiente do país e atual diretor regional para América Central da organização Conservação Internacional.

O valor completo, incluindo serviços de proteção da biodiversidade e manutenção da paisagem para o turismo, segundo ele, pode chegar a US$ 300 por hectare/ano. "Estamos pagando abaixo do valor real, mas isso será ajustado com o tempo", diz. Hoje, a remuneração por água e carbono beneficia 11 mil pessoas, num total de US$ 15 milhões anuais.

MERCADOS LOCAIS

No Brasil, alguns projetos também já estão sendo colocados em prática. Em Itacaré, no sul da Bahia, um grupo de três hotéis paga meio salário mínimo a 20 proprietários de terras do entorno para que mantenham suas áreas de floresta preservadas. Além disso, para receber o dinheiro, os produtores precisam aderir a práticas de produção sustentável, como a agricultura orgânica.

"O interesse é manter a paisagem da região estável e, ao mesmo tempo, criar um vínculo de produção ecológica de hortaliças, frutas e mudas para abastecer os hotéis", diz o agrônomo e diretor do Instituto Floresta Viva, Rui Barbosa Rocha, que apóia a iniciativa.

A mesma lógica serve para o Programa de Desenvolvimento Socioambiental da Produção Familiar - Proambiente, desenvolvido na Amazônia pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Criado pela sociedade civil em 2000 e incorporado pelo governo em 2003, o projeto premia com um terço de salário mínimo (cerca de R$ 100) famílias que incorporam práticas sustentáveis em sua produção. Por exemplo, a substituição de agrotóxicos e abandono do uso do fogo.

"Isso acaba sendo um serviço ambiental que os agricultores prestam para a sociedade", diz o diretor de Gestão Ambiental e Territorial do MMA, Roberto Vizentin. "As queimadas na Amazônia não prejudicam só a Amazônia, mas todo o País, contribuindo para as mudanças climáticas. Isso já está mais do que provado." Os primeiros pagamentos foram feitos neste ano, em escala piloto, a cerca de mil famílias do Acre, Maranhão e Pará.

O Ibama também estuda a viabilidade de cobrança pelos serviços ambientais prestados por unidades de conservação federais - possibilidade que está prevista no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc). Um dos casos em estudo é o do Parque Nacional de Brasília, cujas nascentes abastecem a Barragem de Santa Maria, que supre 60% do Plano Piloto de Brasília. Graças ao parque, o custo de produção da água para a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) é muito menor: basta filtrar e colocar cloro, segundo o diretor de Ecossistemas do Ibama, Valmir Ortega.

"Isso só é possível graças aos serviços ambientais prestados pelo parque", diz. "Estamos tentando desenvolver uma metodologia universal que permita fazer essa cobrança em todas as unidades, mas ainda não chegamos a essa equação."

O valor, a princípio, seria equivalente ao que a empresa economiza com o tratamento da água. Mas os cálculos são mais complicados do que parecem.

"Sabemos que uma árvore ajuda a produzir água limpa. Mas quanto?", diz a economista Leslie Lipper, da Fundação das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). "Há muita expectativa de que isso será algo muito grande, mas ainda estamos muito no início."

03 junho 2006

Brasil Telecom e o empréstimo do BNDES

Reportagem de hoje do Estadão noticia uma investigação dos advogados de Dantas durante da gestão do banqueiro na Brasil Telecom. A reportagem lembra que o próprio Dantas já tinha declarado existir uma relação entre pagamentos realizados pela Brasil Telecom, na gestão controlada por Daniel Dantas, e a liberação de recursos do BNDES.

Eis a reportagem:

Polícia investiga advogados de Dantas

Novos controladores pedem análise sobre os mais de R$ 20 milhões pagos na gestão do banqueiro na Brasil Telecom

Expedito Filho

Pagamentos milionários a advogados com missões jurídicas pouco claras durante a gestão do banqueiro Daniel Dantas à frente da Brasil Telecom estão, agora, sob investigação da Polícia Civil de São Paulo. Segundo dossiê entregue aos investigadores pelos atuais controladores da empresa, cinco advogados que prestaram serviços à Brasil Telecom, no período em que a empresa estava sob a administração do banco Opportunity, receberam mais de R$ 20 milhões.

Detalhe: os pagamentos foram atestados por notas fiscais de números de série próximos uns dos outros - o que levanta a possibilidade de terem sido tiradas em seguida, e não durante a prestação de serviços regulares. Escritórios que se pronunciaram sobre o caso afirmaram que trabalham de forma "artesanal" e por isso tiram poucas notas fiscais.

As notas em poder da polícia paulista, como as expedidas pelo escritório Almeida Castro Advogados Associados, do advogado Antônio Carlos Almeida Castro, amigo do ex-ministro José Dirceu, conhecido pelo apelido de Kakay, e pelo escritório Nélio Machado Advogados, são mensais e todas de valores superiores a R$ 1 milhão.

Apenas para Kakay, os pagamentos somaram R$ 7.987.107. O primeiro pagamento, a título de honorários advocatícios, foi feito em 25 de agosto de 2004, no valor exato de R$ 1.771.200. O número da nota é 0643. Um mês depois, em 27 de setembro, nova nota emitida para um pagamento no valor R$ 1.771.200. Mesmo passados mais de 30 dias, o número da nota emitida é ainda muito próximo ao da nota anterior: 0654. A nota 0667 revela um pagamento no valor de R$ 1.364.650, feito quase dois meses depois, em 17 de dezembro de 2004. Em 20 de janeiro de 2005, outro pagamento é feito, no valor de R$ 1.364.650. Número da nota: 0671.

"Meu escritório é artesanal e, por isso, emito somente uma média de duas notas por mês", justificou Kakay. Ele também tem uma justificativa para os altos valores cobrados, que estariam dentro do que é normalmente fixado por esse mercado. "Eu cobrei dentro do razoável e todos os impostos foram recolhidos. Li nos jornais a Carla Cicco (ex-presidente da BrT, aliada de Daniel Dantas) dizer que a causa era de R$ 1 bilhão. Se eu soubesse, tinha cobrado mais", ironizou.

