(...) A taxa atuarial está associada à remuneração de mercado dos ativos financeiros. Há cinco anos, dadas as condições da economia brasileira, o patamar de 6% ao ano era considerado uma premissa conservadora.
Em novembro de 2007, por exemplo, as Notas do Tesouro Nacional da série B (NTNs-B) - títulos públicos de longo prazo, baixo risco e corrigidos pelo IPCA - com vencimento em maio de 2035 eram vendidas pela taxa média de 6,74% ao ano nos leilões periódicos do governo. Qualquer fundo de pensão poderia comprar aqueles papéis para remunerar as reservas acumuladas e garantir o pagamento futuro das aposentadorias aos participantes do plano.
Naquele contexto de mercado, a meta atuarial de 6% ao ano representava uma margem de segurança de 0,7 pontos percentuais (p.p.) sobre os juros das aplicações financeiras de quase 30 anos de prazo e baixo risco de crédito. No entanto, como os juros caíram drasticamente no Brasil nos últimos anos, aquele antigo conforto desapareceu.
Em novembro deste ano, a taxa média do leilão da NTN-B com prazo de vencimento em agosto de 2040 foi de 3,99% ao ano. A queda de 2,74 p.p. das taxas de juros em relação a 2007 foi o detonador para a mudança dos parâmetros dos cálculos atuariais.
O participante deve ficar atento, porque a nova regulamentação do CNPC pode trazer impactos. Quanto menor a taxa de juros usada para os cálculos atuariais, maior o passivo do fundo de pensão.
Para entender o mecanismo, imagine uma entidade de previdência que precise garantir aposentadoria de R$ 1.250 por mês para 500 funcionários vinculados ao plano, durante 30 anos - um total de R$ 225 milhões.
Se a taxa atuarial for de 6% ao ano mais inflação, o valor presente do compromisso desse fundo de pensão hipotético seria de R$ 106 milhões. Significa que, para fazer frente aos desembolsos previstos no futuro, a entidade deveria possuir aquele valor em caixa, aplicado em alternativas conservadoras, rendendo juros de 6% ao ano mais inflação.
Mas se a taxa atuarial cair para 4,5% ao ano, o valor presente do compromisso do fundo de pensão com o pagamento das aposentadorias aumenta para R$ 125 milhões, alta de 18%. Isso porque, no novo cenário, a remuneração das reservas acumuladas em caixa é menor. Portanto, são necessários mais recursos financeiros para fazer frente ao mesmo cronograma de pagamentos previsto para os benefícios futuros.
Na prática, os fundos de pensão equilibram as contas dos compromissos com as aposentadorias ao longo do tempo, levando em conta, também, eventuais mudanças na expectativa de vida dos participantes, ajustes nos montantes das contribuições ou nas regras de pagamentos de benefícios. Essa forma de cálculo atuarial mais complexa é fundamental para manter o plano equilibrado.
A queda dos juros fez com que a margem de erro na gestão financeira dos investimentos dos fundos de pensão ficasse muito menor. E isso vale tanto para os planos de benefício definido - nos quais a entidade garante o valor da aposentadoria do participante -, quanto nos planos de contribuição definida - em que o montante do benefício depende da taxa de retorno dos investimentos. (...)
Meta atuarial menor implica cuidado maior - 5 de Dezembro de 2012 - Valor Econômico - Marcelo d'Agosto
07 dezembro 2012
06 dezembro 2012
Twitter no Brasil
O Twitter abriu um escritório no Brasil e anunciou Guilherme Ribenboim como o novo diretor-geral da empresa no Brasil (ex responsável pela operação do Yahoo na América Latina).
Já existem escritórios no Japão e no Reino Unido, além do inicial criado nos Estados Unidos. Segundo o InfoMoney isso faz parte da “estratégia da empresa para atrair mais pessoas para a rede, além de expandir as parcerias com anunciantes e agências de comunicação e se aproximar de usuários brasileiros”.
O Terra acrescenta que “não foi divulgado o investimento ou o número de usuários do microblog no País. Conforme o Twitter, o Brasil é um dos cinco maiores mercados no mundo. E um levantamento da empresa Semiocast indica que o Brasil tem 33 milhões de usuários, sendo o segundo maior país com presença no serviço.”.
Em 2012 os tópicos mais comentados no Twitter pelos brasileiros foram:
1º O segundo jogo da decisão da Copa Libertadores da América (3.548 tuítes por minuto).
2º O ultimo capítulo da novela "Avenida Brasil" (3.031 tuítes por minuto).
3º O primeiro jogo da final da Copa Libertadores da América.
4º Morte do humorista Chico Anysio.
Já existem escritórios no Japão e no Reino Unido, além do inicial criado nos Estados Unidos. Segundo o InfoMoney isso faz parte da “estratégia da empresa para atrair mais pessoas para a rede, além de expandir as parcerias com anunciantes e agências de comunicação e se aproximar de usuários brasileiros”.
O Terra acrescenta que “não foi divulgado o investimento ou o número de usuários do microblog no País. Conforme o Twitter, o Brasil é um dos cinco maiores mercados no mundo. E um levantamento da empresa Semiocast indica que o Brasil tem 33 milhões de usuários, sendo o segundo maior país com presença no serviço.”.
Em 2012 os tópicos mais comentados no Twitter pelos brasileiros foram:
1º O segundo jogo da decisão da Copa Libertadores da América (3.548 tuítes por minuto).
2º O ultimo capítulo da novela "Avenida Brasil" (3.031 tuítes por minuto).
3º O primeiro jogo da final da Copa Libertadores da América.
4º Morte do humorista Chico Anysio.
Ator mais bem pago
O ator Eddie Murphy foi eleito o ator mais bem pago: para cada $1 que pagam pelo cachê os filmes rendem $2,30. Katherine Heigl está em segundo (3,4 para cada $1), Reese Witherspoon (3,9 para $1), Sandra Bullock (5 para 1), Jack Black (5,2 para 1). Ou seja, são os atores superestimados.
Chefes, Paternidade e Salários
[...]A study to be published next month inAdministrative Science Quarterly looks at what happens to workers’ pay when a male boss has a child. Researchers tracked salaries at every firm in Denmark with more than ten employees between 1996 and 2006. (They confined themselves to male bosses partly because the sample of female bosses was too small.)
Male bosses, it turns out, pay themselves significantly more once they become fathers. Even after controlling for factors such as age, length of tenure and the performance of the firm, the study found that bosses with daughters pay themselves 3.5% more than childless ones. If they have a son, that increases to a hefty 6.4%. David Ross of Columbia Business School, one of the authors, says all fathers feel a duty to support their families. For grunts this means working harder. Bosses have the more agreeable option of raising their own wages
This is bad news for underlings. That extra money comes out of workers’ pockets, the study finds. Staff employed by a father are typically paid less. The amount depends on such things as the sex of the baby and whether it is his first child. Male employees bear the brunt: if the boss’s child is a son, for example, they can expect 0.5% less salary than if he hadn’t reproduced.
Female staff fare better. After their boss’s first child, they can expect to be paid a little more. Mr Ross speculates that this might be because, having seen their wives go through childbirth, they start to respect women more. Alas, such goodwill doesn’t last. Once the boss has a second child, female workers’ wages are likely to fall, just like men’s.
Prodígio do xadrez
O jogador de xadrez noruguês Magnus Carlsen está perto de quebrar um recorde mundial. O atual número um do rating poderá atingir mais de 2851 pontos caso tenha um bom desempenho num torneio que está sendo realizado em Londres. Esta pontuação é o valor máximo conseguido por um jogador, recorde de Kasparov de 1999.
Com 22 anos apenas, Carlsen tem até agora no torneio três vitórias e um empate. E faltam quatro jogos ainda. O rating provisório no torneio do jogador é de mais de 3 mil pontos. Os jogos acontecem diariamente, começando as 12 horas de Brasília.
Com 22 anos apenas, Carlsen tem até agora no torneio três vitórias e um empate. E faltam quatro jogos ainda. O rating provisório no torneio do jogador é de mais de 3 mil pontos. Os jogos acontecem diariamente, começando as 12 horas de Brasília.
SEC ainda indecisa
Durante a conferência da AICPA, a entidade que congrega os contadores certificados dos Estados Unidos, as divergências sobre a adoção das normas internacionais por parte dos Estados Unidos ficaram visíveis. O presidente do Iasb, Hans Hoogervorst, novamente insistiu neste ponto. Já a presidente do Fasb, Leslie Seidman, afirmou que os Estados Unidos necessitam de algo mais preciso do que as orientações gerais das normas do Iasb. Isto parece deixar claro que as duas entidades estão se afastando de um projeto conjunto.
Mas a decisão sobre o assunto cabe a SEC, a CVM dos Estados Unidos. Num relatório em julho a entidade não se pronunciou diretamente sobre o assunto, mas indicou os pontos negativos e positivos sobre o assunto. A SEC, também presente no evento, E a incerteza da SEC não tem ajudado a convergência. O contador chefe da SEC indicou que é necessário esperar por uma decisão da entidade. Mas ele reconhece que esta é a mais importante decisão contábil que entidade irá tomar desde sua criação, na década de trinta do século passado.
Leia mais sobre o assunto aqui e aqui
Mas a decisão sobre o assunto cabe a SEC, a CVM dos Estados Unidos. Num relatório em julho a entidade não se pronunciou diretamente sobre o assunto, mas indicou os pontos negativos e positivos sobre o assunto. A SEC, também presente no evento, E a incerteza da SEC não tem ajudado a convergência. O contador chefe da SEC indicou que é necessário esperar por uma decisão da entidade. Mas ele reconhece que esta é a mais importante decisão contábil que entidade irá tomar desde sua criação, na década de trinta do século passado.
Leia mais sobre o assunto aqui e aqui
05 dezembro 2012
Niemeyer
Amo Brasília. Então parece não ter como não gostar da obra de Oscar Niemeyer, que faleceu ontem. Adoro ver a Catedral, o Teatro Nacional, os Ministérios.
