Em 1967 o governo brasileiro decidiu cortar três zeros da
moeda da época
http://www.contabilidade-financeira.com/2013/12/historia-da-contabilidade-o-final-da.html
. Em poucos dias, a contabilidade deveria fazer a adaptação para “nova moeda”.
O problema inflacionário persistiu nos anos seguintes. Em 1986, durante o
primeiro governo após o regime militar, decretou-se o Plano Cruzado, com
intuito de reduzir a inflação. O gráfico a seguir mostra a evolução dos preços,
medida pelo INPC do IBGE, de agosto de 1983 a agosto de 1987.
É possível perceber que no período anterior ao plano a
inflação atingia a marca de 15% ao mês. De março de 1986 até outubro a inflação
ficou abaixo de 2% ao mês. Mas em novembro o índice aumentou para 3,29%,
passando para 7,27% e 16,82% nos dois meses seguintes. Ou seja, foi um plano
que teve a duração de oito meses.
Na realidade, o Plano dependia do congelamento dos preços.
Para isto, o governo fez a tarefa de casa, impondo para as empresas estatais ou
de setores controlados (petróleo, siderurgia, telecomunicações, entre outras)
este congelamento. Para os demais setores, tentou-se ou importar produtos ou
combater os “inimigos” do Plano Cruzado, incluindo os pecuaristas,
supermercados, entre outros. Criou-se a figura do cidadão “fiscal”, que
denunciava as empresas.
Para a contabilidade, o Plano Cruzado representou umdesafio. Ao contrário do que ocorreu em 1967, quando a adaptação consistia em simplesmente
cortar três zeros dos números contábeis, o Plano de 1986 obrigou a uma série de
ajustes. Para as maiores empresas do país, a receita federal exigiu um balanço
extra dos dois primeiros meses de 1986.
Os ajustes foram de tal ordem que algumas empresas
divulgaram uma demonstração relativa a conta do Ajuste do Programa de
Estabilização Econômica. Algumas contas tiveram que ser ajustada a inflação
existente nos preços dos ativos e passivos. Por exemplo, uma conta a receber
necessitava ser trazido a valor presente antes da conversão para a nova moeda,
o Cruzado. Outra implicação foi a necessidade de “ensinar” os ajustes
necessários decorrentes do Plano: artigos, cursos e até livros foram elaborados
para permitir que os profissionais pudessem fazer os ajustes decorrentes do
Plano Cruzado.
O Plano Cruzado foi o primeiro de uma série de “planos
econômicos” fracassados. Como todos estes planos, trouxe oportunidades de
trabalho e crescimento da profissão. Populista, sem atacar os problemas
centrais do país e atabalhoado na execução, não deixou saudades.
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