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30 março 2017

Curso de Contabilidade Básica: Problemas de Liquidez

Em geral, o primeiro documento do conjunto de Documentos da Administração é o Relatório de Administração. Nesse relatório, a empresa tem certa liberdade para trazer informações sobre sua situação patrimonial, financeira, suas perspectivas futuras, etc. Em geral, as empresas acabam optando por apresentar frases “otimistas” com o objetivo de suavizar resultados ruins ou de amenizar problemas que ela imagina que esteja passando ou imagina que virão.

Eis um trecho do RA extraído da BrasilPharma, referente ao exercício findo em 31/12/2016. Este texto começa com frases gerais, geralmente sobre o ambiente externo da empresa. Mas uma empresa pode adotar uma linguagem mais direta, como ocorreu aqui:


Com base nas informações relatadas pela empresa, podemos observar o quanto ela foi muito direta (e realista) na apresentação dos seus problemas com o endividamento, a concentração das obrigações no curto prazo e da piora no capital de giro.

No capítulo 2 do volume I do livro Curso de Contabilidade Básica, apresentamos alguns índices para analisar as demonstrações. Vamos trabalhar com estes índices, para verificar se a mensagem da Administração está correta ou não.

Pergunta – A empresa está obtendo resultado adequado com suas atividades? Para responder a esta pergunta usamos a margem líquida, que é a relação entre o lucro líquido e a receita. Para a empresa BrasilPharma temos:

Margem Líquida 2015 = - 654 milhões / 2. 436 milhões = -27%
Margem Líquida 2016 = - 634 milhões / 1.503 milhões = - 42%

Pergunta – A empresa está usando seus ativos de maneira adequada para gerar receita? Aqui temos o índice de giro do ativo ou receita pelo ativo:

Giro do Ativo 2015 = 2.436/2.333 = 1,04
Giro do Ativo 2016 = 1.503/1.458 = 1,03

Pergunta – Qual o nível de liquidez da empresa? A forma mais usual é relacionar o ativo circulante pelo passivo circulante ou Liquidez Corrente:

Liquidez Corrente 2015 = 817 milhões / 1.703 milhões = 0,48
Liquidez Corrente 2016 = 219 milhões / 1.032 milhões = 0,21

Pergunta – A entidade está endividada? Entre os vários índices existentes, usamos no livro o passivo pelo ativo:

Dívida sobre Ativo em 2015 = (1703 + 86) / 2.333 = 77%
Dívida sobre Ativo em 2016 = (1032 + 123) / 1.458 = 50%

Pergunta – Qual o perfil da dívida da entidade? O endividamento da empresa é de curto ou longo prazo? Isto pode ser obtido da seguinte forma:

Perfil da Dívida em 2015 = Passivo Circulante / Passivo não Circulante = 1703 milhões / 86 milhões = 19,8
Perfil da Dívida em 2016 = 1032 milhões / 123 milhões = 8,4

Pergunta – A geração de caixa das atividades operacionais é suficiente para pagar as dívidas de curto prazo? Para isto, relacionamos a geração de caixa com o passivo circulante:

Cobertura de dívidas em 2015 = 39 milhões / 1.703 milhões = 0,02
Cobertura de dívidas em 2016 = 25 milhões / 1.032 milhões = 0,02

Pergunta – O lucro está se transformando em caixa? Para verificarmos essa informação, relacionamos o fluxo das atividades operacionais pelo lucro líquido da empresa:

Fluxo sobre Lucro em 2015 = 39 milhões / - 655 milhões = - 0,06
Fluxo sobre Lucro em 2016 = 25 milhões / - 634 milhões = - 0,04

Parte do que a empresa afirma deve ser considerado sob a forma comparativa. Entretanto, está claro que a empresa está endividada, principalmente no curto prazo, com problemas de capital de giro. A empresa foi precisa na sua análise do desempenho recente, seu “dourar a pílula”. E nada otimista, contrariamente do que observamos na maioria das vezes...

Gostou da postagem? Que ajudar os autores comprando a obra?

27 março 2017

Curso de Contabilidade Básica

No capítulo 3 do volume 1 de nosso livro Curso de Contabilidade Básica (que pode ser adquirido aqui ou aqui) apresentamos logo no início um exemplo de uma nova empresa. A primeira transação é a constituição da empresa, com a integralização do capital. Esta é uma situação rara: provavelmente entre as inúmeras transações que ocorrem numa empresa, a integralização do capital é um evento que acontece uma vez a cada cinco ou dez anos.

Nos exemplos de casos práticos que estamos apresentando aos leitores do nosso livro é difícil encontrar esta situação. Mas recentemente tivemos um exemplo publicado em jornais. A Bancoob Par Seguridade publicou na edição Centro-Oeste do Valor Econômico de segunda (27 de março de 2017) as demonstrações contábeis de 31 de dezembro de 2016 e 2015. Para fins deste nosso estudo de caso, o balanço patrimonial do exercício findo de 2015 era o seguinte:



(Retiramos os dados de 31/12/2016). Logo na introdução tem-se o seguinte texto:

A Bancoob Participações em Seguridade S.A. – Bancoob Par Seguridade, subsidiária integral do Banco Cooperativo do Brasil S.A. – Bancoob, foi constituída em 23 de dezembro de 2014, com o objetivo de deter participação acionária em Companhia Seguradora, em parceria com a Mongeral Aegon Seguros e Previdência S.A. A Superintendência de Seguros Privados (Susep) autorizou, no dia 12 de agosto, a entrada em operação da Sicoob Seguradora de Vida e Previdência S/A, por meio da portaria nº 6.620. Com capital social inicial de R$ 40 milhões e sede em Brasília (DF), a nova companhia é resultado de uma joint venture entre a seguradora Mongeral Aegon e a Bancoob Participações em Seguridade S.A. A chegada da Sicoob Seguradora ao mercado tem como meta levar seguros de vida e planos de previdência aos quase quatro milhões de cooperados do Sicoob no País e a expectativa é que a empresa esteja no grupo das dez maiores seguradoras de vida brasileiras nos próximos cinco anos, pois conta com a experiência da Mongeral Aegon no mercado de seguros de vida e previdência e com a capilaridade do Sistema de Cooperativas Sicoob para distribuição dos produtos da empresa.

O leitor da nossa obra poderá responder as questões a seguir:

a) A partir deste balanço, e tendo por base o explicado no capítulo 3 do livro, seria possível descrever a operação?
b) Existe uma informação no texto acima que contradiz os dados do Balanço. Qual seria?

24 março 2017

Curso de Contabilidade Básica: Dívida Líquida

Em muitas demonstrações contábeis divulgadas pelas empresas surge o conceito de Dívida Líquida. No capítulo 4 do volume 2, do nosso livro Curso de Contabilidade Básica, abordamos as principais contas do passivo e apresentamos o cálculo desse e de alguns outros indicadores que o analisam. No final de 2014 já fizemos uma postagem sobre o assunto também (veja no link), mas é sempre bom voltar a esse tema.