"SINCRONIA"

Daniel Dantas contratou Kakay com a intenção de se aproximar do governo Lula. Em entrevista à revista Veja, no mês passado, Dantas foi questionado sobre o assunto. "Você confirma que a Brasil Telecom só conseguiu ter acesso ao dinheiro do BNDES depois de contratar o advogado Kakay, amigo de José Dirceu?" E Dantas respondeu: "Houve uma sincronia entre os fatos."

Kakai assegurou ontem que foi contratado para uma investigação que envolvia um prejuízo de US$ 250 milhões para a BrT, causado pela venda da Companhia Riograndense de Telecomunicações. Teria cobrado 0,5% do valor desse suposto prejuízo.

Dantas foi acusado de ter usado o pagamento a advogados para transferir dinheiro para petistas no governo e assim melhorar suas relações com a gestão Lula e os fundos de pensão que detinham participação na BrT. Ele negou, dizendo que "contratos menores" como esses não passavam por ele, sendo decididos pelo conselho de administração da companhia.

O escritório Nélio Machado Advogados também emitiu notas para a Brasil Telecom, mas apenas a partir de março de 2005. E diferentemente de Kakay, que cobrou apenas a título de honorários advocatícios, no caso do criminalista Nélio Machado a natureza do serviço prestado seria "assessoria jurídica". Os valores apresentados também são elevados e as notas são quase seqüenciais.

Outro escritório, Wilson Mirza e Advogados, emitiu quatro notas fiscais de números 0154, 0155, 0157 e 0159 , no período de março de 2004 a outubro de 2005. No último pagamento, o valor da nota emitida foi de R$ 1.636.308.

A soma total dos pagamentos a advogados, de acordo com a notícia-crime, supera R$ 20 milhões. A atual administração da Br-T, nomeada pelos fundos de pensão que a controlam, não encontrou, segundo o pedido de inquérito, contrapartida que justificasse esse gasto volumoso.

02 junho 2006

Pão de Açúcar - 2

Uma notícia muito parecida com a que foi postada anteriormente sobre o Pão de Açúcar foi publicada no The Wall Street Journal:


Abilio Diniz impõe dieta de gastos ao Pão de Açúcar para manter liderança
June 2, 2006 4:05 a.m.

Por Geraldo Samor
The Wall Street Journal

SÃO PAULO — Depois de resgatar a rede de supermercados da família da beira da falência no começo dos anos 90 e transformar a Companhia Brasileira de Distribuição SA na maior varejista do Brasil, Abilio Diniz virou uma espécie de guru empresarial.

Mas agora, Diniz, um maratonista de 69 anos de idade que preside o conselho da empresa e a controla junto com a francesa Casino Guichard-Perrachon & Cie., está suando para mostrar que não perdeu o fôlego.

O Grupo Pão de Açúcar enfrenta problemas em duas frentes. A empresa está sendo atacada pela concorrência de supermercados barateiros e da americana Wal-Mart Stores Inc., que vem se expandindo no Brasil por meio de aquisições. Diniz também precisa resolver o problema da queda das vendas causada pela deflação nos preços de alimentos, que correspondem a 75% das vendas do Pão de Açúcar.
[heard]

Mesmo assim, esses problemas não evitaram a alta das ações da empresa. Em dólar, elas subiram 52% nos últimos 12 meses, pouco acima dos 51% de alta da Bovespa. Parte do motivo, dizem investidores, é a confiança do mercado em Diniz, que vendeu a maioria de suas ações com direito a voto para a Casino por US$ 860 milhões em maio de 2005 e injetou parte do dinheiro de volta na empresa, o que permitiu que ela reduzisse sua dívida líquida a zero.

Ontem, os ADRs da Companhia Brasileira de Distribuição, a holding do Pão de Açúcar, fecharam a US$ 33,50 na Bolsa de Nova York, com alta de 1,4%

No fim do ano passado, Diniz também apresentou uma estratégia de cortar custos agressivamente e repassar a economia aos consumidores, embora não tenha se comprometido com um valor específico. Ele e sua família detêm 43% da empresa, a maior parte em ações sem direito a voto.

Os próximos trimestres serão cruciais para mostrar se Diniz — cujo livro Caminhos e Escolhas, sobre a importância da atividade física, da fé e do autoconhecimento, já vendeu 200.000 cópias — consegue cumprir o prometido. Carlos Roberto Scretas, que há muito investe em ações do Pão de Açúcar para a firma de administração de recursos Schroder Investment Management — que tem US$ 1 bilhão em fundos de ações no Brasil —, diz que um Pão de Açúcar mais enxuto conseguirá cobrar preços menores e atrair mais consumidores. As ações do grupo também estão mais baratas do que de outras varejistas latino-americanas. Elas são negociados por cerca de 18 vezes o lucro esperado em 2006, enquanto as da Wal-Mart de México SA estão em quase 25.

Mas há os menos otimistas, como Adriano Blanaru, analista da Link Corretora, de São Paulo. Ele diz que o crescimento do lucro vai ser limitado pelo aumento da concorrência, que requer enormes e constantes investimentos em novas lojas. Blanaru, que tem uma classificação de "venda" para a ação, não tem nenhuma ação do Pão de Açúcar, e a Link Corretora não investe em papéis da empresa para os clientes cujos portfólios ela administra.
[heard2]

Dados recentes sugerem que Diniz está no caminho certo. No primeiro trimestre, o grupo manteve seus custos estáveis em relação a um ano antes, apesar de ter aberto oito novos supermercados nos últimos 12 meses, diz Juliana Rozenbaum, analista do Deutsche Bank AG em São Paulo, que tem recomendação de "compra" para a ação e acredita que ela possa chegar a US$ 53 por ADR.

Um porta-voz da empresa disse que a diretoria do Pão de Açúcar acredita que está tomando as medidas adequadas e tentando novas estratégias, como abrir farmácias e postos de gasolina em seus supermercados e se concentrar na venda de produtos não-alimentícios.

A receita do Pão de Açúcar, que tem 555 lojas em 15 Estados, está sendo prejudicada por um inimigo inusitado num país que há muito tenta manter os preços sob controle: a deflação. Os preços de alimentos caíram 3% nos últimos 12 meses, graças às enormes safras e aos baixos preços internacionais de commodities de exportação, como a soja. Isso levou o Pão de Açúcar a divulgar quedas no faturamento das lojas existentes há pelo menos um ano em 5 dos últimos 12 meses. A queda prejudica o lucro porque a empresa tem custos fixos. O Pão de Açúcar teve lucro de R$ 257 milhões e receita líquida de R$ 13,4 bilhões em 2005. No primeiro trimestre deste ano, lucrou R$ 60,2 milhões com receita de R$ 3,3 bilhões.

