Do Estado de hoje
10 novembro 2025
08 novembro 2025
Pressa?
Anteriormente postamos:
O CFC colocou em audiência pública as minutas das novas Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC TSP). Entre elas a NBC que trata da Estrutura Conceitual, na sua primeira revisão. (...) O CFC quer receber comentários até o final de julho. Ou seja, deu 30 dias de prazo para que as pessoas possam ler e refletir sobre o assunto.
Até o presente momento a nova EC não foi aprovada, conforme print da página do Conselho
07 novembro 2025
Museus, furtos, roubos e contabilidade
Roubo de obra de arte em museu é sempre uma notícia. O contraponto entre a audácia dos ladrões e a falha da segurança parece coisa de cinema. Um site listou sete roubos de obra de arte que seriam memoráveis.
Ao ler o texto, é possível perceber uma conexão com a contabilidade, seja na questão do reconhecimento, seja no processo de mensuração. O caso mais famoso foi o roubo da Mona Lisa, em 1911. O roubo foi feito por um italiano, Vincenzo Peruggia, que trabalhava como operário encarregado de construir vitrines de vidro para o Louvre. Peruggia entrou discretamente no museu, esperou o momento apropriado e retirou o quadro da parede. Depois de esconder o quadro, ele retirou a moldura e deixou o museu tranquilamente.
O detalhe curioso da história é que o roubo só foi percebido horas depois, pois na época o quadro era pouco conhecido. Mas a imprensa, para vender seus jornais, decidiu dar destaque ao caso, afirmando que a Mona Lisa era um quadro fundamental na história da arte. E de tanto afirmar isso, a obra de Leonardo da Vinci tornou-se um retrato mundialmente conhecido. O interessante aqui é como um evento, a princípio negativo, contribuiu para a valorização da peça do museu. Ninguém poderia prever isso.
Um segundo roubo de destaque da lista ocorreu em 2004, quando dois homens invadiram o Museu Munch, em Oslo, e levaram o quadro mais conhecido do pintor norueguês, O Grito. Além do prejuízo de não contar com o quadro para mostrar aos visitantes, o Museu teve que passar por uma reforma na sua segurança, que durou quase um ano. Os ladrões foram capturados. Nesse caso, o roubo revelou uma redução drástica de receita e um aumento nas despesas. Isso foi compensado com o aumento do público na reabertura do museu.Mas nem sempre um caso como esse tem um final feliz. Em 1990, dois homens entraram no Museu Isabella Stewart Gardner, em Boston, e conseguiram realizar um grande roubo de obras avaliadas em meio bilhão de dólares. Só a obra O Concerto, de Johannes Vermeer, está avaliada em 250 milhões de dólares. A questão contábil desse caso deveria aparecer no relatório dos auditores: anos antes, o FBI tinha alertado para o problema de segurança do museu e somente alguns dos itens recomendados foram implantados. Até hoje, o museu mantém uma promessa de recompensa de 10 milhões de dólares (um passivo, mas que poderia ser contabilizado?) por informações.
Em 2019, novamente dois homens desativaram os alarmes de segurança do Museu Grünes Gewölbe de Dresden, Alemanha. Levaram joias estimadas em 120 milhões de dólares. As autoridades conseguiram identificar os responsáveis e recuperaram grande parte das joias roubadas. Se as joias tivessem sido baixadas para resultado em 2019, a recuperação, anos depois, merece a reversão do lançamento. Se não foram baixadas — mas registradas com um valor menor, usando uma contraconta do ativo —, também seria necessário um lançamento.
Mas por quanto tempo um museu deveria manter uma obra de arte que foi roubada nos registros contábeis como um ativo? Uma boa questão, que o caso do Museu de Belas Artes de Montreal pode servir de exemplo. O museu canadense foi roubado em 1972 e foram levadas 50 obras de arte. Naquele mesmo ano, os ladrões fizeram contato, devolvendo algumas obras menores para iniciar uma negociação pelo resgate. Mas com o fracasso das negociações, as obras restantes não foram recuperadas até hoje.
O roubo, em 2012, do Museu Kunsthal, em Roterdã, revela o quanto a despesa em segurança é importante para esse tipo de entidade. Parece inacreditável, mas o Museu não possuía vigilância noturna. Ao não ter essa despesa, o resultado do museu ficou melhor para seus doadores. Mas o preço foi perder parte do acervo — somente uma das pinturas foi recuperada, em 2018.
O Museu Van Gogh, também na Holanda, sofreu um roubo em 2002. Em cinco minutos, os ladrões levaram duas pinturas (uma delas, abaixo). A polícia conseguiu desvendar o crime por conta de um boné deixado no local. Apesar de descoberto os autores, as obras não foram encontradas de imediato. Mas, em 2016, uma operação policial na Itália encontrou as pinturas. Esse último caso traz um aspecto importante desses roubos: apesar do valor estimado das obras ser elevado, as mesmas são muitas vezes negociadas por um valor muito reduzido por dois motivos: primeiro, perde-se a liquidez, já que a obra só tem o mercado paralelo para ser vendida; segundo, o risco da operação, uma vez que a polícia procura pelas obras e pelos meliantes.
04 novembro 2025
NewJeans e os eventos invisíveis
Min Hee Jin, ou MHJ, foi contratada pela gravadora ADOR, pertencente ao conglomerado Hybe, para criar o primeiro girl group coreano da empresa. MHJ recrutou e formou o grupo NewJeans. Com o tempo, mesmo sendo executiva da gravadora, ela tentou sair da ADOR e levar consigo o grupo para uma nova empresa, buscando novos investidores.
