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18 novembro 2012

Política e Desempenho de empresas

O desempenho de uma empresa pode ser explicado por diversas variáveis. Uma delas são as conexões políticas da empresa. Empresas que fazem doações aos candidatos possuem interesses econômicos: no futuro o dinheiro podem favorecer seus negócios com o governo, através da influência, de informação privilegiada, de acesso aos recursos do governo, entre outros benefícios.

As notícias dos jornais confirmam esta visão de diversas formas. Lemos que construtoras que fazem grandes doações aos políticos geralmente são beneficiadas nas obras públicas. Ou que empresas gostam de empregar antigos integrantes do governo nos conselhos.

Um estudo realizado com empresas brasileiras mostra que esta visão está correta. Utilizando o período de 1998 a 2009 três pesquisadores conseguiram mostrar que empresas com maiores conexões políticas possuem relação com o desempenho. Os autores usaram, como critério para medir a conexão política, as doações realizadas e laços corporativos dos administradores com a política. Para o desempenho, usou-se o Q de Tobin e a relação market-to-book.

Assim, empresas com vínculos políticos apresentam variação positiva no valor, indicando que estas ligações pode explicar o desempenho. O estudo mostrou que candidatos aos cargos de presidente, governador e deputado federal são os preferidos pelas empresas. Indicou também que o conselho de administração possui uma função adicional: os seus membros podem adicionar valor através das conexões políticas.

Para ler mais: CAMILO, Sílvio; MARCON, Rosilene; BANDEIRA-DE-MELO, Rodrigo. Conexões Políticas e Desempenho: um Estudo das Firmas Listadas na BM&FBovespa. RAC , v. 16, n. 6, p. 784-805, 2012

Um comentário:

  1. Muito interessante o texto. O primeiro pensamento que passa na minha cabeça é até aonde essa relação da política e do desempenho das empresas ultrapassa a linha tênue do legal para o ilegal, do ético para o anti ético e por aí vai.
    Trabalho no setor público e é real o fato que empresas que tem contatos políticos entram com propostas e conseguem com mais facilidade, por exemplo, incentivos fiscais que fornecem descontos tributários. Tal fator retira, muitas vezes, a vez de quem realmente está buscando o benefício da sociedade, e fere princípios administrativos como o da impessoalidade. O conselho da administração é eleito pelos seus contatos e status, ao invés da capacidade administrativa financeira, de controle, entre outros.
    Ao meu ver, caberia aos representantes do governo (como os citados no texto) garantir que os seus contatos sejam a melhor opção para o bem social e não somente para a busca do lucro ou para o bem próprio, lembrando sempre que as ligações políticas não são boas somente para as empresas, mas também para os candidatos que querem ser eleitos.
    Aline Luiza R R Santana 10/0006418

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