Tradicionalmente consideramos o passivo como o valor das dívidas de uma empresa. Entretanto, algumas obrigações apresentam algum tipo de ônus, mas isto não ocorre com outros passivos. Um empréstimo gera pagamento de despesas financeiras; já numa obrigação com o fornecedor isto não ocorre. No primeiro caso, temos um passivo com ônus ou passivo oneroso; no segundo exemplo, é uma situação onde temos um passivo não oneroso.

A dívida bruta corresponde ao total dos passivos onerosos de uma empresa. É a soma dos empréstimos, financiamentos, debêntures e qualquer outro tipo de passivo que gera despesa financeira. Muitas empresas podem ter um determinado valor de dívida bruta, mas também podem ter recursos financeiros de elevada liquidez capazes de quitar esta dívida. Surge, então, o conceito de dívida líquida, que corresponde à dívida bruta menos caixa e equivalentes.

Pela sua natureza, a dívida líquida pode ser positiva ou negativa. Em algumas situações, pode ser uma informação valiosa sobre a empresa. Em outras, pode levar a enganos, já que induz ao pensamento de que a empresa usará todo o caixa e equivalentes para quitar estas obrigações. E, muitas vezes, o caixa e equivalentes já estão comprometidos, no planejamento financeiro da empresa, com algum tipo de desembolso futuro.

Veja a seguir algumas informações da Neoenergia, uma empresa do setor elétrico, retiradas do balanço do exercício findo em 31/12/2016:

O Ativo Total da empresa era de quase 28 bilhões, para o PL de 9,3 bilhões. Isto significa um passivo de R$18,7 bilhões. Mas como nem todo passivo é oneroso, a empresa apresentou um valor de dívida bruta de 11,347 bilhões.

Aqui uma ressalva importante: como não existe uma definição normativa para desse termo, cada empresa pode calcular o valor da dívida bruta que achar mais adequado. Se considerarmos no balanço patrimonial da empresa somente “empréstimos, financiamentos e encargos” e “debêntures”, tanto a curto quanto a longo prazo, o valor total seria um pouco maior, de 11,96 bilhões.

Como o valor de “caixa e equivalentes” foi de 1,383 bilhões, o valor da dívida líquida seria:

Dívida Líquida = 11,347 – 1,383 = 9,964 bilhões

Observe que o valor que calculamos aqui também é um pouco maior que aquele constante da figura. Novamente, a empresa pode realizar os cálculos da forma que achar mais conveniente. Se usarmos os valores do balanço somente, o valor da dívida líquida seria de 10,577 bilhões ou 693 milhões a mais.

Na figura, é possível observar que a empresa ainda usa tal conceito para calcular dois “indicadores financeiros da dívida”. A relação entre “dívida líquida/Ebitda” mostra que a empresa tem capacidade de quitar o passivo oneroso com o caixa gerado por suas atividades operacionais. Já o endividamento demonstra quanto do ativo está sendo financiado com capital de terceiros. Como o valor da dívida líquida calculado e apresentado na figura foi menor, isso gera uma situação mais favorável para a empresa.

Finalmente, este texto mostra que devemos olhar com cuidado as informações analíticas que a empresa fornece nos resultados. Nesse exemplo da Neoenergia, usar o valor fornecido pela empresa subestimaria a dívida da empresa.

23 março 2017

Curso de Contabilidade Básica: Estrutura de Custo e o Resultado de uma empresa

No capítulo 7 do volume 1 do nosso livro de Contabilidade Básica, deixamos de lado apenas a contabilidade financeira, que é voltada aos usuários externos, e mergulhamos um pouco na contabilidade gerencial, que busca gerar informações aos usuários internor. Lá, nós discutimos como a estrutura de custo é relevante para a análise de uma empresa. Mostramos que existem duas classificações de custos e despesas: o(a) fixo(a), que não muda conforme a atividade da empresa, e o(a) variável, que se altera se o nível de atividade for maior ou menor.

Para o usuário externo, a estrutura de custo de uma empresa é um mistério, já que ele não possui acesso a tais informações. Para o usuário interno, separar os custos nestes dois grupos pode ser muito complicado. Vamos mostrar hoje como fazer uma estimativa dos custos fixos e variáveis de uma empresa com as informações divulgadas para fins externos. Antes de prosseguir, é importante ressalvar que o método que vamos mostrar a seguir é uma supersimplificação e deve ser adotado com muita cautela. Mas na ausência de mais informações, pode ser uma possível saída para conhecermos a estrutura de custos da empresa. O aspecto mais relevante é que a forma de cálculo a seguir parte da suposição de que a estrutura não se altera com o tempo, o que nem sempre ocorre.

Feita essa ressalva, vamos ao trabalho. A seguir temos um extrato das demonstrações dos resultados da empresa Kepler Weber, publicado no dia 21 de março de 2017:

Nós iremos usar os dados do consolidado da empresa e o custo dos produtos vendidos e dos serviços prestados. O método a seguir também pode ser usado para as despesas e receitas operacionais.

Em primeiro lugar, é possível notar que a empresa teve um recuo na receita, de 706 milhões de reais para 475 milhões de reais. Possivelmente, a crise afetou fortemente os negócios da empresa, que consiste em montar silos de armazenagem de grãos.

Vamos imaginar inicialmente que todos os custos seriam fixos. Isto significa que, independente da quantidade de receita, a empresa teria o mesmo custo. Se fosse assim, a linha do custos deveria ter o mesmo valor; neste caso, o valor de 2016 seria 615 milhões e não 443 milhões como está demonstrado.

Se, por outro lado, todos os custos fossem variáveis, a relação entre os custos e as receitas deveria ter um percentual constante. Em 2015, a relação entre os custos e a receita foi de 87,11% ou 615/706. Em 2016, este percentual foi de 93,05% ou 443/475. Perceba que, embora esse percentual de 2016 seja superior ao de 2015, a empresa obteve uma margem bruta em 2015 quase o dobro da calculada em 2016. A dúvida que surge é: como isso pode ter ocorrido?

Voltando à análise, juntando os dois parágrafos, podemos concluir que os custos não são totalmente fixos nem totalmente variáveis. Esta é a situação mais comum, onde uma parte dos custos assume uma parcela variável e outra uma parcela fixa. Como resolver isto? O método a seguir é uma forma simplificada de ter um valor aproximado.

Em 2015, os custos de 615 tinha uma parcela variável, que representava um percentual da receita, e uma parcela fixa. Podemos representar isto da seguinte forma:

615 = % do Custo Variável na Receita x Receita + Custo Fixo => % Custo Variável x 706 + Custo Fixo

Para 2016, os custos de 442 podem ser segregados da seguinte forma:

442 = % Custo Variável na Receita x Receita + Custo Fixo => % Custo Variável x 475 + Custo Fixo

Temos duas expressões. Iremos assumir que a estrutura de custos não se alterou no tempo. Assim, a percentagem do custo variável na receita é idêntica em 2016 e 2015, assim como o valor do custo fixo não se alterou. Lembrando a matemática que aprendemos no ensino médio, temos duas equações e duas incógnitas. A resolução será a seguinte:

615 = % Custo Variável x 706 + Custo Fixo (1)
442 = % Custo Variável x 475 + Custo Fixo (2)

Trabalhando a segunda equação (podemos resolver isto usando a primeira equação também):

Custo Fixo = 442 – % Custo Variável x 475

Substituindo na primeira equação:

615 = % Custo Variável x 706 + 442 – % Custo Variável x 475
615 – 442 = % Custo Variável x 706 – % Custo Variável x 475
173 = % Custo Variável x 231
% Custo Variável = 173 / 231 = 0,75

Custo Fixo = 442 – 0,75 x 475 = 86

Assim, o custo fixo é de 86 milhões e o custo variável representa 75% da receita. Podemos conferir o resultado com os dados de 2015 e 2016:

615 = 0,75 x 706 + 86
442 = 0,75 x 475 + 86

Agora que sabemos o valor do custo fixo e do custo variável, como percentagem da receita, podemos calcular a receita mínima para que o lucro bruto seja zero. É o conceito de ponto de equilíbrio, que vimos também no nosso livro.

