A pressão sobre as empresas em relação à questão ambiental nos últimos anos tem trazido desafios interessantes para a contabilidade, especialmente no que diz respeito às demonstrações financeiras.
Muitas organizações precisam justificar que não são “inimigas” do meio ambiente. Politicamente, isso as coloca em uma posição menos vulnerável diante de reguladores e investidores. No caso das empresas de tecnologia, com pesados investimentos em computação e energia, o dilema é evidente: possuem produtos desejados pelo público, mas precisam demonstrar que sua atividade não causa danos ambientais.
Uma estratégia encontrada tem sido o uso da técnica conhecida como BECCS (bioenergia com captura e armazenamento de carbono) para compensar emissões. Nesse modelo, o saldo climático se torna mais favorável, já que as companhias “adquirem” desempenho ambiental positivo. Funciona assim: diversas indústrias, como fábricas de celulose e usinas de biomassa, geram resíduos ricos em carbono que, ao invés de serem queimados, podem passar por sistemas de captura que impedem a liberação de CO₂ na atmosfera.
Assim, os investimentos das empresas de tecnologia nesses projetos aparecem como ações ambientais positivas: ajudam a reduzir emissões por meio dessa decisão.
No entanto, alguns desses resíduos já possuem usos alternativos e a captura pode estimular práticas nocivas, como o corte excessivo de florestas. Embora o BECCS possa oferecer benefícios climáticos, também levanta questões sérias sobre incentivos perversos, a integridade das alegações corporativas e os impactos ambientais associados ao aumento da demanda por biomassa — aspectos que muitas vezes não se refletem na contabilidade ambiental.

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