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21 outubro 2025

Quando Segurança Vira Receita: O Caso do Canal de Suez


Eis aqui um exemplo de como o gasto em segurança pode ter efeitos diretos sobre as finanças públicas — e estamos falando especificamente das receitas. Normalmente associamos esse tipo de gasto apenas à despesa, uma saída de caixa que reduz os recursos disponíveis para outras atividades. Entretanto, a segurança pública pode também se revelar uma importante fonte de receita.

O Canal de Suez foi criado para encurtar a rota comercial entre países, servindo como um atalho para navios que iam da Europa para a Ásia e vice-versa. Sua construção foi épica e trouxe enormes benefícios ao comércio mundial. A alternativa disponível até hoje é contornar o continente africano, o que implica uma viagem mais longa e custosa.

Cada navio que cruza o canal paga uma taxa pelo seu uso. Essa cobrança se tornou uma relevante fonte de recursos — no passado para a empresa responsável pela obra e, nas últimas décadas, para o governo do Egito. Contudo, tensões regionais recentes aumentaram os riscos de utilizar o canal. A guerra em Gaza e os problemas no Golfo de Adem, incluindo ataques de piratas e terroristas, reduziram substancialmente a quantidade de navios que o atravessam. Segundo autoridades egípcias, antes, em média, 72 navios de grande porte passavam pelo canal diariamente; hoje esse número caiu para cerca de um terço, entre 25 e 30.

A menor movimentação implica queda na arrecadação das taxas de passagem, afetando diretamente as receitas do governo egípcio. Estima-se que as perdas tenham alcançado nove bilhões de dólares em apenas um ano devido à insegurança no Mar Vermelho. É claro que o aumento de custos também atinge o consumidor final dos produtos transportados, mas, para este, há alternativas possíveis. Já para o governo do Egito, a redução do tráfego no canal representa uma perda praticamente insubstituível.

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