Não entendo de arquitetura, mas em 2008 postamos sobre um trabalho acadêmico sobre os mais importantes arquitetos do mundo:
David Galenson faz pesquisas com artes (música, pintura e agora arquitetura). Apesar de questionável, em The Greatest Architects of the 20th Century, ele aponta Le Corbusier como o maior arquiteto do século, seguido por Frank Wright e Ludwig Mies van der Robe. Frank Gehry e Renzo Piano são os maiores ainda vivos.
Apesar de questionável a metodologia de seleção dos arquitetos, o resultado indica que Oscar Niemeyer não está na lista final. Morando numa cidade onde a presença da arquitetura é enorme, a ausência de Niemeyer deixa-me surpreso. Qual a razão? O fato dele ser um discípulo de Corbusier, não um pioneiro? A sua associação com regimes totalitários? Ou ser um arquiteto do terceiro mundo? Ou a dificuldade de adaptação do ser humano que usa seus prédios (quem trabalha num prédio projetado por ele sabe como isso é um problema)? Ou talvez a falha da metodologia?
Não entendo de arquitetura, mas em 2008 postamos sobre um trabalho acadêmico sobre os mais importantes arquitetos do mundo:
David Galenson faz pesquisas com artes (música, pintura e agora arquitetura). Apesar de questionável, em The Greatest Architects of the 20th Century, ele aponta Le Corbusier como o maior arquiteto do século, seguido por Frank Wright e Ludwig Mies van der Robe. Frank Gehry e Renzo Piano são os maiores ainda vivos.
Apesar de questionável a metodologia de seleção dos arquitetos, o resultado indica que Oscar Niemeyer não está na lista final. Morando numa cidade onde a presença da arquitetura é enorme, a ausência de Niemeyer deixa-me surpreso. Qual a razão? O fato dele ser um discípulo de Corbusier, não um pioneiro? A sua associação com regimes totalitários? Ou ser um arquiteto do terceiro mundo? Ou a dificuldade de adaptação do ser humano que usa seus prédios (quem trabalha num prédio projetado por ele sabe como isso é um problema)? Ou talvez a falha da metodologia?
O que não te ensinaram na pós-graduação IV
Notas: Os seus alunos aprendem de acordo com o retorno que recebem. Um trabalho com a devida nota e apontamentos é uma ferramenta de feedback importante. A prova é uma forma de comunicação entre você e o aluno. Essa é a forma pela qual você descobre o que os alunos realmente sabem e que princípios e conceitos eles não assimilaram. Não use apenas monitores ou assistentes para a correção das provas das suas turmas.
Figura Pública: Esteja atento. Como professor você é uma figura pública. Seus alunos passam 40 horas ou mais por semestre te olhando enquanto você fala. Essa experiência os marca de forma indelével. Você perceberá que anos depois, quando te abordarem e te chamarem pelo nome, esperarão que você se lembre deles. Você, claro, usualmente não se lembrará. A aparência e as vestimentas deles serão diferentes. O ponto é: o seu comportamento em locais públicos é notado quando você menos espera.
Eventos: Participe de palestras e congressos. Quando pessoas de primeira linha são convidadas a palestrar, seja na sua área ou não, tente ao máximo comparecer. Quando você era aluno, pessoas intelectualmente importantes apareciam no campus para palestrar ou passar um ou dois dias com professores e alunos. Frequentemente se tornaram eventos memoráveis para você. Você comparecia só para ver quem era aquela pessoa. Agora que você é um professor, não se sinta ocupado demais para estar presente em tais momentos. Mesmo que o assunto não pareça interessante para você, vá. O que você irá ouvir, se cuidadosamente prestar atenção, é como os palestrantes pensam sobre o mundo, como lidam com problemas, como trabalham neles. Constantemente você aprenderá coisas novas que alterarão a sua perspectiva sobre a sua área de ensino e pesquisa.
O que não te ensinaram na pós-graduação I, II, III
Bolha do Alicate
O Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul ofereceu denúncia na última sexta-feira (30) contra dez pessoas, pelos crimes de formação de quadrilha e manipulação do mercado, sendo duas dessas pessoas acusadas também de "insider trading" - uso de informação privilegiada - envolvendo as ações da Mundial (MNDL3).
Segundo informações da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) divulgadas na tarde desta terça-feira (4), além de penas de prisão, os denunciados poderão ser condenados a penas de multa que podem atingir até três vezes o lucro obtido com as irregularidades. Procurado pelo Portal InfoMoney, a assessoria de imprensa da CVM não soube especificar quem são os acusados.
"Bolha do alicate"
A fabricante de válvulas, talheres, alicates e produtos de beleza viu seu valor de mercado crescer artificialmente quase 3.000% de fevereiro a junho de 2011, despencando cerca de 85% em apenas uma semana após essa longa alta, indo da faixa dos R$ 7,00 para R$ 0,90, resultando em fortes perdas para diversos investidores - o que ficou conhecido como "bolha do alicate".
Atualmente, as ações MNDL3 são negociadas entre R$ 0,15 e R$ 0,17, com um fraco volume financeiro.
Ministério Público denuncia 10 por "bolha do alicate" - 4 de Dezembro de 2012 - BOL
Gostei do nome Bolha do Alicate.
Segundo informações da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) divulgadas na tarde desta terça-feira (4), além de penas de prisão, os denunciados poderão ser condenados a penas de multa que podem atingir até três vezes o lucro obtido com as irregularidades. Procurado pelo Portal InfoMoney, a assessoria de imprensa da CVM não soube especificar quem são os acusados.
"Bolha do alicate"
A fabricante de válvulas, talheres, alicates e produtos de beleza viu seu valor de mercado crescer artificialmente quase 3.000% de fevereiro a junho de 2011, despencando cerca de 85% em apenas uma semana após essa longa alta, indo da faixa dos R$ 7,00 para R$ 0,90, resultando em fortes perdas para diversos investidores - o que ficou conhecido como "bolha do alicate".
Atualmente, as ações MNDL3 são negociadas entre R$ 0,15 e R$ 0,17, com um fraco volume financeiro.
Ministério Público denuncia 10 por "bolha do alicate" - 4 de Dezembro de 2012 - BOL
Gostei do nome Bolha do Alicate.
Eletrobras
Com menos de 24 horas para analisar argumentações contra e a favor, a área técnica e o colegiado da CVM não conseguiram [1] concluir a priori que a União, controladora da Eletrobras, deveria ser impedida de votar a proposta de prorrogação dos contratos de concessão atingidos pela Medida Provisória 579, por conflito de interesses.
Mas a CVM “reconheceu a importância de evoluir na discussão acerca do conflito de interesses nas sociedades de economia mista”.
Entre os pontos que devem entrar em consideração, segundo a CVM, está o artigo 238 da Lei nº 6.404/76, que expressamente autoriza o controlador a “orientar as atividades da companhia de modo a atender ao interesse público que justificou a sua criação”.
Em relação ao caso concreto da Eletrobras, a superintendência de relações com empresas da CVM seguirá analisando as circunstâncias e “de posse de mais elementos poderá formar seu juízo conclusivo quanto à matéria”.
Há pelo menos dois pontos em questão que poderiam ser analisados nessa operação específica.
Um é o plano do governo de reduzir a tarifa de energia em 20% e, como controlador da Eletrobras, votar para que a companhia aceite uma receita mais baixa por seus serviços daqui para frente.
Nesse caso, tal como faz com a Petrobras e o preço da gasolina, a União usa uma empresa de economia mista para atingir objetivos de política pública [2]. Mais especificamente, reduzir os custos de produção da indústria brasileira e manter os índices de preços em torno da meta de inflação. Do ponto de vista das empresas mistas, isso pode significar tanto uma perda efetiva como também um ganho menor do que o potencial caso a decisão fosse contrária à determinada pelo governo.
Um segundo ponto é a Eletrobras assinar um contrato com a União que lhe obrigará a registrar uma baixa contábil bilionária no valor de seus ativos — conta do balanço formada por bens e direitos [3], que foram constituídos por alguma razão e, normalmente, após um desembolso efetivo. A perda será inferior aos R$ 18 bilhões inicialmente anunciados porque o governo decidiu dar uma indenização maior para ativos de transmissão, mas não deixará de ser relevante.
Ao aceitar o valor definido pelo governo (que nem ela mesma conhece [4]), a Eletrobras abre mão de ser remunerada por esses ativos, que durante anos foram registrados na sua contabilidade e aceitos pelo governo - seja via Aneel, como reguladora, ou pela própria União, como controladora, ao aprovar as contas anuais da empresa [5].
Como na contabilidade não existe débito sem crédito [6], vale destacar que a própria União é a contraparte dessa perda bilionária. Assim, se a Eletrobras perde alguns bilhões, o governo ganha a mesma quantia do outro lado (ao reduzir um potencial desembolso) [7].
Dito de outra forma, se a União tivesse uma contabilidade baseada na competência, a indenização devida às concessionárias de energia pelos ativos não amortizados estaria há anos registrada no passivo — idealmente, pelos mesmos valores da contabilidade das empresas. Ao determinar um valor menor que o esperado pelas empresas para pagar como indenização, o governo reduz esse passivo e registra a diferença como ganho [8].
Não fica claro como essa receita contábil extraordinária do Tesouro atende o interesse público.
Se a Eletrobras resolvesse “vender” uma nota de R$ 100 para o governo por R$ 40, todo mundo ia achar estranho. Mas como não se trata de dinheiro vivo, mas de um ativo fixo, de valor mais controverso, o tratamento é outro.
A Eletrobras argumentou que os valores registrados eram estimativas, já que não se conhecia o critério que seria usado pelo governo para a indenização. A empresa também pontuou que essa perda (ou ganho do governo) será registrada com ou sem prorrogação dos contratos de forma antecipada, já que o Ministério de Minas e Energia disse que o critério para reembolso será o mesmo quando vencerem as concessões em 2015. Assim, a perda teria sido imposta à empresa pela União como governo (como ocorreria num caso hipotético de aumento de impostos) e não como acionista ao aceitar a prorrogação antecipada.
