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14 abril 2025

Mapas

Quatro mapas interessantes, da comunidade Maporn do Reddit, que dizem muito sobre o mundo atual. O primeiro é a perda de floresta, entre 1620 a 1920, nos Estados Unidos.  

O segundo é a representação da perda de população por conta da emigração. Veja que o Brasil é um dos destaques. 
O terceiro é o tamanho real de cada país no mapa Mercator. Nós comentamos sobre isso em uma postagem nessa semana. 
Finalmente, os dez maiores países de origem dos artefatos do Museu Britânico. Muitos dos artefatos foram obtidos de maneira ilegal. (Atenção; o número do Egito tem um erro de digitação). Mas não deixa de ser um mapa das maiores civilizações da história da humanidade. 

Rir é o melhor remédio


 Hagar e a tributação. Da página do Instagram

13 abril 2025

Grandes nomes da história da contabilidade dos Estados Unidos: Paton


William Andrew Paton (1889-1991) foi um renomado teórico da contabilidade financeira e um autor prolífico, que passou a maior parte de sua carreira na Universidade de Michigan como professor de contabilidade e economia. Juntamente com A.C. Littleton, foi coautor do clássico An Introduction to Corporate Accounting Standards (1940). Paton também escreveu Accounting Theory: With Special Reference to the Corporate Enterprise (1922) — essencialmente sua tese de doutorado em economia de 1917 —, além de diversos livros didáticos (do nível introdutório ao avançado), outros livros e mais de 100 artigos.

Recebeu inúmeros reconhecimentos, incluindo o prêmio de Educador Contábil do Século e a Medalha de Ouro do American Institute of Certified Public Accountants (AICPA) em 1944 (sendo o primeiro acadêmico a receber tal honra), além de ter sido o primeiro acadêmico incluído no Accounting Hall of Fame. Foi um dos fundadores e o primeiro editor, em 1926, da revista Accounting Review. Paton também integrou o Committee on Accounting Procedure de 1939 a 1950.

Ainda como estudante de graduação na Universidade de Michigan (onde também obteve os títulos de mestre e doutor), Paton foi estimulado a aprofundar-se em contabilidade por meio de obras escritas por Charles Ezra Sprague e Henry Rand Hatfield — ambos teóricos pioneiros da contabilidade nos EUA, com atuação entre 1880 e início do século XX (no caso de Sprague) e entre início e meados do século XX (no caso de Hatfield).

Ao longo de sua carreira, Paton abordou diversos temas. Defendia a importância do poder de lucro (earning power), dos custos de reposição, do princípio da correspondência (matching), da demonstração de resultado em etapa única (single-step income statement), da teoria da entidade (entity theory) e, de forma mais ampla, do capitalismo e do pensamento claro. Em relação a este último, Paton analisava os temas de forma completa, sem omitir ou minimizar pontos de vista contrários, mas enfrentando-os diretamente.

Para Paton, o "fato empresarial fundamental" era o poder de lucro. Embora este pudesse ser medido de várias formas, ele preferia a relação entre o lucro líquido somado às despesas com juros e o total de ativos. Para que essa relação fosse significativa, enfatizava a importância de considerar as mudanças nos preços — algo especialmente relevante no pós-Segunda Guerra Mundial, quando a inflação era relativamente alta. Argumentava que a lucratividade corporativa estava sendo superestimada, o que levava não apenas a críticas injustas às empresas, mas, de forma mais grave, à confiscação de capital via leis tributárias dos EUA.

Contudo, Paton não era favorável ao abandono dos custos históricos. Defendia que os dados com preços atualizados fossem fornecidos como informações suplementares às demonstrações financeiras baseadas no custo histórico. E, caso essas informações fossem incorporadas às demonstrações principais, os custos históricos também deveriam ser claramente divulgados. Acreditava ainda que procedimentos de quase-reorganização poderiam ser um meio eficaz de incorporar os custos de reposição às demonstrações contábeis.

Segundo Paton, os custos de reposição eram superiores aos custos históricos ajustados pelo índice de preços gerais. Argumentava que gestores e investidores precisavam conhecer o custo de reposição — o que ele considerava o custo efetivo real — para tomar decisões econômicas sólidas. No entanto, demonstrava preocupação quanto à dificuldade de se obter estimativas confiáveis de custos de reposição de ativos de longo prazo, como instalações e equipamentos.

