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Mostrando postagens com marcador Bolívia. Mostrar todas as postagens
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05 novembro 2006

Palavras

Interessante uma declaração do presidente da Petrobrás a Folha de São Paulo no dia 1o. de novembro:

"A Petrobrás não está perdendo dinheiro nas atividades de exploração e produção de gás na Bolívia".

Considerando que os recursos aplicados anteriormente representam custo perdido, a afirmação pode estar correta. Entretanto, o próprio relatório anual de 2005 alertava para os riscos da Bolívia.

A reportagem também comenta que o presidente da Petrobrás afirmou ser boa a rentabilidade da empresa, algo em torno de 15% ao longo de 30 anos de vigência do acordo. Uma afirmativa desta deveria ser comparada com o custo de oportunidade de investimento de igual risco e condições. Talvez 15% seja pouco diante do risco envolvido na operação.

03 novembro 2006

Ainda Petrobrás e Bolívia

Reportagem de hoje do Valor Econômico comenta a negociação da Petrobrás:

Fonte: Negociação do gás recomeça e Bolívia quer reajuste de 25%, de Cláudia Schüffner:

Nota-se o seguinte:

1) A mudança do local da reunião, que foi transferida do Rio para La Paz. Isto pode ser um sinal de quem está mandando na pauta de negociação;

2) A Bolívia que um aumento no preço de 25%. Isto representa um despesa adicional para Petrobrás de $250 milhões, que será, obviamente, transferida para o consumidor. Lembre-se: o consumidor é principalmente do Estado de São Paulo, que pode coincidência, votou na oposição. Ou seja, o problema político do aumento do preço pode ser repartido com a oposição.

3) A direção afirma que não aceita o aumento.

4) Um relatório do banco Credit Suisse, citado na reportagem, "calcula que o novo preço do gás é de US$ 3,37 por milhão de BTU na "cabeça do poço" na Bolívia, depois dos impostos, e sem incluir os custos de transporte pelo gasoduto da GTB, e no Brasil pela TBG, que opera o Gasbol. Com o transporte, o gás chega a São Paulo por US$ 5,20 e a esse preço são acrescidas as tarifas das distribuidoras locais." . Não seria custo?

5) O preço do gás boliviano em São Paulo não estaria distante do preço do mercado no mercado norte-americano. Entretanto, acredito que análise deve ser feita em termos do custo de oportunidade, comparando com alternativas disponíveis.

6) O relatório do Credit Suisse conclui que nas condições atuais as empresas podem recuperar custos de US$ 316 milhões por ano e ter uma margem de lucro de US$ 104 milhões/ano, o que é um boa margem. Deste total, 35% são da Petrobras

7) Nestas condições, o governo da Bolívia recebe US$ 600 milhões por ano pelos dois maiores campos do país.

8) Estes valores estão próximos as condições ocorridas nos últimos anos. Mas se o preço do petróleo cair para US$ 30 o barril Brent. Ou seja, é uma aposta.

01 novembro 2006

Petrobrás na Bolívia

A resposta da Petrobrás a sugestão do Evo Morales:

Petrobrás já fala em investir mais

Para presidente da estatal, novos contratos melhoraram as condições vigentes desde o anúncio da nacionalização

Nicola Pamplona

O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, afirmou ontem que os novos contratos assinados com a Bolívia no fim de semana abrem espaço para a retomada de investimentos no país vizinho. A declaração representa uma mudança radical na posição da empresa, que havia suspendido qualquer projeto novo após a publicação do decreto de nacionalização das reservas de petróleo e gás, em maio.

Na avaliação de Gabrielli, os contratos melhoram as condições vigentes desde então e podem garantir segurança jurídica para novos aportes, embora tenha ressaltado que não há, no momento, projetos em análise em território boliviano. 'Uma vez que estiver em funcionamento pleno, este contrato vai permitir a avaliação de novos investimentos no país', afirmou o executivo, em entrevista coletiva na qual apresentou os detalhes dos contratos de exploração e produção.

Segundo o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, os novos contratos assinados pelas petroleiras vão garantir ao país investimentos de cerca de US$ 3,5 bilhões entre 2007 e 2010, mais do que foi investido no período de 1996 a 2004.