Mas a pouca disposição da Eletrobras em contestar o método de cálculo escolhido chamou a atenção [9]. Uma evidência de que havia espaço para discussão é que, após críticas e questionamentos administrativos apresentados por outras empresas (que não têm a União como controladora), o governo reviu valores e decidiu aumentar a indenização em alguns bilhões de reais - não sendo necessário nem mesmo entrar com uma ação judicial, cujo “desfecho seria desconhecido”, segundo a Eletrobras.
Conflito na Eletrobras? - 4 de Dezembro de 2012 - Valor Online
[1] A CVM é governo. Será que ela possui independência suficiente para analisar este caso?
[2] Esta é uma situação que um minoritário já sabe de antemão o risco envolvido. Investe numa empresa do governo quem deseja correr um risco.
[3] Ah, este conceito de ativo ... Nem um aluno de graduação usa mais. (Pelo menos não um aluno deste blogueiro)
[4] É interessante (?) que uma decisão deste nível não possui um valor.
[5] Não somente. Especialmente na escolha dos seus dirigentes.
[6] em igual valor.
[7] Mas perde também, já que não terá dividendos desta empresa.
[8] Novamente não é tão simples assim.
[9] É também uma empresa dominada por políticos.
Mas a CVM “reconheceu a importância de evoluir na discussão acerca do conflito de interesses nas sociedades de economia mista”.
Entre os pontos que devem entrar em consideração, segundo a CVM, está o artigo 238 da Lei nº 6.404/76, que expressamente autoriza o controlador a “orientar as atividades da companhia de modo a atender ao interesse público que justificou a sua criação”.
Em relação ao caso concreto da Eletrobras, a superintendência de relações com empresas da CVM seguirá analisando as circunstâncias e “de posse de mais elementos poderá formar seu juízo conclusivo quanto à matéria”.
Há pelo menos dois pontos em questão que poderiam ser analisados nessa operação específica.
Um é o plano do governo de reduzir a tarifa de energia em 20% e, como controlador da Eletrobras, votar para que a companhia aceite uma receita mais baixa por seus serviços daqui para frente.
Nesse caso, tal como faz com a Petrobras e o preço da gasolina, a União usa uma empresa de economia mista para atingir objetivos de política pública [2]. Mais especificamente, reduzir os custos de produção da indústria brasileira e manter os índices de preços em torno da meta de inflação. Do ponto de vista das empresas mistas, isso pode significar tanto uma perda efetiva como também um ganho menor do que o potencial caso a decisão fosse contrária à determinada pelo governo.
Um segundo ponto é a Eletrobras assinar um contrato com a União que lhe obrigará a registrar uma baixa contábil bilionária no valor de seus ativos — conta do balanço formada por bens e direitos [3], que foram constituídos por alguma razão e, normalmente, após um desembolso efetivo. A perda será inferior aos R$ 18 bilhões inicialmente anunciados porque o governo decidiu dar uma indenização maior para ativos de transmissão, mas não deixará de ser relevante.
Ao aceitar o valor definido pelo governo (que nem ela mesma conhece [4]), a Eletrobras abre mão de ser remunerada por esses ativos, que durante anos foram registrados na sua contabilidade e aceitos pelo governo - seja via Aneel, como reguladora, ou pela própria União, como controladora, ao aprovar as contas anuais da empresa [5].
Como na contabilidade não existe débito sem crédito [6], vale destacar que a própria União é a contraparte dessa perda bilionária. Assim, se a Eletrobras perde alguns bilhões, o governo ganha a mesma quantia do outro lado (ao reduzir um potencial desembolso) [7].
Dito de outra forma, se a União tivesse uma contabilidade baseada na competência, a indenização devida às concessionárias de energia pelos ativos não amortizados estaria há anos registrada no passivo — idealmente, pelos mesmos valores da contabilidade das empresas. Ao determinar um valor menor que o esperado pelas empresas para pagar como indenização, o governo reduz esse passivo e registra a diferença como ganho [8].
Não fica claro como essa receita contábil extraordinária do Tesouro atende o interesse público.
Se a Eletrobras resolvesse “vender” uma nota de R$ 100 para o governo por R$ 40, todo mundo ia achar estranho. Mas como não se trata de dinheiro vivo, mas de um ativo fixo, de valor mais controverso, o tratamento é outro.
A Eletrobras argumentou que os valores registrados eram estimativas, já que não se conhecia o critério que seria usado pelo governo para a indenização. A empresa também pontuou que essa perda (ou ganho do governo) será registrada com ou sem prorrogação dos contratos de forma antecipada, já que o Ministério de Minas e Energia disse que o critério para reembolso será o mesmo quando vencerem as concessões em 2015. Assim, a perda teria sido imposta à empresa pela União como governo (como ocorreria num caso hipotético de aumento de impostos) e não como acionista ao aceitar a prorrogação antecipada.
Mas a pouca disposição da Eletrobras em contestar o método de cálculo escolhido chamou a atenção [9]. Uma evidência de que havia espaço para discussão é que, após críticas e questionamentos administrativos apresentados por outras empresas (que não têm a União como controladora), o governo reviu valores e decidiu aumentar a indenização em alguns bilhões de reais - não sendo necessário nem mesmo entrar com uma ação judicial, cujo “desfecho seria desconhecido”, segundo a Eletrobras.
Conflito na Eletrobras? - 4 de Dezembro de 2012 - Valor Online
[1] A CVM é governo. Será que ela possui independência suficiente para analisar este caso?
[2] Esta é uma situação que um minoritário já sabe de antemão o risco envolvido. Investe numa empresa do governo quem deseja correr um risco.
[3] Ah, este conceito de ativo ... Nem um aluno de graduação usa mais. (Pelo menos não um aluno deste blogueiro)
[4] É interessante (?) que uma decisão deste nível não possui um valor.
[5] Não somente. Especialmente na escolha dos seus dirigentes.
[6] em igual valor.
[7] Mas perde também, já que não terá dividendos desta empresa.
[8] Novamente não é tão simples assim.
[9] É também uma empresa dominada por políticos.
SEC, Auditoria e China
A Securities and Exchange Commission (SEC) abriu processo administrativo contra as unidades regionais chinesas afiliadas às quatro grandes firmas do mercado de auditoria — PwC, Deloitte, Ernst & Young e KPMG —, além da BDO.
O processo será movido por causa da recusa dessas firmas de disponibilizar os papéis de trabalho de auditoria de empresas chinesas investigadas por “potencial fraude contábil” contra investidores americanos.
De acordo com a SEC, essa conduta viola o que está previsto na legislação do mercado de capitais dos Estados Unidos e na lei Sarbanes-Oxley.
As empresas que serão processadas são BDO China Dahua Co. Ltd., Deloitte Touche Tohmatsu CPAs Ltd., Ernst & Young Hua Ming LLP, KPMG Huazhen e PricewaterhouseCoopers Zhong Tian CPAs Ltd.
Essas unidades regionais chinesas ficam numa situação delicada, porque o governo da China não autoriza o compartilhamento dessas informações.
“Firmas que conduzem auditorias sabendo que elas não poderão cumprir as leis que requerem o acesso a esses papéis de trabalho estão sujeitas a sanções severas”, afirma Robert Khuzami, diretor da área de fiscalização da SEC.
Conforme documento divulgado pelo regulador americano, um tribunal administrativo vai marcar uma audiência para determinar quais medidas serão tomadas contra essas empresas. Uma decisão inicial deve sair em dez meses.
SEC vai processar filiais chinesas de firmas de auditoria - 4 de Dezembro de 2012 - Valor Online - Fernando Torres
O processo será movido por causa da recusa dessas firmas de disponibilizar os papéis de trabalho de auditoria de empresas chinesas investigadas por “potencial fraude contábil” contra investidores americanos.
De acordo com a SEC, essa conduta viola o que está previsto na legislação do mercado de capitais dos Estados Unidos e na lei Sarbanes-Oxley.
As empresas que serão processadas são BDO China Dahua Co. Ltd., Deloitte Touche Tohmatsu CPAs Ltd., Ernst & Young Hua Ming LLP, KPMG Huazhen e PricewaterhouseCoopers Zhong Tian CPAs Ltd.
Essas unidades regionais chinesas ficam numa situação delicada, porque o governo da China não autoriza o compartilhamento dessas informações.
“Firmas que conduzem auditorias sabendo que elas não poderão cumprir as leis que requerem o acesso a esses papéis de trabalho estão sujeitas a sanções severas”, afirma Robert Khuzami, diretor da área de fiscalização da SEC.
Conforme documento divulgado pelo regulador americano, um tribunal administrativo vai marcar uma audiência para determinar quais medidas serão tomadas contra essas empresas. Uma decisão inicial deve sair em dez meses.
SEC vai processar filiais chinesas de firmas de auditoria - 4 de Dezembro de 2012 - Valor Online - Fernando Torres
Participação no Mercado
O gráfico mostra a participação do sistema operacional no mercado. Nos primórdios, predomínio do TRS80. Depois Atari e Commodore. Mas na maior parte do tempo, os sistemas Windows e derivados - de azul claro no gráfico. Apple - de vermelho, sempre foi minoria. Mas nos últimos anos apareceu o Android (verde), que parece ameaçar o domínio do sistema da Microsoft.
Fraude Chinesa
No ano passado divulgamos (aqui, aqui e aqui) no blog o escândalo contábil da Sino-Forest. Esta empresa chinesa foi acusada de fraude pelos reguladores canadenses. Mas o parecer de auditoria, feito pela E&Y, não tinha nenhuma objeção.
A notícia mais recente é que a Ernst Young concordou em pagar 117 milhões de dólares canadenses. Trata-se do maior pagamento que um auditor já fez na história daquele país.
A notícia mais recente é que a Ernst Young concordou em pagar 117 milhões de dólares canadenses. Trata-se do maior pagamento que um auditor já fez na história daquele país.
Embonecamento
Em postagem anterior comentamos uma série de termos que às
vezes são usamos de maneira intercambiável. Confesso que faltou o termo embonecamento. O dicionário registra que
este termo significa enfeitar, tornar enfeitado como uma boneca.
O termo é usado na contabilidade para dizer que uma empresa “enfeitou”
seu resultado. O sentido aqui é sempre positivo, ou seja, embonecar significa
melhorar os valores apresentados pela contabilidade.