Como não pode combater a deflação, Diniz — que corre de manhã, malha na hora do almoço e joga squash à noite — está forçando sua empresa a entrar numa dieta de gastos. Em novembro passado, ele cancelou o contrato com todas as agências de propaganda que atendiam ao grupo e transferiu o trabalho para o departamento interno de publicidade. Ele também adotou na empresa o orçamento base zero, um processo pelo qual os diretores trabalham em orçamentos anuais sem levar em conta o que gastaram no ano anterior. Essa técnica ajuda a eliminar gastos desnecessários.

Diniz diz que seu maior problema é a concorrência desleal. No Rio, o Estado que considera o mais difícil para o seu negócio, o Pão de Açúcar até agora não conseguiu fazer o governo endurecer com os concorrentes que segundo ele reduzem os preços sonegando o fisco.

Para manter o ritmo, Diniz planeja gastar US$ 1,1 bilhão para abrir 120 supermercados e 40 hipermercados nos próximos quatro anos.

01 junho 2006

China x Vale


Reportagem do Wall Street Journal informa de uma luta entre a China, grande consumidora de insumos para sua indústria crescente, e os grandes produtores. A reportagem cita o exemplo do gás GNL, que a China considerou caro demais. Para tentar vencer os produtores, a China decidiu substituir o gás por carvão mineral doméstico.

Nesse momento a China procura evitar o aumento nos preços do minério de ferro. Esse produto é controlado por três grandes empresas no mundo, entre elas a brasileira Vale do Rio Doce. Em 2005 os consumidores tiveram que pagar mais de 70% pelo produto. Isso naturalmente refletiu no lucro recorde da Vale em 2005, quando a margem líquida foi de quase 50%. Em 2006 os produtores já conseguiram um aumento de 19% com alguns países asiáticos, mas a China quer resistir.

A seguir, a reportagem completa:

China quer usar tamanho de seu mercado para conter os preços das commodities
June 1, 2006 4:05 a.m.

Por Patrick Barta
The Wall Street Journal

Um confronto entre a China e as maiores mineradoras do mundo sobre o preço do minério de ferro ressalta o desejo do país de usar seu poder de barganha como um grande comprador de matérias-primas num esforço para deter a desenfreada alta dos custos, algo que pode ter implicações para a economia global.

A economia chinesa é uma força propulsora por trás do recente aumento da demanda e dos preços de petróleo, cobre e uma série de outras commodities. Pequim está tentando usar essa força para empurrar os preços para baixo. Se bem-sucedida, a iniciativa pode beneficiar indústrias e consumidores mundo afora que hoje arcam com os mais altos preços das commodities em uma geração — e geralmente culpam a China pela situação. Mas se os esforços chineses terão algum efeito significativo, ainda é uma questão em aberto.

Em alguns casos, a China está se recusando a comprar commodities que ela considera muito caras, retirando uma fonte de demanda do mercado. Em outros casos, está aumentando os esforços para desenvolver fontes alternativas ou acumular estoques de minerais, podendo assim puxar o tapete das mineradoras, que querem limitar o número de novas minas para manter os preços altos.
[iron]

Muitos especialistas em commodities duvidam que a China vá conseguir derrubar os preços tão cedo. As táticas do país têm sido até agora atrapalhadas e anticompetitivas, argumentam muitos analistas, e muitas de suas tentativas de escavar novas fontes de oferta não tiveram sucesso. Além do mais, a China precisa tanto de matérias-primas para construir estradas, fábricas, conjuntos habitacionais e outras coisas que seu poder de barganha é limitado no curto prazo.

Funcionários do Ministério do Comércio e da Comissão Nacional do Desenvolvimento e Reforma, a principal agência de planejamento do país, dizem que o governo não se envolve na negociação de preços de commodities industriais específicas, deixando isso para empresas individuais. Mas o governo chinês já disse que está preocupado com o impacto econômico dos altos preços das commodities, e muitos economistas acreditam que as últimas medidas sugerem uma estratégia mais coordenada. Isso seria fácil de pôr em prática, já que muitas das empresas que mais consomem recursos naturais na China são estatais.

No ano passado, a petrolífera estatal chinesa Cnooc Ltd. recusou-se a assinar novos contratos para gás natural liquefeito, ou GNL, depois de ter concluído que o preço havia subido demais. Em vez disso, a China está contando mais com o carvão mineral doméstico para alimentar suas usinas energéticas, embora fazê-lo aumente a degradação ambiental. A decisão retirou uma das maiores fontes de demanda nova no mercado internacional de GNL e pode resultar em preços menores do que se esperava anteriormente, se a demanda da China não voltar a subir.

A China está batendo o pé em relação ao minério de ferro. Geralmente, o preço do minério de ferro é decidido em discretas reuniões todos os anos entre as produtoras e as siderúrgicas que o consomem. Três empresas — a Companhia Vale do Rio Doce e as gigantes anglo-australianas BHP Billiton e Rio Tinto — controlam cerca de 75% do mercado mundial de exportação do minério, o que lhes dá mais poder de barganha. No ano passado, elas obrigaram as siderúrgicas a engolir um aumento sem precedentes de 72%.

Este ano, siderúrgicas do Japão, Coréia do Sul e Europa aceitaram um aumento de 19%. Mas a China, rompendo com a tradição, recusou-se a aceitar esse jogo. Os líderes da indústria siderúrgica chinesa dizem que as mineradoras precisam considerar o enorme tamanho do mercado da China quando negociam preços lá e oferecer seus recursos minerais com um desconto. A China já é o maior consumidor mundial de minério de ferro.

A maioria dos analistas acredita que a China vai perder na atual rodada de negociações, e pode entregar os pontos a qualquer momento. Mas no longo prazo, a teimosia pode levar a mudanças na maneira como o preço do minério de ferro é negociado. A China pode, por exemplo, decidir comprar mais no mercado à vista de países como a Índia. Embora isso possa custar-lhe mais atualmente, pode também provocar uma mudança que diluiria o poder das mineradoras no longo prazo.