Gabrielli frisou que os termos acordados não transformam a Petrobrás em mera prestadora de serviços, posição rechaçada pela empresa desde o início das negociações. Segundo a companhia, os novos contratos são de produção compartilhada, uma vez que a estatal boliviana, a YPFB, ficará apenas com parte da receita sobre a venda da produção.

O novo modelo permite à companhia contabilizar como suas as reservas bolivianas, no entender da área jurídica da estatal brasileira. A explicação é que, segundo as regras da SEC (órgão regulador do mercado financeiro dos Estados Unidos), as empresas de petróleo podem contabilizar reservas se tiverem receita variável, de acordo com os preços de mercado e o volume de produção.

Em contratos de prestação de serviços, como os que a Petrobrás tem no México, por exemplo, a empresa tem remuneração fixa pela operação dos poços, independentemente das cotações internacionais do petróleo ou gás.

Os documentos assinados no sábado, por outro lado, prevêem que 50% da receita será destinada ao governo boliviano sob a forma de impostos. Uma outra pequena parcela fixa será repassada à Petrobrás para cobrir os custos. O restante será dividido entre Petrobrás e YPFB, segundo uma fórmula que considera preços e volumes de produção, investimentos e depreciação dos ativos.

De acordo com a empresa, a fórmula permite rentabilidade de 15% durante a vida útil dos campos de San Alberto e San Antonio. No entanto, a tabela de remuneração varia entre os limites de 2% a 32% da receita destinada à Petrobrás e seus parceiros. Segundo um técnico, porém, é muito difícil que os extremos, tanto o mínimo quanto o máximo, sejam atingidos.

Neste primeiro momento, a remuneração da Petrobrás ficará em torno de 20% da receita dos campos, que produzem uma média de 46 milhões de metros cúbicos por dia. Apesar dos avanços nas negociações, Gabrielli admitiu, porém, que a situação é pior do que a vigente até março de 2005, quando a Bolívia aprovou a nova Lei dos Hidrocarbonetos. Até então, os operadores dos campos tinham direito a cerca de 40% das receitas - o restante era destinado ao pagamento de impostos.

COM REUTERS


Fonte: Estado de S. Paulo, 01/11/2006

Observe que a empresa pretende contabilizar as reservas. Mas a definição de ativo considera que as reservas só podem ser consideradas no balanço caso exista o controle por parte da entidade.

31 outubro 2006

Petrobrás na Bolívia

Notícia da Reuters. É inacreditável. Cadê o acionista da Petrobrás?

Brasil deveria dar refinarias da Petrobras à Bolívia, diz Morales
Terça, 31 de Outubro de 2006, 17h00
Fonte: Reuters




O Brasil devia dar de presente à Bolívia as refinarias da Petrobras, cujo valor está estimado em cerca de US$ 100 milhões, disse na terça-feira o presidente boliviano, Evo Morales.

"Esse preço para o Brasil não é nada, se eu fosse o Brasil daria as refinarias de presente", disse Morales.

O presidente boliviano afirmou que pretende fechar em breve um acordo com o Brasil para a recompra das refinarias, como forma de reverter o "mau negócio" fechado pelo governos bolivianos passados que as venderam.

Morales apelou à amizade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "a quem felicito por sua ratificação, e com certeza a negociação com a Bolívia o prejudicou na campanha".

Segundo ele, a nacionalização dos hidrocarbonetos e os planos de mobilização militar "em nenhum momento eram para fazer faltar gás, e sim para garantir o gás ao Brasil, obrigando o respeito das normas nacionais".

O presidente boliviano também disse que o fechamento dos contratos com as multinacionais, entre elas a Petrobras, evitou uma intervenção militar nas reservas bolivianas de gás natural.

Morales agradeceu o apoio das Forças Armadas à "recuperação dos recursos naturais" e anunciou que na semana que vem submeterá os contratos assinados no fim de semana ao Congresso Nacional, para que sejam ratificados.

"Se alguma empresa não assinasse, estávamos totalmente preparados para exercer nosso direito de propriedade. Dissemos que precisamos de sócios e não de donos para nossos recursos naturais", disse Morales a correspondentes estrangeiros.

