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07 agosto 2013

O Fim do Banco Rural

A liquidação extrajudicial do Banco Rural parece que aconteceu tardiamente. O Banco, com agência em 19 estados, tinha em torno de 600 funcionários. A liquidação revelou uma instituição com um passivo a descoberto de 400 milhões de reais. Segundo revela o Valor Econômico (Insolvente, Rural é liquidado pelo BC, 05/08/2013, Alex Ribeiro, Marcos de Moura e Souza e Carolina Mandl) o Banco Central determinou que o Rural provisionasse pagamento futuros de tributos que já tinham decisões judiciais, com valor estimado de 1 bilhão. E que reduzisse em 200 milhões créditos tributários, que dependiam da existência de lucro operacional, improvável para uma entidade em dificuldades.

Um comparativo feito pelo mesmo jornal (Banco Rural encolhe após envolvimento no mensalão, Talita Moreira e Carolina Mandl, 05/08/2013) mostra o encolhimento da entidade. Em 2004 o volume de empréstimos era de 3,5 bilhões, que caiu para 1,5 ao final de 2005, junto com a denúncia da participação no mensalão. Em 2007 era 806 milhões. Recentemente tinha recuperado, mas não o suficiente para salvar o banco.

Entre junho de 2012 a janeiro de 2013 o Banco Rural teria perdido 1,6 bilhão em ativos e 900 milhões em depósitos, revela o jornal O Estado de S Paulo (Rural perdeu 26% em ativos após início do julgamento do mensalão, Eduardo Cucolo, 05/08/2013). Os problemas do Rural refletiram no número de agências, que reduziu de 84 para 28, e no número de funcionários, de 2 mil para 600. Conforme afirma o jornal, “Mesmo assim, o banco conseguiu sobreviver por quase oito anos”. O julgamento do mensalão levou a condenação de três dirigentes do Banco Rural, uma crise de confiança, perda de depósitos e aumento no custo do dinheiro.

Mas não foi somente o mensalão que foi responsável pelos problemas do Banco. O jornal Estado de S. Paulo lembra que o Banco Rural foi condenado há um ano em 100 milhões de reais referente a dívidas trabalhistas de Wagner Canhedo (ex-Vasp), por ter ajudado o empresário a ocultar patrimônio. E teve bens bloqueados no caso da PEtroforte, pois teria prejudicado credores da empresa.

Diante de tantos problemas e escândalos a questão é saber como conseguiu sobreviver durante tanto tempo. Ou, qual a razão do atraso do governo em tomar uma medida contra esta instituição. O Valor Econômico indica, numa análise errônea no meu ponto de vista, que o Governo ganha com o fim do Rural (Governo ganha com fim de banco ligado a escândalos, Raymundo Costa, 05/08/2013).

Com a liquidação do Banco Rural, o governo da presidente Dilma Rousseff livra-se de uma batata quente, talvez a última a ligá-lo com o esquema do mensalão.

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