Receita = 0,75 x Receita + 86
0,25 x Receita = 86
Receita = 86 / 0,25 = 344 milhões

(Faça a prova para mostrar que com uma receita de 344 milhões e a estrutura de custos a empresa não terá lucro bruto).

O modelo apresentado têm dois problemas: (1) assume que a estrutura dos custos permaneceu constante nos dois exercícios, o que pode não ocorrer de fato na prática; e (2) a variação de preços ao longo do ano. Uma forma de melhorar a qualidade dos dados é corrigir os valores de 2015 para valores médios de 2016 usando um índice de preço. Isto poderia gerar dados mais consistentes.

21 março 2017

Curso de Contabilidade Básica: Demonstração do Fluxo ou dos Fluxos?

Quando os pais escolhem o nome do seu filho passarão os próximos meses (ou anos) insistindo que as pessoas usem o nome escolhido. Não é “Paulo”, mas “Paulo Henrique” ou não é “Guto”, mas “Augusto”.

O mesmo ocorre com a denominação contábil estabelecida pelos reguladores. Um dos enganos mais comuns é chamar a DFC de “demonstração do fluxo de caixa”. A norma que regula esta demonstração no Brasil, emitida pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis, recebe a numeração de CPC 03 – é isto mesmo, tem um zero à esquerda na numeração – e o nome de “Demonstração dos Fluxos de Caixa”. Observe que o nome estabelecido na norma está no plural. A razão é simples: a demonstração irá mostrar três fluxos, conforme detalhamos no livro Curso de Contabilidade Básica, no segundo capítulo do primeiro volume: das atividades operacionais, das atividades de financiamento e das atividades de investimento.

Por alguma razão, existem pessoas que mudam o nome para “demonstração do fluxo de caixa” (também é possível encontrar “demonstrativo de fluxo de caixa” ou simplesmente “fluxo de caixa”). É um bom hábito acostumar falar corretamente o nome da DFC. E quando uma grande empresa, com receita e ativos na casa dos bilhões, comete este engano? Não é tão raro assim. No dia 14 de março de 2017 a Metalúrgica Gerdau publicou um extrato das suas demonstrações no jornal. Observe na figura:
Obviamente está incorreto. Nas demonstrações completas disponibilizadas no endereço da empresa este erro não aparece, assim como nas demonstrações do grupo Gerdau.

20 março 2017

Curso de Contabilidade Básica Como identificar o que influenciou o resultado de uma empresa

Quando uma empresa apresenta uma melhora ou um desempenho pior no seu resultado, a análise das demonstrações contábeis pode ajudar a identificar a razão deste fato. De uma maneira geral é possível identificar as causas de um resultado melhor ou pior a partir de uma análise comparativa. Vamos mostrar como isto pode ser feito para uma instituição financeira. O balanço e a demonstração de resultado de uma instituição financeira geralmente é um pouco diferente de uma empresa comercial ou industrial e usamos este exemplo para mostrar que a análise na sua essência se mantém.

Apresentamos, na figura a seguir, a demonstração do resultado do exercício (DRE) do Banco do Brasil.
O item (1) mostra que o resultado da entidade caiu de 14,4 bilhões para 8 bilhões ou seja, reduziu 6,4 bilhões. Mas o que provocou a piora deste desempenho? Observe no item (2) que o resultado bruto da intermediação financeira aumentou de 22 bilhões para 31,9 bilhões ou quase 10 bilhões a mais. E que o resultado operacional também aumentou, de 6,3 para 14,1 bilhões ou 7,8 bilhões a mais. Assim, a redução pode ser parcialmente explicada pelo resultado operacional, já que “outras receitas/despesas operacionais” aumentou, de 15,7 para 17,9 bilhões. Mas, mesmo assim, não pode ser uma explicação: afinal o lucro diminuiu e o resultado operacional aumentou.

Assim, a explicação pelo que reduziu o resultado está entre a linha “resultado operacional” e “lucro líquido”. Entre estas duas linhas, temos: resultado não operacional, imposto de renda e contribuição social e participações. A explicação para a redução do lucro deve estar numa destas três linhas, ou em duas delas ou em todas.

Vamos tentar fazer uma análise de cada uma dessas linhas que compõem a estrutura da DRE:

Resultado não operacional = este item era R$5,9 bilhões em 2015 e caiu para R$0,2 bilhão em 2016
Imposto de Renda = era positivo em 5,7 bilhões e ficou negativo em 3,6 bilhões
Participações = o valor somado em 2015 era de R$3,57 e caiu para 2,7 bilhões, o que não explica o desempenho.

Podemos perceber que, embora a DRE já nos tenha trazido informações relevantes sobre a alteração do resultado do Banco do Brasil, ela ainda não traz explicações muito precisas sobre a resposta à pergunta que propomos responder.

Assim, buscamos verificar se há informações adicionais apresentadas nas Notas Explicativas. Lá encontramos explicações adicionais sobre o que ocorreu no “resultado não operacional” e no “imposto de renda”. O resultado não operacional está melhor explicado numa nota explicativa, a de número 22. A seguir a reprodução desta nota explicativa:

O que se destaca na nota? A linha de ganhos de capital, para 2015, tem um valor de quase 6 bilhões. No ano seguinte o valor é de 210 milhões somente. Existe uma nota que explica esta discrepância: ganho da parceria estratégica com a Cielo.

O próximo valor a ser investigado é do imposto. Veja na primeira figura que a nota explicativa correspondente é a 24a. A seguir a reprodução da nota:

Novamente, é necessário que o usuário observe as grandes variações. Neste caso, uma variação de 9,3 bilhões, já que o imposto de renda era positivo (5,7 bilhões) e passou para um valor negativo (3,6 bilhões). Ao observar a nota explicativa pode-se perceber que ocorreu uma grande mudança na linha “diferenças temporais” do ativo fiscal diferido, de quase dez bilhões.

Assim, de maneira resumida, o resultado do Banco do Brasil foi decorrente de uma operação de ganho de capital com a Cielo e de diferenças temporais do ativo fiscal diferido, todas ocorridas em 2015.

