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Mostrando postagens com marcador OGX. Mostrar todas as postagens
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02 outubro 2013

OGX decide não pagar

A petroleira OGX, do empresário Eike Batista, optou por não pagar juros sobre bônus no exterior que venceriam nesta terça-feira, no primeiro passo do que pode vir a ser o maior calote da história por uma empresa latino-americana.

(...)O não pagamento dos juros referentes à dívida de US$ 1,1 bilhão em bônus com vencimento em 2022 já era amplamente esperado, diante da crítica situação de caixa da petroleira.

O bônus possui, entretanto, cláusula que dá ao emissor prazo de 30 dias para honrar o compromisso, como havia antecipado reportagem do Broadcast com fontes, ontem. Depois desse prazo, a empresa está sujeita à aceleração do pagamento de outras dívidas, especialmente as bancárias, e pode ser levada à falência. No final de junho, a dívida da OGX com bancos somava R$ 8,7 bilhões, de acordo com o balanço da companhia.


Fonte: Estadão

30 setembro 2013

Calote da OGX ?

A empresa OGX Petróleo e Gás do empresário brasileiro Eike Batista está planejando não pagar juros no valor de US$ 44,5 milhões de um bônus que vencerá na próxima terça-feira,1, afirmou uma fonte. O calote dos juros já é amplamente esperado pelo mercado financeiro.

A OGX tem US$ 3,6 bilhões em bônus em circulação, e o calote (default) total da companhia será o maior já feito por uma empresa latino-americana.

O recorde é detido atualmente pelo Banco de Galicia y Buenos Aires S.A., da Argentina, que não pagou uma dívida de US$ 1,9 bilhão em 2012, de acordo com um relatório da Moody's Investors.

Nenhum porta-voz da OGX não foi encontrado para comentar o assunto. A companhia contratou consultores financeiros para reestruturar sua dívida, que inclui US$ 1,06 bilhão em bônus que vencem em 2022, e US$ 2,6 bilhões em bônus com vencimento em 2018.

O pagamento que vence no dia 1 de outubro, terça-feira, é dos juros sobre bônus para 2022, enquanto os bônus para 2018 têm um pagamento de cupom que vence em dezembro.

A companhia planeja pular a data do pagamento dos juros na terça-feira e aproveitar o período de carência para concluir negociações sobre a reestruturação da dívida, afirmou a fonte.

De acordo com as regras estabelecidas no prospecto para o bônus, após o calote do pagamento dos juros, a OGX ainda tem 30 dias para "sanar" o problema antes de sofrer qualquer punição.

Os principais credores da OGX já esperam um calote na terça-feira e desejam continuar as negociações sobre alternativas financeiras para a companhia, disse outra fonte.

A OGX pode também escolher entrar com um pedido de recuperação judicial nas próximas semanas, mas provavelmente perto do fim do período de carência, nos últimos dias de outubro, afirmou a primeira fonte. "Hoje, há 80% de chance de que a OGX buscará uma proteção judicial em breve", acrescentou.

Eike Batista, que já foi o homem mais rico do Brasil, perdeu a maior parte de sua fortuna nos últimos 15 meses em meio a uma profunda crise financeira desencadeada pela perda de confiança em sua capacidade de financiar o enorme conglomerado de infraestrutura que ele criou a partir do zero na última década.

A OGX precisa atualmente de até US$ 500 milhões e não tem acesso a novas linhas de crédito, afirmou uma fonte. A situação foi discutida com consultores financeiros em reuniões realizadas em Nova York, revelaram várias fontes.

A companhia levantou US$ 4,1 bilhões, em 2008, em uma Oferta Pública Inicial de Ações (IPO, na sigla em inglês). Em 2012, a OGX iniciou seu rápido declínio após dizer que não conseguiria cumprir as expectativas extraordinárias de produção que estabeleceu. No início deste ano, a empresa disse finalmente que a maior parte de seus campos de petróleo não eram economicamente viáveis e que tinha decidido paralisar atividades de desenvolvimento.

O valor das ações da empresa recuou mais de 90% até agora no ano. Os bônus da OGX estão sendo negociados atualmente por menos de US$ 0,18, em um reflexo das expectativas de que a companhia não honrará suas dívidas.