Um potencial investidor com quem MHJ conversou revelou seus planos à Hybe, que então iniciou uma auditoria na ADOR. O trabalho confirmou a tentativa de ruptura por parte de MHJ, que foi removida do cargo de CEO, mas mantida como uma espécie de diretora criativa. No entanto, MHJ recusou a nova função e deixou a gravadora.
Com a crise, as integrantes do NewJeans declararam quebra de confiança e consideraram o contrato inválido, passando a atuar fora da ADOR. A gravadora entrou na Justiça, e um tribunal rejeitou as alegações do NewJeans, atribuiu a responsabilidade a MHJ e sentenciou que os contratos permaneciam válidos. Há uma multa de 250 milhões de dólares em caso de quebra contratual.
O grupo agora pode recorrer da decisão — o caminho que parece ter escolhido —, voltar a trabalhar para a ADOR ou pagar a multa.
No Brasil, no passado, houve um caso semelhante: Chico Buarque assinou contrato com uma gravadora comprometendo-se a entregar determinada quantidade de trabalhos, mas não conseguiu cumpri-lo, e a empresa passou a pressioná-lo. Da crise entre o artista e a gravadora nasceu a música Dono da Voz.
E a contabilidade? Pelo lado da ADOR, provavelmente as artistas não estão registradas no ativo, e como a chance de vitória judicial é significativa, também não deve haver registro de um potencial passivo — caso fosse necessário pagar alguma indenização. Tampouco deve haver um ativo referente à multa a receber, pois o valor é tão elevado que as artistas dificilmente teriam condições de desembolsar um quarto de bilhão. No entanto, todo esse atrito pode reduzir o apelo do grupo, e o “intangível” não registrado não poderá ser amortizado. Ou seja, tudo isso não deve ser registrado na contabilidade da empresa. Faz sentido?
382 bilhões de dólares em caixa
Na sexta-feira (postado aqui), escrevemos sobre o chamado “Indicador Buffett”, uma medida muito simples do valor do mercado de ações em relação ao PIB.
Mas há outro sinal relacionado a Buffett que está chamando a atenção dos investidores: o crescimento da reserva de caixa da Berkshire Hathaway, que atingiu 382 bilhões de dólares no terceiro trimestre, impulsionada pelo aumento do lucro de suas operações de seguro.
Embora não possamos presumir o que Buffett e sua equipe de investimentos — conhecida por ser extremamente discreta — estão pensando, é difícil não especular o óbvio: que a alta cúpula da Berkshire simplesmente não vê investimentos atraentes no momento.
Em teoria, a Berkshire Hathaway tem várias opções: investir em suas diversas empresas controladas, como ferrovias e seguradoras; comprar ações para seu portfólio; ou até recomprar suas próprias ações.
Na prática, porém, 382 bilhões de dólares é uma quantia tão gigantesca que a lista de investimentos capazes de realmente impactar esse montante é muito pequena.
Uma das opções seria realizar uma grande aquisição, financiada pelo caixa acumulado da Berkshire — que agora vale mais do que várias empresas icônicas americanas.
Então, será que a Berkshire realmente poderia comprar uma dessas gigantes? Em teoria, sim. Na prática, quase certamente não.
Para começar, a Berkshire provavelmente teria que pagar um alto prêmio — geralmente entre 20% e 40% — para convencer os acionistas a vender, sem contar o fato de que qualquer acordo desse porte seria altamente complexo e levantaria preocupações regulatórias.
Mais importante, porém, é que se a Berkshire já tem dificuldade em encontrar oportunidades atraentes para aplicar 5 ou 10 bilhões de dólares, parece extremamente improvável que Buffett, aos 95 anos, decida se aventurar em uma megafusão — e ainda mais improvável que Greg Abel, que assumirá como CEO da Berkshire a partir de janeiro de 2026, resolva fazer uma aposta tão arriscada como seu primeiro grande ato no comando.
Fonte: aqui
IOSCO, IVSC e IFRS
A Organização Internacional de Comissões de Valores Mobiliários (IOSCO) emitiu uma declaração destacando a importância de informações de avaliação consistentes e de alta qualidade em demonstrações financeiras para apoiar a confiança dos investidores e a integridade do mercado.
A declaração observa que as demonstrações financeiras podem muitas vezes conter elementos que representam ou são derivados de informações de avaliação. Como resultado, a declaração enfatiza, é importante que os emissores tenham práticas sólidas e sólidas para apoiar o desenvolvimento de informações de avaliação de alta qualidade para relatórios financeiros, e auditores externos aplicam procedimentos suficientes para avaliar as informações de avaliação de um emissor em seu relatório financeiro como parte da auditoria de demonstração financeira.
A IOSCO faz expressamente referência às Normas Internacionais de Avaliação (IVS) emitidas pelo Conselho Internacional de Normas de Avaliação (IVSC):
Melhorar a conexão entre os IVS e as normas contábeis, como as Normas de Contabilidade da IFRS, poderia apoiar os relatórios de demonstrações financeiras de maneira eficiente e eficaz e fornecer maior confiança aos investidores que confiam nessas informações ao tomar decisões de investimento.
Fonte: traduzido do Iasplus . O documento original está aqui