Percebam que foi possível fazer toda essa análise e respondermos a pergunta inicial apenas comparando os valores dos dois exercícios sociais. Mas outras respostas podem ser retiradas das demonstrações contábeis, por meio da análise dos índices. Caso queira aprender um pouco mais sobre esse assunto, não deixe de estudar o capítulo 5 do Curso de Contabilidade Básica, volume 1. Lá você entenderá melhor como a DRE é apresentada e o significado de cada um dos componentes que vimos aqui e que compõe a estrutura dessa demonstração. Além disso, apresentamos dois indicadores de análise da DRE. Não deixe de conferir!!

07 março 2017

Curso de Contabilidade Básica: Os dois modelos da DFC

No capítulo 6 do volume 2 do nosso livro (Curso de Contabilidade Básica, César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues, Atlas), vocês aprendem como elaborar e analisar a Demonstração dos Fluxos de Caixa. Essa demonstração contábil apresenta as informações que movimentaram o grupo do disponível (caixa e equivalentes de caixa) de uma empresa, ou seja, os valores que foram recebidos de clientes, seja em dinheiro ou debitados na sua conta corrente; os pagamentos realizados seja por meio de ordem bancária ou em cheques. Essa demonstração é dividida em três fluxos: 1. o fluxo de caixa gerado (ou consumido) pelas atividades operacionais; 2. pelas atividades de investimento; e 3. Pelas atividades de financiamento.

Lembramos também que ela pode ser elaborada de duas formas. A primeira é partir do lucro líquido da empresa subtrair e somar valores para chegar ao fluxo oriundo das atividades operacionais. Este método é denominado de indireto. A segunda forma é apontar os pagamentos e recebimentos, sem associar com nenhuma conta da demonstração do resultado. Esta forma de DFC recebe a denominação de método direto.

É importante destacar que a diferença entre as duas formas está apenas na maneira de obter o fluxo das atividades operacionais. Nas demais partes da DFC não existe diferença entre os métodos.

Há certa preferência pelo método direto, pois torna-se mais fácil saber quanto uma empresa obteve de caixa com seus clientes, por exemplo. No método indireto isto não é claro. No entanto, na prática, a maioria das empresas preferem evidenciar o método indireto. É como se, na teoria, o método direto fosse o preferido e na prática o método indireto o mais usado.

Recentemente a empresa Unimed Seguros divulgou suas demonstrações contábeis usando o método direto, o que é raro. Reproduzimos a seguir esta demonstração:

Observe que a primeira linha da DFC tem-se “recebimentos de planos de saúde”, seguido de “outros recebimentos operacionais” e uma série de “pagamentos”. O caixa das atividades operacionais da empresa foi negativo em 39 milhões em 2016 e 53 milhões em 2015.

A seguir tem-se a DFC agora pelo método indireto:

Esta demonstração foi apresentada pela empresa na nota explicativa 22. Na realidade, a empresa apresentou somente a “conciliação entre o lucro líquido e o fluxo de caixa”. A demonstração começa com “lucro líquido do exercício”, a última linha da demonstração do resultado. E prossegue com “ajustes” para se chegar ao caixa oriundo das operações, os mesmos 39 milhões e 53 milhões, negativos. O método direto pode fornecer mais informações, mas o indireto explica a razão da empresa ter obtido lucro, mas não gerado caixa nas suas operações.

De qualquer forma, o analista teria uma boa fonte de análise nas demonstrações apresentadas anteriormente. Mas não podemos dizer a mesma coisa para a informação de outro seguradora, a Líder, responsável por cuidar do DPVAT, contribuição que quem possui automóvel é obrigado a pagar. Eis como a empresa apresentou a informação:


O fluxo das atividades operacionais foi, em 2016, 473 mil reais, versus 673 mil em 2015. Mas a empresa juntou os dois métodos numa única tabela. No início tem-se o método direto, com o recebimento de clientes e pagamentos de impostos e movimentação nas aplicações financeiras. Depois a empresa apresenta o caixa de financiamento e a variação no caixa e equivalentes. Na segunda metade da tabela a empresa inicia no lucro líquido para, subtraindo e acrescentando valores, chegar ao mesmo caixa das operações obtido anteriormente. Se o leitor achou confuso, realmente ficou. Até entender que a empresa está apresentando a mesma informação de duas maneiras distintas numa única tabela leva-se um bom tempo.

Outro destaque que também pode ser feito nessa demonstração é que a Líder não gera ou consome fluxo de caixa oriundos de investimentos em nenhum dos dois anos. E que em 2016 suas atividades de financiamento (pagamento de dividendos) consumiram valores de caixa superiores ao caixa das atividades operacionais, levando a uma variação negativa de caixa (consumiu-se mais do que se gerou) e zerando o saldo final de caixa e equivalentes.

Como podemos perceber, não basta apenas que vocês, estudantes e futuros contadores aprendam a fazer essa demonstração da forma correta. É necessário que os usuários também consigam entender e analisá-la bem, para que se cumpra realmente o papel de informar... E uma demonstração contábil confusa, como podemos observar a da Líder aqui apresentada, não ajudaria muito o leitor a tomar decisão ou formar juízo sobre essa segunda empresa. Assim, se você tem interesse de aprender ainda mais sobre o assunto, não deixe de estudar esse capítulo!! ;)

24 fevereiro 2017

Curso de Contabilidade Básica: Outras informações da entidade

No nosso livro “Curso de Contabilidade Básica”, editado pela Atlas, mostramos as principais informações que uma entidade pode divulgar ao público: balanço patrimonial, demonstração do resultado, demonstração dos fluxos de caixa, demonstração das mutações do patrimônio líquido, além do relatório da administração, notas explicativas e o relatório do auditor independente (antigo parecer do auditor).

O número de informações é bastante razoável, o que faz com que uma grande empresa possa ocupar centenas de páginas com estas demonstrações. Mas, como dissemos anteriormente, essas são apenas as principais, já que há outras informações, como também a DVA (demonstração do valor adicionado), o formulário de referência, o balanço social, etc. E isto também não impede que outras informações possam existir ou possam aparecer (ou desaparecer) com o passar do tempo (vejam o caso da DOAR e da DLPA, por exemplo). Além disto, um regulador de um determinado setor pode impor demonstrações adicionais, como iremos mostrar a seguir no nosso exemplo.

Vamos mostrar isto com as demonstrações contábeis da Assurant Seguradora, divulgada em fevereiro de 2017, referente ao exercício findo em 31 de dezembro de 2016. Esta empresa apresentou as principais demonstrações contábeis listadas anteriormente, assim como o relatório da administração, notas explicativas e relatório do auditor independente. Mas elaborar a contabilidade de uma seguradora não é uma tarefa das mais fáceis para o profissional contábil. Muitas informações dependem da projeção futura sobre os sinistros e os prêmios que serão pagos. Se em 2017 o número de sinistros aumentar por alguma razão, isto deve estar, de alguma forma, expresso na contabilidade do exercício findo em 31/12/2016. Olhem que grande problema.

O falecido Peter Bernstein escreveu um livro muito interessante, denominado Desafio aos Deuses, onde mostrava que a análise de risco surgiu juntamente com a criação do seguro. No passado, quando uma embarcação saía para fazer comércio nas Índias, os proprietários na Europa queriam ter garantia de que seu dinheiro investido não se perderia totalmente se a embarcação fosse atacada por piratas ou afundasse numa tempestade no oceano. A criação do seguro permitiu que isto fosse possível.