A OGX contratou as empresas de consultoria financeira Lazard e Blackstone Group para desenvolver alternativas de reestruturação com os credores, segundo fontes. Os credores da OGX já assinaram acordos de não divulgação, o que permitirá que eles revisem as informações não-públicas da empresa e tomem medidas na direção de um acordo de reestruturação, disse uma outra fonte. Com informações da Dow Jones Newswires. Estado de S Paulo

12 setembro 2013

Seria manipulação?

O fato de Eike Batista ter prometido à OGX um aporte - na forma de uma opção de venda de ações da companhia, ou "put", no jargão do mercado - de US$ 1 bilhão e, agora, afirmar que não irá honrar o compromisso poderá se configurar em evidência de que o empresário tentou manipular as expectativas do mercado em relação à petroleira, afirmaram fontes ao Valor. Procurada, a OGX não concedeu entrevista.

(...) Na época, o mercado especulou que a empresa poderia estar fazendo um colchão de recursos para participar de uma eventual próxima rodada de licitação de blocos exploratórios da ANP. Ou que, por alguma razão ainda desconhecida, o caixa seria comprometido ou a geração de caixa operacional seria menor. Uma potencial capitalização para a realização de nova parceria também foi comentada. Ou seja, não ficou exatamente claro porque a "put" foi lançada, embora ela tenha sido um sinal de confiança do empresário no negócio. A opção de venda, que seria exercida a R$ 6,30, estava 36% acima do valor de mercado da OGX naquele dia de outubro. O valor passou a ser também um teto para o papel.

O fato de Eike não honrar o compromisso pode ampliar a avaliação de que ao anunciar a intenção de capitalização da empresa o empresário tomou a medida baseado em informações que não foram amplamente divulgadas para o mercado e que podem explicar a situação delicada que a empresa hoje se encontra. A concessão de instrumentos desse tipo não é usual, embora Eike tenha assumido - e honrado - o mesmo compromisso em OSX, no momento em que o estaleiro abriu capital.

Se já estivesse ciente da deterioração da empresa, a "put" pode ter sido uma tentativa de reverter expectativas - uma sinalização de confiança no negócio para tranquilizar os investidores e atrair novos compradores para os papéis ou para fechar novos negócios.


Negativa de Eike pode abrir debate sobre manipulação - Valor Econômico - 11/09/2013 - Ana Paula Ragazzi

08 setembro 2013

OGX e o aporte de caixa

Em uma tacada surpresa, a diretoria da petroleira OGX exigiu ontem do empresário Eike Batista o cumprimento da promessa de aportar até US$ 1 bilhão, manobra que visa tirar a companhia da situação dramática em que se encontra. A cobrança chegou quando os investidores já nem cogitavam mais o exercício da opção de venda de ações contratada em outubro de 2012, quando o cenário da petroleira era bem mais favorável.

(...) A diretoria da OGX cobra um aporte imediato de US$ 100 milhões. Sem condições de arcar com esse valor, Eike pretende levar a discussão a uma câmara arbitral. (...)

Factível ou não, a notícia fez os papéis da petroleira dispararem no pregão de ontem. As ações OGXP3 fecharam a R$ 0,52, com alta de 26,8%.

Analistas do Credit Suisse, Vinicius Canheu e Andre Sobreira consideraram o aporte imediato de US$ 100 milhões relevante, já que equivale a 18% do valor de mercado da empresa, de cerca de US$ 560 milhões. Os profissionais avaliam, no entanto, que o anúncio é vago, principalmente no que diz respeito à habilidade do empresário em honrar os US$ 900 milhões restantes.

(...) Alguns questionam se a resolução foi tomada de forma independente ou a partir de uma estratégia alinhada com o próprio Eike e grupos envolvidos no resgate da OGX. Nesse caso, os diretores dariam uma cartada para recuperar a imagem da empresa e evitar um maior comprometimento, mesmo cientes de que o empresário descumprirá o acordo.

