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26 novembro 2024

Sobre a dificuldade (ou impossibilidade) de mensurar uma obra de arte


O caso expõe a dificuldade mensurar, monetariamente, uma obra de arte. Um banana presa a um parede com uma fita adesiva foi vendida, em um leilão, por 6,2 milhões de dólares. A obra de arte, intitulada Comedian, é parte de um conjunto de três. As duas outras foram vendidas por 120 mil dólares. 

O comprador, um negociante de criptomoedas, fez a seguinte declaração sobre sua aquisição:

"Esta não é apenas uma obra de arte; ela representa um fenômeno cultural que conecta os mundos da arte, memes e a comunidade de criptomoedas. Acredito que esta peça inspirará mais reflexões e discussões no futuro e se tornará parte da história."

Como uma banana apodrece em poucos dias, há instruções para substituição da banana. Mas isso vale 6,2 milhões? 

Bolsa de Pesquisa Ipea: Políticas Públicas


O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) lançou a Chamada Pública nº 65/2024 para selecionar dois candidatos para concessão de bolsas no âmbito do projeto “Catálogo de Políticas Públicas”. 

Os interessados devem possuir título de mestre em Ciências Contábeis, Economia, Finanças Públicas ou Administração Pública, além de conhecimento em orçamento público. 

As inscrições vão até o dia 9 de dezembro de 2024. 

Para mais informações, acesse o site: aqui.
Fonte da imagem: aqui.

Transparência, hospedagem do site, links afiliados e gratidão

Em tempos de Black Friday e inspirados pelas boas práticas de transparência, gostaríamos de reforçar algo muito importante para nós: nosso blog é uma atividade totalmente voluntária, movida pelo prazer de escrever e compartilhar. Nos dedicamos a este espaço para divulgar ideias, aprender, ensinar, trocar experiências, manter registros e nos divertir. Nossas motivações são muitas e, como tudo na vida, estão sempre evoluindo. 

Como parte da manutenção do blog, utilizamos o programa de afiliados da Amazon para cobrir a hospedagem do site. Quando vocês clicam nos nossos links e realizam compras, recebemos uma pequena comissão, sem nenhum custo adicional para vocês. Todo o valor arrecadado é usado exclusivamente para cobrir os custos de hospedagem do site — nada além disso. 

Este ano ainda não atingimos o valor necessário para cobrir essa despesa. Por isso, temos compartilhado links com mais frequência nas redes sociais.

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Responsabilização no mundo moderno

Da parte introdutória de The Unaccountability Machine

Este é um livro sobre a industrialização da tomada de decisões – os métodos pelos quais, ao longo do último século, o mundo desenvolvido organizou sua sociedade e economia para que instituições importantes fossem geridas por processos e sistemas, operando com conjuntos padronizados de informações, em vez de por seres humanos reagindo a circunstâncias individuais. Isso levou a uma mudança fundamental na relação entre os tomadores de decisão e aqueles afetados por suas decisões, a vasta população que poderia ser chamada de ‘os decididos’. Essa relação costumava ser o que chamávamos de ‘responsabilidade’, e este livro trata das maneiras pelas quais a responsabilidade se atrofiou. Em 1954, por exemplo, Sir Thomas Dugdale renunciou ao gabinete britânico devido a algo que ficou conhecido como ‘o caso Crichel Down’ (uma prática incorreta relativamente trivial relacionada a algumas terras agrícolas que haviam sido requisitadas durante a Segunda Guerra Mundial). Não estava claro se ele realmente havia se envolvido na decisão, mas no clima da época, sua posição era insustentável – como ministro responsável, ele carregava a responsabilidade pelo ocorrido. Esse pequeno, mas honroso ato garantiu que o nome de Dugdale viveria eternamente; tanto ele quanto a pequena área de Dorset que provocou sua queda são mencionados sempre que um político britânico moderno evita a culpa.

Do outro lado do Atlântico, em 1953, o presidente Harry S. Truman tinha um letreiro em sua mesa com a frase ‘The Buck Stops Here’ (A Responsabilidade é Minha). Sessenta e seis anos depois, o presidente Donald Trump refletiu que ‘a responsabilidade é de todos’ quando questionado sobre quem carregava a responsabilidade pelo fechamento do governo. Qualquer pessoa que já lidou com uma corporação ou burocracia de qualquer tamanho, e que tenha mais de quarenta anos, provavelmente tem uma vaga sensação de que você costumava poder falar com uma pessoa e resolver as coisas; o mundo nem sempre foi um labirinto de menus de opções.


As sociedades industriais foram amplamente alertadas de que algo assim iria acontecer. Na década de 1940, a ‘revolução gerencial’ era vista como o resultado provável da crescente complexidade do sistema econômico e da escala das organizações dos setores público e privado que haviam se desenvolvido para lidar com isso. O declínio da responsabilidade individual por decisões impopulares não é – ou não é apenas – uma forma de declínio moral por parte de nossos governantes. É também uma consequência do fato de que há menos tomadores de decisão do que costumava haver. Quase todas as ordens e restrições que afligem o indivíduo moderno, as decisões que costumavam ser tomadas por governantes e chefes identificáveis, agora são resultado de sistemas e processos.