Se é necessário que uma seguradora tenha boas projeções, a entidade, assim como seus financiadores, querem ter tranquilidade que as projeções realizadas para as demonstrações contábeis são boas. Para dar esta tranquilidade aos usuários e gestores da empresa, a Assurant contratou especialistas no assunto. Estes profissionais, que recebem o nome de “atuários” fizeram um parecer indicando que examinaram alguns valores da contabilidade, conforme algumas normas do Instituto Brasileiro de Atuária e do regulador da área, a Superintendência de Seguros Privados e o Conselho Nacional de Seguros Privados. Desta análise, esses profissionais elaboraram divulgaram o parecer dos atuários, que mostramos a seguir:

22 fevereiro 2017

Curso de Contabilidade Básica: Despesas Antecipadas numa empresa de turismo

Como você pode perceber pelo capítulo 4 do livro Curso de Contabilidade Básica, volume 1, as despesas antecipadas correspondem a algo que já foi desembolsado pela empresa, mas que ainda não faz parte da competência do exercício. Os exemplos mais comuns são os pagamentos de seguros, aluguéis e os estoques.

Numa empresa de turismo existem dois tipos de despesas antecipadas interessantes. A primeira é a comissão dos vendedores. Quando um cliente faz uma aquisição de um pacote turístico, o vendedor recebe uma comissão pela venda efetuada. Isto também ocorre no comércio em geral. Mas no caso da empresa de turismo, a venda do pacote realizada no dia de hoje somente será receita para a empresa quando ocorrer o embarque de passageiros. Vamos imaginar que um funcionário tenha vendido um pacote de R$5 mil para um cliente e sua comissão seja de 3% ou R$150. Este pacote, vendido no mês de fevereiro, refere-se às férias de julho. Assim, a receita de venda do pacote turístico somente será considerada na empresa em julho. Mas o empregado não espera tanto: recebe sua comissão no pagamento do salário, no início de março. No momento da venda, em fevereiro, registra-se “receita antecipada” (passivo circulante) e “contas a receber de clientes” (ativo circulante). Em março, paga-se a comissão com um lançamento de “despesa antecipada” (ativo circulante) e saída de caixa. Quando do embarque do passageiro, a despesa antecipada é lançada a crédito, tendo a contrapartida uma despesa operacional.

O segundo tipo de despesa antecipada interessante numa empresa de turismo é o pagamento de um fretamento de um navio. A viagem será feita no segundo semestre, mas a agência antecipa o pagamento agora para garantir a venda futura de um pacote. No momento do pagamento, tem-se um débito na despesa antecipada e o crédito em caixa. No futuro, esta despesa será levada a resultado, como vimos acima (D: despesa operacional; C: despesa antecipada).

Estas duas situações estão presentes no balanço da empresa CVC, talvez a maior operadora de turismo do Brasil. Veja a nota explicativa referente a esta conta:

20 fevereiro 2017

Curso de Contabilidade Básica: Grandes grupos patrimoniais nas instituições financeiras

A mudança da Lei 6.404 promovida pela Lei 11.638 trouxe alterações na estrutura dos grandes grupos patrimoniais. Anteriormente do lado esquerdo do balanço patrimonial existia o ativo circulante, o realizável a longo prazo e o permanente; do lado direito tínhamos o passivo circulante, o exigível a longo prazo e o patrimônio líquido (1). Com a mudança, o ativo passou a ser dividido em dois grandes grupos: o circulante e o não circulante, sendo que este último engloba o “antigo” realizável a longo prazo assim como o permanente. Do lado direito temos agora o passivo circulante, o não circulante e o patrimônio líquido (1). Inicialmente ficou uma dúvida com respeito a denominação do lado direito, mas parece que prevaleceu a denominação “passivo e patrimônio líquido” em lugar do termo “passivo”.

Quando lidamos com demonstrações contábeis de certos setores é sempre bom ter a atenção para uma eventual normatização específica do regulador. Mas embora seja razoável supor que a norma de um setor não deveria prevalecer sobre a lei 11.638.

A figura abaixo apresenta o balanço patrimonial do Bando do Nordeste.

Um primeiro ponto que pode ser observado é a denominação do lado direito: “passivo”. Mas é possível observar que a entidade manteve a classificação anterior da demonstração contábil: ativo circulante, realizável a longo prazo e permanente; passivo circulante, exigível a longo prazo e patrimônio líquido.

Resolvi voltar nos balanços publicados das instituições financeiras para observar como era feita a classificação. A amostra é reduzida, mas os resultados são interessantes:
Banco do Brasil – faz a classificação conforme a Lei 11.638 do ativo, mas o lado direito denomina “passivo/patrimônio líquido no topo do quadro e “total do passivo” embaixo (página 15 e seguintes das demonstrações). Empresa de auditoria: KPMG

Citibank – o lado esquerdo está coerente com a Lei 11.638, mas carimba o lado esquerdo com a denominação de “passivo”, tanto no topo do quadro quanto na parte de baixo. Auditoria: KPMG.

Bradesco – Usa o termo “total” para se referir aos valores dos dois lados do balanço. Mas divide o ativo em circulante, realizável a longo prazo e permanente. O lado direito também possui os grandes grupos anteriores a Lei 11.638. Auditor: KPMG

Itaú Unibanco – No ativo, sequer faz a divisão dos grandes grupos. Se você quiser saber o valor do ativo circulante pegue sua calculadora ou abra uma planilha eletrônica e faça as contas. O mesmo ocorre com do passivo e patrimônio líquido. Mas acertou em não chamar o lado direito de passivo. Auditor: PwC

Banco Pan – utilizou as demonstrações financeira padronizadas e com isto os grandes grupos patrimoniais do ativo e do passivo/patrimônio líquido são aqueles anteriores a Lei 11.638. Auditoria: PwC

Santander – cometeu os dois pecados: a denominação dos grandes grupos é anterior a Lei 11.638 e o lado direito foi chamado de “passivo”. Auditoria: PwC

Todos os balanços foram obtidos no site do Valor/RI. Parte das inconsistências é “culpa” do regulador, o Banco Central (que não aceita totalmente as IFRS). A empresa de auditoria deveria estar mais atenta a estes “detalhes” e, portanto, poderia evitar esta questão.


(1)Em alguns casos os resultados de exercícios futuros e a participação minoritária

Curso de Contabilidade Básica - Editora Atlas - César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues

09 fevereiro 2017

Curso de Contabilidade Básica: Olhando os grandes números; olhando as grandes variações

Uma das regras básicas de analisar as demonstrações contábeis de uma empresa é observar os grandes números. Será nas contas mais expressivas de uma entidade que estariam os aspectos mais relevantes. Outra regra, derivada desta, é prestar atenção nas grandes variações e tentar procurar respostas para estas questões. Vamos mostrar este aspecto com as informações contábeis da Cielo, uma empresa que o leitor provavelmente conhece: ao fazer o pagamento de suas compras, provavelmente estará usando uma das máquinas da empresa.