31 maio 2006

Redução da Exigência para Crédito

Outra reportagem enviada por Ricardo Viana

Proposta do BC reduz exigências para crédito imobiliário e varejo
Alex Ribeiro
23/05/2006

Os bancos poderão alavancar ainda mais seus empréstimos de varejo e imobiliários, caso seja aprovado um conjunto de normas colocado sob consulta pública pelo Banco Central. São ao todo três resoluções e sete circulares, que, entre outros pontos, reduzem as exigências de capital próprio dos bancos para fazer frente a riscos de perda inesperada nesses dois tipos de operação de crédito. As regras também diminuem a exigência de capital para posições em câmbio e, de outro lado, criam novas exigências de capital para cobrir riscos de operações com commodities, com cupom cambial e ações.

O conjunto de normas, que foi divulgado na página do BC na internet, faz parte do cronograma de implantação no Brasil do chamado acordo da Basiléia 2, um entendimento internacional aprovado em 2004 para fortalecer a regulação prudencial do sistema financeiro. Sugestões para aperfeiçoar as propostas do BC são aceitas até 21 de julho.

O princípio básico por trás desse acordo é que os bancos coloquem capital próprio em cada uma de suas operações ativas e passivas para que, no caso de perdas inesperadas, seja menor o risco de prejuízo para os depositantes. O capital próprio mínimo dos bancos, tecnicamente chamado de patrimônio líquido exigido (PLE), é calculado segundo diversas fórmulas, uma para cada grupo de ativo e passivo, como operações de crédito, risco de juros e exposição cambial. A proposta apresentada pelo BC muda os parâmetros de algumas dessas formulas e cria novas.

No caso dos empréstimos de varejo, a norma foi suavizada, de modo que, em termos práticos, os bancos terão que ter capital próprio 25% menor para bancar os riscos inesperados nessas operações. No caso das operações de crédito, o capital mínimo é calculado em duas etapas. Primeiro, aplica-se um percentual sobre o valor da operação, de acordo com o seu risco. Depois, calcula-se 11% do valor encontrado na primeira etapa. O resultado é o capital próprio requerido para cobrir o risco de perda inesperada em operações de crédito.

A norma atual obriga que, na primeira etapa do cálculo, seja aplicado um percentual de 100% sobre o valor das operações de varejo - percentual idêntico ao aplicado à maior parte das operações de crédito. A proposta apresentada pelo BC reduz o percentual para o varejo para 75%. "São operações com risco mais diversificado", justifica o diretor de Normas do BC, Alexandre Tombini.

Na minuta colocada sob consulta pública, o BC conceitua operações de varejo como aquelas feitas com pessoa física ou empresas com faturamento anual de até R$ 2,4 milhões; realizadas por instrumentos típicos de varejo, como crédito direto ao consumidor, cartões de crédito e financiamento de automóveis; cuja exposição do banco com o cliente não seja superior a R$ 100 mil; e com valores que não representam mais de 0,2% da carteira de varejo do banco.

O BC também pretende aliviar, em 30%, a exigência de capital para as operações de crédito imobiliário. Como todas as demais operações de crédito, nos empréstimos imobiliários o capital é calculado em duas etapas. Na regra em vigor, primeiro aplica-se um percentual de 50% sobre o valor das operações. Depois, o banco separa o equivalente a 11% em capital próprio para cobrir riscos inesperados de perda. O que o BC quer reduzir o percentual da primeira etapa - em vez de 50%, seria usado 35%.

A regra mais suave, porém, seria aplicada apenas a financiamentos de imóveis residenciais garantidos por alienação fiduciária, desde que o saldo devedor não supere 50% do valor da garantia - que normalmente é o próprio imóvel. O percentual de 50% continua a ser aplicado, porém, nos empréstimos habitacionais garantidos com alienação fiduciária, cujos saldos devedores estejam entre 50% e 90% do valor do imóvel; e nas operações garantidas por hipotecas, desde que o saldo não equivalha a mais de 90% da garantias.

Também foi reduzida a exigência de capital para cobrir perdas inesperadas em operações de câmbio. Pela regra anterior, os bancos tinham de ter capital próprio equivalente a 50% das operações em ouro, moedas estrangeiras e operações sujeitas à variação cambial. A norma proposta só exige 30%.

Na prática, custará menos para os bancos manterem posição comprada ou vendida em moeda estrangeira. Tombini negou que a medida tenha qualquer intenção de interferir na tendência da cotação do dólar. "É bom lembrar que a regra vale para quem tem posição ativa ou passiva em dólar", disse. "Ou seja, vale tanto para quem aposta a favor do dólar ou contra do dólar." Segundo ele, a proposta teria caráter apenas prudencial, para garantir solidez ao sistema financeiro.

A norma propõe a criação de exigência de capital para operações com "commodities". Essa exigência seria calculada em duas etapas. Primeiro, seria calculada uma exigência de capital de 15% para o valor absoluto da exposição líquida em "commodities" -ou seja, a posição comprada menos a vendida em determinados tipos de "commodities". A essa exigência se somaria mais uma parcela de 3% incidente sobre as posições brutas aplicadas nessas mesmas "commodities".

A proposta também visa a instituir exigência de capital para as posições de cupom cambial em dólar dos Estados Unidos (juros recebidos em aplicação referenciada em moeda estrangeira). O montante de capital será calculado de acordo com um modelo de "value at risk" - a exemplo do modelo adotado para risco de mercado com juros - com os parâmetros definidos pelo BC. Também foi criada uma fórmula de cálculo de exigência de capital de ações para negociação imediata, que considera os grupos de ações negociadas em um mesmo país.

Tombini não revelou qual será o impacto líquido das medidas na exigência total de capital do sistema financeiro. "Fizemos nosso cálculos, para fazer as propostas", disse. "Agora queremos ouvir a avaliação do mercado."