Durante sua carreira, houve uma mudança de foco na comunidade contábil: da ênfase no balanço patrimonial para a importância da demonstração de resultado. Dado seu foco no poder de lucro, Paton acreditava que, embora ambos fossem necessários, a demonstração de resultado provavelmente possuía maior relevância prática.

Duas ideias marcantes em seus escritos sobre demonstração de resultado são o princípio da correspondência (matching) e o modelo de etapa única. Sua monografia de 1940 com Littleton é conhecida por enfatizar o matching como "a fase crítica da contabilidade". No entanto, esse conceito já aparecia em seus escritos desde 1920: “... despesa... é o custo... de produzir a determinada quantidade de receita”. Paton acreditava que os contadores praticantes não iam longe o suficiente nesse princípio, pois custos de distribuição (como publicidade ou viagens de vendedores), quando não associados a uma venda imediata, também deveriam ser alocados ao estoque.

Paton defendia a demonstração de resultado em etapa única e criticava subtotais como lucro bruto e lucro antes da depreciação. Considerava tais informações enganosas, pois implicavam que as despesas eram recuperadas em uma ordem específica e que algumas despesas eram mais importantes que outras. Ressaltava que, do ponto de vista econômico, não há prioridades entre os custos necessários. De acordo com a teoria da entidade, também defendia que juros e dividendos fossem apresentados como distribuições de lucro, finalizando com a adição ao capital, se houvesse. Esse procedimento permitiria revelar todas as perdas em uma única demonstração, ao invés de ajustá-las diretamente nas contas de capital — alinhando-se a uma abordagem de apuração de resultado abrangente (all-inclusive).

Paton também fez sugestões para o balanço patrimonial. Quando começou a escrever, todo o lado direito do balanço era geralmente rotulado como "passivo". Ele achava mais apropriado o termo “patrimônio”, refletindo a teoria da entidade, observando que a distinção entre obrigações de terceiros e capital próprio “não é fundamental”. Apontava, por exemplo, os títulos conversíveis como evidência dessa ausência de distinção clara.

Paton escreveu, palestrou e prestou testemunhos sobre diversos outros temas de contabilidade financeira, bem como sobre questões fiscais, serviços públicos e educação contábil. Seus escritos econômicos demonstram seu forte apoio ao capitalismo, oposição firme ao socialismo e a crença de que a produtividade deveria ser recompensada. Suas obras também transcendem a contabilidade e a economia. Um artigo popular, escrito em 1962, discute a construção subterrânea — não apenas de casas, mas de cidades inteiras. Outro, de 1971, apresenta uma visão crítica sobre os protestos estudantis dos anos 1960 e início dos anos 1970.

Aos 95 anos, publicou WORDS! Combining Fun and Learning (1984), uma coletânea de jogos de palavras que costumava compartilhar com amigos e familiares ao longo dos anos. Para Paton, usar a mente era não apenas sua profissão, mas seu modo de viver.

Por Joel E. Thompson para The History of Accounting. Mais Paton aqui e aqui

Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Zimmerman

Zimmerman, Vernon K. (1928 - )  Contador norte-americano e destinatário de diversos prêmios profissionais, Vernon K. Zimmerman formou-se na University of Illinois, onde obteve o grau de Bacharel em Ciências (B.S.) em 1949, Mestre (M.S.) em 1951 e Doutor (Ph.D.) em 1954. Foi aluno de A.C. Littleton, inicialmente com foco em história da contabilidade e, mais tarde, em contabilidade internacional. A partir de 1963, atuou como diretor do International Center for Accounting Education and Research da University of Illinois em Urbana-Champaign.

Foi reitor da College of Commerce and Business Administration da universidade de 1967 a 1985 e, posteriormente, foi nomeado para a cátedra Distinguished Service Chair in Accounting. Durante seu mandato como reitor, foi eleito vice-presidente (1978–1979) e presidente (1979–1980) da American Assembly of Collegiate Schools of Business.

Zimmerman ministrou palestras em diversos países, incluindo Alemanha, Áustria e Suécia. Atuou também como consultor do Peace Corps, da Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID), do Banco Mundial, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), além de ter sido diretor-associado (1969–1971) do Office of International Programs and Studies da University of Illinois.