"Seguramente teria havido uma ampla mobilização das Forças Armadas para exercer o direito de propriedade, como tem direito qualquer país", acrescentou ele.

19 outubro 2006

Equador, uma nova Bolívia?


Será o Equador uma nova Bolívia? O desempenho esquerdista nas eleições presidenciais, os problemas com a apuração dos votos que seriam de responsabilidade de uma empresa brasileira e o tratamento que o nosso atual governo deu a crise com a Bolívia indica que a Petrobrás pode ter problemas com o Equador. Veja a seguir reportagem da Gazeta sobre o assunto:

Brasil prevê atritos com o Equador

Brasília, 19 de Outubro de 2006 - Promessas eleitorais como a revisão de contratos externos podem prejudicar negócios da Petrobras. Ciente de que será obrigado a ter um bom relacionamento com qualquer um dos candidatos que vencer a eleição presidencial do Equador, o governo brasileiro já traça os cenários que irá se deparar com a vitória de Rafael Correa ou Alvaro Noboa. Os dois estão na frente na contagem dos votos do primeiro turno e devem se enfrentar no segundo round, marcado para 26 de novembro. O Brasil sabe que poderá enfrentar dificuldades com ambos.
Representante das elites e do empresariado, o candidato Alvaro Noboa (Partido Renovador Institucional Ação Nacional) é o homem mais rico do Equador. Seu programa de governo prevê uma aproximação com os Estados Unidos e, conseqüentemente, um possível distanciamento do Equador dos demais países do continente sul-americano.
Um acordo de livre comércio entre o Equador e os EUA vinha sendo negociado. Mas as conversações foram interrompidas em maio pelo governo norte-americano depois de o Equador rescindir de forma unilateral o contrato da petroleira americana Occidental Petroleum. Segundo o governo equatoriano, a empresa violou as leis do país ao transferir ações sem a autorização do Estado.
Já o esquerdista e nacionalista Rafael Correa (Alianza Pátria Ativa e Soberana) defendeu, durante a campanha, a revisão dos contratos das empresas multinacionais. Nesse caso, a Petrobras poderá ser diretamente prejudicada. A estatal brasileira já investiu mais de US$ 430 milhões no Equador desde 1997 e planeja destinar ao país US$ 300 milhões nos próximos anos. A assessoria de imprensa da Petrobras informou que os executivos da companhia não se pronunciam sobre os acontecimentos políticos dos países em que atua.
Para o professor Alcides Costa Vaz, vice-diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (Irel-UnB), o maior interesse do Brasil é trabalhar com o próximo governo equatoriano a fim de garantir a estabilidade da região.
"Há uma polarização muito forte no Equador", diz o coordenador-executivo do Observatório Político Sul-Americano (Opsa) do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), professor Marcelo Coutinho. "Os dois candidatos têm políticas refratárias. São forças antagônicas."
As principais forças políticas do Equador são os empresários da cidade de Guaiaquil, elite econômica do país, e o poder administrativo, que se concentra em Quito, a capital. Há também uma divisão étnica entre indígenas e os herdeiros dos colonizadores europeus. Noboa está mais ligado ao empresariado. Do outro lado, o ex-ministro da Economia Rafael Correa conta com o apoio dos eleitores mais pobres e do presidente venezuelano, Hugo Chávez.
Apesar das divisões, o país tem saído por meios constitucionais de sucessivas crises políticas, o que é comemorado pelo governo brasileiro. Em 10 anos, o Equador teve oito presidentes.
Além de prejudicada por uma eventual revisão dos contratos das multinacionais a ser patrocinada por Correa, a Petrobras pode sofrer outro revés. A companhia brasileira aguarda a aprovação do governo equatoriano para o plano de desenvolvimento de um campo de petróleo localizado num território protegido por leis ambientais, o Parque Nacional Yasuní. Reprovado uma vez, o plano foi alterado e entregue em outubro do ano passado aos ministérios de Energia e do Ambiente. A Petrobras espera produzir 30 mil barris de petróleo por dia nesse campo.
A estatal brasileira produz 32 mil barris de petróleo por dia num outro bloco, do qual detém a concessão, desde 2002, para exploração por 20 anos prorrogáveis por mais cinco.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(Fernando Exman)