Não existe uma conotação de legalidade ou ilegalidade, ao
contrário do termo “fraude” que está associado a algo fora da lei.
Corresponderia a tradução do termo em língua inglesa window dressing, que por sua vez teria uma tradução literal de “fachada”,
“aparência enganosa”. Este termo não é muito usado nos dias de hoje.
A foto da esquerda é Alessandra Ambrósio sem maquiagem. Da direita, a mesma pessoa, com maquiagem.
Negociações com piratas somalis
Seizures of ships by pirates off the coast of Somalia may be down in recent months, but the interest of social scientists and economists in the country is undiminished. Because the place has been so stateless for so long, it provides a testing ground for theories about how people behave in the absence of meddlesome government. One such question is how two parties bargain when neither has good information available. Negotiations between shipowners and Somali pirates fit that description well.
Economists have been interested in the free-market ways of pirates for a while. Last year a team of three published a paper drawing on data from more than 10,000 negotiations that took place from 1575 to 1739 between North African pirates on one side and monks acting for Spanish families on the other. They found that the Spanish managed to pay lower ransoms by dragging talks out. Data on the activities of present-day pirates in Somalia are more, well, patchy. To fill the gap, the authors of a new paper gathered data from pirate negotiators.
They found that Somali pirates pretend to be more sophisticated than they are, whereas shipowners pretend to be poorer. Nowadays both sides have an interest in a speedy resolution, since a prolonged negotiation incurs costs. For the shipowner, the cargo spoils and the ship goes unused. For the pirates, the captured crew must be fed and the ship guarded. And pirates cannot last long without a resupply of qat, which is to them as rum is to Captain Jack Sparrow. Settle too quickly, though, and one side or other is likely to get a poor deal.
Government intervention can create perverse incentives. Spain paid a ransom of $1.2m for a fishing boat, the Playa del Bakio, in 2008—more than twice the amount previously paid for a vessel of that type, setting a new floor price. Indeed, although the number of ships taken is down, the pirates have adjusted by charging more per release.
[...]
04 dezembro 2012
Analistas financeiros e adoção das normas internacionais de contabilidade
A decisão de adotar as normas internacionais de
contabilidade (IFRS) tem sido investigada em diversos trabalhos acadêmicos. Estas
pesquisas procuram responder a uma pergunta simples: vale a pena um país
obrigar suas empresas a usaram as IFRS?
Uma questão simples mereceria uma resposta direta e simples.
Mas infelizmente a realidade é muito complicada para termos uma resposta
afirmativa ou negativa. Devemos lembrar que estamos estudando um ambiente em
constante mutação. E que temos diversas técnicas e dados disponíveis.
Somente após intensas pesquisas, confrontando diferentes
análises, é que poderemos responder a nossa pergunta. Mas temos uma luz no fim
do túnel: alguns resultados de diferentes pesquisas já estão disponíveis. E
alguns destas já estão se tornando “clássicos” na área (vide, Daske, Hail,
Leuz, Verdi, 2008; Ball, 2006, por exemplo).
Uma pesquisa de 2009 usou um ponto de vista interessante: os
efeitos sobre os investidores estrangeiros. Estes usuários têm dificuldade em
analisar as informações contábeis com normas que não conhecem. Se os países
possuem regras contábeis diferentes, os analistas provavelmente não
acompanharam o desempenho das empresas de outros países. Assim, a convergência poderia
fazer com que os analistas seguissem mais empresas de outros países. E fizessem um trabalho melhor: no caso dos
analistas, acertando mais as projeções.
Os autores encontraram que a adoção das IFRS atrai os
analistas que conhecem estas normas. Mais ainda, que o uso faz com que se
melhore a precisão das projeções. Assim,
a pesquisa parece apontar que a convergência facilita a comparação para os
analistas financeiros estrangeiros, aumentando a chance de uma empresa local
ser acompanhada por este usuário.
Fonte: TAN,
Hongping; WANG, Shiheng; WELKER, Michel. Foreign analyst following and forecastaccuracy around mandated ifrs adoptions , working paper, 2009
Fato mais relevante da história da contabilidade
Qual o fato mais relevante da história da contabilidade
brasileira? Provavelmente as respostas irão variar conforme o respondente. Fiz,
com meus alunos de Teoria Contábil, uma investigação para saber o que eles
achavam. Muitas respostas, a maioria interessante. Uma discente afirmou que a
criação dos armazéns alfandegários, juntamente com a chegada do primeiro
contador, nas primeiras décadas do domínio português. Outros se lembraram da
chegada da família real, incluindo a criação do erário régio e a
obrigatoriedade das partidas dobradas. O código comercial, quase cinquenta anos
depois, também foi citado. Um discente lembrou-se do desenvolvimento da profissão entre
os anos 20 e 30 do século passado. Esta é uma resposta que não estava na minha
lista, mas devo reconhecer que faz bastante sentido. Vários deles se lembraram
da criação do conselho e da normatização da profissão, em 1946. Um aluno se lembrou
do período após 1964, quando o novo governo modernizou o sistema financeiro,
criando o Conselho Monetário Nacional, o Banco Central e passou a obrigar a
contratação de auditores. Sem dúvida nenhuma
uma boa lembrança.
Finalmente, as duas principais respostas que obtive: a lei
6404, de 1976, e a adoção das normas internacionais (e criação do CPC).
Ao analisar as respostas dos meus alunos cheguei a uma
conclusão: não saberia responder qual o fato histórico mais importante da
contabilidade brasileira. Como é bom aprender com os meus alunos.
Petróleo, erro estratégico
Nesta semana, foi publicado um livro que ajudei a organizar, chamado “Petróleo – reforma e contrarreforma do setor petrolífero brasileiro” (Campus, 2012). A organização foi conjunta com Luiz Paulo Vellozo Lucas e o livro, além dos organizadores, contou com artigos de 19 autores, entre eles alguns dos mais conceituados analistas do setor de energia.
Na sua apresentação, fazemos uma distinção entre erros simples e estratégicos. Uma pessoa pode ir a um restaurante e escolher mal o prato. É algo sem maiores consequências. Já casar com a pessoa errada pode ser fonte de dor de cabeça por muitos anos para ambas partes.
Analogamente, uma empresa pode planejar a produção de um mês julgando que a demanda vai ser X e a demanda ser 10% maior, perdendo a chance de aproveitar melhor o momento, mas podendo se recuperar no mês seguinte. Já o erro poderá ser fatal se ela escolher apostar tudo num produto que está sendo abandonado pelos consumidores.
Esse tipo de equívoco é o que se denomina de “erro estratégico”. Trata-se de atos que moldam a ação de um agente durante anos e podem, no limite, levar à falência (quando se trata de uma empresa).
A comparação é válida para as economias. Um país pode reduzir juros quando deveria aumentá-los ou aumentá-los quando deveria reduzir, mas nada disso é muito grave, pois trata-se de uma decisão errada com efeitos limitados e que pode ser corrigida pouco tempo depois. Opções estratégicas, porém, têm efeitos duradouros.
[...]Os historiadores que analisarem no futuro a primeira década do atual século provavelmente qualificarão de forma parecida a mudança de regime feita pelo Brasil em 2010 no setor de petróleo, quando adotou a partilha e resolveu privilegiar a política de conteúdo local, jogando pela janela um modelo que tinha dado certo durante 13 anos, com resultados espetaculares. Enquanto o modelo de concessão vigorou sozinho, foram realizadas diversas rodadas de licitação, as reservas provadas do país dobraram, a produção elevou-se em 150 % e a arrecadação acumulada da soma da participação especial e dos royalties alcançou mais de R$ 160 bilhões. Tudo funcionava muito bem, até o setor ser atropelado pela agenda ideológica que orientou a mudança de regime.
Confirmando mais uma vez o sarcasmo de Delfim Netto, de que “quando o governo compra um circo, o anão começa a crescer”, a intervenção oficial travou o setor. Embora o cidadão comum possa julgar que o setor de petróleo vai de vento em popa, os fatos demonstram o contrário: as metas de produção não têm sido alcançadas, o país – cada vez mais distante da autossuficiência – importa quantidades crescentes de derivados e as empresas – incluindo a Petrobras – penam por conta do radicalismo da política de conteúdo local. No longo prazo, nada poderia ser mais preocupante do que a redução da área exploratória, do pico de mais de 340 mil km2 em 2009, para apenas um terço disso atualmente, devido à falta de novos leilões nos últimos anos.
A presidente queixa-se da falta de investimentos no país e, nos meios oficiais, as reclamações são contra o ambiente internacional de crise. A questão, porém, é que apesar da crise, há países da América Latina que estão muito bem, com destaque para Chile, Peru e Colômbia. Este último, especificamente, tem uma empresa de petróleo (Ecopetrol) que tem dado um “show de bola” no mercado internacional, seguindo os passos da Petrobras de 1997/ 2009 e rivalizando com ela em valor de mercado, apesar de ter ativos que são uma fração modesta dos ativos da nossa estatal.
Como diz corretamente Wagner Freire, antigo quadro histórico da Petrobras e que ajudou a escrever a história de sucesso da empresa, em um dos capítulos do livro, “as diferenças [entre as empresas] são enormes, mas o que conta mesmo para o valor de mercado é o que o mercado pensa sobre a administração da companhia e o comando do controlador”. Nesse sentido, a combinação de 1) incerteza regulatória; 2) guerra federativa; 3) ausência de leilões; 4) excessos da política de conteúdo local; e 5) controle de preços, está sendo uma “bola de ferro” que impede o retorno do ciclo virtuoso do setor, que poderia ter um papel fundamental para o crescimento do PIB. A revisão do modelo regulatório do setor deveria entrar na agenda, sob pena de perdermos uma oportunidade histórica de utilizar adequadamente a riqueza de nosso solo.
Política Fiscal e a participação da sociedade
Recentemente o governo federal anunciou que não conseguirá alcançar a meta do resultado primário para o setor público de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano. Apesar dessa notícia não ter sido uma surpresa para quem acompanha as contas públicas, uma análise mais detalhada dos dados assusta e levanta dúvidas sobre a capacidade de o governo federal conciliar sua agenda de aumento do investimento público com redução da carga tributária.
