A Netflix deu o maior lance em um processo para a compra dos negócios de filme e streaming da Warner Bros Discovery: US$ 72 bilhões. As rivais Comcast e a Paramount Skydance não conseguiram superar este surpreendente lance que, por si só, já redesenha o tabuleiro do entretenimento.
Caso seja autorizada, a operação criará um colosso global no
setor, mas ainda precisa passar pelo escrutínio regulatório.
Os detalhes oficiais são poucos, mas não faltam conjecturas,
inclusive da que vos fala. Como consumidora, torço para que o negócio não seja
aprovado (mas imagino que será). Minha resistência passa pelo receio de que uma
fusão termine por sufocar negócios menores, amplifique um poder cultural que já
é absurdo e reduza a diversidade real de produção.
De forma mais mundana, me preocupo também com a forma como a
Netflix lida com seus catálogos, com métricas agressivas que resultam em
cancelamentos abruptos e ciclos curtos. É uma empresa que premia o que retém em
massa e não necessariamente o que inova.
No livro “Dez argumentos para você deletar agora suas redessociais” o autor, Jaron Lanier, alerta repetidamente para o modo como
conglomerados digitais moldam percepções, comportamentos e consumo. Embora a
crítica não se trate de streamings, muitas de suas reflexões podem ser
extrapolados para este contexto. Plataformas de grande escala não apenas
distribuem conteúdo, como também definem o que aparece, o que será apagado,
como a cultura circula.
A Netflix domina estratégia e possui um tipo peculiar de
visão de futuro. A empresa já mostrou seu poder em antecipar tendências e
moldar padrões em inúmeras oportunidades. No fim, parece que só a ela ganhou
alguma coisa. O resto de nós… seguimos aqui, com uma dose extra de ansiedade
algorítmica. Ou talvez eu esteja lendo assuntos distópicos em demasia...
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