A figura abaixo é a reprodução do Balanço Patrimonial da Controladora e do Consolidado referente ao exercício encerrado em 31 de dezembro de 2016, em comparação com aquele encerrado em 31 de dezembro de 2015 (Fonte: http://cielo.riweb.com.br/).

Dentro da ideia de observar os grandes números, o leitor poderia iniciar verificando as três maiores contas do ativo da empresa. Comece com a coluna da controladora em 31/12/2016. Pode ser encontrado que as três contas mais relevantes são: investimentos (9,8 bilhões de reais), fundo de investimento em direitos creditórios (8,3 bilhões) e contas a receber operacionais (1,7 bilhão). Podemos fazer o mesmo para a próxima coluna, que corresponde aos dados da controladora em 31/12/2015. As três contas mais relevantes são: contas a receber operacionais (10,2 bilhões), investimentos (9,9 bilhões) e depósitos judiciais (1,3 bilhão).

Aqui nós temos a segunda regra: as grandes variações. Perceba o leitor que contas a receber operacionais diminuiu de 10,2 bilhões para 1,7 bilhão e que a conta fundo de investimento em direitos creditórios saiu de zero para 8,3 bilhões.

Vamos fazer o mesmo para o Consolidado. Começamos com a coluna de 31/12/16 e temos que os maiores valores são: intangível (13,4 bilhões), contas a receber operacionais (11 bilhões) e caixa e equivalentes de caixa (2,7 bilhões). No exercício anterior as três maiores contas eram: intangível (14,3 bilhões), contas a receber operacionais (11,2 bilhões) e depósitos judiciais (1,3 bilhão). Aqui a mudança não foi tão drástica.

A próxima etapa é tentar entender a razão das mudanças que ocorreram na controladora em duas contas: contas a receber operacionais e fundo de investimento em direitos creditórios. Na primeira, o valor diminuiu de 10,2 bilhões para 1,7 bilhão ou uma redução de 8,4 bilhões. Na segunda, ocorreu um aumento de zero para 8,3 bilhões.

Dois pontos a serem notados: em primeiro lugar, que a variação de uma conta foi quase o mesmo valor que ao da outra; em segundo lugar, na imagem acima a empresa faz uma referência à nota explicativa que irá detalhar cada uma das contas. Observe que ao lado de contas a receber operacionais aparece que a nota explicativa é a número 5 e que ao lado de fundo de investimento em direitos creditórios a nota explicativa é a número 6.

Vamos iniciar pela nota 6, que possui o nome mais complicado. Eis o que diz o início:


Observe que este fundo começou a funcionar em 2016. Por esta razão, o valor correspondente em 31/12/2015 era igual a zero. O que ocorreu aqui é que a empresa controladora tomou grande parte de “contas a receber operacionais” e transferiu para um “fundo de investimento”. Este fundo irá administrar estes valores – que na nota explicativa corresponde às “cotas”. Provavelmente a empresa entendeu que a gestão destes recursos seria melhor se estivesse separado da administração dos outros ativos. A empresa deve ter estudado a legislação citada e verificado que seria interessante trabalhar com um fundo de investimento. Em lugar de ter “contas a receber”, a controladora possui agora cotas de um fundo.

Esta operação não alterou em nada o consolidado, já que tanto contas a receber quanto as cotas do fundo são da Cielo. Para fins de análise, ambos se equivalem.


24 maio 2016

Curso de Contabilidade Básica: Caixa Inicial e Caixa Final

Uma formulação básica de uma demonstração dos fluxos de caixa é que o caixa existente no final de um período corresponde ao caixa do início do período seguinte. Imagine que o dono de uma empresa conte o dinheiro existente no caixa. Depois disto, ele fecha o estabelecimento e vai para casa. No dia seguinte, ao chegar à sua empresa, ele conte novamente o dinheiro. O resultado deve ser exatamente o mesmo do final do dia anterior. A relação é a seguinte:

Caixa no final do período = Caixa no início do período seguinte

Outra relação óbvia é que a variação no caixa é obtida entre a diferença do caixa existente no início do período e o caixa existente no final do período. Ou seja,

Variação líquida no Caixa = Caixa no Final do período – Caixa no início do período

As duas fórmulas são intuitivas e podem ser calculadas facilmente num programa de contabilidade ou numa planilha eletrônica. Mas o que você acharia da contabilidade de uma empresa que cometeu erro nesta relação? Isto ocorreu com uma grande, mas grande mesmo, empresa brasileira. Veja os dados abaixo:

Observe que o caixa de $34.450 no final do período corresponde ao caixa inicial do período seguinte (as colunas seguem a ordem do mais recente para o mais antigo). Isto corresponde a primeira fórmula que apresentamos anteriormente. Até as colunas finais, onde a relação deixa de existir: o caixa final de -$39.135 é ligado por uma linha, na figura, ao caixa inicial de 39.350; o caixa final de 51.250 está ligado ao caixa inicial de -393. Isto contraria a relação básica.

Existe outro ponto intrigante: caixa e equivalente negativo. Ou seja, com saldo credor. Vamos lembrar que “caixa e equivalente” representa a soma do dinheiro em moeda corrente, o saldo em conta bancária e investimentos de curto prazo e elevada liquidez. A possível explicação para uma empresa ter “caixa e equivalente” negativo é saldo credor na conta bancária.

Algo está errado com esta empresa e sua contabilidade.

Curso de Contabilidade Básica. César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues. Gen. 2 volumes

26 janeiro 2016

Curso de Contabilidade Básica: Contagem física do Estoque

No capítulo seis do Curso de Contabilidade Básica comentamos que a contagem física do estoque é uma atividade demorada, que pode levar horas de trabalho dos funcionários. Nas empresas que adotam o inventário periódico, o levantamento do inventário é parte relevante na determinação do estoque final das mercadorias existentes. No inventário permanente, o levantamento físico também é importante, pois podem existir diferenças entre as mercadorias existentes no depósito e o valor constante dos sistemas contábeis. Comentamos que esta atividade pode permitir que a entidade descubra problemas diversos, como a saída de estoques sem o registro no sistema.

No final de 2015 uma grande empresa de varejo do Brasil descobriu um grande problema nos seus estoques. A Cnova é a empresa de comércio eletrônico do grupo Casino. Este grupo detem o controle das empresas Casas Bahia, Ponto Frio e Extra. O problema ocorreu no centro de distribuição com produtos eletrônicos e eletroportáteis, como TV e celulares. Alguns funcionários separavam produtos com pequenas avarias para serem vendidos no Barateiro. Aparentemente estes desviavam os produtos ainda dentro dos armazéns. Num período de três a cinco anos o valor desviado deve ter chegado a R$60 milhões (MATTOS, Adriana. Casino detecta roubo dentro de casa. Valor Econômico, 22 de dezembro de 2015. O valor foi posteriormente revisto para R$110 milhões).

