Páginas

14 setembro 2025

Escravos no século XIX


Em agosto de 1833, os britânicos aprovaram uma legislação que aboliu a escravidão no Império Britânico, colocando mais de 800 mil africanos escravizados no caminho da liberdade. Para viabilizar isso, o governo britânico pagou uma soma enorme — £20 milhões, ou cerca de 5% do PIB da época — para compensar/subornar os proprietários de escravos a aceitarem o acordo. Em termos ajustados pela inflação, isso corresponde a cerca de £2,5 bilhões hoje (2025), mas, em proporção ao PIB, os britânicos gastaram o equivalente a cerca de $170 bilhões para libertar os escravizados — uma despesa muito elevada.

De fato, a despesa foi tão grande que o dinheiro foi tomado emprestado e os pagamentos finais dessa dívida só foram feitos em 2015. (...) Claro, em um mundo ideal, a compensação teria sido paga aos escravizados, não aos proprietários de escravos. Todo homem tem propriedade sobre a própria pessoa, e foram os escravizados que tiveram sua propriedade roubada. Em um mundo ideal, porém, a escravidão jamais teria acontecido. Assim, a questão enfrentada pelos abolicionistas britânicos não é o que acontece em um mundo ideal, mas como sair de onde estávamos para chegar a um mundo melhor. Compensar os proprietários de escravos foi a única forma prática e pacífica de alcançar um mundo melhor. 

O grande impacto ocorreu quando o Brasil, o maior mercado remanescente de trabalho escravizado (em meados do século XIX, quase 80% das viagens transatlânticas de escravos navegavam sob bandeiras brasileira ou portuguesa), promulgou sua lei contra o tráfico de escravos em 1850. A campanha britânica, porém, também influenciou o lado da demanda: a aprovação do Aberdeen Act, em 1845, permitiu à Royal Navy apreender navios negreiros brasileiros, o que pressionou o Brasil e ajudou a impulsionar a lei de 1850. (fonte: aqui)

No Brasil, o governo compensou os "proprietários" de escravos também como uma forma de obtenção de um apoio pacífico desse grupo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário