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24 junho 2025

Tráfico de escravos, marinha real e ideologia


Durante grande parte do século XIX, a Grã-Bretanha lutou para suprimir o tráfico transatlântico de escravos, enviando navios da Marinha Real para interceptar negreiros ao longo da costa africana. Ao digitalizar dados de arquivos históricos, mostramos que essa campanha de repressão começou de forma modesta, mas foi ganhando força ao longo do tempo, chegando a envolver mais de 14% da frota da Marinha. Explorando a distância entre as rotas dos navios negreiros e as bases britânicas, bem como o momento em que essas bases foram estabelecidas, constatamos que a campanha aumentou a probabilidade de captura dos negreiros, mas não conseguiu interromper o tráfico de escravos como um todo. Na verdade, as mudanças na demanda por escravos desempenharam um papel mais relevante no fim do tráfico. Por fim, fornecemos evidências sugestivas de que a Grã-Bretanha manteve sua custosa campanha naval por motivos ideológicos. 

O papel da campanha foi importante, conforme destacam os autores em um determinado trecho:

Para esclarecer o papel dos fatores do lado da demanda, exploramos uma mudança significativa de política em um dos principais destinos do tráfico negreiro: a promulgação da Lei Eusébio de Queiroz pelo Brasil, em 1850, que proibiu o tráfico de escravos com outras nações. Ao comparar o Brasil com outros países, observamos uma queda acentuada nas viagens de tráfico destinadas ao primeiro após a entrada em vigor da nova lei. Portanto, os fatores do lado da demanda foram cruciais para o fim do tráfico de escravos. No entanto, isso não significa que o trabalho da Marinha Real no lado da oferta tenha sido em vão. A mudança de política do Brasil pode ser atribuída, em parte, aos ataques da Marinha Real contra os negreiros brasileiros, uma ação que aumentou a pressão sobre o país para encerrar seu comércio de escravos. 

O artigo original está aqui. O resumo foi obtido inicialmente aqui . Imagem aqui

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