O valor não é expressivo em relação ao valor da receita da Cnova. Mas o que importa é tentar entender como, em uma grande empresa como a Cnova, isto ocorreu por tanto tempo. Em situações como esta geralmente o preço das ações da empresa sofrem uma grande perda. No caso da Cnova ocorreu uma redução no preço de quase 18% na data da divulgação (MACHADO, Juliana; MATTOS, Adriana. Acionista vão à Justiça de Nova York contra Cnova. Valor Economico, 22 de janeiro de 2016). A empresa demitiu os funcionários, mas o estrago já tinha sido feito.

O levantamento físico comprovaria se as mercadorias devolvidas estariam realmente no estoque. Um dos cuidados desse levantamento seria utilizar funcionários que não estivessem envolvidos com a função de receber os estoques. Ou não manter os empregados na mesma função por muito tempo, fazendo rodízios nas funções.

21 janeiro 2016

Curso de Contabilidade Básica: Divulgando o balanço de maneira incompleta

Numa atitude rara no mercado, o banco BTG Pactual divulgou as informações referentes ao exercício de 2015 no dia 19 de janeiro. Entretanto, a instituição financeira divulgou somente parte das informações e sem o parecer de auditoria.

Em novembro de 2015 o então principal executivo do banco foi preso na operação lava-jato. O envolvimento provocou um grande volume de saques dos clientes, colocando em risco a instituição. A gestão do BTG reagiu, vendendo ativos e obtendo recursos de fundo criado para as situações de crises nas instituições financeiras. O cronograma encontra-se a seguir:

O resultado divulgado apresentou basicamente os seguintes números (comparando o exercício findo em 31/12 com o findo em 30/setembro): aumento nas receitas de R$2,56 bilhões para R$3,52; redução no lucro de R$1,51 bilhão para R$1,23; e aumento no patrimônio líquido, de R$22,1 bilhões para R$22,5 bilhões. A instituição não apresentou o balanço, nem DFC ou DMPL e somente algumas contas da demonstração do resultado. O parecer de auditoria também não foi apresentado.

A principal razão para que uma grande instituição financeira apresente parcialmente algumas poucas informações contábeis é acalmar os clientes e financiadores. A diretoria, ao fazer esta divulgação, está reduzindo os possíveis boatos sobre a saúde financeira do BTG. É como estivesse dizendo: “sobrevivemos aos problemas”.

É obvio que a divulgação parcial pode gerar alguns problemas. A entidade não informou, por exemplo, quanto tem em caixa ou a distribuição do lucro. Pode, em certas circunstâncias, gerar dúvidas. Mas no caso do BTG o recado foi dado com bastante clareza.

Curso de Contabilidade Básica - Editora Atlas - César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues

20 janeiro 2016

Curso de Contabilidade Básica: Equação Contábil nas decisões da Petrobras

A Petrobras parece que chegou ao fundo do poço. A empresa que era o orgulho de um país hoje luta pela sobrevivência. Enquanto o mercado mundial de petróleo apresenta preços baixos em relação aos anos recentes, tornando seu negócio pouco atraente, a crise econômica brasileira reduz ainda mais a atração por parte dos investidores. Para piorar, os problemas de má gestão e corrupção agravam a percepção do risco da empresa. Os problemas da empresa podem ser explicados pela equação contábil básica (Ilustração 3.2, página 124, do livro):

Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido

A investigação da operação lava-jato descobriu que a empresa era utilizada para benefícios pessoais. Logo após as divulgações da operação, a empresa reconheceu que seu ativo não tinha uma boa qualidade. Alguns projetos não possuía viabilidade futura, sendo mais adequado para a empresa paralisar estes investimentos. Ao fazer isto, a empresa precisava reduzir seu ativo. Para a equação básica continuar funcionando, o efeito desta redução irá afetar o lucro da empresa, reduzindo também o patrimônio líquido. Reduzir estes dois grupos (ativo e PL) significa que o peso do passivo (as dívidas da empresa) aumenta proporcionalmente.

Mas os problemas não pararam. Os investidores, na sua maioria, ainda ficaram desconfiados se a empresa mudou após ela reconhecer seus problemas. Eles perguntavam: vale a pena investir numa empresa onde diretores nomeados sem mérito desviaram milhões de reais para suas contas pessoais? Como isto pode ocorrer numa empresa tão grande? A reação aconteceu de forma evidente no mercado de ações, onde os preços caíram e continuam caindo. A principio a queda nos preços das ações não afeta a equação contábil diretamente, já que estas ações foram emitidas no passado e já foram registradas no capital social pelo valor da emissão. Mas o preço reflete a confiança das pessoas na empresa e a queda indica que elas estão desconfiadas da empresa.

Como a proporção do passivo aumentou na equação contábil, o endividamento aumentou. As empresas mais endividadas geralmente possuem um custo maior dos seus empréstimos, pois se entende que são mais arriscadas. As despesas financeiras tendem a aumentar, reduzindo o PL da equação, além de reduzir o ativo, se forem pagas à vista, ou elevando o passivo, se forem pagas no futuro. Além disto, as instituições financeiras começaram a desconfiar da empresa e para renovar seus empréstimos passaram a exigir mais, seja em garantias ou cobrando uma taxa de juros maior. Assim, na hora de renovar os empréstimos, o passivo da equação, a empresa encontrou condições mais pesadas. A empresa deixou de ser atrativa.

O que a empresa precisa fazer é simples: reduzir o passivo. Na equação, ou reduzindo o ativo (pagamento o empréstimo com o dinheiro existente no caixa) ou aumentando o PL (trocando dívida por capital, por exemplo).

Mas isto não é tão simples. Quem teria interesse neste momento em comprar novas ações da empresa? Outra opção seria através de bons resultados, que geraria lucros, aumentando também o PL. A empresa está tentando fazer isto, mas os resultados, até agora, não são bons o suficiente. Ainda também é possível vender seus melhores investimentos. A empresa poderia desfazer de participações em outras entidades, desde que o preço fosse maior que o valor registrado na contabilidade (caso contrário, teria prejuízo na venda, reduzindo o PL da equação). Mas neste momento de crise e sabendo que a empresa está em dificuldades, é difícil imaginar um comprador que pague um preço suficiente bom no ativo para compensar a venda. Se o mercado do petróleo reagir, com uma guerra no Oriente Médio, por exemplo, a empresa poderia ter uma esperança.

Nestas situações, a solução mais razoável é encontrar um “amigo”. A Petrobras é muito grande e uma entidade que ajudasse a empresa teria que ser também gigantesca. Alguns países têm contado com o apoio de investidores externos, os chineses, por exemplo, que possuem uma grande quantidade de recursos. Mas isto talvez seja inviável politicamente. Chegamos a última solução que conseguimos imaginar: a solução seria o governo investir na empresa, aumentando sua participação no capital. Mas a crise econômica fechou, por enquanto, esta porta.

Talvez a solução da empresa seja um pouco de cada medida em especial vender alguns ativos e conseguir lucros futuros (reduzindo o pagamento de dividendos).

20 novembro 2015

Curso de Contabilidade Básica: Controles Internos

No Capítulo de Caixa do livro de Contabilidade Básica descrevemos algumas medidas que toda empresa deve tomar para evitar problemas nas suas operações. Quando uma empresa não leva em consideração estes cuidados aumenta os riscos de perdas futuras. Mesmo em ambientes altamente informatizados, a falta de observância destas regras pode comprometer até a continuidade.

