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07 novembro 2006

Bradesco

O lucro anunciado do Bradesco sofreu com a amortização do ágio, realizado integralmente neste período. Isto também foi feito pelo Itaú. Entretanto, a distribuição dos dividendos terá como base um lucro maior. Seria esta amortização interessante? A reportagem a seguir, do Estado de hoje, diz que sim.

Com aquisições, lucro do Bradesco cai para R$ 3,35 bi

Sem efeito das amortizações, lucro de janeiro a julho ultrapassou R$ 5 bilhões, 24% maior que o de 2005

Renée Pereira

O lucro líquido do Bradesco, maior banco privado do País, atingiu R$ 3,35 bilhões entre janeiro e setembro deste ano, resultado 17,27% inferior ao de igual período do ano passado. A redução, a exemplo do que ocorreu com o Itaú (que lucrou R$ 3 bilhões), foi provocada pela amortização integral do ágio referente a aquisições feitas no passado, como American Express (Amex) e Banco do Estado do Ceará (BEC). O retorno sobre o patrimônio ficou em 22%.

Sem o efeito das amortizações, o lucro do banco ultrapassou os R$ 5 bilhões, valor 24% superior ao do mesmo período de 2005. 'O resultado veio dentro das expectativas do mercado e foi considerado bastante satisfatório', disse o analista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho. Com o anúncio do balanço, as ações preferenciais valorizaram 2,25% e as ordinárias, 1,65%. A amortização integral de ágio dá mais transparência aos números dos bancos.

O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, informou que a distribuição de dividendos será feita com base no valor de R$ 4,74 bilhões. Esse é o lucro líquido ajustado, com amortização do primeiro semestre. O executivo destacou ainda que 67% do ganho veio da atividade bancária e 33%, de seguros.

A carteira de crédito, incluindo avais e fianças, mais uma vez foi um dos destaques do balanço, com um avanço de 27,8%, somando R$ 110,30 bilhões. Entre essas operações, o maior crescimento, de 27%, foi detectado no portfólio para pessoa física, especialmente nas linhas de crédito pessoal e veículos. Na modalidade cartão de crédito, houve um salto na carteira de 76,6%, explicado pela aquisição da Amex, explicou Cypriano.

Na carteira para pessoa jurídica, os empréstimos para pequenas e médias empresas aumentaram 25,6%. Já a demanda das grandes empresas atingiu 13,1%, porcentual explicado pelo acesso à modalidades de financiamento no mercado de capitais, observa Cypriano. 'O crédito veio em linha com nossa expectativa de crescer entre 22% e 25% este ano. Para 2007, a previsão é de avanço de 20%.'

Ele destacou ainda que o crédito consignado com carteira adquirida - por meio de parcerias com bancos médios - cresceu bem menos que a carteira com recursos próprios - 7,5% ante 84,7%. 'Hoje esses bancos médios estão encontrando outras formas de se financiarem e não precisam tanto das parcerias com grandes bancos como no passado', explica Cypriano.

Em relação à inadimplência, o índice médio dos atrasos acima de 59 dias atingiu 4,2% em setembro, ante 3,1% em igual período do ano passado. O presidente do banco explicou que esse aumento é resultado do novo mix da carteira de crédito, com maior participação dos empréstimos para pessoa física. Nessas linhas, o risco é maior, mas o retorno compensa, já que os juros são extremamente elevados.

Por causa do aumento da inadimplência e do crescimento da carteira de crédito, o Bradesco elevou em 83% as despesas com Provisão para Devedores Duvidosos, de R$ 1,74 bilhões para R$ 3,22 bilhões. O valor excede em R$ 79 milhões o exigido pelo Banco Central (BC). A notícia positiva, segundo Cypriano, é que a inadimplência se estabilizou em agosto e já apresenta algum recuo.

O executivo também se mostrou otimista em relação ao crédito imobiliário. Ele afirmou que até setembro o volume de financiamento já tinha atingido R$ 1,6 bilhão, esbarrando na meta de R$ 2 bilhões estabelecida para o ano. 'Devemos chegar a esse valor até o fim de novembro.' Cerca de 83% dos empréstimos foram para construtoras e 17%, consumidor final.

Outra conta que teve resultado bastante positivo foi a receita de prestação de serviço, que subiu 21,3%, para R$ 6,47 bilhões. Neste ano, esse faturamento respondeu por 26% do resultado. Os ativos totais somaram R$ 243 bilhões e o patrimônio líquido, R$ 21,77 bilhões.

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