O BC propõe também mudar a fórmula de cálculo do patrimônio de referência, que hoje é dividido em dois níveis, o 1 e o 2. No nível 1, está basicamente o patrimônio líquido, enquanto que no nível 2 está, por exemplo, as dívidas subordinadas. A proposta retira, entretanto, do capital nível 1 os ágios pagos na aquisição de investimentos - incluindo operações em que um banco compra outro. O chefe do Departamento de Normas do BC, Amaro Gomes, explica que a regra só se aplicaria a novas operações. "De qualquer forma, queremos ouvir dos participantes do mercado as suas avaliações sobre os impactos dessa proposta", disse.

Valor Econômico

Desempenho depende da pronúncia do nome da empresa

Sou assinante do Estadão e não tinha visto essa notícia, que o Ricardo Vianna enviou. Muito interessante:

Performance da ações é ligada à pronúncia do nome da empresa
30/5/2006
Estadão

A facilidade em pronunciar o nome de uma empresa e a sigla que a representa na lista de cotações influencia a performance do papel nos dias que se seguem à oferta pública inicial, descobriram dois psicólogos da Universidade de Princeton. Um novo estudo sobre ofertas públicas iniciais (IPOs, na sigla em inglês) de duas importantes bolsas de valores dos EUA mostram que as pessoas têm mais probabilidade de comprar ações novas com nomes fáceis de pronunciar, de acordo com os pesquisadores Adam Alter e Danny Oppenheimer. O efeito se estende à facilidade de pronúncia do símbolo de cotação, geralmente com algumas poucas letras.

"A pesquisa mostra que as pessoas tomam atalhos mentais, mesmo quando se trata de investimento, quando aprece que deveriam querer ser mais racionais", disse Oppenheimer. O trabalho será publicado na edição desta terça-feira do periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.

A pesquisa começou com outro objetivo em mente: os pesquisadores pediram a um grupo de estudantes que estimasse como uma série de ações de empresas fictícias iria se sair na bolsa. "Na época, nosso objetivo principal era estudar se poderíamos manipular como as pessoas interpretam a sensação de que é fácil entender uma informação".

No entanto, a correlação entre pronúncia e previsões positivas mostrou-se forte - não importava como os pesquisadores manipulassem a situação, os estudantes acreditavam que as ações com nomes fáceis iriam se sair melhor.

Com esse dado, os cientistas resolveram analisar as performances em duas grandes bolsas - a de Nova York e a Americana. O efeito se manteve no mundo real: quanto mais "fluente" fossem o nome e o símbolo, melhor tinha sido o lançamento do papel.

Fonte:
Estadão

30 maio 2006

As Multis do Brasil

A questão da Bolívia expôs um problema até então relegado ao segundo plano: as empresas brasileiras que são hoje multinacionais. O volume de investimento de algumas companhias nacionais em outros países tem aumentado significativamente, como uma forma de conquistar novos mercados e, até certo ponto, defender a posição no mercado nacional. De acordo com os dados do BACEN, divulgados hoje na Gazeta Mercantil, os ativos das nossas multis aumentaram 44% nos últimos cinco anos.

Algumas empresas conseguem hoje um faturamento maior no exterior do que no mercado doméstico. É o caso da construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez. A reportagem cita outros exemplos:

A WEG (...) tem 60% do mercado de motores industriais de toda a América Latina. A Camargo Correa adquiriu a maior companhia de cimento da Argentina.

Controladora da Santista Têxtil, a Camargo fecha nas próximas semanas joint venture com a Tavex para fornecer jeans à Espanha. (...) A Camargo também é dona da São Paulo Alpargatas, fabricante das globalizadas sandálias Havaianas. A Camargo adquiriu em junho de 2005 a cimenteira Loma Negra, ícone dos argentinos, assim como a Perez Companc, comprada pela Petrobras. A estatal brasileira tem ativos em todos os países da América do Sul, além dos Estados Unidos, África, e Ásia.

[A] Petrobras (...) está em processo de reavaliação(...)por conta da redução das receitas em dólar (com a valorização cambial). Hoje, 11% das reservas totais da companhia estão no exterior. Percentual bem menor que o de construtoras que passaram a ganhar mais fora do País.

(...) Cerca de 45% do faturamento [da Andrade Gutierrez] parte de obras no Brasil. Dez por cento encontra-se em outros países da América Latina e 32% em Portugal. No caso da Odebrecht, 41% dos contratos estão no Brasil e 44% em Portugal.


Esses investimentos trazem uma dificuldade maior para o analista das demonstrações financeiras e a necessidade de maior cuidado com a leitura dos riscos inerentes aos mesmos.

29 maio 2006

Pão de Açúcar corta custos

Notícia do Estado de S. Paulo informa que o Pão de Açúcar pretende cortar custos e diversificar sua atuação, incluindo a venda de móveis.

A maior rede do país está passando por uma reestruturação a entrada no ramo de móveis. Segundo a reportagem "o interesse pelos móveis se explica por ser um negócio com boas margens de lucro e porque ampliaria a variedade de produtos à venda no grupo. Estaria dentro do plano estratégico de reduzir sua dependência da venda de alimentos. Hoje, produtos fora da área alimentícia já representam 24% das vendas do Pão de Açúcar e, segundo especialistas, essa fatia poderia chegar a 30%."

O problema da área de alimentos está relacionado com ao aumento dos preços abaixo da taxa de inflação, o que faz com que esse setor seja hoje pouco atrativo para a rede. Entretanto, a reportagem não deixa claro como o setor de móveis pode ser útil para o grupo. Esse é um setor que exige uma grande quantidade de espaço físico, item valioso num supermercado.

Nesse ponto, inclusive, a reportagem chama atenção para queda na venda por metro quadrado, de R$ 13.448 em 2004 para R$ 13.404 em 2005.

Entre as medidas que estão sendo tomadas pelo grupo para redução dos custos tem-se "o corte das agências de publicidade que atendiam às diferentes bandeiras, a criação de uma central de serviços não compartilhados (para gastos administrativos) e a redução de pessoal. Em 2005, a rede cortou 645 funcionários, mas no início do ano as dispensas cresceram."

Uma análise interessante foi realizada por Marcio Kawassaki, da Fator Corretora. Para ele, o Pão de Açúcar deve "aumentar vendas num momento em que o mercado não cresce e em que o consumidor tende a fazer cada vez mais suas refeições fora de casa. Até alguns anos atrás o crescimento das maiores empresas era garantido pela aquisição de redes menores. Agora que as empresas menores foram compradas, a briga é para ganhar participação de mercado".