Além de facilitar o desenvolvimento inicial da contabilidade internacional nos Estados Unidos, Zimmerman fez contribuições acadêmicas substanciais ao editar 18 monografias e publicar diversos artigos nessa área, tanto nos Estados Unidos quanto no exterior. Sua principal contribuição à história da contabilidade foi como coautor, juntamente com A.C. Littleton, da obra Accounting Theory: Continuity and Change (1962), na qual os desenvolvimentos contábeis nos Estados Unidos e em outros países são analisados em seu contexto histórico e em relação à sua importância e impacto econômicos.

Escrito por Hanns Martin Schoenfeld, The History of Accounting. 

Há um rico material, que inclui material de aula, do autor aqui. Tempos atrás, ele chegou a inicialmente considerar a possibilidade de participar do nosso Congresso de contabilidade - graças ao convite da professora Beatriz Morgan - mas no final recusou. 

Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Mautz

Mautz, Robert Kuhn (1915-2002) Robert K. Mautz contribuiu significativamente para a educação contábil e para o fortalecimento da interação entre essa área e a profissão de auditoria. Ele obteve seu bacharelado pela University of North Dakota em 1937, e seu mestrado e doutorado em contabilidade pela University of Illinois em 1938 e 1942, respectivamente. O programa de doutorado em contabilidade da universidade havia sido criado recentemente [vide Littleton] e foi o primeiro do mundo. Mautz elevou muito a reputação do programa, tanto como aluno quanto posteriormente, por seu papel de liderança no ensino de cursos e na orientação de dissertações.

Mautz atuou no escritório de Chicago da firma Haskins and Sells, antes e depois de seu serviço militar. Ele também teve dois anos de experiência em auditoria com a Alexander Grant and Company, também em Chicago. Em 1948, aceitou o convite para retornar ao Departamento de Contabilidade da University of Illinois, onde permaneceu até 1972, aposentando-se como professor titular. De 1972 a 1978, foi sócio da Ernst and Ernst. Em 1979, tornou-se diretor do Paton Accounting Center e professor de contabilidade na University of Michigan, cargo que ocupou até sua aposentadoria em 1985.

Durante toda sua carreira produtiva, Mautz manteve e desenvolveu estreitos vínculos com a profissão de auditoria. Participou ativamente de associações profissionais de contabilidade, como o American Institute of Certified Public Accountants (AICPA), o Financial Executive Institute e o U.S. General Accounting Office. Foi escolhido por seus colegas como editor da revista Accounting Review entre 1958 e 1961. Atuou em diversas comissões e conselhos relevantes de entidades acadêmicas e profissionais, incluindo o Conselho Diretor do AICPA, o Cost Accounting Standards Board, o Financial Accounting Standards Advisory Committee e a SEC Practice Section do Public Oversight Board.


Mautz fez inúmeras contribuições à literatura contábil, especialmente nas áreas de contabilidade financeira e auditoria. Seus escritos vão desde a busca por postulados e princípios contábeis (1965) até o tema de relatórios diversificados (1968). Um de seus trabalhos pioneiros, em coautoria com Hussein A. Sharaf, da Universidade do Cairo, foi a monografia The Philosophy of Auditing, publicada em 1961 pela American Accounting Association, considerada uma das principais análises filosóficas da auditoria. Outros de seus trabalhos importantes abordaram temas como comitês de auditoria corporativa (Corporate Audit Committees, 1970) e controle interno (Internal Control in U.S. Corporations: The State of the Art, 1980). Seus textos são notáveis pela clareza e concisão. Aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo e trabalhar com ele destacam sua dedicação, franqueza e disposição em ajudar colegas mais jovens, especialmente em suas primeiras experiências de pesquisa.

Por suas inúmeras contribuições à educação e à profissão contábil, Mautz recebeu diversos dos mais altos reconhecimentos, como a Medalha de Ouro do AICPA por Serviços à Profissão, em 1979, sua inclusão no Accounting Hall of Fame em 1978, e a presidência da American Accounting Association em 1965.