É interessante observar que enquanto todos parecem ter opinião formada sobre taxa de juros e sobre os erros e acertos do Banco Central, o cidadão comum fica alheio ao debate anual do orçamento que é, justamente, a área na qual decisões políticas são mais importantes do que decisões técnicas. Em vez de discutir "juros" (política monetária), o cidadão brasileiro deveria se envolver mais no debate fiscal, pois neste as decisões são políticas. Mas isso não acontece por pelo menos três motivos.
Primeiro, não há dentro do próprio governo um consenso de como as estatísticas fiscais são divulgadas. Por exemplo, a despesa primária (gasto não financeiro do governo federal), em 2011, foi de 17,5% do PIB de acordo com o Tesouro Nacional. No entanto, o Boletim da Secretaria de Comunicação da Social da Presidência da República, Nº 1656, de 13 de novembro de 2012 mostra que: "os investimentos anuais do governo federal em políticas sociais saltaram de 13% do PIB há dez anos para quase 17% em 2012."
[...]Segundo, há ainda no Brasil falta de informação quanto ao custo de alguns programas. Cito dois que passaram a ser importantes: o Minha Casa Minha Vida (MCMV) e o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES. Independentemente do mérito desses dois programas, o custo deles deveria ser claro para que a sociedade pudesse decidir se quer gastar mais ou menos com esses programas frente a outras despesas e outros investimentos.
No entanto, poucas pessoas têm ideia do custo desses programas. No caso do MCMV, praticamente metade do custo desse programa de 2009 a 2011 foi bancado pelo FGTS. E o seu custo não é pequeno. O custo total desse programa, inclusive os subsídios pagos pelo FGTS, passou de R$ 2,8 bilhões, em 2009, para um valor que ficará próximo a R$ 17 bilhões este ano.
O caso do PSI é ainda mais nebuloso. O governo federal se recusa a dar informações relativas ao custo desse programa. Vale lembrar que os empréstimos do Tesouro Nacional para os bancos públicos saíram de um valor inferior a R$ 10 bilhões, no início de 2008, para R$ 369,1 bilhões, em setembro. É muito provável que o estoque desses empréstimos cresça para meio trilhão de reais nos próximos dois anos.
Terceiro, apesar de o governo ter um baixo controle sobre a execução orçamentária, já que apenas 10% da despesa não financeira pode ser considerada discricionária, na prática o governo vem utilizando de artifícios que têm tornado a execução das despesas obrigatórias ainda mais rígidas. Um exemplo disso é o crescimento excessivo do saldo de restos a pagar não processados, recursos empenhados de anos anteriores que são pagos no ano corrente.
[...]As despesas de anos anteriores passam a competir com despesas do orçamento do ano e, em algum ano, o equilíbrio precisa vir ou pelo aumento maior da receita ou por uma queda do primário.
Infelizmente, enquanto não houver maior transparência no custo das politicas públicas e no debate e execução do orçamento, o debate fiscal ficará restrito a “especialistas” e não a quem de fato importa neste debate que é o cidadão, que utiliza serviços públicos e paga uma carga tributária de primeiro mundo.
Mulheres e negociações salariais
Although some scholars have suggested that the income gap between men and women is due to women’s reluctance to negotiate salaries, a new study at the University of Chicago shows that given an invitation, women are just as willing as men to negotiate for more pay.
Men, however, are more likely than women to ask for more money when there is no explicit statement in a job description that wages are negotiable, the study showed.
“We find that simple manipulations of the contract environment can significantly shift the gender composition of the applicant pool,” said UChicago economist John List, the Homer J. Livingston Professor in Economics.
List was a co-author of a paper based on a study of people responding to job advertisements in which salaries were advertised either as negotiable or fixed. Women were three times more likely to apply for jobs with negotiable salaries and to pursue negotiations once they applied, the study found.
Among those responding to an explicit salary offer, 8 percent of women and 11 percent of men initiated salary negotiations. When the salary was described as negotiable, 24 percent of women and 22 percent of men pursued salary discussions.
“By merely adding the information that the wage is ‘negotiable,’ we successfully reduced the gender gap in applications by approximately 45 percent,” said List.
Previous studies have shown that men are nine times more likely than women to ask for more money when applying for a job, but this paper is the first to use a field experiment to look at gender differences in the way men and women approach salary negotiations.
[...]The study found that when men determined that salary was fixed, their probability of applying was 47 percent, compared with 32 percent for women. When salary was negotiable, the probability of women applying increased to 33 percent, whereas men’s probability decreased to 42 percent.
Despite efforts to promote gender equality, women make about three-fourths as much as men, surveys have shown. Additionally, women hold only 2.5 percent of the highest paid jobs in American firms. The gap in wages begins when a person is hired, so encouraging negotiations from the beginning is likely to have a long-term impact on salary, List said.
A variety of factors may explain the gender differences in salary, including negotiations after a person is hired and differences in women’s willingness to negotiate for jobs other than the ones advertised, the paper concluded.
Fonte:Women eager to negotiate salaries, when given the opportunity - William Harms
Auditoria, China e SEC
O organismo regulador do mercado de ações dos Estados Unidos, SEC, acusou nesta segunda-feira cinco grandes empresas de auditoria de ocultar informações de empresas chinesas registradas nas bolsas americanas.
"Os materiais de auditoria estão sendo procurados como parte das investigações de nove empresas chinesas", disse a Comissão de Valores Mobiliários norte-americana. As cinco empresas acusadas são BDO China Dahua, Deloitte Touche Tohmatsu Certified Public Accountants, Ernst & Young Hua Ming, KPMG Huazhen e PricewaterhouseCoopers Zhong Tian.
Segundo a SEC, foram violadas as leis do Securities Exchange Act e a Lei Sarbanes-Oxley, que exige que empresas estrangeiras de contabilidade pública forneçam informações à SEC quando requeridas.
Investigadores da SEC têm tentado obter essas informações há meses, mas as auditorias têm se recusado a cooperar, diz o comunicado.
"As empresas que realizam auditorias sabendo que não pode cumprir com as leis que exigem o acesso a esses documentos devem enfrentar sanções graves", disse Robert Khuzami, diretor da Divisão de Execução da SEC.
SEC acusa grandes empresas de auditoria de ocultar dados de empresas chinesas
Por AFP
Leia mais aqui, aqui e aqui
"Os materiais de auditoria estão sendo procurados como parte das investigações de nove empresas chinesas", disse a Comissão de Valores Mobiliários norte-americana. As cinco empresas acusadas são BDO China Dahua, Deloitte Touche Tohmatsu Certified Public Accountants, Ernst & Young Hua Ming, KPMG Huazhen e PricewaterhouseCoopers Zhong Tian.
Segundo a SEC, foram violadas as leis do Securities Exchange Act e a Lei Sarbanes-Oxley, que exige que empresas estrangeiras de contabilidade pública forneçam informações à SEC quando requeridas.
Investigadores da SEC têm tentado obter essas informações há meses, mas as auditorias têm se recusado a cooperar, diz o comunicado.
"As empresas que realizam auditorias sabendo que não pode cumprir com as leis que exigem o acesso a esses documentos devem enfrentar sanções graves", disse Robert Khuzami, diretor da Divisão de Execução da SEC.
SEC acusa grandes empresas de auditoria de ocultar dados de empresas chinesas
Por AFP
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03 dezembro 2012
HP
Os números referentes a aquisição da empresa Autonomy por parte da HP e a recente baixa contábil contam uma história interessante.
Quando a HP comprou a Autonomy, o valor de mercado da empresa era de 5,9 bilhões. A HP pagou 11 bilhões de dólares, um adicional de 5,1 bilhões. O valor contábil da empresa era de 2,1, indicando que o prêmio sobre o valor contábil pago pela HP foi de 8,9 bilhões. Logo após a aquisição, a HP perdeu 15 bilhões de dólares de valor de mercado. É bem verdade que parte da redução do valor de mercado deve-se a outros fatores, mas provavelmente a aquisição talvez tenha influenciado na penalização do mercado.
Na baixa contábil realizada recentemente o valor foi de 8,8 bilhões, sendo cinco bilhões referentes à perda de valor do negócio, em razão de “problemas contábeis”. Observe que este valor é muito próximo ao ágio pago pela HP em relação ao valor de mercado da empresa.
Coincidência?
Doação contábil
Geralmente o contador é visto como uma figura sem sentimentos, “neutro”, que não ajuda o próximo. A Accounting for International Development (AfID) mostra que isto não é verdadeiro. Fundada em 2009, esta entidade procura oferecer serviços profissionais para aqueles que não possuem experiência ou tempo.
Se um hospital faz um bom trabalho numa região pobre, é necessário informar, através de demonstrações financeiras adequadas ao doador, o seu trabalho. Além dos profissionais voltados para atividades fins, as entidades em fins lucrativos também necessitam de apoio na área financeira.
A AfID auxilia mais de 150 entidades, com 300 voluntários enviados a países pobres do mundo. A entidade recebe apoio de diversas organizações, inclusive empresas de auditoria como KPMG, E&Y, Deloitte, BDO, Grant Thornton, PwC, entre outras.
Leia mais aqui
Se um hospital faz um bom trabalho numa região pobre, é necessário informar, através de demonstrações financeiras adequadas ao doador, o seu trabalho. Além dos profissionais voltados para atividades fins, as entidades em fins lucrativos também necessitam de apoio na área financeira.
A AfID auxilia mais de 150 entidades, com 300 voluntários enviados a países pobres do mundo. A entidade recebe apoio de diversas organizações, inclusive empresas de auditoria como KPMG, E&Y, Deloitte, BDO, Grant Thornton, PwC, entre outras.
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Por que cai o investimento?