Clique aqui para ler a notícia completa

Comportamento irracional

Reportagem recente do Valor sobre finanças comportamentais

Comportamento irracional traz perdas e oportunidades

Mara Luquet
29/05/2006

Mais do que nunca os partidários da escola comportamental estão conquistando adeptos no mercado de ações. Esses estudiosos estão convencidos de que as emoções - e não aspectos fundamentalistas de uma empresa ou de uma economia - é que estão no comando das decisões da média dos investidores. Eles tendem a reagir excessivamente a notícias boas ou ruins. Por isso, o efeito manada tem ocorrido com uma freqüência maior, deixando muitas vezes para trás os pilares da chamada "eficiência" do mercado.

O debate vem aumentando e, mesmo os partidários da eficiência do mercado, reconhecem que este é um fenômeno que não pode ser desconsiderado. Ao contrário. Tanto investidores como administradores de empresas têm de considerar esse aspecto em suas rotinas de trabalho.

Um estudo da consultoria McKinsey divulgado recentemente com considerações sobre os efeitos da atitude irracional de investidores também aponta algumas oportunidades para os executivo de empresas cujas ações tenham sido alvo de euforia ou nervosismo do mercado. No trabalho, assinado por Marc Goedhart, Timothy Koller e David Wessels, os estudiosos dizem que um momento de alta ou queda irracional dos preços das ações pode ser interessante para que o executivo da empresa considere algumas atitudes estratégicas.

Um exemplo é emitir ações quando os preços estão com alta que supera o valor intrínseco da empresa ou ainda aproveitar esses momentos para fazer aquisição de outros ativos utilizando as ações da empresa como moeda em lugar do desembolso de recursos. Já se os preços estão muito depreciados de forma irracional, o melhor é iniciar um programa de recompra das ações.

Para eles, é certo que o comportamento irracional do investidor leva o mercado para direções na maior parte das vezes errada, pressionando excessivamente o preço de uma ação tanto para cima como para baixo. Para os administradores dessas empresas, a questão crítica é saber com que freqüência esses desvios ocorrem, quando eles acontecem e se são significantes o bastante para afetar o processo de decisão de investimentos da empresa.

Já para você investidor, conhecer esse fenômeno e ficar atento as suas ocorrências é importante, basicamente porque ele pode proporcionar excelentes negócios tanto na hora de vender suas ações (aproveitando os momentos de alta irracional) quanto para recompor sua carteira de investimentos em momentos de nervosismo exagerado.

Afinal, isso é o que todos procuram: as ações baratas. Pois comprar uma ação barata é garantia de lucro, às vezes lucros enormes, capazes de construir fortunas ao longo do tempo.

No entanto, não se engane. O fato de o preço de uma ação estar baixo não significa que ela está barata. Os chamados investidores do contra ("contrarian investors") adoram esses momentos porque o que eles gostam é exatamente de ir contra o mercado. Assim, eles se dispõem a comprar uma ação depois de um declínio sustentado do preço, na expectativa de uma retomada. "Eles acreditam que uma ação que tenha perdido de 80% a 90% de seu preço no pico tem muito mais chances de ser uma pechincha", diz o professor Aswath Damodaran no livro "Mitos de Investimentos", editado no Brasil pela Prentice Hall.

Mas Damodaran adverte que a bonança depois da tempestade não é uma regra. Montar uma estratégia que foque apenas em ações perdedoras tem um risco elevado que não deve ser desprezado. Assim, diz Damodaran, é necessário uma análise mais acurada e o investidor deve colocar alguns filtros para formar essa carteira. Um deles que pode ser bastante útil nessa estratégia é o que ele chama de catalisadores de melhorias.

Por esse filtro, o investidor deve escolher entre as ações perdedoras apenas aquelas de empresas com resultados positivos no último trimestre e com aumento do lucro no exercício anterior. "A idéia, aqui, é a de que empresas que estejam ganhando dinheiro não apenas são de menor risco, como também têm mais liberdade para realizar as mudanças necessárias para chegar a um estado saudável", diz Damodaran.

Mara Luquet é editora da revista ValorInveste e autora do Guia Valor Econômico para o Planejamento da Aposentadoria

Enviado por Ricardo Vianna

Cientistas deixam de inventar quando se casam

Certas notícias da internet parecem que foram feitas para "pegar" o leitor incauto.

A mais nova foi divulgada pelo sítio Science Carriers e trata da produção científica e o impacto do casamento. Satoshi Kanazawa, da University of Canterbury, na Nova Zelândia, analisou dados de 280 grandes cientistas e descobriu uma queda na produtividade, mostrada nas descobertas e publicações. Quando olhou a história de cada pessoa, ele encontrou que a redução da produtividade nos cientistas solteiros era menor.

"A produtividade dos cientistas machos tendem a cair depois do casamento" afirma Kanazawa. "Cientistas tendem a ´desistir´ da pesquisa científica depois do casamento".

Kanazawa tem uma explicação controversa sobre os dados que encontrou: "O homem conduz a pesquisa científica para atrair a mulher e casar (...) Casar é o objetivo (...) ciência é o meio."

27 maio 2006

Os Problemas da GM no Brasil

A reportagem da Isto É Dinheiro sobre os problemas da GM no Brasil:

Problemas em marcha na GM
Brigas judiciais com os revendedores, prejuízos recorrentes, denúncias de sonegação fiscal – há diversos obstáculos diante da montadora em sua busca pelos lucros no Brasil


Por joaquim castanheira

A trajetória da General Motors no Brasil tem sido tão acidentada quanto as estradas brasileiras onde rodam seus automóveis. Nos últimos tempos, uma série de más notícias tem perturbado a vida da filial da maior montadora de automóveis do mundo. A empresa apresenta dificuldades de se livrar de um persistente vermelho que mancha seu balanço por aqui. Nos dois últimos anos, as perdas acumuladas atingiram US$ 330 milhões. Não bastasse isso, a companhia convive com uma arrastada disputa jurídica com um grupo de ex-concessionários, que pleiteiam indenizações pelo que eles consideram “rescisão unilateral” dos contratos. Esses processos geraram pelo menos duas denúncias pesadas contra a montadora. Uma delas diz respeito a um eventual uso indevido dos recursos da GM Factoring, um fundo de capitalização controlado pela rede de concessionários e administrado pela GM. A outra refere-se a um possível subfaturamento de veículos importados. São esses alguns dos problemas capazes de tirar o sorriso do rosto do canadense de origem chinesa Ray Young, que, desde janeiro de 2004, comanda as operações da GM. Se a tradição de mandatos de três anos na filial brasileira for mantida, Young, 44 anos, cumpre seus últimos meses no País. E esforça-se para cumprir a missão que recebeu ao ser nomeado: devolver o lucro à subsidiária. Antes, porém, precisará superar os problemas que avançam sobre a companhia em marcha acelerada.