Verbete escrito por Vernon K. Zimmerman para The History of Accounting. Ver mais aqui e aqui

Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Littleton

A.C. Littleton (1886–1974) [Ananias Charles Littleton] deixou o cargo de jovem telegrafista ferroviário para ingressar na área da educação contábil e se tornou um dos principais protagonistas no desenvolvimento da contabilidade e do ensino contábil nos Estados Unidos e no cenário internacional. Formou-se na Universidade de Illinois em 1912 com um diploma em administração de empresas, com ênfase em contabilidade -na época ainda não existia um curso específico na área. Após um curto período atuando como auditor em Chicago, na empresa Deloitte, Plender, Griffiths and Company, retornou ao seu antigo campus em 1915 como instrutor de contabilidade. Encontrou na docência uma experiência estimulante e tornou-se um dos professores pioneiros de contabilidade nos EUA entre 1915 e 1952.

Sua influência no ensino da contabilidade se evidencia principalmente por sua atuação pioneira e criativa na educação de pós-graduação. Littleton preparou o primeiro curso de contabilidade em nível de pós-graduação da instituição, nos anos 1920. O curso teve sucesso acadêmico. A disciplina original de teoria contábil foi subdividida em teoria e história contábil, e essa divisão continuou com o surgimento de novos temas. Até sua aposentadoria, em 1952, a marca de Littleton esteve presente em todos os cursos de pós-graduação em contabilidade da universidade.

Obteve um mestrado em economia em 1918, também pela Universidade de Illinois, algo incomum, na época, para membros do corpo docente. Conclui em 1934 o doutorado em economia. Sua tese, Accounting Evolution to 1900, publicada em 1933, foi amplamente aclamada e continua sendo uma das principais obras da história da contabilidade.

Littleton dominou a orientação de teses na Universidade de Illinois. Das 225 teses de pós-graduação concluídas entre 1913 e 1952, orientou 76 delas (34%). No caso das teses de doutorado, sua influência foi ainda maior: orientou 24 das 26 concluídas durante sua permanência no departamento. Foi também provavelmente o principal responsável por conceber e promover, até sua aceitação acadêmica, o primeiro programa de doutorado em contabilidade do mundo. O primeiro aluno concluiu o curso em 1938.

Seus hábitos de leitura ampla e reflexão constante o levaram naturalmente à valorização da publicação científica, em um momento em que a contabilidade ainda tinha poucos veículos de divulgação. Atuou como editor da Accounting Review por vários anos e publicou numerosos artigos ao longo de sua carreira. Foi autor ou coautor de seis livros sobre teoria contábil. Sua obra conjunta com o professor da Universidade de Michigan, William Andrew Paton, An Introduction to Corporate Accounting Standards (1940), continua sendo uma referência essencial na teoria contábil moderna. Escreveu também a monografia Structure of Accounting Theory (1953), publicada pela American Accounting Association (Monografia nº 5). No total, publicou mais de 100 artigos em periódicos contábeis e empresariais.


Ao longo de sua carreira como educador, Littleton defendeu ideias que considerava fundamentais para que a contabilidade se tornasse um instrumento mais eficaz para os negócios. Foi um defensor do conceito de custo histórico, embora nem todos concordassem com ele. Por ter vivido tanto os anos de euforia dos anos 1920 quanto a crise dos anos 1930, compreendia - talvez mais do que os contadores contemporâneos - os impactos da inflação e da deflação sobre a economia e os demonstrativos contábeis. O conceito de custo histórico permanece como base da contabilidade contemporânea, ainda que tenha passado por modificações e propostas de expansão, visando refletir melhor as mudanças no poder de compra.

Além disso, em seus textos e palestras, Littleton defendia o papel central da determinação do resultado na teoria contábil. Acreditava fortemente nos procedimentos de alocação de custos, o que o levou, junto a Paton, à formulação do conceito de matching — ou seja, a correspondência entre custos e receitas —, que continua sendo um dos pilares da contabilidade. Para ele, a estrutura da teoria contábil deveria se basear em princípios derivados de forma indutiva, a partir da experiência e da prática, o que também permanece como uma ideia relevante nos debates atuais da área.

Littleton foi um dos primeiros a entrar no Accounting Hall of Fame (Galeria da Fama da Contabilidade. às suas ideias. Poucos contribuíram tanto para a educação contábil quanto ele.

Adaptado do verbete escrito por Vernon K. Zimmerman, The History of Accounting

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Rir é o melhor remédio

 

Fonte: aqui.