Autor: Armando Castelar |
Correio Braziliense - 28/11/2012 |
O pífio desempenho do PIB em 2012 reflete em parte o menor crescimento do consumo das famílias, que deve fechar o ano na faixa de 3%, contra 4% em 2011. Essa perda de dinamismo ocorreu a despeito da significativa alta na massa salarial real, de quase 6%, fruto de um mercado de trabalho cada vez mais apertado, sendo explicada provavelmente pela expansão mais lenta do crédito às famílias.
O principal destaque negativo do ano será, porém, a queda no investimento, que pode superar 3%, contra alta de 5% em 2011. Essa queda é tão mais notável quando se leva em conta os inúmeros benefícios que o governo vem dando às empresas que se dispõem a investir: depreciação acelerada, empréstimos do BNDES com juros reais negativos, isenções tributárias, proteção tarifária, além, claro, da redução de 5,25 pontos percentuais na Selic. O que explica o investimento cair dessa forma?
Não há uma única explicação, mas um conjunto de fatores. Primeiro, o agravamento do quadro econômico internacional, com o aprofundamento da crise europeia e suas repercussões sobre os EUA e a China. Em particular, os exportadores de commodities sofrem com a redução da demanda por seus produtos e quedas nos seus preços e é natural que adiem projetos de expansão da capacidade de produção.
Não obstante, a crise está longe de explicar tudo ou possivelmente a maior parte dessa retração. Basta ver que outros países latino-americanos, em geral ainda mais dependentes da exportação de commodities que o Brasil, estão investindo mais este ano do que em 2011: Chile, mais 9%; Peru, mais 5%; Colômbia, mais 3%; por exemplo.
Segundo, a indústria segue com desempenho bastante fraco, devendo apresentar contração na sua produção de 2,3% este ano. Com capacidade ociosa relativamente alta, faz pouco sentido para as empresas industriais investirem, especialmente com o encarecimento dos bens de capital importados, a partir da desvalorização do real. Além disso, com a alta dos salários e a queda da produtividade, o custo unitário do trabalho aumentou acima da inflação, comprimindo as margens do setor e reduzindo o retorno a ser obtido de novos investimentos.
Terceiro, o setor de construção residencial deu uma parada de arrumação, por conta da alta pronunciada nos custos, em especial de mão de obra, que reduziram as margens.[...]
Quarto, problemas de gestão e o combate à corrupção fizeram com que o volume de investimento público fique bem aquém do que poderia ser se todos os recursos disponíveis fossem utilizados. Recentemente, o ministro dos Transportes anunciou, por exemplo, que o investimento da pasta deve cair este ano cerca de 14% em termos reais.
Quinto, o uso das estatais como instrumento de combate à inflação está comprimindo suas margens de lucro e, consequentemente, sua capacidade de investimento. A Petrobras é o melhor exemplo, mas as Companhias Docas também sofrem com tarifas defasadas; e com a queda das taxas de eletricidade, a Eletrobras igualmente deve ter sua capacidade de investimento comprometida.
Sexto, aumentou a incerteza regulatória na economia, a partir de um número grande de medidas pontuais e temporárias de estímulos, proteção, isenções tributárias etc. Além disso, o governo está promovendo mudanças significativas na regulação da infraestrutura, o que também reduz o ímpeto investidor das empresas. Não surpreende, assim, que a taxa de investimento no setor este ano deva ficar abaixo de 2% do PIB pela primeira vez em mais de década e meia.
Não é claro que esse quadro vá mudar significativamente em 2013. O cenário externo tende a permanecer desfavorável; os problemas de gestão no setor público não devem se resolver com rapidez e o impacto das mudanças regulatórias ainda deve se fazer sentir ano que vem.
A possibilidade de recuperação fica centrada, portanto, na retomada da produção industrial, que poderia estimular a expansão de capacidade; no crescimento da construção residencial, a partir do equacionamento de custos e margens; e no avanço do programa de privatização de rodovias e ferrovias, que vem associado a compromissos de investimento.
Parece pouco, especialmente dada a meta de elevar a taxa de investimento dos 18,5% projetados para 2012 para o patamar de 23%, como deseja o governo. Para atingir essa meta será imprescindível melhorar o clima de investimento e corrigir as distorções que hoje limitam as inversões do governo e suas empresas.
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02 dezembro 2012
Frase
Se o objetivo da SEC é servir como defensor do investidor, não há muito para Ms Schapiro para se vangloriar.
The Economist - sobre o legado de Mary Schapiro na SEC (via Business Insider)
The Economist - sobre o legado de Mary Schapiro na SEC (via Business Insider)
Responsabilidade Fiscal no mundo
Trabalho do FMI sobre leis de responsabilidade fiscal no mundo:
Fiscal Rules Dataset
1985 - 2012
IMF Fiscal Affairs Department
November, 2012
What are Fiscal Rules? A fiscal rule imposes a long-lasting constraint on fiscal policy through numerical limits on budgetary aggregates. Fiscal rules typically aim at correcting distorted incentives and containing pressures to overspend, particularly in good times, so as to ensure fiscal responsibility and debt sustainability.
About this Dataset: It provides systematic information on the use and design of fiscal rules covering national and supranational fiscal rules in 81 countries from 1985 to end-March 2012. The dataset covers four types of rules: budget balance rules (BBR), debt rules (DR), expenditure rules (ER), and revenue rules (RR), applying to the central or general government or the public sector. It also presents details on various characteristics of rules, such as their legal basis, coverage, escape clauses, as well as enforcement procedures, and takes stock of key supporting features that are in place, including independent monitoring bodies and fiscal responsibility laws.
Artigo: Fiscal Rules in Response to the Crisis—Toward the “Next-Generation” Rules. A New Dataset
O mapa abaixo é interativo e pode ser acessado aqui.
Fiscal Rules Dataset
1985 - 2012
IMF Fiscal Affairs Department
November, 2012
What are Fiscal Rules? A fiscal rule imposes a long-lasting constraint on fiscal policy through numerical limits on budgetary aggregates. Fiscal rules typically aim at correcting distorted incentives and containing pressures to overspend, particularly in good times, so as to ensure fiscal responsibility and debt sustainability.
About this Dataset: It provides systematic information on the use and design of fiscal rules covering national and supranational fiscal rules in 81 countries from 1985 to end-March 2012. The dataset covers four types of rules: budget balance rules (BBR), debt rules (DR), expenditure rules (ER), and revenue rules (RR), applying to the central or general government or the public sector. It also presents details on various characteristics of rules, such as their legal basis, coverage, escape clauses, as well as enforcement procedures, and takes stock of key supporting features that are in place, including independent monitoring bodies and fiscal responsibility laws.
Artigo: Fiscal Rules in Response to the Crisis—Toward the “Next-Generation” Rules. A New Dataset
O mapa abaixo é interativo e pode ser acessado aqui.
Usando Finanças Comportamentais para investir
Como a Mint escolhe os papéis para entrar na carteira?
A ideia das finanças comportamentais é se aproveitar dos vieses de mercado criado por emoções humanas, irracionais, para entrar na contramão - por exemplo, hoje estamos ‘aplicados’ em bancos e energia. Nós duvidamos das convicções dos gestores. Não casamos com ações. Trabalhamos com um grupo de 20 ações, distribuídas igualmente, e reavaliamos as carteiras após as divulgações de resultados trimestrais, se for o caso. Tudo o que acontece entre um resultado e outro é boato, emoções. Mas é preciso ter visão de longo prazo. Estudos recentes mostram que nenhuma crise financeira, por pior que seja, dura mais do que quatro anos. Não acreditamos em previsão de futuro, olhamos passado e presente. O que nos interessa é o preço. O princípio é simples, difícil é transformar o princípio em processo. Hoje, o processo é maior do que os gestores. Aplicamos a filosofia com muito rigor desde 2009. Fazemos uma alocação que pode ser chamada de anticrise. Vamos na direção oposta à manada.O segredo é separar as empresas puro-sangue das pangarés.
(Texto completo aqui)
01 dezembro 2012
Nova Campeã de Xadrez
Terminou hoje o torneio que apontaria a campeã mundial de xadrez. Anteriormente postamos sobre o efeito do nervosismo no desempenho das jogadoras: num dos jogos, entre Stefanova e Sebag, 10% das jogadas eram fracas. A mesma Stefanova chegou a final contra a ucraniana Ana Ushenina e perdeu no desempate - duas partidas rápidas.
O sistema de disputa foi o "mata-mata": quem perdia estava fora da disputa. Isto eliminou a ex-campeã, a jovem chinesa Hou Yifan, e a melhor no rating, a indiana Koneru Humpy, ambas na segunda rodada. A campeã é somente 37a. no rating de melhores jogadoras de xadrez, com 2452 pontos. Não é sequer a melhor jogadora da Ucrânia (é a terceira).
Anna é a 16a. campeã do mundo, a primeira da Ucrânia (segunda, se considerar Lyudmila Rudenko, campeã pela antiga URSS).
O sistema de disputa foi o "mata-mata": quem perdia estava fora da disputa. Isto eliminou a ex-campeã, a jovem chinesa Hou Yifan, e a melhor no rating, a indiana Koneru Humpy, ambas na segunda rodada. A campeã é somente 37a. no rating de melhores jogadoras de xadrez, com 2452 pontos. Não é sequer a melhor jogadora da Ucrânia (é a terceira).
Anna é a 16a. campeã do mundo, a primeira da Ucrânia (segunda, se considerar Lyudmila Rudenko, campeã pela antiga URSS).
Teste da Semana
Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão nos comentários.