TROMBADA COM A REDE

Salvador Satriani vende automóveis numa concessionária Renault, localizada em um prédio em Pouso Alegre (MG). Anos atrás, ele freqüentava o mesmo local, mas numa condição diferente. Satrini era dono da Itasa, revenda da GM. O edifício também lhe pertencia. Descredenciado pela montadora, ele perdeu tudo. De empresário passou a funcionário. Assim como ele, 117 concessionários tiveram seus contratos cancelados entre 2000 e 2004. “Houve um período em que eram dois descredenciamentos por semana”, diz Antônio Carlos Martins, também ex-revendedor da marca. Ele e outros 42 concessionários se uniram num grupo para negociar com a GM. Até agora, não tiveram sucesso. “Não queremos voltar a trabalhar com a empresa”, diz Sérgio Soares, que vendia automóveis da montadora em Birigui (SP). “Queremos ser ressarcidos pelos nossos prejuízos.” Hoje, correm quase 90 processos na Justiça em relação a esse assunto. Segundo Martins e Soares, a GM rompeu os acordos unilateralmente, por intermédio de notificações extra-judiciais. A GM nega qualquer irregularidade. “A rescisão do contrato de concessão é válida, prevista em lei e nos princípios que regem a legislação brasileira. A decisão da GM é tomada com base em razões fundamentadas, decorrentes do descumprimento das obrigações assumidas pela concessionária ou por irregularidades por ela praticadas”, afirma em comunicado enviado à DINHEIRO.
Zero Hora

Todos os custos de fechamento das concessionárias ficaram por conta dos proprietários. A conta inclui os encargos trabalhistas, equipamentos da oficina, débitos com fornecedores, reforma dos prédios desocupados, entre outros itens. Em média, de acordo com Martins, o encerramento de atividades consome R$ 3 milhões. A indenização reivindicada pelo grupo soma, além desse valor, uma compensação equivalente a cinco anos de lucro. “Cada um deveria receber entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões”, calcula Áureo Bonilha, consultor contratado para negociar em nome do grupo. Se todos os ex-concessionários fossem contemplados com essa dinheirama, os cofres da GM emagreceriam até R$ 700 milhões. “Fizemos ao longo de décadas investimentos exigidos pela GM para atender os padrões da empresa. Assumimos compromissos financeiros na condição de representantes da montadora e saímos sem qualquer indenização”, diz Martins.

DIREÇÃO PERIGOSA

Abriga judicial da GM com os ex-concessionários gerou alguns filhotes. Um deles veio na forma de uma denúncia de Arnaldo Boacnin, um dos sócios de uma concessionária descredenciada. A acusação? A eventual má gestão da GM Factoring, uma empresa criada e controlada pelos concessionários da marca e administrada pela empresa. Hoje, a GM Factoring administra algo em torno de R$ 800 milhões. Tudo começou em 2002, quando Boacnin procurou o Ministério Público Federal para denunciar que a companhia “não segue os padrões e regramentos concernentes à sua espécie”. Entre outros fatos “estranhos” e “insólitos”, como diz Boacnin em seu depoimento, a GM Factoring adquiriria créditos da GM do Brasil antes desses créditos existirem. Para isso, uma nota fiscal sem data de vencimento para pagamento era emitida. O crédito era pago, segundo Boacnin, mesmo sem os documentos necessários, como duplicatas e faturas. Os ex-concessionários queixam-se que a GM também não devolveu suas contribuições feitas à factoring. “Isso geraria, em valores de hoje, algo em torno de R$ 100 milhões”, afirma Edison Mussi, que possuía uma revenda em Nova Friburgo (RJ). “A GM refuta veementemente qualquer acusação de uso ilegal do Fundo. As decisões judiciais até o momento proferidas em casos que discutem questões relacionadas ao Fundo não constataram qualquer irregularidade em sua constituição ou utilização”, afirma um comunicado da companhia enviado à DINHEIRO.


DERRAPADA NO FISCO?

Aconteceu há quase dez anos, mas continua vivo nos processos que vários ex-concessionários movem contra a GM. Durante um certo período, carros importados pela filial brasileira da montadora de suas unidades na Bélgica e na Argentina chegavam às revendas acompanhados de dois documentos. Um deles era a nota fiscal com o valor do veículo. Dias depois, o concessionário recebia uma nota de débito, emitida pela GM. Nela eram cobradas despesas com peças e treinamento para profissionais de venda e assistência técnica. Na primeira, incidiam os impostos previstos nesse caso. A segunda ficava isenta desses tributos, embora o concessionário pagasse as duas. Os serviços não eram prestados, segundo os denunciantes. “O treinamento de funcionários é realizado apenas uma vez para cada modelo de veículo”, diz Antônio Carlos Martins. “Mas a GM cobrava o mesmo serviço para cada unidade faturada. Além disso, se houvesse despesas com peças, uma nota fiscal deveria ser emitida para esse fim.” Exemplo: em 19 de junho de 1997, a Martins Veículos, de Bauru, recebeu uma pick up Silverado, fabricada na Argentina, com uma nota fiscal no valor de R$ 32.125,24. No mesmo dia, a GM enviava uma nota de débito de R$ 5.390,89 a título de serviços prestados que deveriam ser pagos pela concessionária. Ou seja, a Martins pagou nesse caso R$ 37.516,13, mas os impostos só incidiram sobre R$ 32.125,24. “Há todas as características de sonegação fiscal”, diz a advogada Maria Theresa Pero, que defende diversos ex-revendedores. A GM diz que não comenta casos em andamento na Justiça, mas afirma que segue à risca todas as leis vigentes no País.