É mais óbvio que algo mudou quando uma decisão que costumava ser tomada por um ser humano é tomada por um algoritmo literal – um programa de computador. Por exemplo, as pessoas se preocupam muito e os legisladores tentam regular a prática de usar inteligência artificial para decidir se você será recusado para um empréstimo ou negado cobertura de seguro. Mas um sistema de tomada de decisões não é apenas um computador. Decisões financeiras e outras têm sido tomadas com base em manuais e listas de critérios desde os dias em que eram registradas com penas de escrever. Os próprios comitês parlamentares que tentam regular a inteligência artificial são vinculados por livros de regras opacos e complicados, projetados para padronizar seus procedimentos e evitar que as decisões sejam atribuídas a qualquer ser humano.

Tenho dúvidas se tudo surgiu da cibernética, como defende o autor. Mas acho interessante a ideia de que pioramos na responsabilização no mundo moderno. 

Fraude e gerenciamento

Eis o resumo

Objetivo: Investigar se em períodos anteriores a fraudes corporativas ocorre aumento no volume de gerenciamento de resultados. 

Método: Foram analisadas três diferentes amostras: Amostra 1, contendo todas as empresas não financeiras listadas no Brasil, Bolsa, Balcão (B3); Amostra 2, contendo companhias condenadas por fraude; e Amostra 3, com pareamento entre companhias fraudulentas e não fraudulentas. Para a Amostra 1, foi realizada a regressão Logit para dados em painel; para a 2, foi realizada uma análise descritiva por quartis; e para a 3, foram realizados Z score de Altman, teste U de Mann-Whitney e análise gráfica.

Resultados: De modo geral, demonstram que as empresas que se envolveram em fraudes gerenciam mais do que aquelas que não se envolveram, porém não foi possível identificar o período exatamente anterior ao cometimento da fraude.

Contribuições: A pesquisa apresenta contribuições para organizações e seus respectivos gatekeepers. Podem ser citadas como inovações da pesquisa desenvolvida em relação aos estudos predecessores: (i) propostas diferentes variáveis e modelagens; (ii) pioneirismo no contexto nacional; (iii) promoção de reflexões sobre o impacto da concorrência entre informações fidedignas e qualidade dos lucros.

A Tabela 5 encontra-se a seguir:



24 novembro 2024

Contabilidade e os Incas - 2


Já comentamos antes sobre um objeto usado pelos povos andinos chamado Khipu (ou Quipu) para guardar e comunicar informações. Os khipus eram feitos de cordas ou fios, amarrados, usados para representar números. Uma conexão entre dois khipus históricos trouxe mais informação sobre o mesmo: 

(...) Parece que os fabricantes de khipus (“khipukamayuqs”) tomavam decisões deliberadas na construção dessas ferramentas de registro, considerando fatores como cores, direção da torção das fibras, espaçamento e tipo de nós, além da estrutura e posição dos mesmos.  

Cronistas espanhóis descreveram várias aplicações numéricas dos khipus, como registros de inventários, censos populacionais e tributos.  

Por mais de um século, pesquisadores estudam os khipus buscando padrões. Nas últimas décadas, seus dados foram digitalizados e estão disponíveis em plataformas como o Open Khipu Repository e o Khipu Field Guide.  

Em minha pesquisa, analisei dados de dois khipus encontrados no norte do Chile, registrados pela etnomatemática Marcia Ascher e pelo antropólogo Robert Ascher na década de 1970. Um deles é o maior já encontrado, com mais de cinco metros de comprimento e 1.800 cordas. O outro, mais complexo, possui quase 600 cordas organizadas em arranjos intricados.  (...)

Ao analisar os dados, percebi que o khipu menor é um resumo e uma redistribuição das informações do maior. Ambos registram os mesmos dados, mas de formas diferentes.  (...)

Ainda não sabemos o que os números nesses khipus representam. Talvez o maior registrasse a coleta de alimentos de uma comunidade, enquanto o menor documentasse a distribuição desses alimentos. Ambos os registros seriam importantes para os usuários.  (...)

Lindt e os níveis elevados de chumbo e cádmio nos seus chocolates


A renomada fabricante suíça de chocolates Lindt & Sprüngli enfrenta uma ação coletiva nos EUA após testes detectarem níveis elevados de chumbo e cádmio em algumas de suas barras de chocolate amargo. A empresa, conhecida por cobrar preços premium baseados em sua promessa de "excelência" e "ingredientes mais finos", tentou se defender afirmando que tais declarações nas embalagens eram meramente "hipérboles publicitárias" — uma forma de exagero que, segundo ela, não deveria ser levado ao pé da letra.

Essa estratégia foi rapidamente descartada pelos tribunais, que rejeitaram a moção da Lindt para encerrar o caso. De acordo com o tribunal, propaganda exagerada refere-se a afirmações infladas e vantajosas nas quais nenhum consumidor razoável confiaria plenamente. No entanto, a corte considerou que os consumidores podem, sim, ter sido enganados, especialmente porque a imagem de qualidade é o principal fator que sustenta as margens de lucro elevadas da Lindt, conforme observado pelo jornal suíço Le Temps.

A controvérsia envolvendo a Lindt & Sprüngli destaca importantes aspectos relacionados à contabilidade, especialmente no que tange à transparência e à gestão de riscos corporativos. Para mensuração contábil, a ação poderia impactar os ativos intangíveis e o resultado, já que elevadas margens da empresa poderão ser reduzidas. E é bom não esquecer dos efeitos sobre provisões para litígios.