Recentemente um grande banco mundial teve problemas relacionados à falha nos controles internos. O Deutsche Bank foi fundado em 1870 e possui receitas de mais de 30 bilhões de euros, com quase cem mil funcionários. Em qualquer critério utilizado, o Deutsche estará entre os maiores bancos do mundo. Mesmo com estas características, o Deutsche passou por um típico erro de empresa imatura: num negócio relacionado a um fundo de investimento, um funcionário digitou o valor bruto da operação, em lugar do valor líquido. Um simples erro de digitação fez o Deutsche pagar, em junho de 2015, seis bilhões de dólares numa mesa de câmbio. Geralmente esta operação é feita por um funcionário de nível inferior, mas conferida pelo seu chefe. Isto é uma das formas que a empresa tem para evitar erros: um faz e outro confere. Mas o problema do Deutsche é que o chefe esta de folga e por algum motivo ninguém verificou o que foi realizado.

A sorte do Deutsche é que o banco conseguiu recuperar o dinheiro no dia seguinte. Mas uma falha tão banal levanta dúvidas sobre os controles existentes na empresa. É bem verdade que situações como esta pode ajudar a empresa a corrigir falhas nos seus controles, mas um profissional contábil sabe como é comum “erros de digitação” e tenta construir alternativas para evitar estes problemas.

Leia mais em ARNOLD, Martin; MARTIN, Katie. Erro de digitação leva Deutsche Bank a ter perda temporária de US$6 bi. Valor Econômico, 20 de out de 2015.

06 outubro 2015

Curso de Contabilidade Básica: Arredondamento

A existência de planilhas eletrônicas facilita e muito o trabalho do contador. Entretanto, tudo tem o seu preço. No caso das planilhas, dois problemas são comuns. O primeiro é fazer alguma operação errada, geralmente usando o “Crtl C” “Crtl V”. O segundo problema, objeto deste texto, é o arredondamento.

Veja o caso do Grupo Pão de Açúcar www.gpari.com.br/ , cuja demonstração dos fluxos de caixa do segundo trimestre de 2015 encontra-se a seguir:

O fluxo das atividades operacionais, de R$2.181 milhões, somado ao das atividades de investimento, de R$466 milhões, negativos, deve ser igual a “variação de caixa após investimentos”. Depois disto, temos o fluxo das atividades de financiamento, de R$1.046 milhões, que deve chegar a variação de caixa do período. Mas o valor não fecha:

2.181 – 466 – 1.046 = 669 milhões

Podemos verificar o valor somando o caixa inicial com a variação do período para ter o caixa final. Novamente não fecha:

6.145 + 668 – 2 = 6.812 milhões

Tudo bem, a diferença é de um milhão no resultado e isto não é muito significativo para uma empresa que possui o faturamento de bilhões. Mas não fecha. E uma empresa do tamanho do GPA deveria ter o cuidado com os detalhes.



Prezado leitor: brevemente iremos lançar o livro do Curso de Contabilidade Básica. Juntamente com ele, pretendemos organizar estes textos que produzimos para promovê-lo.

25 agosto 2015

Curso de Contabilidade Básica: Diferentes Tipos de Estoques

Uma empresa geralmente possui diferentes tipos de estoques. Numa empresa comercial estes ativos são muitas vezes denominados de mercadorias. Como a variedade é grande, geralmente divulgam-se somente os valores globais. Numa indústria além de cada tipo de estoque ainda existe em que estado de processamento este se encontra. Quando ainda não foi processado têm-se os insumos ou matéria-prima. Quando já acabou o processo de fabricação têm-se os produtos elaborados ou acabados. E quando, no momento do encerramento do exercício, o produto ainda estava em fabricação têm-se a figura do estoque em elaboração. A divulgação na indústria é feita de forma agregada, mas se considera, em notas explicativas, o estado do processamento.

Para mostrar como isto é evidenciado considere a nota explicativa da Mahler Metal Leve, uma indústria brasileira, conforme divulgado recentemente:
Observe que a empresa classificou seus estoques em cinco tipos: os produtos acabados, que já podem ser vendidos, representando quase a metade do valor do estoque da empresa; os produtos em elaboração, que é expressivo para esta empresa; os insumos ou matérias-primas; os materiais auxiliares, como alicate e martelo, que é pouco expressivo e tem uma variação pequena entre os exercícios; e as importações em andamento.

12 agosto 2015

Curso de Contabilidade Básica: Provisão para Perdas de Inventário

A provisão para perdas de inventário faz parte da conta de Estoques de uma empresa. É uma forma de a contabilidade colocar no balanço um valor mais próximo da realidade. Estas perdas podem ser originárias de uma quebra de estoque (queda de uma garrafa de uísque num bar), furto do estoque (subtração de produto num supermercado), evaporação (gasolina num posto de gasolina) ou outro motivo qualquer.

O valor da provisão é uma estimativa que pode cumprir ou não. Como é um valor que diminui o estoque, e esta é uma conta do ativo, tem-se que o saldo da provisão para perdas de inventário é credor. Vamos ver como funciona a contabilização da provisão numa empresa real. Tomamos o caso da Guararapes :

O saldo é de 11,8 milhões no final de 2014 e de 9,8 milhões no final do primeiro semestre de 2015. Eis como seria a representação sintética do razonete:

A contrapartida da constituição e baixa da provisão é uma conta de resultado. No exemplo, como a constituição foi menor que a baixa, a conta de resultado terá um valor credor.

Curso de Contabilidade Básica - Editora Atlas - César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues (prelo)

10 agosto 2015

Curso de Contabilidade Básica: Imposto de Renda Positivo e Negativo

O imposto de renda e a contribuição social são calculados sobre o valor do lucro apurado da empresa. No Brasil nos dias de hoje o valor do lucro é multiplicado por 34%, que corresponde a alíquota.

Mas ao contrário da pessoa física, quando uma empresa apresenta um desempenho ruim durante um exercício isto pode ser compensado com o lucro de períodos posteriores. Lembrando que a pessoa física paga o imposto independente de estar numa situação boa ou não.

Vejamos o caso da empresa Electro Aço Altona que apresentou a seguinte demonstração do resultado:

Durante o segundo trimestre de 2015 a empresa teve um prejuízo de 2.202 mil. Aplicando a alíquota sobre o prejuízo, tem-se um valor positivo de $775 mil (a alíquota não é exatamente 34%, podendo existir variações sobre este valor). Observe que neste exercício o valor de Provisões IRPJ e CSLL terá um saldo credor. Já no período anterior, a empresa teve um lucro de 2.669. Com o lucro a empresa irá apurar um imposto a pagar, ou seja, uma despesa. Assim, o valor de $742 mil corresponde a um saldo devedor.

O valor positivo do segundo trimestre de 2015 da despesa de imposto de renda, de $775 mil, não significa que a receita irá devolver este dinheiro para a empresa. Este montante ficará registrado na empresa. Se no próximo trimestre a empresa apurar um lucro, na apuração do imposto a pagar isto será considerado.