(...) Caixa. Fontes de mercado dizem que a disponibilidade de caixa já estaria abaixo de US$ 100 milhões. O valor é ínfimo se comparado à dívida de R$ 8,7 bilhões da companhia em 30 de junho. Além disso, no fim de agosto o executivo-chefe da malaia Petronas, Shamsul Azhar Abbas, condicionou o pagamento dos US$ 850 milhões empenhados na compra da fatia de 40% do campo Tubarão Martelo à reestruturação da dívida da OGX. O negócio é uma das apostas da companhia para voltar ao equilíbrio. Ontem, a petroleira comunicou mais uma baixa em seu conselho de administração, com a renúncia do empresário tunisiano Aziz Ben Ammar. Uma assembleia extraordinária de acionistas está marcada para o dia 12 de setembro, quando será votada a recomposição do conselho.

16 agosto 2013

Ebitda e Caixa

Sobre o desempenho da OGX (OGX tem prejuízo de R$ 4,7 bi com provisões por fracasso geológico, Brasil Econômico, 15/08/13):

A empresa de petróleo de Eike Batista OGX, que vive uma grave crise de confiança no mercado, amargou prejuízo bilionário no segundo trimestre, impactado principalmente pela provisão de perdas com campos de petróleo considerados inviáveis economicamente.

O prejuízo líquido contábil da petrolífera subiu quase 12 vezes no segundo trimestre, para R$ 4,722 bilhões, ante prejuízo de R$ 398,6 milhões no mesmo período de 2012, informou a empresa nesta quarta-feira (14/8).

O aumento expressivo do prejuízo reflete principalmente despesas de R$ 3,6 bilhões referentes à provisão para perda dos investimentos realizados nos campos de Tubarão Azul, Tubarão Areia, Tubarão Gato e Tubarão Tigre.

Os três últimos foram considerados inviáveis comercialmente, enquanto o Tubarão Azul, ainda em produção, tende a continuar em declínio, sem novos investimentos após a empresa concluir que sua continuidade também é inviável.

Outros R$ 491 milhões no prejuízo estão associados a poços secos e áreas subcomerciais devolvidas à Agência Nacional de Petróleo (ANP) e R$ 491 milhões referem-se a despesas com variação cambial, basicamente não realizadas.

A posição de caixa da empresa de Eike minguou em cerca de US$ 822 milhões no trimestre, encerrando junho em US$ 326 milhões.

"Essa redução ocorreu principalmente devido ao desembolso de US$ 369 milhões (R$ 779 milhões) à OSX", afirmou a companhia em comunicado.


O interessante do texto é revelar que o Ebitda da empresa ainda foi positivo ...

Apesar dos problemas operacionais, a empresa fechou o segundo trimestre com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) positivo de R$ 46 milhões, ante Ebitda negativo de R$ 110 milhões no mesmo período do ano passado.
... e que o caixa reduziu

Emblemática preocupação dos investidores, o caixa da empresa recuou significativamente em seis meses, com queda de R$ 3,4 bilhões em relação a 31 de dezembro de 2012.

Além da compensação para a OSX, a queda na posição do caixa da empresa reflete também investimentos realizados no período de R$ 1,2 bilhão e pagamentos de juros de R$ 344 milhões.


Ou seja, o caixa operacional reduziu.

08 julho 2013

OGX

Em uma campanha exploratória impressionante a OGX protagonizou, em dois anos e meio - de outubro de 2009 a maio de 2012 -, 55 anúncios de descoberta de petróleo ou declarações de comercialidade (jargão que indica, no setor de petróleo, que uma área pesquisada vai virar um campo produtor). A cada comunicado promissor, o mercado reagia imediatamente e a empresa acompanhava os saltos no gráfico de suas ações.

Um levantamento de todas as divulgações feitas pela petroleira de Eike Batista desde sua criação, em 2007, revela que foram mais de 105 comunicados oficiais. Metade deles apontava indícios de petróleo em suas áreas. Grande parte das descobertas referia-se ao mesmo poço perfurado, apenas em estágios diferentes.

A despeito disso, as ações subiam sempre que um desses "fatos relevantes", como são conhecidos os relatórios oficiais, era enviado à Bolsa de Valores e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM, responsável pela fiscalização de mercado).

Agora, o mercado financeiro parece dividido entre alternativas ruins: houve incompetência, ingenuidade ou má gestão? "Não é plausível que uma empresa com tantas promessas de sucesso tenha se tornado um fracasso da noite para o dia", diz Ricardo Lacerda, sócio do banco BR Partners.