COM O PÉ NO FREIO

É como se fosse uma nova espécie de vírus, que cede ante a ação dos antibióticos mas não sucumbe totalmente. No ano passado, o prejuízo da GM bateu em cerca de US$ 80 milhões. Em 2004, havia sido de US$ 249 milhões. A empresa responsabiliza o câmbio, que prejudica suas exportações e a alta carga tributária do País. A GM ainda sofre em função de sua vocação no desenvolvimento de carros médios e grandes. No Brasil, os compactos dominam dois terços do mercado. “Aí está a predominância de concorrentes como Volks e Fiat”, diz André Beer, um ex-executivo da montadora. Mas há um outro fator: a montadora possui três fábricas em território brasileiro, duas delas nos pólos de maior salário do setor metalúrgico, São Caetano do Sul e São José dos Campos, ambas no estado de São Paulo. Nessas duas cidades, os trabalhadores ganham pelo menos o dobro de seus companheiros em Betim (MG), casa da Fiat, e em Camaçari, onde a Ford concentra sua produção. Outra diferença está na produtividade dessas plantas. Enquanto Volks e Fiat produzem 34 carros por funcionário, o índice na GM não ultrapassa 27. Por isso, há duas semanas, a GM anunciou a demissão de 960 funcionários em São José dos Campos e a contratação de 970 na unidade de Gravataí (RS), onde os salários encontram-se na casa dos R$ 1 mil, contra os R$ 2,3 mil pagos no estado de São Paulo. “Os trabalhadores pagam com seus empregos pela queda das exportações”, diz Luiz Carlos Prates, presidente do sindicato dos metalúrgicos de São José.

26 maio 2006

Irregularidades no Futebol Italiano

Irregularidades contábeis

26 de Maio de 2006 - A polícia financeira realizou ontem uma operação de busca e apreensão nas sedes dos dois mais populares clubes de futebol de Milão, o Inter e o Milan, dentro das investigações sobre irregularidades contábeis feitas por outro importante clube italiano, o Juventus de Turim, nas transações de jogadores. Um Tribunal de Turim, que investiga o Juventus por falsificação contábil e fraude fiscal, ordenou a prisão de dois de seus ex-diretores: Antonio Giraudo e Luciano Moggi. As autoridades do Judicário requisitaram aos 71 clubes de todas as categorias do futebol italiano toda a documentação relativa às transações com jogadores que tenham passado pelo Juventus. Entre 41 operações suspeitas está a do francês Zinédine Zidane, que foi contratado em julho de 2001 pelo Real Madrid pela soma recorde de EUR 75,1 milhões. Os magistrados, que concentram suas investigações no período compreendido entre 2000 e 2005, querem averiguar, sobretudo, se o Juventus contabilizou integralmente a quantia recebida. Há suspeitas de que tenha escriturado em seus livros quantias inferiores para sonegar impostos. Na semana passada, a polícia financeira fez operação idêntica na sede do Juventus e nas residências do capitão da seleção italiana, Fábio Cannavaro, e do atacante sueco Zlatan Ibrahimovic.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)


Enviado por Ricardo Viana

Enron 3

Reportagem da Folha de S. Paulo

Ex-executivos da Enron são condenados por fraude

Sentença sai em 11 de setembro, e acusados podem pegar até 185 anos de prisão

Colapso da empresa de energia, em 2001, causou perda bilionária

a acionistas e provocou amplas reformas no mundo corporativo

DO "FINANCIAL TIMES"

Kenneth Lay e Jeffrey Skilling, ex-executivos da Enron, foram condenados ontem por fraude e conspiração por participação no colapso em 2001 da fornecedora de energia americana que provocou as mais amplas reformas corporativas desde a Grande Depressão de 1929. O veredicto deu ao governo federal sua mais importante vitória na batalha de cinco anos desde a onda de crimes do colarinho-branco que abalou a confiança dos investidores, eliminou milhares de empregos e destruiu bilhões de dólares em ativos de acionistas. Depois de cinco dias do que os jurados chamaram de deliberações "emocionais", o júri condenou Lay, ex-presidente da Enron, em todas as seis acusações de fraude telefônica, fraude em valores mobiliários e conspiração. Skilling, o ex-executivo chefe da empresa, foi considerado culpado em 19 acusações de conspiração, fraude em valores mobiliários, negociação privilegiada e falso testemunho. Skilling foi absolvido em nove das dez acusações de negociação privilegiada. Os dois poderão passar o resto das vidas na prisão. Lay, 64, poderá pegar até 45 anos, e Skilling, 52, até 185 anos. A sentença sai em 11 de setembro. Os jurados disseram que não foi uma testemunha ou uma peça de evidência que os levou ao veredicto. Eles confessaram que mudavam de idéia todos os dias. "Eu me senti como uma bola de pingue-pongue", disse Doug Baggett, gerente de um departamento jurídico, em uma entrevista coletiva. No final, disseram que, quando tinham dúvidas sobre a credibilidade de uma testemunha, encontravam a resposta nas 20 caixas de documentos apresentados como evidências. Especialistas em administração legal e corporativa disseram que os veredictos mostraram que os jurados recusaram os argumentos da defesa de que não houve fraude contábil na Enron e que o colapso foi provocado por uma crise de confiança na firma, causada por reportagens céticas na mídia.
Símbolo
"Simbolicamente, é o fim do jogo da moralidade", disse Henry Hu, professor de economia e direito na Universidade do Texas. "Enron tornou-se palavra que pode ser usada para assustar crianças. O investidor médio talvez não tenha acompanhado outros casos, como os da WorldCom e da Tyco, mas este, sim. Eles sabiam quem eram esses homens." O juiz Sim Lake disse que a fiança de US$ 5 milhões de Skilling é suficiente para ele continuar em liberdade até a sentença, mas exigiu a permanência de Lay no tribunal até que seu passaporte foi entregue e seus cinco filhos empenharam suas casas para pagar a fiança -também de US$ 5 milhões. O advogado de Skilling, Daniel Petrocelli, disse que vai fazer uma apelação "vigorosa".

Tradução de LUIZ ROBERTO MENDES GONÇALVES