1 – Esta atriz, com dívidas com o fisco, recebeu uma ajuda de 100 mil dólares do ator Martin Sheen:
Jamie Lee Curtis
Jennifer Lopez
Lindsay Lohan
2 – As empresas multinacionais que possuem ações negociadas na bolsa dos Estados Unidos podem apresentar a contabilidade pelas normas do Iasb. Entretanto, destas mil empresas, mais de ____ usam as normas dos Estados Unidos
Cem
Duzentas
Quinhentas
3 – A empresa Autonomy, que foi adquirida no passado pela HP e é a principal causa do resultado negativo, pagou em 2010, para Deloitte,
1,2 milhão em auditoria
1,5 milhão em consultoria
2,7 milhões de dólares no total
4 – O regulador inglês multou o banco UBS em 29,7 milhões de libras por falhas:
Na ausência de um conselho administrativo
Na evidenciação contábil
Nos controles internos
5 – Uma das consequências dos problemas contábeis da HP foi
A destituição da CEO responsável pela aquisição da Autonomy
O rebaixamento da nota dos títulos de crédito de longo prazo
Uma multa do imposto de renda dos EUA
6 – A crise das empresas estatais está tão séria que
A margem líquida teve o pior desempenho em vinte anos
O índice P/L é de 20
O valor patrimonial é maior que o valor de mercado
7 – A meta atuarial irá diminuir dos 6% para 4,5%. Isto tende a
Aumentar o passivo das empresas com fundos de pensão
Diminuir o passivo das empresas com fundos de pensão
Só irá alterar a contabilidade dos fundos de pensão
8 – Numa pesquisa realizada pela PwC, ____ discordaram da afirmativa que não faz diferença se o balanço era auditado ou não.
67%
75%
80%
9 – As autoridades bancárias deste país estão questionando seriamente a adoção das normas internacionais e suas consequências sobre os balanços das instituições financeiras:
Espanha
França
Inglaterra
10 – Discutimos no blog muitas vezes sobre a padronização. Nesta semana algo inusitado: a padronização
Do gabarito das provas da Unesp
Dos pareceres dos tribunais de contas
Dos relatórios de administração
1 – Esta atriz, com dívidas com o fisco, recebeu uma ajuda de 100 mil dólares do ator Martin Sheen:
Jamie Lee Curtis
Jennifer Lopez
Lindsay Lohan
2 – As empresas multinacionais que possuem ações negociadas na bolsa dos Estados Unidos podem apresentar a contabilidade pelas normas do Iasb. Entretanto, destas mil empresas, mais de ____ usam as normas dos Estados Unidos
Cem
Duzentas
Quinhentas
3 – A empresa Autonomy, que foi adquirida no passado pela HP e é a principal causa do resultado negativo, pagou em 2010, para Deloitte,
1,2 milhão em auditoria
1,5 milhão em consultoria
2,7 milhões de dólares no total
4 – O regulador inglês multou o banco UBS em 29,7 milhões de libras por falhas:
Na ausência de um conselho administrativo
Na evidenciação contábil
Nos controles internos
5 – Uma das consequências dos problemas contábeis da HP foi
A destituição da CEO responsável pela aquisição da Autonomy
O rebaixamento da nota dos títulos de crédito de longo prazo
Uma multa do imposto de renda dos EUA
6 – A crise das empresas estatais está tão séria que
A margem líquida teve o pior desempenho em vinte anos
O índice P/L é de 20
O valor patrimonial é maior que o valor de mercado
7 – A meta atuarial irá diminuir dos 6% para 4,5%. Isto tende a
Aumentar o passivo das empresas com fundos de pensão
Diminuir o passivo das empresas com fundos de pensão
Só irá alterar a contabilidade dos fundos de pensão
8 – Numa pesquisa realizada pela PwC, ____ discordaram da afirmativa que não faz diferença se o balanço era auditado ou não.
67%
75%
80%
9 – As autoridades bancárias deste país estão questionando seriamente a adoção das normas internacionais e suas consequências sobre os balanços das instituições financeiras:
Espanha
França
Inglaterra
10 – Discutimos no blog muitas vezes sobre a padronização. Nesta semana algo inusitado: a padronização
Do gabarito das provas da Unesp
Dos pareceres dos tribunais de contas
Dos relatórios de administração
Fato da Semana
Fato: A saída de Mary Schapiro da SEC e a entrada de Elisse Walter no seu lugar.
Qual a relevância disto? A SEC é a entidade que endossa os padrões contábeis produzidos pelo Fasb nos Estados Unidos. Em última instância, cabe a SEC dar a última palavra sobre a contabilidade no maior mercado de capitais do mundo.
A troca aparentemente não altera muito a política da SEC para área contábil por dois motivos: a) no passado Walter seguiu Schapiro nas decisões na SEC, o que significa que a troca preserva a continuidade das decisões na agência; b) o mandato de Walter pode ser curto, uma vez que até o final de 2013 deverá ser sabatinada pelo Senado dos Estados Unidos. Além disto, a SEC possui um orçamento de 1,3 bilhão de dólar, muito pouco para a quantidade de entidades que deve fiscalizar.
Entretanto a presidência da SEC poderá tomar decisões importantes referente a continuidade ou não do processo de convergência com as normas internacionais de contabilidade. Walter, há anos, informou que apoiava a adoção das IFRS nos Estados Unidos.
Positivo ou negativo? Em razão da aparente continuidade, fica tudo como está. Quem gostava da postura de Schapiro, a substituição por Walter será a manutenção das suas políticas.
Desdobramentos – A decisão de Obama talvez implique na não decisão pela convergência até final de 2013. Entretanto, pode ser que Walter tenha uma postura mais independente agora que virou chefe.
Qual a relevância disto? A SEC é a entidade que endossa os padrões contábeis produzidos pelo Fasb nos Estados Unidos. Em última instância, cabe a SEC dar a última palavra sobre a contabilidade no maior mercado de capitais do mundo.
A troca aparentemente não altera muito a política da SEC para área contábil por dois motivos: a) no passado Walter seguiu Schapiro nas decisões na SEC, o que significa que a troca preserva a continuidade das decisões na agência; b) o mandato de Walter pode ser curto, uma vez que até o final de 2013 deverá ser sabatinada pelo Senado dos Estados Unidos. Além disto, a SEC possui um orçamento de 1,3 bilhão de dólar, muito pouco para a quantidade de entidades que deve fiscalizar.
Entretanto a presidência da SEC poderá tomar decisões importantes referente a continuidade ou não do processo de convergência com as normas internacionais de contabilidade. Walter, há anos, informou que apoiava a adoção das IFRS nos Estados Unidos.
Positivo ou negativo? Em razão da aparente continuidade, fica tudo como está. Quem gostava da postura de Schapiro, a substituição por Walter será a manutenção das suas políticas.
Desdobramentos – A decisão de Obama talvez implique na não decisão pela convergência até final de 2013. Entretanto, pode ser que Walter tenha uma postura mais independente agora que virou chefe.
Próxima HP
Segundo Jonathan Weil, a próxima empresa que irá efetuar uma grande baixa contábil poderá ser a Xerox. No começo de 2007 a empresa tinha uma valor de mercado de 16 bilhões de dólares. Desde então, comprou 41 empresas por 9 bilhões. Mas o valor de mercado da empresa hoje é de 8,6 bilhões.
Mas não são as únicas, segundo Weil: Telecom Italia, Fiat, Nasdaq e Credit Agricole também possuem o mesmo problema.
Mas não são as únicas, segundo Weil: Telecom Italia, Fiat, Nasdaq e Credit Agricole também possuem o mesmo problema.
John Coltrane
Ouça a performance e evoloução de John Coltrane durante os anos 1960,1961,1965,em turnês na Alemanha (60 e 61) e Bélgica(65). Coltrane foi um dos melhores saxofonistas e ícone da história do jazz. Ele tocava sax soprano, alto, tenor e clarineta baixa. São gravações históricas de excelente qualidade, quase duas horas de música de excelente qualidade.
Aumenta a demanda por auditores
O número de empresas no Brasil contratando auditores para investigar suspeitas de fraude e corrupção aumentou. Somente a Pricewater- houseCoopers (PwC) atendeu 100 companhias de julho de 2011 a setembro deste ano. É quase o dobro do número de casos registrados nos 15 meses anteriores a esse período. A KPMG, outra grande firma que opera na área de prevenção e investigação, registrou um crescimento de 30% na procura por seus auditores entre os meses de janeiro e setembro em relação a todo o ano passado. São casos de fraudes internas para beneficiar um grupo de profissionais, de roubos de ativos ou de corrupção envolvendo funcionários e agentes públicos.
Tradicionalmente, os grandes clientes desse tipo de serviço são as multinacionais, que têm de fornecer relatórios à matriz por causa de exigências legais no país de origem. Nos Estados Unidos, no mês passado, uma reportagem do jornal The Wall Street Journal mostrou que três múltis gastaram juntas um total de 456 milhões de dólares com escritórios de auditoria para investigar e fortalecer seus controles internos na esperança de conseguir penalidades mais leves, ou mesmo escapar de sentenças judiciais severas. A Avon, sob alegação de que empregados pagavam propinas na China; a Weatherford, de óleo e gás, sob suspeita de violação das leis de exportação na Europa, Iraque e África; e a rede varejista Walmart, depois de ter sua subsidiária no México denunciada por prática de suborno de autoridades públicas para conseguir crescer rapidamente no país.
No Brasil, o desfecho dessas investigações muitas vezes é mantido em sigilo. Os envolvidos são demitidos e o caso é abafado, embora existam exemplos recentes noticiados pela imprensa. “O trabalho que fazemos é muito factual. Levantamos evidências para alguém da empresa julgar, demitir ou afastar os envolvidos. São provas que também podem ser usadas na Justiça, se necessário”, diz José Francisco Compagno, sócio e líder de investigação de fraudes da consultoria Ernst & Young Terco (EY&T). Atualmente, José Francisco lidera uma equipe de 50 pessoas. Em 2005, ela tinha apenas cinco profissionais. No ano passado, a EY&T atendeu 70 empresas, quase metade delas brasileiras. Por causa do crescimento na demanda, o time de auditores da PwC, especializados nessa atividade, aumentou de três para 32 nos últimos três anos. Na KPMG, foram contratados cinco auditores este ano — a equipe tem atualmente 30.
Segundo Leonardo Lopes, diretor da área de investigação da PwC, em 90% dos casos a existência de corrupção é comprovada. “Apesar de a maioria das suspeitas de fraudes se confirmar, acredito que a quantidade dessas descobertas nem se alterou tanto assim. O que mudou mesmo foi a consciência dos acionistas e dos gestores, principalmente aqueles de companhias brasileiras, que estão mais atentos aos deslizes dos empregados”, diz Humberto Salicetti, sócio e líder da área de investigação da KMPG. Os casos mais comuns estão em empresas dos setores farmacêutico, de telecomunicações, construção civil, infraestrutura e financeiro. Normalmente, basta uma suspeita ou uma denúncia anônima para ativar o alerta das companhias e acionar uma investigação interna, que pode custar de 20 000 reais, para um caso simples que dure até duas semanas, a 1 milhão de reais ou mais, para casos mais complexos de até um ano de investigação.