Alguns comunicados tinham tom eufórico. "A OGX é a prova de que vale a pena apostar na competência dos brasileiros e na riqueza e abundância dos nossos recursos naturais. Esses recentes sucessos vão pavimentar o caminho do nosso robusto crescimento e igualdade social. Viva o Brasil!", escreveu Eike em outubro de 2009, no fato relevante enviado à CVM sobre a descoberta no bloco marítimo da Bacia de Campos BM-C-43.

Até junho de 2012, quando teve de revelar o real volume do petróleo que jorrava de sua principal aposta, o campo de Tubarão Azul, na Bacia de Campos - um décimo do que apregoou -, o tom das informações que vinham da OGX era exatamente esse. Em janeiro de 2010, poucos meses depois de começar a furar os poços, Eike fez uma previsão mais do que otimista num documento ao mercado: "Com os resultados de nossas perfurações até o presente, fomos capazes de revelar uma nova província no sul da Bacia de Campos e quebrar paradigmas (...). Agora nos preparamos para uma nova fase na história da OGX, que buscará atingir a produção de 1,4 milhão de barris por dia em 2019". Ou seja, previa, em dez anos, alcançar o resultado que a Petrobrás obteve somente depois de cinco décadas.

Há uma semana, jogou a toalha: a produção em Tubarão Azul deve cessar em 2014, dois anos após retirado o primeiro óleo. Outros três campos foram suspensos três meses após a declaração de comercialidade. A OGX invalidou as projeções divulgadas anteriormente.

Segundo fontes, a CVM agora vai olhar para trás e investigar o "conjunto da obra" da OGX. Vai analisar com lupa todos os fatos relevantes, em especial os que continham projeções, para averiguar se foram elaboradas sem diligência ou de forma a confundir o investidor. A avaliação poderá respingar não só nos atuais executivos, mas em todo o grupo de estrelas do setor contratado a peso de ouro.

Em abril de 2010, por exemplo, a CVM exigiu da OGX esclarecimentos sobre um volume atípico de movimentação das ações. Nessa época, apenas quatro meses depois de passar a integrar o índice Bovespa, a empresa fizera seis comunicados de "presença de hidrocarbonetos" (indícios de petróleo) nos mesmos dois blocos (BMC-41 e BMC-42) da Bacia de Campos. O BMC-41 deu origem ao prospecto de Waimea, que virou o campo de Tubarão Azul.

A OGX respondeu que a elevação das negociações poderia ter sido por uma avaliação positiva do banco Credit Suisse ou pelos rumores de que estaria em curso a venda de 20% da empresa.

Luiz Felipe Carvalho, analista de petróleo do HSBC, diz que a credibilidade da OGX foi corroída por uma série de eventos. Em fevereiro de 2011, a OGX informava que Waimea continha óleo pesado, de 20º API, que não está nos melhores padrões de comercialização. Mas a vazão seria extraordinária: 40 mil barris por dia. Hoje sabe-se que essa vazão, decrescente, não ultrapassa 5 mil barris diários.

A divulgação de previsões é facultativa, mas segundo as regras da CVM, deve trazer "informações verdadeiras, completas e que não induzam o investidor a erro". "O mais surpreendente é que após ter levantado tanto capital sobraram tão poucos ativos do império X", diz Lacerda, do BR Partners.

A partir de outubro de 2009, quando anunciou sua primeira descoberta, a OGX passou a adotar nos comunicados o aposto: "maior companhia privada brasileira do setor de petróleo e gás natural em termos de área marítima de exploração".

Perplexidade. A queda da OGX provocou perplexidade e dividiu opiniões. No BNDES, um dos principais financiadores de Eike, há quem acredite que o empresário pode ter sido ludibriado, como a maior parte do mercado. "Atuar alavancado cobra seu preço: o preço é que os 'planos de negócio' sejam consistentes, caso contrário...", disse a fonte.

Para alguns, o fato de Eike ter mantido as ações das companhias X pode dificultar uma punição. "Ele está morrendo com o mico-preto na mão", disse um executivo do alto escalão de uma multinacional.

Irany Tereza e Mariana Durão - O Estado de S.Paulo - 7 de julho de 2013 - p. B1