Lei brasileira
Como se vê, esse mercado de investigação tem crescido no Brasil e no mundo, dando também mais oportunidade de trabalho a profissionais com diversas formações, principalmente advogados, financistas e engenheiros que lidam com processos internos e normas. Se depender do Projeto de Lei 6 826/10, de autoria da Presidência da República, que tramita na Câmara dos Deputados, a preocupação das companhias por aqui de serem pegas com suspeita de fraude e atos de corrupção vai aumentar e os serviços de auditorias investigativas também. As firmas que ainda não têm profissionais internos na área responsável por fazer cumprir as normas de conduta, terão de contratar, avaliam os especialistas.
O projeto, que está sob análise de uma comissão especial na Câmara, responsabiliza administrativa e civilmente as empresas e seus profissionais por atos praticados por qualquer agente ou órgão que as represente contra a administração pública (nacional ou estrangeira), com punições severas, como multas de 0,1% a 20% do faturamento bruto anual até a suspensão temporária ou dissolução da companhia. Hoje, apenas pessoas físicas são punidas. “Isso reduzirá muito os casos de corrupção, pois não vai adiantar apenas afastar o funcionário, como as empresas estão acostumadas a fazer nesses casos. Elas vão ser responsabilizadas de qualquer forma”, diz o relator do projeto, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP). Se aprovado pela comissão, o projeto segue direto para avaliação do Senado.
Entretanto, um movimento endossado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) trabalha para que ele seja revisto e votado pelo plenário da Câmara antes disso. Se acontecer, a previsão é de que o projeto não vire lei por mais um ano. “Questionamos a falta de defesa por parte da empresa, que o projeto ignora impondo uma culpa presumida”, diz Sérgio Campinho, advogado da CNI. O projeto de lei é uma resposta do Brasil à convenção anticorrupção da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 1997. Dos 33 países signatários, o Brasil é um dos três, ao lado da Argentina e Irlanda, que ainda não têm legislação sobre o assunto. O projeto brasileiro se espelha na americana FCPA e na inglesa UK Bribery - leis estrangeiras que punem delitos de fraude corporativa.
O número de empresas com códigos rígidos ainda é pequeno. Das 1 400 companhias associadas ao Instituto Ethos, pouco mais de 200 assinaram um pacto para a instalação de códigos de ética e condutas. “Um código é um início importante. Passa a mensagem para aprofundar o assunto, depois qualificar e treinar os funcionários para esse risco, atuando também na cadeia que lhe presta serviço”, diz Jorge Abrahão, presidente do Instituto Ethos.
Se já está demonstrado que a corrupção não é um fenômeno restrito ao Brasil, e que os avanços das relações internacionais e a intensificação da globalização elevaram o risco de fraude, identificar situações de atos suspeitos é primordial para um profissional que não quer se envolver e arriscar sua carreira. Manter as conversas estritamente profissionais nas negociações, principalmente nas relações com o poder público, é uma maneira de se defender.
Esquadrão antifraude - 30 de Novembro de 2012 - Revista Você S/A - LUIZ DE FRANÇA
Tradicionalmente, os grandes clientes desse tipo de serviço são as multinacionais, que têm de fornecer relatórios à matriz por causa de exigências legais no país de origem. Nos Estados Unidos, no mês passado, uma reportagem do jornal The Wall Street Journal mostrou que três múltis gastaram juntas um total de 456 milhões de dólares com escritórios de auditoria para investigar e fortalecer seus controles internos na esperança de conseguir penalidades mais leves, ou mesmo escapar de sentenças judiciais severas. A Avon, sob alegação de que empregados pagavam propinas na China; a Weatherford, de óleo e gás, sob suspeita de violação das leis de exportação na Europa, Iraque e África; e a rede varejista Walmart, depois de ter sua subsidiária no México denunciada por prática de suborno de autoridades públicas para conseguir crescer rapidamente no país.
No Brasil, o desfecho dessas investigações muitas vezes é mantido em sigilo. Os envolvidos são demitidos e o caso é abafado, embora existam exemplos recentes noticiados pela imprensa. “O trabalho que fazemos é muito factual. Levantamos evidências para alguém da empresa julgar, demitir ou afastar os envolvidos. São provas que também podem ser usadas na Justiça, se necessário”, diz José Francisco Compagno, sócio e líder de investigação de fraudes da consultoria Ernst & Young Terco (EY&T). Atualmente, José Francisco lidera uma equipe de 50 pessoas. Em 2005, ela tinha apenas cinco profissionais. No ano passado, a EY&T atendeu 70 empresas, quase metade delas brasileiras. Por causa do crescimento na demanda, o time de auditores da PwC, especializados nessa atividade, aumentou de três para 32 nos últimos três anos. Na KPMG, foram contratados cinco auditores este ano — a equipe tem atualmente 30.
Segundo Leonardo Lopes, diretor da área de investigação da PwC, em 90% dos casos a existência de corrupção é comprovada. “Apesar de a maioria das suspeitas de fraudes se confirmar, acredito que a quantidade dessas descobertas nem se alterou tanto assim. O que mudou mesmo foi a consciência dos acionistas e dos gestores, principalmente aqueles de companhias brasileiras, que estão mais atentos aos deslizes dos empregados”, diz Humberto Salicetti, sócio e líder da área de investigação da KMPG. Os casos mais comuns estão em empresas dos setores farmacêutico, de telecomunicações, construção civil, infraestrutura e financeiro. Normalmente, basta uma suspeita ou uma denúncia anônima para ativar o alerta das companhias e acionar uma investigação interna, que pode custar de 20 000 reais, para um caso simples que dure até duas semanas, a 1 milhão de reais ou mais, para casos mais complexos de até um ano de investigação.
Lei brasileira
Como se vê, esse mercado de investigação tem crescido no Brasil e no mundo, dando também mais oportunidade de trabalho a profissionais com diversas formações, principalmente advogados, financistas e engenheiros que lidam com processos internos e normas. Se depender do Projeto de Lei 6 826/10, de autoria da Presidência da República, que tramita na Câmara dos Deputados, a preocupação das companhias por aqui de serem pegas com suspeita de fraude e atos de corrupção vai aumentar e os serviços de auditorias investigativas também. As firmas que ainda não têm profissionais internos na área responsável por fazer cumprir as normas de conduta, terão de contratar, avaliam os especialistas.
O projeto, que está sob análise de uma comissão especial na Câmara, responsabiliza administrativa e civilmente as empresas e seus profissionais por atos praticados por qualquer agente ou órgão que as represente contra a administração pública (nacional ou estrangeira), com punições severas, como multas de 0,1% a 20% do faturamento bruto anual até a suspensão temporária ou dissolução da companhia. Hoje, apenas pessoas físicas são punidas. “Isso reduzirá muito os casos de corrupção, pois não vai adiantar apenas afastar o funcionário, como as empresas estão acostumadas a fazer nesses casos. Elas vão ser responsabilizadas de qualquer forma”, diz o relator do projeto, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP). Se aprovado pela comissão, o projeto segue direto para avaliação do Senado.
Entretanto, um movimento endossado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) trabalha para que ele seja revisto e votado pelo plenário da Câmara antes disso. Se acontecer, a previsão é de que o projeto não vire lei por mais um ano. “Questionamos a falta de defesa por parte da empresa, que o projeto ignora impondo uma culpa presumida”, diz Sérgio Campinho, advogado da CNI. O projeto de lei é uma resposta do Brasil à convenção anticorrupção da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 1997. Dos 33 países signatários, o Brasil é um dos três, ao lado da Argentina e Irlanda, que ainda não têm legislação sobre o assunto. O projeto brasileiro se espelha na americana FCPA e na inglesa UK Bribery - leis estrangeiras que punem delitos de fraude corporativa.
O número de empresas com códigos rígidos ainda é pequeno. Das 1 400 companhias associadas ao Instituto Ethos, pouco mais de 200 assinaram um pacto para a instalação de códigos de ética e condutas. “Um código é um início importante. Passa a mensagem para aprofundar o assunto, depois qualificar e treinar os funcionários para esse risco, atuando também na cadeia que lhe presta serviço”, diz Jorge Abrahão, presidente do Instituto Ethos.
Se já está demonstrado que a corrupção não é um fenômeno restrito ao Brasil, e que os avanços das relações internacionais e a intensificação da globalização elevaram o risco de fraude, identificar situações de atos suspeitos é primordial para um profissional que não quer se envolver e arriscar sua carreira. Manter as conversas estritamente profissionais nas negociações, principalmente nas relações com o poder público, é uma maneira de se defender.
Esquadrão antifraude - 30 de Novembro de 2012 - Revista Você S/A - LUIZ DE FRANÇA
Banco da Inglaterra
O Banco da Inglaterra quer que as instituições bancárias do Reino Unido façam uma avaliação mais adequada das perdas ocultas existente nos balanços, informou o The Guardian. A declaração implica em dizer que os balanços dos bancos daquele país não estão adequados.
Uma das preocupações, segundo o Guardian, é a norma internacional de contabilidade.
As regras contábeis atuais [leia-se IFRS] não permitem aos bancos tomar atitudes para as estimativas de perdas futuras, apenas para as perdas que podem ser prever com precisão. (Bank of England fears that financial system needs more capital - 30 de Novembro de 2012 - The Guardian - Jill Treanor and Larry Elliott)
Uma das preocupações, segundo o Guardian, é a norma internacional de contabilidade.
As regras contábeis atuais [leia-se IFRS] não permitem aos bancos tomar atitudes para as estimativas de perdas futuras, apenas para as perdas que podem ser prever com precisão. (Bank of England fears that financial system needs more capital - 30 de Novembro de 2012 - The Guardian - Jill Treanor and Larry Elliott)
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